Em primeiro lugar quero pedir desculpas pela formatação do texto. Quando passei o que escrevi para a postagem no blog, houve uma desconfiguração de quase tudo. Para não perder mais tempo, postei assim mesmo.
A cerimônia do Oscar começa daqui a algumas horas e eu acho que todo mundo, mesmo aqueles que adoram falar mal da Academia e que seus prêmios não têm relevância nenhuma, gosta de ficar dando palpite e, quem sabe, fazendo bolão entre amigos.
Não é algo muito difícil de se prever, porque a Academia segue um padrão já bastante conhecido, mas sempre tem uma ou duas surpresas e este ano não vai ser diferente. Minha idéia aqui é colocar o que acho que serão os vencedores, também como uma forma de me redimir por estar escrevendo tão pouco no blog.
Vou fazer da seguinte maneira: listo os indicados em ordem de minha preferência (do melhor para o pior), colocando em negrito quem eu acho que leva. Quando o indicado estiver sem numeração e afastado dos primeiros, é porque eu infelizmente ainda não vi. Os comentários nas categorias principais são resumos do que muita gente já sabe e breves opiniões pessoais. Aproveito para listar quem eu acho que deveria ter sido indicado, mesmo sabendo que em boa parte dos casos, a Academia NUNCA iria ter feito tais escolhas (porque, afinal de contas, não vivemos num mundo perfeito).
Enfim, vamos lá. Nunca acerto todas, mas também não costumo fazer feio. Tá, confesso que as categorias técnicas sempre me trazem dificuldade:
Melhor Filme
- Onde os Fracos Não Têm Vez
- Juno
- Conduta de Risco
- Desejo e Reparação
Sangue Negro
Toda véspera de entrega do Oscar é a mesma coisa: burburinhos surgem de todos os cantos para anunciar possíveis azarões. Eu acho que é para manter o interesse do público, para que ninguém ache que é tudo óbvio. Desta vez, os boatos é que a campanha de Conduta de Risco foi a mais firme e forte durante as últimas semanas, o que poderia trazer prêmios inesperados para o filme. Por outro lado, alguns sites especializados apontam Juno como um possível vencedor na categoria principal. A justificativa é que trata-se do único filme “pra cima” entre os indicados (além da maior bilheteria, de longe, dos cinco). Mas acho que nada tira o favoritismo do filme dos Coen. Afinal, como ignorar que o filme venceu os prêmios dos Sindicatos dos Produtores, Atores, Diretores e Escritores?
Filme brilhante, Onde os Fracos Não Têm Vez é sociológico e político disfarçado de um tenso policial/suspense/western, com um jogo de gato e rato divertidíssimo e extremamente bem realizado na sua montagem, fotografia e uso de som. Tudo parece funcionar em dobro no filme e o final frustrante (para alguns) casa perfeitamente com as idéias dos Coen, desenvolvidas não apenas durante o filme, mas em toda sua maravilhosa filmografia. A violência sempre explode quando menos se espera, é patética, bizarra e afeta tudo e todos. É um filme genial e não do tipo que a Academia costuma premiar. Mas é o favorito pelos prêmios que já recebeu, por tudo que os Coen já fizeram e qualquer outro resultado vai me surpreender bastante.
Quem faltou: I´m Not There, Deathproof, Na Natureza Selvagem e Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto, O Ultimato Bourne.
Melhor Diretor
- Joel e Ethan Coen, por Onde os Fracos Não Têm Vez
- Jason Reitman, por Juno
- Tony Gilroy, por Conduta de Risco
Paul Thomas Anderson, por Sangue Negro
Julian Schnabel, por O Escafandro e a Borboleta
Se na categoria Melhor Filme, ainda falam em surpresas, a de Melhor Diretor me parece já definida. Porque o filme é extremamente autoral, porque os Coen são extremamente respeitados, além dos mais experientes da categoria. Tudo bem que PT Anderson já fez dois filmes muito bons e duas obras-primas absolutas, mas acho que sua vez ainda chegará.
Quem faltou: Todd Haynes (I´m Not There), Quentin Tarantino (Deathproof), Paul Greengrass (O Ultimato Bourne), Brian De Palma (Redacted) e David Fincher (Zodíaco)
Melhor Ator
- Tommy Lee Jones, por No Vale das Sombras
- Viggo Mortensen, por Senhores do Crime
- Johnny Depp, por Sweeney Todd
- George Clooney, por Conduta de Risco
Daniel Day-Lewis, por Sangue Negro
Justamente o favorito absoluto da categoria, e eu não vi. Uma lástima. A única possibilidade (e bastante remota, acho) de Day-Lewis perder este é a campanha de Conduta de Risco ter dado certo. Clooney, inclusive, aparece na capa da Time desta semana sob o título “The Last Movie Star”. Mas parece que ninguém duvida que Day-Lewis dá a grande interpretação do ano. E quem não foi às lágrimas com seu discurso de agradecimento quando venceu o SAG e homenageou Heath Ledger?
Sem ter visto Sangue Negro, meu voto iria tranqüilamente para Lee Jones, brilhante num filme mediano. E com exceção de Mortensen, os outros não me impressionaram em nada.
Quem faltou: Gordon Pinsent (Longe Dela), Philipp Seymour-Hoffman (Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto), Emile Hirsch (Na Natureza Selvagem).
Melhor Atriz
1. Julie Christie, por Longe Dela
2. Ellen Page, por Juno
Marion Cottilard, por Piaf – Um Hino ao Amor
Laura Linney, por The Savages
Cate Blanchett, por Elizabeth: Idade de Ouro
Vergonhosamente não vi sequer o filme sobre Edith Piaf. Blanchett e Linney não têm chance alguma e Ellen Page, ainda que quase nenhuma, poderia ser uma surpresa. Uma surpresa agradável, eu diria. Mas minha torcida é para Julie Christie que, além de ótima no filme bastante sensível da Sarah Polley, faria uma dobradinha perfeita com a vencedora do ano passado, Helen Mirren: senhoras com mais de 60 anos, não apenas talentosas, mas lindíssimas, com todas as rugas que a idade lhes dão direito. É uma ótima alternativa depois de anos premiando apenas belas e jovens atrizes de talento irregular (Reeser Whiterspoon, Halle Berry, Charlize Theron, Julia Roberts, etc).
Mas Cotillard é a outra alternativa forte. Embora Julie Christie tenha vencido o Sindicato dos Atores, a interpretação de um ídolo da música é sempre garantia de alguns votos a mais. E parece que há mais fãs de Cotillard. Mas Christie é americana, falando em inglês no filme. Enfim, páreo duro. Mas eu fico com a bela lady sessentona.
Quem faltou: Infelizmente não vi muitos papéis femininos impressionantes. Aceito as escolhas deste ano, embora ache que Sienna Miller (Entrevista) e Helena Bonham-Carter (Sweeney Todd) tenham feito trabalhos interessantes.
Melhor Ator Coadjuvante
1. Casey Affleck, por O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford
2. Javier Bardem, por Onde os Fracos Não Têm Vez
3. Hal Holbrook, por Na Natureza Selvagem
4. Tom Wilkinson, por Conduta de Risco
Philip Seymour-Hoffman, por Jogos de Poder
Parece incrível eu escolher o irmão caçula do Ben Affleck como o melhor ator coadjuvante do ano, mas a verdade é que o trabalho de Affleck é fantástico, cheio de sutilezas e engradece muito o seu personagem, o que de outro modo, estragaria o filme totalmente. Mas é Bardem o favorito absoluto. Acho que os elogios ao ator é mais por uma discrição na interpretação, pois com aquele papel havia sério risco de se tornar exagerado e estereotipado. Felizmente, tudo dá certo no filme dos Coen e o prêmio vai acabar sendo justo, porque Anton Chigurh é um dos personagens mais memoráveis do ano.
O papel de Holbrook é pequeno, mas comovente. Já Wilkinson não me impressiona muito porque o filme, como um todo, não me impressiona muito.
Quem faltou: Justin Timberlake (Alpha Dog), Marcus Carl Franklin (I´m not There), Tommy Lee Jones (Onde os Fracos Não Têm Vez), Albert Finney (Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto).
Melhor Atriz Coadjuvante
1. Cate Blanchett, por I´m Not There
2. Saoirse Ronan, por Desejo e Reparação
3. Tilda Swinton, por Conduta de Risco
4. Amy Ryan, por Medo da Verdade
5. Ruby Dee, por O Gangster
A categoria mais difícil de se prever de todas. Amy Ryan, que havia vencido praticamente todos os prêmios da crítica, acabou perdendo os dois principais, o Globo de Ouro e o Sindicato dos Atores. No primeiro, deu Cate Blanchett. No segundo, deu Ruby Dee. O prêmio seria de Blanchett tranqüilamente se ela não tivesse vencido há alguns anos por O Aviador. Ela está maravilhosa, interpreta uma lenda viva da cultura norte-americana (ok, mundial) e é indicada por tudo o que faz (nem as críticas totalmente negativas de Elizabeth – Idade de Ouro impediu que ela figurasse na categoria principal). Mas sempre há uma resistência em se premiar alguém por duas vezes em tão pouco tempo. Ronan e Swinton ganham vantagem por estarem em dois indicados a Melhor Filme. Já Ruby Dee, que eu acho um exagero a indicação por apenas uma única cena que faz no filme, tem o voto sentimental.
Enfim, acho que qualquer resultado é bastante provável. Por ter que dar um palpite, escolhi a Swinton por conta da campanha forte de Conduta de Risco. Se há chances de ganhar um prêmio nas categorias principais, as maiores estão aqui. Mas a verdade, é que eu acho que apenas Blanchett faz um trabalho estupendo, digno de prêmios.
Quem faltou: Samantha Morton (Control)
Melhor Roteiro Original
1. Ratatouille
2. Juno
3. Conduta de Risco
Lars and the Real Girl
The Savages
Embora Ratatouille seja um espetáculo, a briga é mesmo entre os dois candidatos a Melhor Filme. Aposto em Juno por dois motivos: é a única chance real do filme sair com algum prêmio; e Tony Gilroy, diretor/roteirista de Conduta de Risco foi extremamente antipático na entrega dos prêmios do Sindicato dos Diretores, com alfinetadas em George Clooney, num claro ressentimento com o fato do astro ser o centro das atenções de seu filme. Acredito que isso pese contra, e Juno leve o prêmio. Mas o páreo é duro. E como seria bom um anulando o outro e sobrando para Ratatouille...
Quem faltou: Superbad, This is England, Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto.
Melhor Roteiro Adaptado
1. Onde os Fracos Não Têm Vez
2. Longe Dela
3. Desejo e Reparação
Sangue Negro
O Escafandro e a Borboleta
A escolha aqui também é difícil, e aposto nos Coen por acreditar em um favoritismo absoluto do filme deles. Mas já ganharam antes por Fargo, e talvez isso pese contra. O fato é que esta é a categoria para se premiar Paul Thomas Anderson, um dos maiores talentos da atualidade, então mesmo sem ter visto seu filme, minha torcida fica com ele. O Escafandro e a Borboleta também é um filme querido por muitos e poderia aparecer como surpresa. Não vejo possibilidades para Longe Dela e Desejo e Reparação, mesmo este último sendo um dos mais indicados da noite.
Quem faltou: Zodíaco, Na Natureza Selvagem
Melhor Animação
1. Ratatouille
2. Persepolis
Ta Dando Onda
Persepolis é muito simpático e visualmente interessante, mas convenhamos, bastante simplista na sua trama política. Já Ratatouille, além de divertidíssimo, tem aquele final espetacular, com o texto do crítico me levando aos prantos. E com mais quatro indicações, não parece provável que perca. Só não acho que seja certeza, mas espero que sim.
Melhor Documentário
1. Sicko
2. No End in Sight
Taxi to the Dark Side
Operation Homecoming: Writing the Wartime Experience
War Dance
Com todos os indicados sendo bastante politizados, arrisco em dizer que No End in Sight vai ganhar apenas porque vi o filme e sei que a questão que traz (o absurdo da ocupação do Iraque por parte dos EUA) é central nas eleições americanas deste ano. O filme é muito bom e importante e acho que será justo. Minha preferência pelo Sicko é porque trata-se de um doc divertido e esperto e eu adoraria ver o Michael Moore fazendo outro discurso contra Bush.
Quem faltou: Infelizmente não vi outros documentários. Quer dizer, acho que a obra-prima nacional Jogo de Cena não tá valendo, né?
Melhor Filme Estrangeiro
1. The Counterfeiters, da Áustria
2. Katyn, da Polônia
3. Beaufort, de Israel
Mongol, do Casaquistão
12, da Rússia
A categoria mais famigerada do ano. Com a ausência dos favoritos de todo mundo (4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, Persepolis, O Orfanato), não sobrou nenhum nome de peso, dificultando um palpite mais certeiro. Os três filmes que vi tratam diretamente dos horrores e absurdos da guerra (o austríaco e o polonês inspirados em histórias reais da II Guerra), mas apenas The Counterfeiters tem um judeu como protagonista. Judeus e nazistas estão bem caracterizados e a narrativa se aproxima mais do cinema americano. É a minha aposta, então.
Quem faltou: Apesar de não ser fã do filme romeno 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, é um filme mais interessante que Katyn e Beaufort. O filme israelense também esteve no centro de uma polêmica que desclassificou A Banda, o filme selecionado para representar o país e acabou dando lugar a Beaufort por ter a maior parte de seus diálogos em língua inglesa. A Banda é muito superior e deveria estar aí.
Quanto as demais categorias, coloco apenas quem acho que vai ganhar, com breve comentário:
Melhor Montagem – O Ultimato Bourne
Apenas porque espero que reconheçam este trabalho fantástico. Mas é um prêmio que muitas vezes fica com o Melhor Filme.
Melhor Fotografia – Onde os Fracos Não Têm Vez.
Novamente apostando no favoritismo do filme dos Coen. Além do mais, o fotógrafo Roger Deakins nunca venceu o Oscar e já deveria ter sido reconhecido há muito tempo. Mas também indicado pela fotografia de O Assassinato de Jesse James..., pode correr o risco de ter seus votos divididos, porque são dois trabalhos excelentes. Caso aconteça, Sangue Negro pode tirar vantagem.
Melhor Direção de Arte – Desejo e Reparação
Desejo e Reparação será reconhecido em suas categorias técnicas que compõem muito bem a época da trama. Aposto nele nesta categoria apenas por isso, pois o trabalho de Sweeney Todd é bem mais interessante.
Melhor Figurino – Desejo e Reparação
Aqui me parece mais óbvio ainda. E não será injusto.
Melhor Maquiagem – Piaf – Um Hino ao Amor
Mesmo não tendo visto ainda, é melhor do que acreditar que Norbit vença, né? Piratas do Caribe só seria possível, se os membros da Academia achassem que devem algo a essa trilogia bilionária, mas medíocre.
Melhor Trilha Sonora – Desejo e Reparação
Embora eu não goste muito do filme, não é a trilha que atrapalha. Acho, aliás, que se há tanta admiração por Desejo e Reparação, é a trilha sonora a responsável pelos momentos “inesquecíveis” que tanta gente vê nesse filme. Minha torcida fica pelo Ratatouille.
Melhor Canção – Falling Slowly, de Once
Um dos filmes mais simpáticos do ano, lembrado apenas por uma canção. Tem que ganhar.
Melhor Som – O Ultimato Bourne
Melhor Edição de Som – O Ultimato Bourne
Não sei se Bourne ganhará nas duas categorias, mas espero que em pelo menos uma. Acho categorias sempre muito difíceis de prever e que às vezes dependem de outras categorias mais importantes, podendo ficar como “consolação” para Ratatouille ou Sangue Negro, ou ainda consagrar em definitivo o filme dos Coen. Convenhamos que Transformers também é um espetáculo neste quesito. Mas eu fico na expectativa que os votantes prestigiem o grande filme de ação do ano que, por ser de um gênero discriminado, não teve chance de chegar aos prêmios principais. Mesmo merecendo.
Melhores Efeitos Visuais – Transformers
Apesar de falarem dos efeitos impressionantes de A Bússola de Ouro, acredito que seria mais que justo o filme do Michael Bay ganhar esse. É doloroso dizer isso, porque filme de Michael Bay na verdade merece o esquecimento eterno.
E é só. As categorias de curtas são impossíveis, já que não tenho referência de nenhum deles.

Hélio.