sábado, 21 de junho de 2008

[9mm] 1x02 O Estreito Caminho da Lei

Primeiro, preciso esclarecer que assisti a esse episódio no site da Raposa e pareceu ser a versão final, mas se teve alguma diferença para a versão da televisão já aviso que a culpa não é minha. A iniciativa de colocar na internet logo depois da exibição é bastante bem-vinda, principalmente levando em conta os ridículos horários de reprise do canal.

Mas vamos logo ao ponto-chave dessa análise: melhorou? Não. Tenho de dizer que os roteiristas tem algumas idéias inspiradas para alguns casos. Nesse episódio mesmo, os garotos tendo de vender os dvds roubados a alguma quadrilha maior foi um deles. No entanto, o maior problema continua sendo a própria investigação do departamento de homicídios. Parece estranho e deveras forçado que o tal de Tavares tenha ligações tão fortes assim com o crime organizado (como já foi mostrado no episódio anterior) e chegue ao ponto de pedir favores. Um dos principais motivos para isso é que os próprios bandidos entram e saem de cena como personagens caricatos e praticamente descartáveis. Estou finalmente acompanhando "The Wire" e é impossível não fazer comparações. Não temos em "9mm" alguém importante, forte e que consiga até de alguma forma nos convencer da impotência da polícia desamparada.

Como o próprio título do episódio já avisa, a discussão aqui é exatamente essa, como podemos ver na história do delegado Eduardo. Embora trabalhador e acima de tudo honesto, o delegado é levado cada vez mais para um lado obscuro quando presta favores ao seu sogro, um influente político. Essa dependência se bem explorada é interessante justamente levando em conta os outros colegas do distrito. Aliás, a cena em que ele discute com o outro delegado na lanchonete é umas das poucas que conseguem ser bem escritas e acima de tudo bem atuadas. Mas o grande deslize vem no final, quando Eduardo parece ler uma carta durante a entrevista em que coloca toda a culpa desses "estreitos caminhos" numa imprensa considerada fascista por ele. Com repórteres tão idiotas em cena chego até a estranhar uma denúncia como essa...

Nessa semana descobri numa coluna de um grande jornal daqui de São Paulo (deveras tendenciosa, por sinal) que o cinematógrafo apelidou a irritante câmera que não pára de mexer e dar zooms de "Dogma Freak". Só para se ter uma idéia do nível da produção de 9mm. Continua sendo um enorme problema essa vontade de querer transformar em relevância tudo aquilo que não deveria ter. Como a cena em que Horácio responde transtornado sobre a denúncia de ter entrado em contato com o chefe da rede de prostituição, no episódio anterior. Era desnecessário ele agir daquela forma, ainda mais por dar motivos ainda maiores para Luísa desconfiar. Tavares também teve reação parecida quando negociava com Abacate e repentinamente levantou e quase jogou a mesa longe. Além dos dois personagens terem uma imensa diferença de idade, o que nunca poderia fazê-los amigos de infância, essa reaçnao não convenceria ninguém a colaborar. Tavares também protagoniza uma seqüência ridícula ao render Abacate segurando sua arma na horizontal. Pistoleiro numa risível cena de invasão policial.

Fora isso, tivemos a história clichê em que a filha de Luísa está envolvida e a vida ainda mais clichê do policial Horácio. Chega a ser engraçado ele encarando o filho na casa de sua ex-mulher, tocando uma música monótona ao fundo. Lembrou-me um daqueles comerciais da Fundação para Uma Vida Melhor. Só faltou mesmo um slogan no final da cena. O pior é que essas histórias paralelas ainda diminuem o ritmo do episódio, parecendo confusas e até inúteis. Entendo que os roteiristas tem um plano maior para amarrar a temporada, mas acho que isso precisa logo ser explorado. Se é o desejo de justiça de Horácio confrontando a "honestidade" de Eduardo e a perseverança de Luísa, que coloquem logo essas cartas na mesa e não percam o tempo da série e do telespectador.



e.fuzii

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