(por Celia Kfouri)Quem me segue no twitter sabe: o episódio me levou às lágrimas. Sim, assisti ao episódio três vezes e chorei nas duas primeiras. Apesar de alguns (poucos) inevitáveis poréns (que mencionarei daqui a pouco), o episódio foi bárbaro. Bárbaro? Sim, o episódio foi bárbaro! (e desculpem se me empolguei e escrevi demais)
O início seguiu um modelo já conhecido de nos deixar entrever o final, sem compreendê-lo exatamente, para termos que conhecer os fatos por meio de uma narrativa não linear. E aqui funcionou. Cuidaram de detalhes como, por exemplo, ao me deixarem intrigada com a cena da JJ abaixada em frente a um arbusto (1m06s), para só no final saber que era Jack na frente dela, atrás do arbusto. Bom!
E a já conhecida citação de Nietzsche, que apareceu no 1x01, e foi repetida no último season finale, apareceu novamente, mas dessa vez com a frase antecedente.
"Aquele que luta com monstros deve-se acautelar para não se tornar também um monstro. Quando se olha muito tempo para dentro de um abismo, o abismo olha para você".
É um belo link entre o finale e o reaparecimento de Foyet. Mas o acréscimo dessa frase faz toda a diferença. E foi corajosíssima. Voltaremos a ela logo mais também.
Ao longo do episódio, Chief Strauss questiona os membros da BAU sobre a conduta de Hotch e sobre um ‘banho de sangue’ que aconteceu. Todos apóiam as atitudes de Hotch e a chefe parece implacável, mas teve de lidar com boas respostas, em especial de Rossi e Prentiss. Ela porque defendia Hotch com unhas e dentes. Ele porque deu uma ignorada incrível na sanha de vingança dela. Mas, primeiro porém: por que ela de repente ficou tão solidária a Hotch? Tão compreensiva? Era encenação para nos manter no suspense? Afinal, ela já sabia do desenrolar dos fatos e de suas motivações! Mas é bobagem diante do resto todo.
O episódio teve direito até ao Kevin e ao ‘William cajun da JJ’. Sim, todos de algum modo empenhados na caça a Foyet. E os tais remédios controlados é que foram o fio condutor da investigação. Inteligente. E a questão do anagrama também. (que coisa essa memória do Reid!!)
Chegam ao apartamento dele e montam uma mega operação (nada inédita) para capturá-lo, mas já era tarde pois um alerta pela busca por seu nome na internet fez com que ele fugisse e colocasse seu plano em prática.
A equipe. Só falta a Garcia.Foyet esteve sempre muitos passos à frente da equipe. Conhecia a identidade do policial Sam, que protegia Hailey e Jack, e foi através dele que enganou Hailey. Ele subjugou o policial e, usando o celular dele, conseguiu a confiança de Hailey, que foi ao encontro de Foyet!!
(Alguém me ajuda a lembrar em que filme já vimos essa cena: uma vítima/testemunha sob proteção cai nas garras do bad guy porque ele usa o celular do policial que a protegia. Não consigo lembrar onde, mas já tinha visto essa cena!)
Controle total. Dentro da casa de Hotch. Foyet estava tao à frente em seus planos que decidiu até que seria na casa de Hotch que ele vitimaria Hailey e Jack, e faria Hotch encarar isso tudo. Seria a submissão total ao controle do Reaper, e ele chegou bem perto.
O que se seguiu foram as melhores cenas do episódio (alguns dos melhores diálogos da série). Vale a pena ver e rever, pensar e repensar em cada uma das falas. Todas tinham uma razão de ser. Destaco aqui as menções que Hotch fez aos pais biológicos de Foyet, Hailey pedindo para Hotch mostrar a a Jack que o amor é o que importa, e que ele nem sempre foi tão sério, que ele costumava sorrir. E as lágrimas! As lágrimas não contidas de Hotch, que fizeram com que as minhas corressem.
As tais lágrimas. Cortou meu coração.Mas acho que a melhor frase foi a primeira. Hotch: ‘se você tocar nela...’ Foyet: ‘seja gentil, como fui com você?’ PQP!!! Foi a admissão do estupro. Sim, as facadas do corpo de Hotch, dadas por um Foyet deitado em cima dele, foram sim um estupro, como tanto comentamos lá no 5x01. Era um diálogo terrível entre estuprador e estuprado (claro que guardadas as devidas proporções, mas ao longo da série foram inúmeras as comparações entre facadas e penetrações sexuais).
Um outro porém que não dá para passar batido é que Hailey deveria já ter visto alguma foto de Foyet. Não é possível que Sam tivesse falado tudo sobre ele sem nunca ter mostrado seu rosto. Por que então ela nao o reconheceu? Pior, ele não disse que se chamava Victor Collins? Como então Jack pergunta ao pai se George é um cara mau?
Já dentro da casa,o tão esperado confronto. (Hotch podia ter mirado na cabeça!!). Hailey já morta, numa imagem muito forte, e Jack bonitinho está a salvo, graças às suas brincadeiras com o pai. Fiquei triste com a morte dela e feliz pela emoção dele diante dela (eles foram namorados desde a escola!). E para as shippers que festejaram, duvido que tão cedo haja clima entre Hotch e Prentiss. Seria de muito mau gosto agora.
Pra completar (porque eu escrevi demais!!), lembram da citação que eu mencionei no início? Pois é. Também guardadas as proporções, assistimos aqui a transformação de Hotch em monstro. Sim, monstro. Quem tem formação na área, ou já leu a respeito, sabe da enorme diferença entre matar alguém à distância (um tiro, por exemplo) ou com uma faca, por exemplo. Esse contato físico próximo exige uma frieza, uma periculosidade muito maior. E Hotch matou Foyet na mão!! Nem faca teve. Na porrada! Nas inúmeras porradas! Deve ter desfigurado Foyet, destroçado seu crânio, num surto assassino que só foi contido pela chegada de Morgan.

Enfurecido. Descontrolado. Tornando-se um monstro também.Foyet estava dominado, as regras do FBI mandariam que ele fosse algemado simplesmente. Sei que é muito fácil falar, e que as pessoas são tomadas por emoções violentíssimas. Mas achei um tanto brutal demais para alguém com a formação e a experiência de Hotch. É que realmente é preciso cuidado porque "Aquele que luta com monstros deve-se acautelar para não se tornar também um monstro”.
Bárbaro. Só tenho pena do 5x10.
Mas que venha e venha logo!
Até lá.

Celia Kfouri
twitter.com/celiakfouri