segunda-feira, 27 de abril de 2009

Maratona

Sim, há muito mais, ainda, no CeS. Estou retornando logo após Lost com a maratona Supernatural e Dexter, além de acompanhar alguma coisa da mid season.

Só esperar!

Danielle M

[Dollhouse] 1x10 Haunted

Depois de um episódio tão elogiado há duas semanas atrás, Dollhouse volta a tratar de uma história independente, mostrando mais um dos potenciais da organização: a capacidade de transferir a essência de uma pessoa morta a um dos actives. Obviamente que a escolhida para receber essa impressão foi Echo, mas dessa vez longe daquele crescente caminho de auto-descobrimento das últimas semanas. Apesar de ter sido uma hora agradável e mais uma vez promover uma discussão tanto moral quanto social dos serviços da Dollhouse, o grande problema foi dar tanta importância a alguém que supostamente morre no primeiro minuto do episódio, e ainda investir no desenvolvimento de toda uma gama de personagens que seriam descartados no final. Ou alguém esperava que Echo estivesse condenada a viver pra sempre com aquela família?

Não me lembro de ter comentado aqui especificamente das atuações de Dushku (fora um ou outro elogio), mas em "Haunted" fica provado como ela foi a pior escolha possível para o papel de Echo, como todo mundo temia desde o começo. Falta nela uma certa dinâmica, que não convence sendo Margaret, e muito menos quando finge não ser. E isso acaba atrapalhando a própria série, que sofre quando tenta explorar outros caminhos (como nesse episódio) e não pode confiar na sua própria atriz principal. Afinal, o único desenvolvimento na trama principal foi Paul Ballard finalmente conseguir provar para alguém a existência da Dollhouse, enquanto faz uso intenso das capacidades de Mellie. Por essas e outras, agora me resta poucas esperanças de que a série seja renovada, principalmente depois de todo o empasse da Fox em exibir o décimo terceiro episódio produzido -- que viria exclusivamente em DVD ou passaria até eventualmente no Brasil (por conta de syndication). A única certeza que tenho é que essa atriz Dichen Lachman é a grande revelação da série, sempre sendo destaque na pele da active Sierra, e que dessa vez retrata perfeitamente uma adorável amiga programada para aliviar a solidão do irritante Topher.

e.fuzii

sexta-feira, 24 de abril de 2009

[CRIMINAL MINDS] 4x21 "A Shade of Gray"





Assisti ao episódio pela segunda vez, antes de escrever o comentário e ele me desagradou menos. Que bom. Não gosto de escrever com a mão muito ‘pesada’.

Resumindo rapidamente, o episódio da semana mostrou o drama de um casal diante da morte de um filho − de 7 anos − pela mão do outro − de 9. Para proteger o filho homicida, contam com o detetive de polícia local, muito amigo da família, que simula a cena do crime para fazer crer que o menino havia sido vítima de um serial killer pedófilo, que vem atacando na região. Só não contaram com a astúcia da equipe da BAU (rsrs), que antes mesmo de descobrirem a farsa, já haviam conseguido prender o tal pedófilo.

Fora a ‘JJ malíssima’, acho que a equipe toda teve participações interessantes. Reid sempre merece destaque, afinal viu o que ninguém havia visto (até porque teve a curiosidade e deu-se ao trabalho de ver o que havia na porta ao lado!) e assim chegaram à explicação do que estava acontecendo. Rossi muito bom na entrevista com o pedófilo. Hotch bem no papel de ‘chefe’, como eu gosto, ao recomendar discrição, urgência. Autoridade na medida certa.


Reid, achando a resposta, mais uma vez.

Rossi, conduzindo muito bem.


Ok. Interessante. Só isso. É que às vezes eu penso que até polícia da Bolívia, do Sri Lanka, ou da Eritréia teriam o mesmo sucesso na investigação e apuração de crimes se tivessem um mega Big Brother para ajudar, como a equipe tem, pela via da Penélope.

O que eu quero dizer é que eles têm acesso imediato a cada pequeno detalhe da vida de todos! Tudo! Na hora! De hoje e de décadas atrás. Juro que não acredito que haja um banco de dados com esse alcance. Eles sabem a placa do carro do tio avô do unsub (e todas as rotas percorridas por ele, desde sempre); sabem a marca da fralda geriátrica que o unsub comprava para seu pai abusador, hoje senil; conhecem o histórico escolar apresentado pelo imigrante koreano, quando pleiteou a cidadania americana; tudo! DNA nem se fala! De humano, anfíbio, roedor, marsupial, todo DNA que eles precisam está lá. Isso às vezes me cansa e nesse episódio eu achei ‘meio demais’.


Garcia, dando voz ao abominável Big Brother.


Mas o que me incomodou realmente, na primeira vez que assisti, nem foi isso. Foi uma questão muito mais pessoal e que não deveria merecer tanta importância, tanto que na segunda vez me esforcei para deixar pra lá. O fato é que, antes da metade do episódio, eu já sabia que o menino havia sido morto pelo irmão. Não sei se ficou óbvio para todos, mas para mim ficou, e aí acabou o clima. Já era. E olha que não sou dessas que sempre conseguem (ou dizem que conseguem...) antecipar, antever a solução dos mistérios e enigmas em série e filmes. Não mesmo!

Para quem já assistiu ao filme Coração Satânico (do Alan Parker, com De Niro e Rourke): Lembro quando vi esse filme. Eu tinha adorado o filme e tinha ficado bastante surpresa com o final, e comentei sobre o filme numa conversa com amigos. Uma amiga disse: “ah, quando o filme começou, eu logo pensei ‘ih, quer ver que esse cara tá procurando por si mesmo?? Aí já era, não teve a menor graça!’”. O pior é que sei que não era ‘papo’, ela realmente sacou. Eu nunca fui de ter essas ‘sacadas’. Procurei pelo Johnny Favorite, torcendo pelo Harry Angel, até o fim!

Achei interessante escolherem mais um tema que tem sido presente na mídia ultimamente (a exemplo do 4x20), e que tem despertado o interesse do público. Será uma nova tendência? ‘Como identificar um psicopata’, ‘A psicopatia na infância’, etc, são temas realmente instigantes. E esse estudo pode ser de muita utilidade porque quem sabe alguém encontra um modo de ‘desentortar’ o caráter do psicopata, se for tratado ainda bem na infância.



O unsub da semana, com 9 anos de idade.

É isso. Semana que vem tem mais e a sinopse promete: ‘Quando um serial killer envia para a equipe um vídeo mostrando detalhes de um de seus crimes, a BAU descobre uma mensagem escondida, em que ele pede para que interrompam sua sequência de crimes’.

Até mais.
Célia.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

[CRIMINAL MINDS] 4x20 "Conflicted"






Episódio bacana, que trouxe um unsub perturbado mesmo; definitivamente uma criminal mind!

Um unsub assassino/estuprador em série já é quase rotina na série, mas vítimas do sexo masculino, nem tanto. Essas vítimas são machos ‘alfa’, e só podem ter sido atraídos por uma mulher; mas também foram vítimas de violência sexual. Esse paradoxo exclui a possibilidade de um único unsub e a BAU começa a procurar por uma dupla, com uma mulher dominante, a servir de isca, e um parceiro submisso, que mata por influência dela.

Identificam em Adam – o funcionário do hotel que descobrira o corpo – um possível suspeito, e sua relação com sua chefe/protetora faz com que ela se torne suspeita de ser a parceira nos crimes. Depois de muito quebrarem a cabeça, com direito até a uso do polígrafo − o que sempre rende uma boa cena, como a que vimos nesse episódio, − a equipe morre na praia. As suspeitas não se confirmam.

Mas, mais uma vez foram guiados pela perspicácia do Reid, que ‘saca’ o que realmente está a ocorrer. Realmente, os olhos são a janela da alma; um olhar diz mais que mil palavras. E é com base no olhar de Adam que ele desvenda o que está por trás desses crimes: os unsubs são realmente dois, mas ambos ‘habitam’ em Adam. Ele sofre de ‘transtorno dissociativo de identidade’ (antigamente chamado de transtorno de múltiplas personalidades) e comete os crimes em parceria com seu ‘alter’, uma mulher chamada Amanda, agressiva e dominante.



Adam / Amanda, conflicted.


O tema é sempre fascinante, apesar de toda a mística que gira em torno do assunto, e de tantos psiquiatras que duvidam que esse transtorno realmente exista. Um livro relativamente recente (Switching Time, de Richard Baer), que recebeu muito espaço na mídia americana, conta a história de um psiquiatra e seu empenho no longo caminho de ‘reagrupar’ as 17 outras personalidades de sua paciente. Ela havia sido vítima de todo tipo de abuso e violência familiar, e criou esses ‘alters’ como mecanismo de defesa, e ‘dividir com outros’ tanta dor. Em linhas mais simples, o unsub de semana tem muito em comum. Tenho certeza que o caso serviu de inspiração.

Não parei para relembrar com calma, mas não me ocorre outro caso desse transtorno na série, fora o já clássico Tobias Henkel. Foi um link e tanto com aquele episódio duplo memorável. Eu adoro o Reid e adoro a empatia e identificação que ele se permite ter, mesmo com os mais pervertidos. Elephant’s Memory, messe sentido, também foi genial.

A obstinação dele para ‘salvar’ Adam é comovente e se encaixa perfeitamente em tudo aquilo que já sabemos e conhecemos a seu respeito. Que forma mais incomum de demonstrar gratidão. Só mesmo vinda de Reid. Só ele para continuar dando valor ao que Tobias Hankel fez por ele, apesar de todos os horrores que sofreu. Tobias Hankel salvou sua vida. E só mesmo Reid para continuar enxergando Tobias Hankel como uma vítima. Só ele para se engajar no tratamento de Adam/Amanda para conseguir, enfim, salvar a primeira grande vítima dessa trama − o próprio unsub, Adam.

Quando será que veremos − se é que veremos − Reid fazer Amanda ceder lugar a Adam?? Eu quero ver isso!!

Tão difícil ser assim, não é Morgan?? Tão difícil ser como Reid, e se comprometer. Tão fácil dizer ‘às vezes não podemos salvar a todos’... ‘você tem que aceitar isso’. Ai, Rambo... você não sabe do que um Spencer é capaz!



Que papinho, Morgan!

Atéo 4x21!

Célia Kfouri.


PS. Desculpem a demora para comentar. Mas saibam que foi muito bom saber que vocês sentiram falta. Gostei muito das mensagens que recebi.
Pelo menos ficamos com assunto para essa semana, já que o 4x21 só será semana que vem.

[LOST] 5x13 Some Like It Hoth

Embora Lost já tivesse problemas paternos de sobra, diria que nesse caso sempre cabe mais um. Porque apesar de explorar conflitos e carências semelhantes, valorizo bastante quando escolhe-se um personagem coadjuvante da série para ser desenvolvido diante das situações do momento. Além de aproveitar a estadia de LaFleur e seu grupo nos anos 70, Miles atingiu um nível de confiança dos outros membros da Dharma que soa perfeito para revelar seu passado e seu parentesco com Pierre Chang, já amplamente especulado por todos nós. Claro, consigo entender quem talvez venha a criticar o episódio, principalmente nessa reta final da temporada e faltando tão pouco para o final da série. Mas confesso que sentar e relaxar assistindo a uma hora no formato mais tradicional da série e ainda protagonizado pela dupla Miles e Hurley, é sempre bastante agradável.
Acompanhamos a jornada dos dois viajando de kombi pelo interior da Ilha e reconhecendo finalmente as novas estações Dharma, ainda em construção: Cisne e Orquídea. Nessas idas e vindas, enquanto para Miles era constrangedor descobrir cada vez mais sobre seu pai -- como seu gosto por música country --, Hurley fazia de tudo para aproximar os dois. Ainda acho que às vezes as participações de Hurley são um tanto irritantes, mas esse é seu jeito amigável de resolver as coisas e não deve mudar nem mesmo fora de seu tempo. Talvez seja bem pior ver os outros personagens ainda confiando na sua habilidade de guardar segredos. Mas enfim, apesar de resistir, Miles tem a chance de finalmente confrontar seu pai e saber dos reais motivos pra sua partida e a origem de seus poderes. Isso se no final tudo não for culpa dele mesmo, dando outra chance de darmos risada ao lado do destino.

Quando Miles tem de trazer um dos operários morto na construção da Cisne, além de descobrirmos a causa ligada ao magnetismo da região, pudemos saber que sua capacidade de ouvir os mortos depende da presença do corpo. Entre os seus flashbacks, o mais interessante foi o atendimento ao senhor desesperado em saber se o filho aceitava seu pedido de desculpas. Miles voltar para devolver o dinheiro talvez tenha sido "esfregado" demais na nossa cara (sim, já sei que ele tem problemas com o pai!), mas não deixa de ser importante por explicar a razão dele recusar contato com Pierre Chang no passado. Fora isso, a cena anterior do atendimento já dava a impressão que Miles pudesse estar fingindo, para depois ficar claro que ele era mesmo o picareta que imaginava desde aquele curto flashback na temporada passada. O seu recrutamento para ir na equipe do cargueiro também dependeu de dinheiro, óbvio. Mas o motivo para ter sido escolhido, assim como Charlotte e Faraday, foi pela forte ligação com a Ilha. Apesar de continuar sendo um número aleatório (tipo resolver uma equação na forma inversa) a quantia que ele pediu a Ben no cativeiro também foi revelada, pelo menos fazendo algum sentido quando tenta fazer o mesmo acordo com o grupo da "sombra da estátua". Resisti para não comentar sobre eles na semana passada, mas prefiro imaginar que esse grupo também esteja do lado de Ben ou de Widmore e que não seja uma terceira força disposta a dominar a Ilha também. Sei lá, só por mencionar a estátua no seu código já é frustrante demais pra mim.
E falando em frustração, o título do episódio, mesmo que faça várias referências tanto ao seu formato quanto ao próprio conteúdo, deve ter sido a escolha mais infeliz de todos os tempos (até pior que "All The Best Cowboys Have Dad Issues"), com um tipo de trocadilho infame frequentemente visto em... Gossip Girl. Mas o melhor do episódio esteve mesmo na interação entre Miles e Hurley, que juntos protagonizaram momentos hilários, como na comparação entre seus poderes de comunicar-se com os mortos, ou até "dramédias paradoxais", como o simples fato de imaginar Miles encontrando com sua própria mãe na fila do almoço. Embora tenha dado altas risadas com Hurley sugerindo mandar o roteiro de "O Império Contra-Ataca" para George Lucas, chega a ser uma blasfêmia querer fazer qualquer melhoria. Já que é assim, ele deveria concentrar-se logo em "A Ameaça Fantasma", que gastaria bastante de seu tempo -- isso se não fosse mais fácil começar o roteiro do zero. O único detalhe é que nessa batalha final citada, Luke perde a mão ANTES de saber que Darth Vader é seu pai. Sendo uma grave falha de produção ou uma tentativa de forçar uma comparação com a vida de Miles, é um erro imperdoável para alguém que assistiu tantas vezes o filme.

Entretanto, talvez o mais importante desse episódio esteja exatamente no pretexto pro desenrolar de toda essa história. Recebendo as novas ordens de Horace, Miles precisou abandonar a fita de vigilância que gravou James e Kate levando o garoto Ben até os hostis, e que acaba caindo nas mãos de Phil. LaFleur então, é obrigado a tomar sua primeira atitude drástica -- pelo menos que temos notícia -- para manter o grupo a salvo. Como não acredito que eles teriam coragem de eliminar o refém, chega-se numa situação limite, quando a convivência pacífica com a Dharma estará ameaçada. E com a chegada de Faraday no final do episódio, tudo leva a crer que ele levará todos de volta a 2007 para reencontrar o resto do grupo. Claro, não sem antes abusar dos procedimentos mais fantásticos que só Lost poderia nos oferecer.

Semana que vem teremos mais uma parada, voltando só no dia 29. Até lá!

e.fuzii

segunda-feira, 13 de abril de 2009

[Dollhouse] 1x09 The Spy in the House of Love

Para quem esteve acompanhando até aqui, Dollhouse sempre dividiu bastante a opinião do público. Mas esse episódio finalmente parece agradar tanto aqueles mais pessimistas, que tiveram uma confirmação da qualidade da série, como os mais otimistas, que já veem até a possibilidade da renovação. Afinal, tivemos um excelente episódio, que além de já tratar da questão do espião dentro da organização, também mostra um potencial interessante para Echo daqui em diante.

Dominic seria meu último suspeito como o espião infiltrado, principalmente depois das tentativas de eliminar Echo. Claro que levando isso em consideração, chega-se à conclusão de que Dominic não é a mesma pessoa que manda pistas para Paul Ballard aproximar-se da Dollhouse. Até porque, não faria sentido ele confiar duas vezes em Echo para entregar essas mensagens. Apesar disso, foi interessante saber o que acontece com um dos traidores, e como esse procedimento no sótão serviu de gancho para todo o episódio. Esse formato de mostrar os fins para depois detalhar os meios já se tornou figurinha carimbada nas séries, mas aqui foi atraente por mostrar cada ponto de vista diferente dos actives.

Sempre desconfiei que algum funcionário da Dollhouse fizesse uso particular das personalidades dos active. Desconfiava de Topher (sempre dele), mas não deve ter sido surpresa para ninguém que DeWitt tivesse essa carência e usasse Victor como seu amante. Por outro lado, a revelação de November em frente a Paul foi bem surpreendente já nesse ponto da história. Aliado às possibilidades de Echo estar aprendendo sobre sua natureza a cada nova personalidade impressa, devem levar a um final de temporada fascinante.

e.fuzii

sexta-feira, 10 de abril de 2009

[LOST] 5x12 Dead is Dead

Quantas vezes já não ouvimos dizer que um episódio foi "de enrolação"? Mas ainda mais grave do que adotar um ritmo mais cadenciado enquanto explora-se as motivações de seus personagens, é a história simplesmente deixar de convencer. Nem preciso dizer o quanto não me agrada grande parte da "mitologia" que envolve a série, desde o monstro de fumaça até as constantes referências à civilização egípcia. E apesar desse episódio ter sido bastante interessante no enfoque dado a Benjamin Linus, o que obviamente possibilitou que Michael Emerson mostrasse novamente todo seu talento, a grande fragilidade esteve na tentativa de preencher as diversas lacunas, quando realmente sentia que estava sendo enrolado.
Depois de Rousseau finalmente encontrar sua filha perdida por mais de 15 anos, parecia óbvio que os roteiristas não sabiam mais onde enfiá-la. Tanto é que sua morte, caracterizando uma quase queima de arquivos, foi um dos momentos mais frustrante da temporada passada. Mas mesmo depois disso, dimensionar Rousseau na história geral da Ilha e da Dharma continuava sendo um grande desafio. Afinal, como ela poderia ter ficado tanto tempo sem encontrar os tais Outros? Seu encontro com Jin, logo quando sua expedição chegou à Ilha, já era motivo para que muitos duvidassem desse cômodo esquecimento, a ponto de levantar teorias envolvendo as fragilidades do tempo, mas a forma como se deu o rapto de Alex chega a ser imperdoável. A não ser que Rousseau tenha sofrido algum tipo de lavagem cerebral -- o que também seria ridículo --, esse é um evento traumático e flagrante demais para ela simplesmente esquecer do rosto de Ben, mesmo que ele aparentasse ser mais jovem do que os 20 e poucos anos de maquiagem pudessem indicar. Vai chegando uma hora que não dá mais para colocar toda a culpa nas loucuras da francesa.

Em relação à mística da Ilha, acho que o grande problema é o quanto o público clama por explicações do porquê aquele lugar é cercado por tantos milagres. Não vejo problema nesses milagres por si só, como por exemplo a ressurreição de Locke. Se pararmos para pensar, a vida é cheia de casos inexplicáveis e a série só se preocupa em potencializar tudo isso na Ilha. Mas apelar para soluções risíveis já é demais. Depois da roda de burro ou até do monstro de fumaça ter poupado a tropa de Keamy na temporada passada, confesso que não consigo imaginar que alguém elabore uma explicação tão risível quanto invocar o monstro de fumaça esvaziando uma poça de lama. É muito frustrante, assim como saber que Ben não tem noção alguma do que ele é, ou onde pode encontrá-lo. Também não sei até que ponto chegarão essas origens egípcias, mas só de ver Anubis encarando uma figura parecida com o monstro de fumaça, já começo a me preocupar. Espero mesmo que eles não queiram reescrever a História, mesmo que ali fosse um local dos prováveis julgamentos após a morte, ou como dizia Charlotte "o local da morte".
Mas apesar de tudo isso, "Dead is Dead" foi bastante interessante pela forma como dialoga com o final do episódio da semana passada. Se ali ficamos chocados em saber das origens de Benjamin quando teve suas memórias e a própria inocência apagadas, dessa vez ele foi submetido ao merecido julgamento pelo único traço de humanidade que ainda lhe restava: Alex. Acompanhamos o momento do rapto, em que Ben prefere poupar a vida de Rousseau em troca da possibilidade de criar uma filha. Seus motivos eram óbvios, já que foi ele quem decidiu "purgar" também sua família, apesar da conturbada relação com seu pai. Mas essa adoção desencadeou o primeiro entrever entre Ben e Widmore e que se estenderia pelo resto de seus encontros. A situação piora quando na suas idas e vindas, Widmore acaba tendo uma filha fora da Ilha, e acaba banido para sempre. Mas pela sua conversa com Locke em "The Life and Death...", dava a entender que Widmore teria girado a roda de burro também, até por saber o local do deserto da Tunísia onde essa saída levaria.
Enfim, o importante é que essa disputa levou Widmore a se vingar da forma mais vil possível, exatamente dando fim à querida Alex diante dos próprios olhos de Ben, naquela que é uma das cenas mais tensas da série, vista em "The Shape of Things to Come". Apesar de Ben, como já sabíamos, também ter ido atrás de Penny para eliminá-la com suas próprias mãos, ele acaba falhando justamente quando vê o pequeno Charlie saindo do barco e acaba sendo nocauteado por Desmond. Assim como poupou a vida da francesa, acredito que Ben não teria coragem de matar Penny naquela situação. Por isso, a morte de sua filha era razão mais do que suficiente para que seu "coração fosse pesado" (alguém mais imaginava ver essa cena literalmente acontecendo?), seguindo a tradição egípcia de Anubis.
Encarando Alex, incorporada pelo monstro de fumaça, Ben acaba pedindo seu perdão e tendo sua vida poupada contanto que aceitasse uma condição: respeitar e seguir todas as ordens de Locke. Essa renúncia talvez fora o que faltou no julgamento de Mr. Eko, morto após encarar também a aparição do monstro no início da terceira temporada. O que continua sendo intrigante é essa volta de John locke ao mundo dos vivos. Até pela sua segurança em saber exatamente onde levar Benjamin para ser julgado e o fato de só voltar para ajudá-lo assim que o monstro sumiu, tudo leva a crer que seu corpo foi mesmo apoderado nesse retorno. Afinal, é assim que Christian anda pela Ilha, não? E a morte é mesmo o fim, como diz o título do episódio, certo? Mas essa inversão de papéis tem tudo para ser bem interessante, com Locke finalmente dando as cartas e Ben tendo de ser "apenas" um de seus capangas.

e.fuzii

terça-feira, 7 de abril de 2009

[Dollhouse] 1x07 Echoes - 1x08 Needs

Nesse ponto da série, já podemos dizer que a ambiguidade das atividades da Dollhouse é com certeza o grande tema sendo abordado. O problema principal disso é como vemos toda essa organização através dos olhos de seus actives, que tendo suas memórias constatemente apagadas, não permitem muito desenvolvimentos dos personagens. É por isso que acho um episódio como "Echoes" uma grande perda de tempo, em que sob os efeitos alucinógeno poderíamos conhecer melhor essas pessoas por trás da Dollhouse, mas no final tudo o que temos são praticamente situações cômicas ou até constrangedoras, com o insuportável Topher. É uma tentativa de proteger as informações desses personagens, que apesar de garantirem esse aspecto conspiratório da série, não possibilitam nenhum tipo de aproximação do público.

Mesmo a história de Caroline, relembrada aos poucos durante sua missão, ainda serve apenas para dar uma função às atividades da Dollhouse, assim como a abordagem desse novo active, dando dinheiro e uma nova vida em troca de 5 anos de servidão. Também fica um pouco difícil de acreditar na competência da empresa quando semana após semana, alguns de seus personagens acabam saindo fora da programação e ameaçando tanto a reputação da Dollhouse como do próprio cliente.
"Needs" decide tratar exatamente desse fato, imprimindo nos actives suas personalidades originais (mas sem suas memórias), para dar a falsa impressão de liberdade. Nessa frágil busca por uma saída, cada um deles acaba chegando ao ponto de conclusões das suas vidas, para terem novamente suas personalidades zeradas. Além de conhecer melhor os motivos de cada um deles, surpreendeu a forma como Echo criou todo o motim para libertar seus outros colegas, chegando ao ponto de quase apagar as memórias de Topher -- que convenhamos, teria sido o melhor momento da série.

Também foi interessante o motivo que levou November a tornar-se voluntária. Todo o dinheiro envolvido ou uma troca por anos de reclusão talvez não fossem razões suficientes para perder cinco anos de sua vida, mas apagar uma memória traumática em troca disso parece bastante convincente pra mim. Por outro lado, a história da "escravidão" de Sierra serve exatamente para mostrar que a Dollhouse também tem suas ilegalidades. Ainda não sei quando os caminhos de Echo e Paul irão se cruzar outra vez, mas é estranho pensar o quão diferente seria a série no momento que Caroline retomar sua personalidade e possivelmente tentar derrubar a organização. Pelo menos é o que tudo indica, até pela ligação feita enquanto fugia, dando novo fôlego às investigações de Paul, já um pouco afastado após a "desativação" de Mellie.

e.fuzii

sexta-feira, 3 de abril de 2009

[LOST] 5x11 Whatever Happened, Happened

Afinal, o que foi que aconteceu? Depois do tiro que o jovem Ben levou no final do episódio passado, a grande dúvida era se isso alteraria algum fato que ocorreu posteriormente (que no nosso ponto de vista seria anteriormente) ou daria-se um jeito de contornar essa situação. Esse debate tomou conta da próprio série, mais uma vez na figura de Hurley, que como qualquer espectador questiona se eles já poderiam estar presenciando alguma mudança. Ele cita "De Volta para o Futuro" e Miles diz que não há como alterar tudo o que eles já viveram, mas acaba gaguejando para explicar a razão de Ben não se lembrar de Sayid. Assim, eles não chegam a conclusão alguma, por falta de um físico de verdade (alguém falou em Sheldon?) ou por não saberem ainda o que estava por vir.
A escolha desse título serve exatamente para esse propósito. Além de parafrasear o que já foi dito por Faraday (ainda sumido), essa noção de passado imutável encontra uma discussão muito mais ampla sob o olhar dos viajantes no tempo. Juliet parece ter adquirido essa experiência ao longo desses três anos vivendo na Iniciativa Dharma, a ponto de tentar de tudo para salvar o garoto Ben. O fato é que para eles essa noção de prevenir o futuro confunde-se com seus próprios arrependimentos do passado. Mesmo que eles quisessem projetar no garoto aquilo que já sofreram no passado/futuro, suas memórias continuariam intactas e nada do que aconteceu com eles deixaria de acontecer. A ironia das ironias é que somente através do tiro dado por Sayid, Ben chega aos cuidados do Hostis e transforma-se naquilo que todos temiam.

Essa discussão poderia até servir para aliviar o tédio de um dos episódios que envolvem Kate, mas a verdade é que dessa vez sua participação foi bastante satisfatória. Até mesmo seu relacionamento com Aaron ganhou uma fluidez maior, com seu instinto materno aflorando pouco a pouco até servir de motivação para salvar o jovem Ben. Kate enfim visitou Cassidy e sua filha Clementine, que como muita gente já especulava, era a mensagem deixada por Sawyer em seu ouvido antes de pular do helicóptero (o que ligando as cenas durante a recapitulação já era mais do que óbvio). Apesar dessa recorrente relação com Sawyer e Jack, o sentimento de Kate ao voltar para a Ilha era muito mais nobre: buscar a mãe da criança que ela aprendeu a amar por esses três anos. E mesmo que Jack só se negue a salvar a vida de Ben porque envolvia a liderança de James, reconheço que essa sua mudança em esperar que o mesmo destino que trouxe-o até ali agisse por conta própria, muito me agrada.
Por outro lado, a decisão de Kate em voltar para a Ilha pareceu forçada, principalmente quando Cassidy tenta estabelecer que Aaron serviria de substituto para Sawyer. Nem vou entrar nos méritos do diálogo em si, mas pra mim, episódios como Eggtown davam a entender que Aaron seria uma das formas que Kate encontrou para recomeçar sua vida ao lado de Jack. Ou esse paralelo é realmente furado, ou teríamos um bizarro triângulo até do lado de fora da Ilha. Apesar disso, devo dizer que a tensão na cena do supermercado foi espetacular. Além da câmera rápida acompanhando as buscas de Kate pelos corredores, o que mais chamou a atenção foi o dilema vivido ela: entre anunciar que seu filho ilegítimo estava perdido e aguentar possíveis consequências ou fugir pela porta de saída para procurá-lo sozinha. Por fim, Kate encontra o menino ao lado de uma mulher loira, que obviamente remete a Claire. Mas sua decisão de deixar o menino aos cuidados da avó também não me convenceu, principalmente se o único plano para trazer Claire de volta envolvesse o avião da Ajira que se acidentaria na Ilha.

Juro que não queria tirar conclusões precipitadas, mas a não ser que queiram evitar um futuro paradoxo, não entendo por que "apagar" as memórias de Ben após tomar o tiro de Sayid. A conturbada relação com seu pai já seria suficiente (principalmente em Lost) para explicar seu comportamento no futuro e as próprias decisões de Sayid, que por toda sua vida seriam condicionadas por Ben Linus, abririam possibilidades bem mais interessantes. Mas paciência se a intenção é mesmo de retirar a "inocência" da criança que jogou uma van em chamas para libertar um prisioneiro.



e.fuzii