
Não via nada de mais nesse episódio no princípio. A questão da misteriosa frequência de rádio que transmitia uma sequência numérica em vários idiomas parecia ser apenas mais uma "ação terrorista" do outro lado. Mas não: o que esses números escondiam era grandioso. Quem acompanhava "LOST" deve ter ficado com a pulga atrás da orelha com a história de números misteriosos transmitidos via rádio, não?
O trabalho de Astrid ao decifrar o código numérico foi fabuloso. Eu, inclusive, aproveito pra dizer que gosto muito quando aproveitam melhor a moça. É um personagem que merece mais espaço e foi de modo bastante inteligente que ela desvendou o que estava por trás dessa transmissão.
A primeira questão levantada foi como aquela transmissão foi capaz de apagar a memória daquelas pessoas. Só que mais importante do que o "como" foi o "porquê". Ficou claro que havia algo naqueles números que alguém estava querendo esconder. Algo que aquelas pessoas estavam prestes a descobrir.
Ajudados pelo dono do sebo, que era um dos aficcionados pelas chamadas "Estações Numéricas", conseguem uma edição rara de um livro denominado "As Primeiras Pessoas" que conta uma história aparentemente absurda mas ao mesmo tempo fascinante de uma civilização anterior aos dinossauros dotadas de uma tecnologia avançadíssima. Foi aí que a história me pegou. Sempre fui interassado em civilizações antigas como as pré-colombianas, a egípcia, etc mas também as histórias envolvendo Atlântida e seu suposto desenvolvimento tecnológico alcançado através do domínio dos cristais que apesar de tê-los avançado tecnologicamente teria sido o responsável também pela sua extinção. Soou então mais forte ainda a referência quando em determinado ponto do livro o autor descreve a grande descoberta desse povo antigo: uma máquina poderosíssima a que chamaram de "O Vácuo". Essa máquina seria capaz de criar e destruir.
Enquanto os agentes avançavam cada vez mais na investigação e se aproximavam do criminoso responsável pelas transmissões Bolivia ia ficando aflita e apreensiva. O envolvimento dela era óbvio e estava se desenhando como parte de sua missão. O homem por trás da frequência de rádio era um metamorfo a serviço de Walternativo. Só que, ao contrário do que pensava o FBI, a intenção na transmissão não era apenas apagar a memória de algumas pessoas mas principalmente atrair a atenção de Peter e os outros para esses números que, como descobriu a agente Farnsworth, eram coordenadas - pontos espalhados por todo o globo de locais aparentemente comuns. Mas foi um ponto em particular que chamou a atenção: o lugar onde encontraram as primeiras partes da máquina do holocausto; a máquina que tanto atormenta Peter e que ele deveria terminar. Peças enterradas há milhões de anos de uma máquina capaz de destruir um dos dois universos.
Começa um novo momento em Fringe. O arco final parece estar se formando. Com Olivia do outro lado já sabendo quem é e as peças do aparelho bizarro de Walternativo já podendo ser encontradas a definição dessa guerra está cada vez mais próxima.Apesar disso ainda há esperança. Seja pelas palavras de Nina Sharp tentando levantar o otimismo de Walter enquanto fumavam um "baseadinho" na universidade ou mesmo nas citações do livro de Seamus Wiles onde afirma que O Vácuo era uma máquina de destruição mas também de criação.
Peter demonstra que não vai desistir de encontrar uma solução pra preservar a vida não só dos inocentes desse lado mas também do outro universo e entender como funciona o dispositivo pré-histórico é primordial nesse momento. É ainda possível perceber uma fagulha de questionamento nas ações da falsa Olivia. Esse contato com o lado de cá e com o próprio Bishop pode estar fazendo com que ela perceba que escolher um lado pra lutar talvez não seja a melhor opção até por que se até mesmo os metamorfos são passíveis de sentimentos, o que dirá uma humana que não podemos esquecer está cumprindo ordens e acredita ser tudo por um bem maior.
Um último detalhe bastante curioso é o nome do autor do livro: Seamus Wiles é um anagrama para Samuel Weiss, o mesmo nome daquele cidadão esquisito, dono do boliche, que ajudou Olivia a superar o trauma-pós-travessia-entre-universos e que até hoje não sabemos como ele tinha tanto conhecimento sobre o outro lado e todas as outras coisas.
Será que ele vai voltar a aparecer? É bem provável que ouçamos novamente falar dele e quem sabe não seja a ajuda que faltava pra trazer a Dunham pro lado de cá.Imagens: reprodução
[Alison do Vale]twitter: @menino_magro


É com mais uma incrível atuação de Vince Howard que os Lions chegam a sua terceira vitória consecutiva, mantendo-se assim invictos na competição. Porém, não há razão para reclamar das vitórias quando esta concede tantas vantagens ao roteiro, principalmente impulsionando a trama de Vince para um emocionante desfecho. Michael B. Jordan apresenta sua melhor performance na série, transmitindo toda a insegurança ao se ver novamente diante de seu pai, liberado da prisão e logo acolhido de volta por sua mãe. Depois de tanto se esforçar para assumir essa posição de homem da casa, Vince sente como se o seu próprio território estivesse sendo invadido. Não à toa, as poucas lembranças do pai que ele se dispõe a compartilhar remetem a uma profunda amargura, chegando a culpá-lo pela dependência química de sua mãe. Já no campo de futebol, Vince também não tem sossego, sendo forçado a assumir seu papel de líder da equipe justamente enquanto questiona a falta de um modelo paterno para seguir durante a vida. É um tema ainda estreitamente relacionado ao abandono das últimas semanas, mas que desta vez leva o jogador ao extremo, a ponto de precisar ser contido por Coach Taylor, que lhe convence a buscar pela melhora dentro de si mesmo.
Mas qualquer deslize é perdoado no impressionante final do episódio, quando Vince tem de encarar seu pai mais uma vez após a partida. Há todo um esforço do pai em reconhecer o valor de Vince, não só durante sua ausência, mas pela brilhante apresentação com o uniforme dos Lions. Orgulhoso ele se diz estar, assim como Coach Taylor revelava ao garoto antes da partida. E os roteiristas mostram toda sua competência ao não cair na fácil armadilha de emocionar reparando essa relação prematuramente. Vince com toda sua dureza ainda não é capaz de esquecer todos esses anos, abrindo caminho para que seu pai fosse embora. Mas antes disso, ele não deixa de se preocupar com seu destino ou mesmo apertar sua mão, mostrando que finalmente acatou os conselhos de Jess e de Coach Taylor. Vince está disposto a mudar e se tornar uma pessoa melhor. Pouco importa se ele conseguirá ou não, apenas acompanhar essa sua busca e o empenho em tentar mudar já será magnífico.
e.fuzii




Nada como uma semana para que minhas preocupações logo fossem dissipadas. No episódio anterior, meu principal receio era que a equipe dos Lions pudesse ser repentinamente transformada em favorita ao título na sua temporada final. Mesmo que os jogadores acumulassem maior experiência e grande parte deles atingisse o limite de idade da categoria, seria difícil acreditar numa condição muito diferente da pífia performance na temporada de estreia. Mas apesar disso, os próprios jogadores acreditam em seu potencial, esperando por uma boa colocação no ranking de equipes divulgado pela imprensa. Chega até ser doloroso acompanhar essa ansiedade dando lugar à revolta assim que descobrem que sequer figuram a lista. Coach Taylor desde o começo segue cauteloso, provavelmente já esperando pelo pior. Mas diante de um quadro tão adverso, contando ainda com uma punição absurda a Luke por um lance perigoso na partida de estreia, ele se vê obrigado a fazer uso dessas perseguições para motivar seus jogadores. Com apenas 5 letras escritas na lousa ("State"), Coach Taylor mexe com o orgulho de sua equipe durante a preleção, mostrando que só terão chance de vencer esse campeonato através da superação de todos.
Em meio a tantos tormentos, o único alívio pareceu vir da pequena trama de Vince, recebendo diversas cartas de universidades interessadas em seu talento. A comemoração ao lado de sua mãe, tanto aspirando por um futuro melhor quanto pela colocação em um emprego, foram bem emocionantes, dando oportunidade a Michael B Jordan brilhar mais uma vez. Porém, não acredito que todo esse otimismo irá permanecer por muito tempo, até porque as propostas ainda não tem qualquer validade. Além disso, quem acompanhou a série até aqui já está cansado de saber que nenhuma decisão em Dillon pode ser tomada tão fácil assim, não sem envolver grandes hesitações e dilemas.
Não poderia começar esse texto sem antes também constatar aquilo que provavelmente todos já disseram: estamos diante do início de um desfecho anunciado. Última temporada, a série procurando mais uma vez se reinventar com novos personagens, enquanto velhos conhecidos estão dizendo adeus. Mas o sentimento continua o mesmo: aquela sensação de abandono, compartilhada pela maioria dos habitantes de Dillon, uma cidade "esquecida" no interior do Texas. Tim Riggins é certamente aquele que melhor simboliza esse sentimento, ainda mais agora que tem sua liberdade cerceada, e após ter assistido a despedida de todos os colegas de sua geração. Numa mistura de profunda melancolia e desprezo, resta a Tim se apegar num fio de esperança de que a boa conduta leve a redução de sua pena. Mesmo se sentindo culpado em vê-lo nestas condições, Billy também tem pouco a fazer além de cumprir o desejo de seu irmão e dar suporte a Becky, cada vez mais solitária ao ser deixada para trás aos cuidados de sua madrasta. Se já parece desenhado um provável conflito dela com Mindy, quem deve ganhar maior importância ao longo da temporada é Billy, até por também aparecer integrado ao já inchado quadro de treinadores sob tutela de Coach Taylor. Na contramão de tudo isso encontramos Jesse, que mesmo deixada sozinha tomando conta de seus irmãos, enfrenta essas dificuldades com o apoio confortante de Vince, que já havia demonstrado antes essa mesma responsabilidade paternal ao cuidar de sua mãe.