domingo, 1 de agosto de 2010

[90210] S02E19 - Multiple Choices

por Rafael S


De cara, quem assistiu ao capítulo deve ter achado estranho: a última cena ilustrando a abertura do texto? Resolvi partir do gancho que foi o título do episódio - Multiple Choices - e motivar meu texto pelas escolhas feitas pelos personagens de 90210 - não só na importante prova a que foram submetidas, mas na vida.

A começar por Naomi. Ela enfim se deu conta da dimensão da sua mentira, e do prejuízo que trouxe ao professor Cannon. Mas os roteiristas pegaram bem leve com ela, desde sua pena alternativa (catar lixo? só isso?) até o modo como se reconciliou com as amigas, com todos se satisfazendo sua admissão pública de culpa. Uma pena, pois isso tudo já estará superado no próximo episódio, e Naomi livre para mais uma de suas burradas. Mas acabou sendo compensado pelo baque sofrido pela personagem: a volta de Jen, sua ambiciosa irmã. Sumida desde que foi desmascarada por Liam e cia., ela retornou agora como dona do clube da praia, um presente de seu rico ex/atual marido francês, de quem ela voltou a sugar a grana. Como o local é frequentado por basicamente todo o elenco, ela terá muita oportunidade para azucrinar a vida de todos, principalmente de sua irmãzinha. Achei um retorno meio prematuro, mas vamos ver no que dá. É como ela mesmo disse, em sua muito bem colocada frase: "Just call me Karma, babe. And Karma is a bitch."

E Naomi pode não estar notando, mas aos poucos está perdendo Liam. O rapaz, mesmo a tendo perdoado, está com a cabeça em outras coisas. Principalmente em seu pai, que acabou de sair da prisão. É estranho vê-lo tendo uma boa relação com alguém mais velho, já que sempre foi o típico garoto-problema e rebelde. Mas ao lado do pai, ele exibe um lado muito mais suave. Pena que o problema mora ao lado - e literalmente, já que seu padrasto não está nada feliz com o que Liam fez para tentar separá-lo de sua mãe. E nessa guerra familiar, algumas escolhas mais graves começaram a ser tomadas, com o rapaz roubando moedas valiosas do padrasto, para vendê-las e com o dinheiro arranjar um local para morar com seu pai, se afastando daquele inferno. Paralelo a isso, ele ficou cada vez mais próximo de Annie, com um virando confidente do outro. E em uma daquelas cenas manjadas de tensão amorosa, ambos acabaram caindo em um chafariz (?), e ficaram todos molhados, com direito a risadas fartas e abraços...mas nada de beijo - ufa! Pelo menos restou alguma dignidade depois dessa avalanche de clichês. O detalhe é que o beijo foi evitado justamente por Annie, que hesitou ao lembrar de toda a proximidade de voltou a ter de Naomi. Mas a consciência dele não pareceu pesada em nenhum momento, o sinal que esse casal está na iminência de acontecer no futuro. E quero destacar a beleza da Shenae Grimes. Nunca a achei muito bonita, mas nessa cena do chafariz ela estava especialmente radiante.



O que eu temia que acontecesse infelizmente se concretizou: Dixon mergulhou no seu vício em jogo, contraiu dívidas e de quebra ainda afetou seu relacionamento com Ivy. Esse episódio marcou a volta de Mark (Blake Hood - lembram dele? O responsável pelas fotos de Annie nua no início da temporada), que em uma partida de póquer ganhou uma grande quantia de dinheiro de Dixon. Incapaz de pagar, o filho do diretor permitiu a entrada de Mark e seus amigos na escola fora do horário de aula - e o resultado foi o total vandalismo no local, com pichações e materiais quebrados por todo o lado. Embora tenha afetado diretamente no namoro dele com Ivy, essa subtrama até que foi melhor que esperava. Gostei de terem reutilizado um personagem bem coadjuvante para darem algum rumo a ele, em vez de chamarem um novo ator pro elenco só para isso. Essa recorrência de rostos é importante para a coesão do universo de uma série que se passa em um ambiente escolar, e assim frequentado pelas mesmas pessoas.

Quem não ficou nada feliz com isso foi o diretor Wilson, que descobriu o que o filho havia feito e lhe aplicou um castigo severo. Mas ele não desconfia que Mark soube (por meio de mais uma das mancadas de Dixon!) que ele havia encoberto os responsáveis para não punir o próprio filho. Assim, o novo candidato a vilão da série tem um grande trunfo para futuras chantagens em sua mão. E mostrando as coisas sempre podem piorar um pouco mais, a situação em casa ficou insustentável após Debbie admitir ter beijado seu professor de ioga. Assim, a família Wilson vai implodindo aos poucos: casal em crise, filha envolvida com atropelamento, filho metido em dívidas...e a cena do jantar resumiu perfeitamente o sentimento de desconforto daquelas pessoas. Essa desconstrução vem sendo construída já há um bom tempo, soando muito mais real do que a maioria dos conflitos-relâmpago da série. E sendo os Wilsons os fios condutores originais da série, vale a pena prestar atenção em todo esse drama que envolve os quatro (e bem que a avó poderia voltar como elemento agregador, não? Seria uma reviravolta pra lá de interessante).



Pelo terceiro texto seguido, reservo o final do texto para dizer que Silver e Teddy continuam péssimos como casal. Pelo menos dessa vez, houve a novidade da introdução do pai dele, Spence Montgomery (o veterano Ryan O'Neal, protagonista do excelente Barry Lyndon, do Stanley Kubrick). Por mais que a trama esteja horrorosa, é digno de nota quando um ator desse quilate integra o elenco.

E por último vale notar como os jovens, que sempre estão tão unidos, na hora de encararem seus problemas se isolam e engolem tudo em silêncio. Annie, Dixon, Naomi, Silver, Liam, Ivy, todos enfrentando seus demônios sozinhos. Por isso a última cena refletiu tão bem o momento.

Fotos: Reprodução



Rafael S
http://twitter.com/rafaelsaraiva

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