Eu juro que não foi por coincidência, mas o nome do episódio da semana passada acaba sendo um bom motivo para parabenizar Matthew Weiner, sua equipe e todo o elenco de Mad Men pela conquista dos seis prêmios Emmy, incluindo o de melhor série de drama do ano. Enquanto a televisão aberta americana vive um período turbulento -- de todas as séries que estrearam até agora, não pretendo seguir com nenhuma --, as produções nas redes a cabo tem ganhado cada vez mais importância. Tanto é que o Emmy foi dominado por essas produções e só foi abafado mesmo pela vitória arrasadora de 30 Rock, que ironicamente sobrevive na televisão com uma audiência ridícula. Acho que já passou da hora de voltarem a investir em série roteirizadas e deixarem de lado seus horrendos reality shows.
Mas vamos ao episódio:
Betty continua encarregada de suas obrigações como esposa, preparando um jantar para apresentar Duck e Roger a Crab Colson, mesmo com a "bomba" plantada por Jimmy Barrett debaixo da mesa de jantar do casal. Mas na primeira adversidade, ao descobrir que uma de suas cadeiras está rangendo, Betty mostra toda sua insanidade enquanto desfruta calmamente da destruição da cadeira. E tudo isso com seus filhos assistindo. Ainda assim, o jantar acontece como Betty planejava, contando com a presença de Roger, Crab e suas respectivas esposas, e depois com a chegada de Duck, sem uma acompanhante. Essa situação pode ter relação com o futuro provável de Don, como sugeria o episódio "Maidenform", mas se pararmos para analisar, nesse jantar ninguém parece formar um verdadeiro casal. Até a recém introduzida esposa de Crab é retratada como uma mulher que bate em paredes e cai de cadeiras por tanto beber.
A bebida, aliás, teve grande destaque na cena do jantar tanto servindo de desafio para Duck até virar a razão do contrangimento de Betty por ser exemplo do "experimento Heineken". Ela sente-se humilhada porque passa a imagem de esposa frágil, fácil de ser domada, o que prova mais uma vez como a preocupação de Betty está na forma como o casal aparece para a sociedade. Tanto é que em meio a briga ela chega a dizer que só aguenta a forma de Don se relacionar com o mundo porque acredita que ninguém sabe de nada. A partir daí, Betty se desespera, tenta confrontar Don e forçar ele a admitir sua traição, procura por provas em todos os lugares, age como mãe irresponsável e perde total noção do mundo ao seu redor. Sem encontrar nada que pudesse incriminá-lo, ela até pensa em perdoá-lo, mas quando revê Jimmy Barrett na propaganda das batatas Utz, muda de idéia. É cruel demais ter todos os dias em sua sala de estar um cúmplice de seu desastroso casamento.
Enquanto isso, acompanhamos Peggy fazendo outro favor ao padre Gill. Encarregada de fazer os cartazes de uma festa da Igreja, o padre aproveita da situação para tentar extrair uma confissão da jovem. Cada vez essa situação parece mais interessante e acho que é uma questão de tempo para Peggy confrontar de vez seu passado. Mas não espero por um arrependimento, já que ela está com uma mentalidade voltada demais a sua carreira profissional, como pudemos ver na reunião em que Peggy cobra uma ação do padre, como se ele fosse o relações públicas de uma empresa. O outro lado da moeda é mostrado com Joan, ajudando o lento Harry -- hilários os momentos em que ele não oferece um cigarro e nem abre a porta para Roger -- no departamento de televisão. Quando ela é substituída por um novo funcionário e tem de voltar a sua função, fica claro seu descontentamento, mas ela não tem a coragem de admitir. Como Joan já discutiu tantas vezes com Peggy, ela não quer entrar no território masculino e participar de seu jogo, preferindo continuar sendo apenas alvo de seus olhares. E sustentar essa imagem não é fácil para Joan, deixando uma profunda marca da alça do sutiã em seu ombro, como pudemos ver na bela montagem dos personagens despindo-se no final do episódio, ao som do violão do padre Gill sem sua batina.
e.fuzii
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