Por Hélio FloresLista completa de indicados:
Globo de Ouro -
SAG Awards.
A temporada de prêmios no cinema já começou e as duas principais entidades deste período de final de ano anunciaram seus indicados aos prêmios máximos que também prestigiam as melhores séries americanas: a Imprensa estrangeira em Hollywood (no Globo de Ouro) e o Sindicato dos Atores (no SAG Awards).

O Globo de Ouro não dá um reconhecimento às produções da TV de forma tão vasta quanto o Emmy, mas tem o mesmo prestígio e importância, ancorado há anos na fama construída de que se trata de um "termômetro para o Oscar", o que lhe dá bastante visibilidade. Como todo grupo de votantes, tem suas peculiaridades e esquisitices e, claro, deixa meio mundo de gente irritado com indicações e esquecimentos dignos (ou até piores) do Emmy.
Mas algo curioso no Globo de Ouro é que, ao contrário do Emmy que não se cansa de premiar as mesmas pessoas e séries ano após ano, a imprensa estrangeira parece levar mais a sério o argumento "já ganhou ano passado, então basta". Prova disso é que nesta década, enquanto o Emmy premiou West Wing 4 vezes seguidas como Melhor Série (e Sopranos e Mad Men duas vezes cada), o Globo de Ouro deu seu prêmio máximo a séries como The Shield, A Sete Palmos, Nip/Tuck e Grey´s Anatomy.

Apenas Mad Men ganhou duas vezes nesta década (falando apenas de séries dramáticas, já que entre as comédias Sex and the City ganhou três vezes e Desperate Housewives duas vezes - 30 Rock apenas uma vez, perdendo para a britânica Extras, um dos muitos motivos para ao menos apreciar a heterogeneidade dos votantes) e se ganhar pela terceira vez, será a primeira série a conseguir este feito desde que a categoria de Melhor Série Drama foi criada no início dos anos 70 (Arquivo X ganhou três vezes nos anos 90, mas não em anos consecutivos).
A estatística, portanto, é o único obstáculo para a série de Matt Weiner não vencer, já que sua terceira temporada é tão digna e imbatível nos prêmios quanto as duas anteriores. Do contrário, apenas Dexter poderia se beneficiar com sua elogiada quarta temporada, já que House e True Blood (injustamente) concorrem por temporadas inferiores e Big Love (que não vejo) seria o azarão, sendo a única série que difere da lista de indicados do ano passado, ocupando a vaga que fora de In Treatment. De minha parte, Breaking Bad, Lost, Friday Night Lights e a própria In Treatment seriam opções bem melhores, enquanto outras pérolas como Battlestar Galactica e Sons of Anarchy já se esperava serem ignoradas.

Entre os prêmios de atuação da categoria Drama, não há surpresas. Por mais que sejam espantosas, e eu diria até criminosas, as ausências de Bryan Cranston e o vencedor do ano passado Gabriel Byrne, o fato é que todos os indicados a Melhor Ator eram esperados (um pouco menos Simon Baker, verdade, mas após o Emmy já se podia imaginar). O difícil, como sempre na categoria mais disputada, é apostar em um vencedor. Fico com Michael C. Hall, indicado por todas as quatro temporadas de Dexter e ainda não levou o seu (além de nunca ter sido lembrado por A Sete Palmos, outro crime). Seguindo a lógica de sempre premiar alguém diferente, Jon Hamm e Hugh Laurie já ganharam anteriormente, embora seja impossível ignorar o estupendo trabalho de Hamm com January Jones nesta temporada (e a indicação de Jones a Melhor Atriz é prova que eles não ignoraram) ou ainda o momento "papa prêmios" do Dr. House no season premiere "Broken". Pesa contra Laurie o fato de ser o único ator a ganhar duas vezes nesta década, além do que, ao contrário do Emmy que vota em episódios específicos, o Globo de Ouro elege pelo que viram de modo geral.
Entre as atrizes, Glenn Close é uma entidade difícil de ser desbancada, embora no Globo de Ouro não pareça haver aquele complexo de inferioridade que o Emmy demonstra em relação ao Oscar, podendo premiar quem bem entender. Considerando que Paquin e Sedgwick já tem os seus, e a indicação para January Jones já é um prêmio por si só, a única opção seria Julianna Margulies, a eterna indicada por E.R. e que nunca ganhou. The Good Wife é a única nova série dramática que é querida, o que pode contar a seu favor.
As maiores surpresas ficaram mesmo para as categorias de comédia. Pois, se Glee era uma quase certeza entre as indicadas a Melhor Série, as indicações de Matthew Morrison e Lea Michele deixaram todo mundo boquiaberto, comprovando que a paixão dos votantes é enorme o suficiente para vermos, quem sabe, a raridade de uma série musical ganhar na categoria Comédia/Musical. Arrisco dizer que sua principal concorrente nem seria 30 Rock (que, ao contrário do Emmy, só ganhou uma vez aqui), mas outra novata, Modern Family. O Globo de Ouro já provou que gosta de premiar novidades (Sex and the City, Desperate Housewives, Ugly Betty) ou séries de vida curta (The Office UK, Extras), então não seria problema.

Surpreende a ausência das campeãs de audiência de Chuck Lorre, The Big Bang Theory e Two and a Half Men, e seus respectivos protagonistas, Jim Parsons e Charlie Sheen, que perderam espaço até mesmo para Thomas Jane, cuja série Hung ainda emplacou uma indicação de coadjuvante para Jane Adams. E como surpresa nunca é demais, a presença de Courtney Cox na categoria de Melhor Atriz por Cougar Town é uma dessas anomalias que só a imprensa estrangeira é capaz, embora eu sinceramente nem ache tão ofensivo assim quanto a presença de Lea Michele na mesma categoria. Entre os atores, espero que dê um dos já vencedores Baldwin, Duchovny ou Carell, enquanto entre as atrizes me parece absurda qualquer decisão que não seja premiar Edie Falco, que já venceu duas vezes antes na categoria drama (Sopranos) e que agora concorre por Nurse Jackie, série novata que merecia bem mais do que teve.
Nas categorias de coadjuvantes, o Globo de Ouro injustamente resume em apenas cinco indicados todos os candidatos de drama, comédia, musical, minissérie e telefilme. Na categoria masculina, não houve espaço para coadjuvantes de minisséries ou telefilmes, com Jeremy Piven marcando a presença de sempre e os favoritos de todo mundo Neil Patrick Harris e Michael Emmerson concorrendo por trabalhos tão díspares e impossíveis de se comparar. Nesta disputa ilógica, pode sobrar para John Lithgow, principalmente se Hall e Dexter perderem em suas categorias. Correndo por fora, William Hurt, cujo nome tem peso suficiente para levá-lo a uma vitória inesperada. Na categoria feminina, é todo mundo torcendo pra Jane Lynch, né?

Já o SAG Awards é dado pelo Sindicato dos Atores e se resume a premiar o Melhor Elenco (equivalente ao prêmio de Melhor Série), o Melhor Ator e a Melhor Atriz, sem categoria para coadjuvantes que, se não atenderem pelo nome de Jeremy Piven, normalmente ficam de fora de qualquer disputa. O Sindicato ousa menos, mas difere pouco do Globo de Ouro, com The Good Wife e The Closer no lugar de House e Big Love para Melhor Elenco Drama, e Curb Your Enthusiasm no lugar de Entourage na categoria de Comédia.
Entre as atuações de Drama, Bryan Cranston (que é muito querido entre os colegas) recebeu a merecida indicação que não recebeu nos Globos, no lugar de Bill Paxton (e Simon Baker ganhou mais uma!), enquanto entre as atrizes, foi exatamente mais do mesmo: Arquette, Hargita, Hunter, Sedgwick, Close, e o acréscimo de Margulies, sendo a única categoria (tanto do SAG quanto dos Globos) com 6 indicados, algo que deveria ter se repetido em tantas outras situações.
Os indicados a Ator e Atriz de Comédia também foram as mais convencionais possíveis, com indicações para Charlie Sheen, Larry David e Tony Shalhoub (última vez por Monk!), além de Baldwin e Carell, obviamente. E Toni Collete e Edie Falco como únicas novidades disputando com as mais que óbvias Tina Fey, Applegate e Louis-Dreyfus. O Sindicato dá tão pouca importância à TV, que nem vale a pena esperar muito por seus prêmios.
/helioflores