Qualquer espectador que acompanha Friday Night Lights talvez já esperasse por uma conclusão da série em que a família Taylor finalmente partiria de Dillon com seu dever cumprido. Não só por Coach Taylor ter voltado às pressas quando teve uma oportunidade na TMU logo na segunda temporada, mas porque como podemos perceber, eles são os protagonistas que mantém o resto do elenco unido. Por isso, até me pareceu surpreendente que antecipassem esse dilema vivido por Coach Taylor, entre aceitar uma proposta tentadora na Flórida, onde teria total controle do time universitário, ou manter seu programa de recuperação do East Dillon Lions. Mas foi muito bem vinda, porque faltando poucos episódios para seu doloroso desfecho, nunca pareceu tão urgente que essa escolha precisaria enfim ser tomada. Friday Night Lights nunca fugiu daquilo que consideramos como previsível em produções sobre esporte, mas o que sempre chamou atenção foi a eficiência com que esses "mecanismos" são utilizados. Como já disse outras vezes, contanto que esteja envolvido pelo drama dos personagens, você é capaz de torcer pela superação, pelo final feliz. Não duvido que Coach Taylor tenha ainda uma nova oportunidade até o final da série, às vezes até mesmo depois de levar a equipe ao State, assim como não duvido que Tami possa ter uma proposta de crescimento em sua própria carreira, agora que cada vez mais se destaca pela sua insatisfação com o sistema de ensino. Afinal, ambos merecem ser valorizados (assim como os atores, em eventuais premiações)."Don't Go" apresentou uma série de discursos que ao invés de conter o caráter motivacional que estamos acostumados, serviram como uma forma de promover mudanças de rumo para seus personagens. Coach Taylor rejeitou uma proposta cercada de regalias para manter o foco em sua equipe, depois que ouviu as emocionantes palavras de seus jogadores. Depois de perder o controle de Vince nas últimas semanas, sua volta a um caminho correto não poderia ter vindo em melhor hora, quando declara que talvez nem estaria vivo se não fosse pelo treinador. Não apenas por sua mudança de atitude, quando finalmente percebe o dano que seu pai pode causar a sua carreira, mas porque Coach Taylor enfatiza que a equipe não joga em seu benefício, ou para que ele consiga novas propostas. Assim, a decisão do treinador também refletiu esse fato, mostrando novamente ser um homem íntegro que não decide seu futuro apenas baseado naquilo que deseja para si próprio ou sua família, mas que pensa num contexto maior, escolhendo aquilo que deve ser feito no momento. Ao seu lado, ele pode sempre contar com a compreensão de Tami, que mesmo se mostrando bem à vontade com essa oferta, está disposta a apoiar o marido em qualquer que fosse sua decisão. Não é à toa que o casal Taylor ainda representa o mais perfeito casamento a passar pela televisão, a ponto de achar que a série poderia até continuar apenas retratando essa união, mesmo longe de Dillon.
Esse episódio marca também o retorno de Tim Riggins, finalmente sendo libertado em regime condicional. Ainda que um pouco apressado, o roteiro deu conta de apresentar uma boa perspectiva de todos os detalhes que envolviam sua volta. Billy cada vez mais irritado durante os dias que antecederam essa decisão, mostra que ele continua se sentindo culpado pelo ocorrido, assim como Tim ainda guarda um enorme ressentimento por ter sido abandonado na cadeia por seu irmão mais velho. Não era surpresa também que para desabafar e aliviar um pouco sua solidão, ele escrevesse cartas para Coach Taylor, seu grande mentor, que embora não chegasse a respondê-las, nunca chegou a duvidar de sua índole, até pelas palavras gentis que dedica ao ex-jogador durante o processo. Além disso, o próprio Buddy Garrity fez questão de dar um depoimento inesperado (muito mais pela sua eficiência), garantido a integridade do rapaz enquanto namorava sua filha e oferecendo o apoio que fosse necessário nessa sua volta. A reação de Tim Riggins ouvindo todos esses discursos variava bastante, entre desconfiança a alguns rastros de esperança, mas que acabavam reduzidos pelo seu semblante triste, em nada lembrando aquele número 33 dos Panthers em campo, ou aquele homem que havia percebido o sentido de sua vida ao final da temporada anterior. Trazer de volta Tim Riggins também em espírito talvez seja o maior desafio até o final da série, mesmo contando com a provável ajuda de alguns dos velhos personagens, já que até mesmo dentro de seu próprio lar ele se sente agora como se fosse um intruso.Fotos: Reprodução.
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Pela situação delicada que a equipe dos Lions atravessava na semana passada, era questão de tempo até que fosse quebrada sua invencibilidade na competição. E essa derrota sequer foi mostrada na íntegra, não apenas querendo preservar a equipe, mas para aproveitar esse momento de animosidade no vestiário após a partida. Numa montagem bastante intensa, os jogadores lavam a roupa suja enquanto flashes da partida pontuam essas discussões, até que Coach Taylor manda todos saírem de seu vestiário. Ele sabia que se estivesse diante de um time unido os atletas provavelmente se manteriam em silêncio, analisando seus erros e acertos, ou mesmo tentariam extrair algo para motivá-los para o próximo jogo. Após uma breve reunião com a comissão técnica, chega-se ao consenso de que o grande desagregador do time seja Vince, que acaba afastado dos treinos durante a semana. Talvez essa fosse a oportunidade do jogador colocar sua cabeça no lugar e se arrepender de suas atitudes recentes. Porém, mostrando que está cada vez mais perto de perder o rumo, Vince não só deixa de honrar uma promessa feita ao treinador, como termina perdendo Jesse para sua própria teimosia. Talvez ele nem precisasse de uma ajuda de sua mãe, a pessoa que trouxe de volta o pai à sua vida, para perceber que estava sendo induzido ao erro por Ornette, não só por querer tirar satisfações com o treinador ao final do jogo, como por pouco antes minimizar sua falta em um dos treinos. O que me chama atenção em Friday Night Lights é como o futebol sempre se torna importante quando usado como recurso de roteiro. Poderia ser pouco provável uma vitória dessas, improvisando Luke como quarterback, mas na verdade serviu para que Vince percebesse que a equipe poderia sim vencer sem ele. E isso, além de provocar a fúria de seu pai, deve fazer com que ele finalmente deixe de lado toda aquela sua arrogância.

Novamente a cidade de Dillon está dividida esperando pelo confronto de seus dois times, na disputa pelo troféu "Big Cat Clash" da temporada. Porém, desta vez o lado leste leva vantagem pela campanha invicta que vem mostrando até então no campeonato. Se naquela situação o campo dos Lions já havia sido alvo de vandalismo -- mas que agora é defendido pelos próprios conselheiros do time --, era de se esperar que em desvantagem os Panthers tentariam uma provocação ainda pior para desestabilizar seus adversários. Ela veio através de um site divulgando os atos de delinquência dos atletas da equipe no passado, até com as fotos de suas fichas criminais, provocando muita revolta. Mas mesmo com os ânimos acirrados antes da partida, a resolução do duelo acabou sendo bem morna principalmente para um evento que havia sido tratado como clímax