Daqui a pouco tem a premiação do Emmy e aqui vão palpites e comentários sobre o que pode
acontecer.
Não
é fácil prever quem serão os vencedores do Emmy. Ao contrário do Oscar, que a
gente sabe quem vai vencer com meses de antecedência (na melhor das hipóteses,
há algum mistério quando o favoritismo é dividido entre dois concorrentes), o
imprevisível sempre acontece. Todo ano tem pelo menos duas ou três grandes surpresas.
E basta procurar pelas previsões de críticos e especialistas pra ver que não há
consenso em nenhuma categoria.
Isso
se deve a vários fatores. Alguns deles:
-
O número de votantes é muito grande, algo em torno de 15 mil membros (contra 6
mil do Oscar, por exemplo), o que pode pulverizar preferências;
-
Os votantes não assistem a muitas séries: parece estranho, mas os membros são
pessoas que trabalham na indústria da TV e é natural que não tenham tempo para
ver tudo, ainda mais com o número cada vez maior de programas. Não é como em
associações de críticos ou o Globo de Ouro, onde ver séries faz parte do
trabalho diário dos votantes;
-
Nas categorias de atuação, os candidatos escolhem um episódio da temporada pela
qual concorre, e seu trabalho será avaliado por esta submissão. Por um lado,
isso faz ignorar atuações mais sutis e privilegiar aquelas que concentram em
apenas um episódio algo mais marcante. Por outro, resolve o problema de um trabalho
ser menos visto que os demais (e, portanto, prejudicado), já que o votante pode
até não ver a série em questão, mas verá o episódio escolhido pelo ator. A
submissão também vale na categoria “Melhor Série”, com os produtores formando
três pares de episódios e cada par sendo enviado aleatoriamente para os
votantes.
E,
claro, há tantos outros motivos, como campanha, popularidade, histórico do
concorrente e as idiossincrasias que todo grupo tem (o Emmy adora um grande
nome que vem do cinema, por exemplo).
Dito
isto, vamos aos comentários. Lembrando que os prêmios técnicos e de programas
como animação, variedades, etc., além das categorias de Ator/Atriz
Convidado(a), foram entregues no último domingo. Os vencedores podem ser vistos
aqui (é preciso marcar “Display Only Winners”).
Os
indicados estão listados em ordem de minha preferência. O número 1, obviamente,
é o que teria meu voto. Os que não tiverem numeração não foram vistos.
DRAMA
Melhor
Série
1. Mad Men
2. Breaking Bad
3. Game of Thrones
4. Homeland
5. Downton Abbey
6. House of Cards
Algo
muito comum no Emmy: se você deixa de vencer, dificilmente terá outra chance.
“Mad Men” perdeu a invencibilidade em 2012, após quatro anos reinando na
categoria, então seria surpreendente uma vitória aqui. Quem sabe em seu último
ano (agora adiado para 2015)... Resta saber se a vencedora atual, “Homeland”,
consegue manter o posto. Se parece óbvio que a série teve uma queda
considerável na segunda temporada, não é tanto assim para o Emmy que lhe deu
ainda mais indicações que ano passado. Mas se número de indicações significa
algo (nem sempre significa), “Game of Thrones” e “Breaking Bad” seriam as favoritas.
Também foram as séries que causaram mais “frisson”, embora a produção da HBO
sempre tenha contra si o fator “fantasia” (historicamente pouco reconhecido
pela Academia). Conseguir apenas dois prêmios entre os dez a que concorria no
domingo passado também não ajuda. Já “Breaking Bad” tanto pode ser beneficiada
pelo excelente retorno justamente durante o período de votação, como pode gerar
um sentimento de que terá sua vez no ano que vem (até o fim da votação, os
membros da Academia viram até o terceiro episódio, “Confessions”). “Downton
Abbey” é querida o suficiente para permanecer indicada pelo tempo que durar,
mas não acredito que recupere a força que teve no primeiro ano, enquanto “House
of Cards” tem o pedigree necessário para vencer (e muitos têm apostado nela),
mas talvez o feito de receber tantas indicações no seu primeiro ano como
concorrente já seja o suficiente para a Netflix. Parece ser uma disputa entre
três (“Homeland”, “Breaking Bad” e “House of Cards”), mas continuo com o mesmo
palpite desde antes de saírem as indicações.
Vai ganhar:
Breaking Bad
Melhor Ator
1. Jon
Hamm, Mad Men (Episódio: “In Care Of”)
2. Bryan
Cranston, Breaking Bad (“Say My Name”)
3. Jeff
Daniels, The Newsroom (“We Just Decided To”)
4. Hugh
Bonneville, Downton Abbey (“Episode 3.05”)
5. Kevin
Spacey, House of Cards (“Chapter 1”)
6. Damian
Lewis, Homeland (“Q&A”)
Meu
voto em Hamm se justificaria apenas pelo fato de ele nunca ter vencido. E
infelizmente é possível que nunca vença. Eu até gosto mais da Emmy tape de
Cranston. A escolha de Hamm pelo season finale é uma óbvia (com o belo discurso
“Hershey’s”), mas acho que seu grande momento na temporada foi em “Favors”,
quando o choque de um flagrante e a gravidade de todas as consequências estão
perfeitamente ilustradas em um desorientado Don Draper. Mas não importa: é
provável que Hamm perca novamente para Lewis, um ator ruim cujo único talento é
saber mostrar desespero e nervosismo; foi assim que venceu ano passado e é
assim que retorna com seu único grande momento em toda a temporada – o do
interrogatório em que divide a cena com Claire Danes. Sua vitória apenas não é
certa porque será irresistível para muitos escolher Spacey, vencedor de dois
Oscars, destilando na série o cinismo que ele sabe tão bem administrar. Na
dúvida entre ambos, deixo o palpite em quem é melhor ator.
Vai
ganhar: Kevin Spacey
Melhor
Atriz
1. Elisabeth
Moss, Mad Men (Episódio: “The Better Half”)
2. Claire
Danes, Homeland (“Q&A”)
3. Vera
Farmiga, Bates Motel (“First You Dream, Then You Die”)
4. Robin
Wright, House of Cards (“Chapter 10”)
5. Michelle
Dockery, Downton Abbey (“Episode 3.01”)
6. Kerry
Washington, Scandal (“Happy Birthday, Mr. President”)
Connie Britton, Nashville (“Pilot”)
Assim como Hamm, Moss talvez nunca vença.
Pior ainda este ano, quando poderá sair duplamente derrotada, já que concorre
na categoria de Minisserie/Telefilme por “Top of Lake”. O bom senso diz que a
aposta certa é Claire Danes, que vence tudo desde que a série começou. Mas com
dois nomes fortes e respeitáveis do cinema na disputa (Farmiga e Wright), esta
é uma categoria com boas chances de surpresa. Apesar de me divertir com
“Scandal”, não gosto das caras e bocas de Washington, mas entendo perfeitamente
o apelo. Com a série sendo a nova sensação de audiência da tv aberta e a
possibilidade de uma atriz negra vencer aqui pela primeira vez na história, parece
ser a melhor opção ao furacão Danes. A vitória de Dan Bucatinsky como Melhor
Ator Convidado é uma prova da boa aceitação da série.
Vai ganhar: Kerry Washington
Melhor Ator Coadjuvante
1. Aaron
Paul, Breaking Bad (“Buyout”)
2. Jonathan
Banks, Breaking Bad (“Say My Name”)
3. Bobby
Cannavale, Boardwalk Empire (“Sunday Best”)
4. Peter
Dinklage, Game of Thrones (“Second Sons”)
5. Mandy
Patinkin, Homeland (“The Choice”)
6. Jim
Carter, Downton Abbey (“Episode 3.06”)
O
mesmo argumento que usei pra votar em Jon Hamm poderia ser usado aqui pra votar
em Banks, mas a Emmy tape de Paul é irresistível: onde Jesse lida com as
consequências do “episódio do trem” e o jantar na casa de Walt, que poderia
muito bem lhe dar o prêmio de comédia, caso pudesse concorrer. Por um lado,
este episódio, o carisma de Paul e uma possível Emmy tape do ano que vem
exibida nos últimos dias de votação (“Confessions”) pode garantir a terceira vitória
do ator. Por outro, foi o primeiro em 16 anos a vencer duas vezes nesta
categoria, o que significa que votantes gostam de variar. E Banks, Cannavale e
Patinkin têm muito a seu favor. Cannavale, talvez, seja o que tem o momento
isolado mais intenso (uma assustadora conversa com Jesus Cristo na igreja), mas
não consigo parar de pensar na última cena de Patinkin no season finale de
“Homeland”, e que muitos viram como grande injustiça sua não indicação no ano
passado. Como tenho excluído a série nas principais categorias, arrisco aqui.
Vai
ganhar: Mandy Patinkin
Melhor
Atriz Coadjuvante
1. Anna
Gunn, Breaking Bad (“Fifty-One”)
2. Christina
Hendricks, Mad Men (“A Tale of Two Cities”)
3. Maggie
Smith, Downton Abbey (“Episode 3.01”)
4. Emilia
Clarke, Game of Thrones (“And Now His Watch Is Ended”)
5. Christine
Baranski (“The Good Wife”)
6. Morena
Baccarin (“State of Independence”)
Maggie
Smith faz o tipo imbatível e poucas pessoas ousam não apostar nela pela
terceira vez (a primeira sendo na categoria de Minissérie/Telefilme), ainda
mais que no seu episódio ela contracena com ninguém menos que Shirley MacLaine,
numa troca de farpas que todos adoram. Mas MacLaine estranhamente não foi
indicada a Atriz Convidada e se “Breaking Bad” estiver mesmo em alta este ano,
a maior beneficiada é Gunn, com uma Emmy tape memorável (a piscina). É verdade
que Hendricks esteve nesta situação ano passado (“The Other Woman”) e isso não
foi suficiente para tirar o prêmio de Smith (que teve participação menor que
nesta terceira temporada), mas Gunn esteve em evidência com seu editorial para
o The New York Times, colocando em questão o desprezo que muitos têm pela sua
personagem. É um texto bem escrito e repercutido, e posso imaginar muitos
votantes se sentindo mal em não votar nela. Além da exibição de “Buried”,
também uma memorável Emmy tape pra o ano que vem. Acho que as demais não têm
muitas chances, a não ser que “Homeland” amplie seu número de prêmios este ano
(Baccarin, como Lewis, não é tão boa atriz, mas também fez uma boa escolha de
episódio). Clarke seria uma grande surpresa, mesmo que concorra com uma das
sequências mais marcantes da temporada (“Dracarys!”), e Hendricks tem um episódio
forte (o da conta da Avon), mas a esta altura já perdi as esperanças de ver
alguém do elenco de “Mad Men” vencendo. Já Baranski pouco faz na temporada e
não sei se foi a melhor escolha de episódio – eu teria escolhido “Je Ne Sais
What?”, onde a atriz nos delicia falando francês. A briga deve ser mesmo entre
Smith e Gunn, e espero que não continuem com mais do mesmo.
Vai ganhar: Anna Gunn
Melhor
Direção
1. Michelle
MacLaren, “Gliding Over All” (Breaking Bad)
2. Timothy
Van Patten, “Margate Sands” (Boardwalk Empire)
3. Jeremy
Webb, “Episode 3.04” (Downton Abbey)
4. Lesli
Linka Glatter, “Q&A” (Homeland)
5. David
Fincher, “Chapter 1” (House of Cards)
É
lamentável que com tantos trabalhos incríveis, realizados em tantas séries,
apenas dois realmente muito bons marcam presença na categoria. Claro, opinião
minha, porque ao mesmo tempo os outros três são escolhas óbvias: os episódios
com eventos mais marcantes de duas favoritas da Academia, mais o piloto de uma
nova queridinha, realizado por um cineasta de prestígio. Fincher nunca levou o
Oscar e os votantes do Emmy terão o maior prazer em serem os primeiros a dar
reconhecimento ao diretor. Consigo visualizar uma vitória de Glatter ou,
principalmente, de MacLaren (talvez se a votação tivesse se estendido até
depois da exibição de “To’hajiilee”...), mas acho que serão óbvios aqui, como
na vitória de Martin Scorsese dois anos atrás.
Vai ganhar: David Fincher
Melhor
Roteiro
1. George
Mastras, “Dead Freight” (Breaking Bad)
2. Thomas
Schnauz, “Say My Name” (Breaking Bad)
3. David
Benioff, “The Rains of Castamere” (Game of Thrones)
4. Julian
Fellowes, “Episode 3.04” (Downton Abbey)
5. Henry
Bromell, “Q&A” (Homeland)
Também
não acho que seja uma grande seleção (nenhuma sem a presença de “Mad Men” pode
ser considerada boa). Os maiores fãs de “Breaking Bad” poderão dividir os votos
entre dois episódios tão marcantes quanto distintos, enquanto “Castamere” pode
causar polêmica, além de seu principal acontecimento, aquilo que lhe dá fama,
ser na verdade uma criação do livro. O favorito deve ser mesmo “Q&A”: o
interrogatório de Brody é o melhor momento da temporada, e o roteirista Bromell
faleceu há alguns meses, o que pode lhe render uma homenagem póstuma.
Infelizmente votantes não lembrarão que este episódio também se trata do
acidente de carro envolvendo Dana, e que renderá o pior desenvolvimento do
resto da temporada. Motivo suficiente pra que eu despreze o roteiro.
Vai
ganhar: Henry Bromell
COMÉDIA
Melhor
Série
1. 30 Rock
2. Louie
3. Veep
4. Girls
The
Big Bang Theory
Modern
Family
Aparentemente,
a briga na categoria principal é entre “Modern Family” e “30 Rock”, ambas
vencedoras pelos seus três primeiros anos. O fator nostalgia não influencia o
Emmy tanto quanto alguns gostam de imaginar, e não é porque a série de Tina Fey
está se despedindo que ela automaticamente se torna favorita. Mas é uma de suas
melhores temporadas e tem o maior número de indicações do ano, superando
“Modern Family”, algo que não acontece desde a época em que vencia tudo.
Consigo imaginá-la não só levando a categoria principal, como boa parte dos
prêmios da noite.
Acredito
que “The Big Bang Theory” vença em algum ano, mas prefiro pensar que não será
neste. Já as demais indicadas perdem em preferência na estatística: “Sex and
the City” foi a única série de canal pago a vencer, uma única vez, e isso foi
há 12 anos. Tanto Louis C. K. quanto Lena Dunham são admirados o suficiente
para quebrarem esse tabu, mas também não acho que será desta vez.
Na
minha preferência, votaria em “30 Rock” por realmente achar incrível o que Tina
Fey e seu time fizeram como despedida, mas as outras três são igualmente
excelentes e ficaria feliz por qualquer uma delas. Desisti de “Modern Family” e
“Big Bang” há muito tempo, mas vi os episódios submetidos pelos atores
indicados (apenas porque são sitcoms e não atrapalha a compreensão do todo) e
fiquei surpreso em perceber que a série dos nerds me agradou mais do que a
família excessivamente fofa e muitas vezes sem graça.
Vai ganhar: 30 Rock
Melhor
Ator
1. Alec
Baldwin, 30 Rock (“A Goon’s Deed in a Weary World”)
2. Louis
C.K., Louie (“Daddy’s Girlfriend, Part 1”)
3. Jim
Parsons, The Big Bang Theory (“The Habitation Configuration”)
4. Matt
LeBlanc, Episodes (“Episode 202”)
5. Jason
Bateman, Arrested Development (“Flight of the Phoenix”)
Don Cheadle,
House of Lies (“Hostile Takeover”)
Nao
é o que eu escolheria de episódio para Baldwin ou C.K., mas acho que são os
favoritos. Claro, Parsons continua incrivelmente engraçado (eu voltaria a ver a
série por ele) e submete um episódio em que Sheldon está bêbado, algo
infalível, e Cheadle é um ator de cinema que poderia surpreender. Mas acho que
a terceira temporada de “Louie” deixa muito claro que não é simplesmente um
comediante fazendo o papel dele mesmo, enquanto esta é a última chance de se
premiar Baldwin, justo por um episódio em que Jack Donaghy tem um incrível
insight. Decisão difícil, que só pode ser feita fechando os olhos e apontando
pra alguém.
Vai ganhar: ... Alec Baldwin
Melhor
Atriz
1. Laura
Dern, Enlightened (“All I Ever Wanted”)
2. Julia
Louis-Dreyfus, Veep (“Running”)
3. Amy
Poehler, Parks and Recreation (“Emergency Response/ Leslie and Ben”)
4. Tina
Fey, 30 Rock (“Hogcock/Last Lunch”)
5. Lena
Dunham, Girls (“Bad Friend”)
Edie Falco,
Nurse Jackie (“Luck of the Drawing”)
Faz
muito tempo que não vejo “Nurse Jackie”, mas tenho certeza que Falco tem uma
atuação merecedora de prêmios. O que resulta em seis grandes trabalhos. Dern
provavelmente tem o mais difícil de todos, uma personagem especial numa série
especial infelizmente pouco vista (e já cancelada). Dificilmente terá
reconhecimento. Talvez justiça maior seria premiar Dreyfus se pensarmos
unicamente que se trata de COMÉDIA, e ela consegue estar ainda melhor que na
temporada anterior (quando venceu). Fey venceu no Sindicato dos Atores no
início do ano, uma grande surpresa, mas que ficou como reconhecimento final por
todo seu trabalho. Como o Emmy pode premiá-la em outras categorias, acho até mais
fácil ver Poehler finalmente ganhando algo – não que isso acontecerá. Ambas,
aliás, concorrem por dois episódios porque se beneficiaram de uma regra da
premiação que considera válida a submissão de um episódio que termina com os
dizeres “To be continued...” e sua continuação.
É
bem provável que Dreyfus seja a favorita, mas vou considerar a variedade de
atrizes que venceram a categoria nos últimos anos e apostar em uma novidade: é
a maior chance de “Girls” sair com algum prêmio importante, e Dunham sabiamente
preferiu escolher um episódio francamente engraçado (Hannah usa cocaína para
escrever sobre os efeitos da droga), ao invés do drama da reta final da
temporada, que não é uma unanimidade.
Vai
ganhar: Lena Dunham
Melhor
Ator Coadjuvante
1. Adam
Driver, Girls (“It’s Back”)
2. Tony
Hale, Veep (“Running”)
3. Bill
Hader, Saturday Night Live (“Host: Seth MacFarlane”)
4. Ty
Burrell, Modern Family (“Mistery Date”)
5. Ed
O’Neill, Modern Family (“Bringing Up Baby”)
6. Jesse
Tyler Ferguson, Modern Family (“The Wow Factor”)
“Modern
Family” domina as categorias de coadjuvante há três anos e não há motivos para
pensar que os votantes mudariam este ano. O problema é que eu vi os episódios
que escolheram para concorrer e não posso acreditar que Burrell vença pela
situação em que seu personagem convida Matthew Broderick para ver um jogo em
casa; ou que O’Neill vença pela cena em que descobre que sua esposa está
grávida; ou que Ferguson seja o escolhido pelo jogo de handebol com uma criança
que humilha sua filha e colegas na escola. Como a maioria dos votantes veem a
série, imagino que a escolha é feita pelo trabalho que apreciaram durante toda
a temporada. Não acho que a despedida de Hader do “SNL” mobilizará muitos votos
e Driver talvez seja esquisito demais para muitos, em especial se comparado com
o que estão habituados a premiar por “Modern Family”. Como fico na esperança de
que finalmente apontem para novas séries, fico com aquele que é extremamente
engraçado e não ofensivo para os padrões da maioria.
Vai ganhar: Tony Hale
Atriz
Coadjuvante
1. Jane
Krakowski, 30 Rock (“Hogcock/Last Lunch”)
2. Anna
Chlumsky, Veep (“First Response”)
3. Julie
Bowen, Modern Family (“My Hero”)
4. Mayim
Bialik, The Big Bang Theory (“The Fish Guts Displacement”)
5. Sofia
Vergara, Modern Family (“Yard Sale”)
Merritt Wever,
Nurse Jackie (“Teachable Moments”)
Jane Lynch,
Glee (“Feud”)
O
mesmo pode ser dito aqui para o episódio escolhido por Vergara, onde ela faz um
pequeno show com fantoches e não consigo ver como aquilo pode ganhar algo (Bill
Hader faz o mesmo no seu episódio escolhido, com efeitos muito melhores). Não vi
o suficiente de Bialik, nem acho seu episódio um trabalho dos mais chamativos
(onde ela finge estar doente para ter atenção de Sheldon), mas parece que a
série cresce quando sua personagem e o protagonista dividem a cena. Nunca
gostei muito de Bowen, mas pelos episódios que vi, acabou se tornando o adulto
mais interessante do elenco (eu veria a série apenas por Luke e Manny) e seu
episódio não é constrangedor como os demais, inclusive, estando muito bem nos
outros. Um terceiro Emmy consecutivo não será absurdo. Não acho que Chlumsky
tenha alguma chance, mas em toda a onda de despedida de “30 Rock”, a escolha de
Krakowski é a que mais me agradaria. Sua personagem nem sempre foi bem
utilizada ao longo da série, mas está extraordinária no último ano (inclusive sendo
decisiva nas eleições presidenciais!) e é ela quem protagoniza o número musical
que encerra a série, o que me parece atenção demais para ser ignorada. Ou é
apenas mais uma vez eu confundindo palpites com torcida.
Vai
ganhar: Jane Krakowski
Melhor
Direção
1. Beth
McCarthy-Miller, “Hogcock/Last Lunch” (30 Rock)
2. Louis
C.K., “New Year’s Eve” (Louie)
3. Lena
Dunham, “On All Fours” (Girls)
4. Gail
Mancuso, “Arrested” (Modern Family)
Paris Barclay,
“Diva” (Glee)
A
despedida de uma das comédias mais premiadas do Emmy, dois diretores que são
atores, roteiristas, produtores, idealizadores de suas mais que aclamadas séries,
a queridinha atual (no melhor episódio dentre os que vi) e uma série que
ressurge das cinzas com a direção de um nome muito respeitado e que não ganha o
Emmy há 14 anos.
Não
tenho ideia do que pode acontecer aqui, mas sempre superestimo o valor
emocional de uma despedida (e sempre estou errado).
Vai
ganhar: Beth McCarthy-Miller
Melhor
Roteiro
1. Tina
Fey, “Last Lunch” (30 Rock)
2. Jack
Burditt, “Hogcock” (30 Rock)
3. Pamela
Adlon, “Daddy’s Girlfriend, Part 1” (Louie)
4. David
Crane, “Episode 209” (Episodes)
Greg Daniels, “Finale”
(The Office)
Por
mais que eu goste de “Episodes” (e é mais divertida do que seus críticos fazem
pensar), é absurdo que marque presença aqui, ao invés de algum episódio de “Girls”,
a bateria alucinante de ofensas dos diálogos de “Veep” ou mais episódios de “Louie”
(incrível que a “trilogia” do David Letterman não tenha sido reconhecida em
nada). A ausência de “Modern Family” aqui, pela primeira vez, é o que me faz
pensar que a série pode perder em outras categorias importantes. Aparentemente,
Tina Fey tem mais chances de subir ao palco por este trabalho, mas muitas vezes
é uma categoria que serve para premiar alguma série que ficou de fora ou tem
poucas chances de vitória nas demais. Então aposto em uma outra despedida.
Vai
ganhar: Greg Daniels
MINISSÉRIE/TELEFILME
Não
farei por categorias aqui. “Behind the Candelabra” é a escolha óbvia na
categoria principal, assim como Michael Douglas (Ator) e Steve Soderbergh
(Direção). É a produção mais suntuosa da HBO em muito tempo e chegou a
concorrer no Festival de Cannes, premiação europeia de maior prestígio do
cinema. Eu não acho tão bom assim, e meu voto iria para “Top of the Lake”,
minissérie da Jane Campion com a beleza e sensibilidade que é peculiar do
trabalho da cineasta, filmando seres humanos (principalmente mulheres) em um
lugar distante à procura de algo para curar suas dores e lidar com os traumas
do passado, no meio de um mistério policial. Elisabeth Moss e Peter Mullan
estão incríveis e mereciam os prêmios de Atriz e Ator Coadjuvante. Moss está
numa categoria complicada, disputando com nomes como Sigourney Weaver, Helen
Mirren, Laura Linney e a favorita Jessica Lange. Mullan talvez tenha mais
chances por não ter um favorito claro na disputa. James Cromwell e Zachary
Quinto são os maiores nomes e vai depender do quanto querem premiar “American
Horror Story”, que seria minha segunda opção para o prêmio principal. Na
categoria de Atriz Coadjuvante, seria bom ver Sarah Paulson premiada, também
por “AHS”, especialmente quando disputa com nomes tão respeitáveis quanto os de
Charlotte Rampling, Alfre Woodard, Ellen Burstyn e Imelda Staunton. Paulson
está realmente ótima e merece, mas lamento que não houve espaço para Lily Rabe,
a melhor do elenco desta segunda temporada do terror da FX.
Hélio Flores
Um comentário:
Estou completamente por fora de séries esse ano, mas agora você me deixou completamente por dentro. Ótimo seu post!!
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