Depois de um extensa campanha publicitária nas ruas de São Paulo, com direito a pessoas algemadas em avenidas movimentadas e perseguições simuladas nos parques da cidade, estreou hoje a primeira série da Fox produzida inteiramente no Brasil, "9mm - São Paulo". Usando recursos da Ancine, essa primeira temporada (se é que podemos chamar assim) é uma minissérie em quatro capítulos mostrando o cotidiano da Divisão de Homicídios na capital paulista.
Distanciando-se das séries forenses mais conhecidas, como a franquia "C.S.I.", "9mm" foca mais na reviravolta das investigações e nos próprios personagens envolvidos, sejam policiais ou bandidos. Nesse primeiro episódio, a equipe do delegado Eduardo depara-se com o assassinato de uma semi-famosa (leia-se: ex-participante de reality show) envolvida numa rede de prostituição. Enquanto isso, uma garota é encontrada com a suspeita de ter sido violentada pelo pai, que coincidentemente também é acusado de matar sua esposa no dia anterior.
A série é gravada em alta definição (o que não quer dizer muito coisa, já que a Fox não tem um canal para disponibilizar esse tipo de conteúdo no país) e usa do recurso batido de câmera na mão para aproximar o espectador de toda a ação. Porém, na prática o efeito é exatamente o contrário: o espectador acaba irritado pelo constante balanço da câmera e o número incontável de zooms nas cenas de diálogo. A edição também conta com momentos estranhos, tanto na montagem das cenas como nos próprios cortes.
Um dos destaques da série é o experiente investigador Horácio, interpretado por Norival Rizzo, que cercado de dilemas confere um lado mais humano à série. Depois de resolver o caso da forma mais política possível, a decisão de Horácio por fazer justiça com as próprias mãos (de onde vem o título do episódio) é exatamente aquilo que a série deveria distanciar-se: forçar um rótulo de anti-herói. Dentre os outros personagens, temos o delegado Eduardo, que transita entre o policial correto e arrogante, e a investigadora Luisa, que como mãe solteira carrega toda disciplina para dentro da delegacia e para sua casa.
Entretanto, o grande problema é a mão pesada que a maioria das cenas é dirigida. Na ânsia por chocar, a todo momento temos alguém gritando ou mesmo tentando se sobressair. Num dos detalhes da casa de Luisa, por exemplo, além da quebra de ritmo na investigação, ainda somos bombardeados por uma linguagem chula e que tenta numa simples discussão resumir todo o conflito de anos da policial com seu ex-marido. Em outra cena, é Eduardo quem precisa mostrar o quanto é destemido em encarar aqueles que julga como "bundões". Sem contar o chefe da rede de prostituição, que mostra-se tão acima da lei, inatingível em sua mansão ao melhor estilo Miami, mas no final acaba sendo alvo fácil do Horácio.
Se a idéia era mesmo inovar e ousar, começaram da forma errada. Com tantos clichês, cenas de ação mal executadas e diálogos sofríveis (sério, como pode um rapaz favelado usar a expressão "a essa altura"?) a distância que separa uma série como essa de um folhetim é praticamente nula. E pensar que já cogitaram a brilhante idéia de estabelecer cotas para produções nacionais na televisão paga...
9mm - São Paulo
Fox, terças às 22h.
Reprises: quintas às 4h e sextas às 1h.
Imagem: Divulgação
e.fuzii
terça-feira, 10 de junho de 2008
[9mm] 1x01 Aqui se faz, Aqui se paga
às 11:16 PM
Marcadores: [Série], Série - 9mm
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2 comentários:
Muito fraco, se comparado com seriado americano. Texto pavoroso, historia ruim, camera epiletica que causa enjoos, atores abaixo de qualquer critica (com excecao de alguns poucos melhorzinhos, como o policial mais velho, Horacio)...
Mas achei a iniciativa valida, o brasileiro precisa aprender a fazer seriado, e só se aprende fazendo.
Eu achei que era uma coisa com mais fundamentos, mas já no começo achei a atuação dos personagens fraca, com salvas exceções como o policial Eduardo e Horácio.
Aquele policial 3P qué dá uma de macho, mas do jeito que fala parece um tongo. (Pelo menos se deu bem com a prostituta..)
Luisa e Tavares, sem comentários. Achei que poderíam ter mais ênfase em suas falas.
O pior é a câmera, tem horas que ficamos vesgos de tanta "mexeção"
Minha Nota: 5
Espero que melhore.
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