Mais de 4 milhões de americanos estiveram com seus televisores ligados no canal FX para a estréia da segunda temporada de “Sons of Anarchy”, que ocorreu na semana passada. Números gigantes para um canal fechado, que exibia uma série sobre motoqueiros criminosos, tendo um impressionante aumento de 95% de audiência em relação ao piloto exibido há um ano.
Inédita na TV brasileira e a julgar pela ausência de comentários sobre a série em alguns dos mais famosos sites especializados do país, “Sons of Anarchy” ainda não pegou no Brasil, embora já exista o Box em DVD da sua Primeira Temporada, lançado mês passado.
Girando em torno de um grupo de motoqueiros que trabalha com contrabando de armas, a série estreou ano passado com muitas expectativas, já que é criação de Kurt Sutter, considerado um dos roteiristas mais criativos de “The Shield”. No entanto, o piloto não agradou a quase ninguém e muitos desistiram da série, mesmo porque os episódios seguintes também não empolgavam.
De fato, não havia muito o que elogiar: um protagonista fraco (a escolha de Charlie Hunnam para o papel foi um desastre), histórias clichês envolvendo rivalidade entre gangues, polícia corrupta e a idéia de um clube de motoqueiros que defende sua pequena cidade ao mesmo tempo que esconde suas atividades escusas. Tudo parecia óbvio demais e sem força para sustentar a atenção.
Tudo começa a mudar lá pelo quinto ou sexto episódio, quando a série mostra a que veio, ainda que marcada mais pelas partes do que pelo todo. Boas idéias e uma dose generosa de violência e agressividade sem floreios vão tomando conta dos episódios, dando os tons de tragédia anunciada que logo fizeram os fãs notarem as referências a Shakespeare. Gemma, a personagem de Katey Sagal (a eterna Mrs. Bundy), por exemplo, é caracterizada como uma Lady MacBeth, que mostra suas garras já no piloto da série, deixando claro o que essa mulher é capaz de fazer para manutenção de sua família (e que envolve o próprio clube).
Sagal, na verdade, talvez seja a principal razão para se acompanhar “Sons of Anarchy” no início, seja pela força de sua atuação, pela escrita de sua personagem, mas também porque o elenco masculino é grande (sem espaço para muito desenvolvimento, além do protagonista) e as poucas personagens femininas são fracas. No episódio 6, “AK-51”, há uma sequencia envolvendo Sagal e um skate, que é um dos momentos mais fortes de toda a temporada, e que dá mostras da vitalidade da série, na execução da violência e de como esta violência está perfeitamente engendrada na realidade destes personagens. Traição e menopausa nunca foram combinações tão potentes como aqui.
A partir da metade da temporada, “Sons of Anarchy” começa a expandir seus horizontes e, apesar de insistir em clichês e tramas bobas (um stalker dos mais psicóticos, a leitura de um livro escrito pelo pai do protagonista), torna-se bem mais interessante, com a ajuda mais do que bem vinda da maravilhosa Ally Walker como uma agente federal disposta a acabar com o clube, e de Ryan Hurst, no papel de Opie, um membro que decidiu se afastar do clube e ter uma vida normal ao lado de esposa e filhos, após cumprir pena na prisão sem deletar os companheiros. Opie será o protagonista dos momentos mais intensos do final da temporada, um dos elementos que dará a tônica deste novo ano.
E ao contrário do início da primeira temporada, a estréia na semana passada mostrou que “Sons of Anarchy” já encontrou seu caminho e tem tudo para ser uma das séries mais eletrizantes do ano: o episódio “Albification” dá aula de como gerar expectativas para toda uma temporada, apresentando novos inimigos, as complicações e dramas internos prestes a explodir e, após uma morte violenta no meio do episódio, ainda tivemos um final barra pesada, que surpreende pela coragem e violência (após ver o episódio, o crítico Alan Sepinwall perguntou a Kurt Sutter “What the hell is wrong with you?”), brilhante pela sutil preparação desenvolvida ao longo do episódio. Ainda tenho alguns problemas com a série, que não me convenceu na resolução provisória de algumas questões, mas são momentos assim que fazem valer a pena.
Um season premiere intenso que os milhares de novos telespectadores que estavam acompanhando certamente vão querer ver o que está por vir. Porque aquele final parecia dizer “É isso que vocês vão ter nessa série, uma descida ao inferno na vida dessas pessoas. É pegar ou largar”. E é difícil largar.
Sons of Anarchy é exibida nos EUA pelo canal pago FX, toda terça-feira. A primeira temporada já está disponível em DVD no Brasil;
Por falta de tempo (e até mesmo de admiradores), a série não será acompanhada semanalmente pelo blog. Mas no futuro, aguardem novos comentários resumindo vários episódios.
Hélio Flores.
http://twitter.com/helioflores
3 comentários:
SOA é uma otima serie, é uma pena que não seja tao famosa aqui no Brasil, mas espero q seus episodios continuem sendo otimos e que tenha uma terceira temporada
uma série que nao tá recebendo atenção pelo publico!uma pena! poucos falam dela,parabéns pela iniciativa
otima série....aluguei o primeiro dvd por acaso e adorei...a cada episodeo vai ficado melhor...
acabei de ver o ultimo episodio da primeira temporada e foi sensacional....vale a pena
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