
Essa é a questão que parece instigar Suzanne, vinda de uma curiosa aluna na aula de artes, e que decide compartilhar com Don Draper após mais uma noite juntos. Devo confessar que é uma dúvida que sempre tive, no sentido de achar que as pessoas poderiam ver diferentes matizes de cores, mas que só se entendiam por uma questão semântica de dar nome às cores. De certo que estou divagando, já que essa situação quer demonstrar como as pessoas percebem as coisas sob perpectivas diferentes. Mas além disso, Don explica que é tarefa dele como publicitário induzir as pessoas à maneira que seu cliente lhe pede, ou seja, tentar reduzir ao máximo os ruídos de suas mensagens. Até porque, mesmo a cor azul pode simbolizar, por exemplo, tanto a tristeza de uma pessoa quanto uma marca positiva nas finanças. Essa mesma ambiguidade que faz com que um misterioso telefonema à casa dos Drapers seja motivo suficiente para o casal desconfiar de si mesmos. Mas foi só eu ter reclamado no episódio anterior das participações de Paul Kinsey na trama para ele ganhar foco novamente, pena que não em uma de suas semanas mais criativas. Apesar de todo seu esforço, trabalhando altas horas da madrugada, tudo foi em vão quando ele acaba dormindo antes de anotar sua ideia. E mesmo que Don Draper mostrasse compaixão pelo seu erro, Paul tem uma amostra da diferença entre Peggy e ele nesse processo criativo. O provérbio chinês de Paul era adequado para a situação, mas já parecia tão aprisionado em seu subconsciente que bastou um novo olhar de Peggy para encaixá-lo perfeitamente no contexto da campanha. Depois de tantos personagens saírem da Sterling Cooper, começo a achar que esse pode ser o grande gancho deixado pra próxima temporada, quando os funcionários deixam a empresa sendo demitidos ou constatando sua própria ineficiência.
Apesar de Don e Suzanne estarem decididos a manter seu caso escondido, o irmão dela aparece para estremecer um pouco essa relação. Don Draper aproveita para dar uma carona para o rapaz, como um favor a sua amante e para ter um momento a sós com ele. Nem é preciso dizer o quanto Draper pode ser exemplo motivacional para qualquer um. Depois de passar por uma infância humilde, ele chegou ao topo (não importando como), num lugar que todos da empresa almejam estar. Porém, como transmitir esse otimismo a alguém que não consegue superar os próprios limites de seu corpo? Esse caso remete também à história de seu irmão, que teve um trágico fim na primeira temporada, após tentar pedir ajuda a Don. Disposto a não repetir esse mesmo erro, ele entrega até um de seus cartões caso fosse preciso. Mas o irmão de Suzanne sabe que não adianta tentar mudar, porque ele nunca conseguirá atingir nada além do que nunca teve. E depois de acompanhar toda crise de Don diante de seu contrato, a pergunta que fica é: teria ele mudado mesmo por completo, ou tudo não passa de uma falsa e convincente postura?

Fotos: AMCTV.

twitter.com/efuzii
Não gostei do episódio. Achei que se tivesse visto somente os 20 minutos finais não perderia nada, mas o final foi encantador.
ResponderExcluirE o 3x11 é um dos melhores da história da série...
Muitas séries usariam esse episódio como gancho para a próxima temporada mesmo. Isso me deixa curiosa com o que acontecerá no season finale
ResponderExcluir