Por Rafael S
Recomeçar a vida do zero não é fácil. Ainda mais quando você fica oito anos fora. Sarah, John e a recém-chegada Cameron tem agora essa difícil tarefa. Dados como mortos após os incidentes no banco, eles tem que conseguir novas identidades, dinheiro e proteção para viver. Esse segundo episódio de Terminator: The Sarah Connor Chronicles trata justamente desse choque do recomeço, e o quanto uma pessoa perde sua identidade ao fugir por tanto tempo. Gnothi Seauton, traduzido do grego, significa "Conhece-te a ti mesmo". A vida de Sarah nunca mais foi a mesma após receber a visita do T-800 e de Kyle Reese em 1984, e desde então vive fugindo e se escondendo para proteger seu filho. Mas até que ponto uma pessoa pode mudar tanto e continuar fiel a quem realmente é?
Ao descobrir que as máquinas já estão em 2007, Sarah enterra suas esperanças de uma ter uma vida tranquila, e retoma sua paranóia constante para fugir dos robôs. Para arranjar documentos falsos, ela recorre aos serviços de Enrique Salceda. Fãs dos filmes o reconhecerão imediatamente do segundo filme. Mais uma prova que Josh Friedman (que também roteirizou esse episódio) fincou suas bases sobre a mitologia dos dois primeiros filmes.
Quando Cameron revela que há células da resistência em 2007, a série começa a explorar um conceito até então não visto nos filmes: e se houvessem membros da resistência no passado trabalhando para mudar o futuro, e não apenas combatendo exterminadores? Uma premissa bastante interessante, principalmente pelo misterioso soldado que começa a espreitar Sarah, John e Cameron. Quem será ele?
Qual o impacto de, em um momento estar em 1999, e no seguinte em 2007? Para nós, que vivemos esse período dia a dia, se olharmos para o passado e nos lembrarmos de como as coisas eram, as mudanças podem parecer não muito grandes, mas esse salto brusco no tempo mexeu com os personagens. Em algumas poucas cenas, Friedman conseguiu reproduzir bem esse desajuste inicial da família com essa nova realidade. Cansado de ficar escondido em casa, John logo dá um jeito de escapar quando Sarah está ausente e decide ir a um shopping center. Como todo jovem deslumbrado, ele fica babando em uma loja de eletrônicos, com tecnologias que
pareciam tão distantes para ele 8 anos atrás. Pobre garoto, até se impressionou com o Windows Vista. Em seguida, vai visitar a casa de Charley Dixon (Dean Winters, da polêmica série Oz), ex-namorado de sua mãe, e provavelmente o mais próximo de um pai que ele já teve. Desorientado ao ver que Charley seguiu com sua vida nesse tempo e se casou com outra mulher (interpretada pela Sonya Walger, a Penelope Widmore de Lost), John foge dele, por mais que Charley tentasse uma aproximação, mostrando que não havia esquecido nem dele nem de Sarah durante todos esses anos.
Infelizmente para Sarah, esse deslumbramento com o novo mundo durou pouco, sendo substituído rapidamente pelo medo. Medo ao descobrir que está em um mundo sob a sombra do terrorismo, mostrado na ótima (e bem sacada) cena onde ela fica estarrecida ao ver pela primeira vez as imagens dos ataques do 11 de setembro, e sua narração posterior falando que, se tivesse presenciado esse fato naquela época, pensaria que era o começo do julgamento final.
Mas o golpe mais duro que ela recebe sem dúvida foi dado por Cameron, quando esta lhe fala que, do futuro de onde veio, Sarah morreria de câncer. Receber uma notícia dessa faz até uma mulher guerreira como Sarah estremecer. Em uma interpretação potente da Lena Headey, ela tenta ao máximo não demonstrar esse abalo sofrido para as pessoas ao seu redor, e guardar para si toda a dor que está sentindo.
Esse episódio também marca a primeira aparição de uma das personagens mais estranhas da série, Chola, a latina que não fala uma palavra. Uma personagem com importância quase nula, mas que voltará a aparecer em alguns episódios, sempre com seu comportamento misterioso. Começa também a jornada de Cromartie para achar novamente John Connor. O robô, que teve a cabeça transportada no tempo, consegue achar e reassumir o controle de seu corpo, abandonado nos destroços do banco do episódio passado.
Com muitas referência ao Mágico de Oz (o apelido dado a Cameron de "Homem de Lata" e o sobrenome falso Baum usado por John e Sarah em suas novas identidades), Gnothi Seauton complementa muito bem o primeiro episódio, resolvendo pendências que poderiam ser encaradas como furos de roteiro, e norteando as várias tramas da série que virão a seguir. Sarah, repleta de dúvidas e medos, começa sozinha sua batalha contra um possível câncer que poderá aparecer. Connor, Reese, Baum. Não importa sob qual sobrenome, sua essência nunca será perdida: a de uma grande guerreira. Gnothi Seauton.
Rafael S
http://twitter.com/rafaelsaraiva
quinta-feira, 11 de junho de 2009
[Terminator: The Sarah Connor Chronicles] S01E02 Gnothi Seauton
às 10:51 AM
Marcadores: [Série], Série - The Sarah Connor Chronicles
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Um comentário:
excelente comentario sobre o epsodio rafael! deu ate vontade de rever uns eps heheheheh
abracos!
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