quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

[Extra] Melhores episódios de 2011

2011 passou voando, é o que todos dizem, e infelizmente não pareceu muito agradável na televisão. Tivemos grandes momentos, sem dúvida, mas nenhuma estreia que conseguisse realmente me empolgar. Ou nem mesmo qualquer cancelamento que fosse de fato sentido pelos fãs. Mas já que é hora das famosas retrospectivas, vamos nos dedicar aos destaques: a consolidação de Breaking Bad entre as melhores séries de drama modernas, o emocionante final de Friday Night Lights e ao menos três comédias que mantém uma média bem alta de qualidade quando consideramos os últimos anos. Enfim, sem a necessidade de longos discursos, passarei para a minha lista de melhores episódios do ano, que obviamente só inclui as séries que assisti e mais uma vez fica limitada a apenas um episódio por série. E assim esperamos que 2012 seja um ano bem melhor (spoiler? com certeza será, porque Mad Men estará de volta). Boas festas e um próspero ano novo a todos!

10. Homeland
"The Vest"


O ano é 2011, já viramos de década, o povo americano já tem um novo presidente, e as histórias sobre terrorismo continuam sempre as mesmas. Ou pior, parecem cada vez menos relevantes. Prova disso é o começo desse episódio, alguns dias após um atentado envolvendo um homem-bomba em uma praça pública, e toda população vivendo tranquilamente como se fosse feriado nacional. Mas em meio a esse jogo de cartas marcadas, o único elemento imprevisível era Carrie. Seu retrato de bipolaridade e fragilidade diante dessa condição é uma das mais reais já vistas na televisão. Se por um lado sua paranoia investigativa leva aos melhores momentos da série, principalmente quando estreita a relação com Brody, por outro serve como as "muletas" mais irritantes do roteiro, induzindo o espectador a pensar como a personagem. Nesse episódio, Carrie é exigida ao limite até que suas enlouquecidas certezas fazem com que ela seja afastada das investigações. Claire Danes não decepciona, proporcionando a melhor atuação feminina do ano.
Outro destaque: "The Weekend".


9. The Office
"Garage Sale"


Há algum tempo The Office já não me empolgava como antes. As novas dinâmicas do escritório pareciam quase nunca funcionar e com isso os personagens sofriam um desgaste cada vez maior. Mas o anúncio da saída de Michael Scott trouxe um novo fôlego à série, e esse episódio resgata tudo aquilo que The Office tinha de melhor em sua essência. O pedido de casamento a Holly foi perfeito, com a dose certa entre as ideias insanas de Michael e um toque pessoal de cada personagem. Fora isso, ainda tivemos bons momentos com o jogo de Dallas e uma das últimas vezes que um trote de Jim em Dwight não pareceu forçado.
Outro destaque: "Goodbye, Michael".


8. Treme
"Can I Change My Mind?"


Assim como a cidade que vai se reestruturando aos poucos após o desastre natural, em sua segunda temporada Treme também cresceu e conseguiu direcionar melhor cada um de seus personagens. Depois de vários episódios vivendo em completo silêncio, Toni e Sofia finalmente conversam sobre o destino de Creighton, e Ladonna tem de confessar os abusos sofridos. Mas não são apenas os momentos dramáticos que chamam a atenção nessa temporada, como também toda a evolução de vários personagens: os experimentos de Janette e Delmond em New York, o aprendizado de Annie com Harley, a nova chance que Sonny enfim resolveu agarrar. E são também os momentos sublimes, saboreando cada conquista, como a estreia da banda de David ou o prazer de Antoine cantando no palco, que fazem de Treme uma das experiências mais reconfortantes da televisão.
Outros destaques: "What's New Orleans?", "Do Watcha Wanna".


7. Parks and Recreation
"Li'l Sebastian"


Bem incrível o que o setor de Parks and Recreation conseguiu promover neste final de temporada. Preparado por vários episódios, o tradicional festival da cidade era esperado como o grande evento do ano mais uma vez, mas às vésperas de sua realização o falecimento de Li'l Sebastian, o mini cavalo símbolo de Pawnee, acaba abalando seus habitantes. O que seria uma celebração dá lugar a um grande memorial, que obviamente não interfere em nada no humor ou carisma da série. Além disso, esse final de temporada estabelece ganchos interessantes, como Leslie diante do grande dilema de escolher entre Ben ou seguir com sua carreira política, a parceria de Tom e Jean-Ralphio num conglomerado de entretenimento ou um vulnerável Ron tendo de enfrentar a visita de suas duas ex-mulheres.
Outros destaques: "The Trial of Leslie Knope", "The Fight".


6. Game of Thrones
"Baelor"


Não era surpresa alguma o padrão de qualidade de Game of Thrones, já que a HBO tornou-se especialista neste tipo de produção na última década. Porém, o grande desafio era manter-se fiel à obra de George R.R. Martin, sem decepcionar aqueles que haviam lido os livros como também quem acompanhava esse drama épico pela primeira vez na televisão. O começo pode parecer confuso com tantos nomes e raças, às vezes até pouco envolvente, mas o ritmo melhora bastante até atingir "Baelor", prova definitiva que os produtores estão dispostos a levar essa adaptação às últimas consequências. Seu desfecho mostra que a série não precisa coroar os feitos heróicos de ninguém e muito menos se limitar às conveniências do gênero televisivo -- coragem que faltou, por exemplo, na adaptação de The Walking Dead no final da primeira temporada. Assim, coadjuvantes ascendem ao posto de protagonistas e Game of Thrones cresce de um modo conciso e vibrante rumo a gerações e gerações de intrigas pelo poder.
Outro destaque: "Fire and Blood".


5. Boardwalk Empire
"To The Lost"


O salto de qualidade de Boardwalk Empire talvez seja um dos grandes destaques de 2011. Dispensaram as subtramas inúteis, disfarçaram aquele didatismo histórico (embora a trama da polio tenha sido dureza de aguentar) e concentraram na disputa pelo poder em Atlantic City. "To the Lost" foi a maneira perfeita de terminar fazendo um brinde a essa esplêndida temporada, que seguiu tratando dos tortuosos laços de família estabelecidos entre seus personagens, mas principalmente focando na figura de Jimmy Darmody. Depois de virar a mesa e apostar tudo para alcançar o trono de rei, Jimmy viu suas conexões afinando, seus aliados se dispersando e o destino agindo contra sua vontade. Era o fim da linha e ele sabia disso muito bem. Seu retrato neste último episódio, fumando diante da janela e observando o mar, aproveitando os últimos momentos com o filho, já completamente derrotado, provavelmente sejam as cenas mais devastadoras do ano. E para alívio geral, tiveram coragem de eliminar um personagem desse calibre e, ainda de quebra, sujar as mãos de seu protagonista de modo deliberado. Boardwalk Empire, assim como Nucky, é uma série que não precisa do perdão de ninguém.
Outros destaques: "Under God's Power She Flourishes", "Georgia Peaches".


4. Louie
"Duckling"


Escrevi uma análise mais detalhada sobre a segunda temporada de Louie há alguns meses atrás. Mas para resumir, nenhuma outra série de comédia teve tanta personalidade em 2011. Partindo geralmente de ideias inspiradas e executando nas formas mais surpreendentes, Louis C.K. mostrava a cada semana seu retrato mais autêntico da sociedade através de contos e crônicas, sem deixar de lado em nenhum momento sua humanidade. O maior exemplo disso esteve em "Duckling", quando o comediante tem a missão de entreter os soldados americanos no Afeganistão, dividindo com eles cada momento de alegria, saudade, tensão e medo.
Outros destaques: "Come on, God", "Eddie".


3. Friday Night Lights
"Always"


Na despedida de Friday Night Lights da televisão, era difícil conter o orgulho por cinco anos ao lado desses personagens. E por tantas ameaças de cancelamento e reviravoltas, era realmente um privilégio acompanhar um final planejado para a série. Pode-se dizer que essa temporada resumiu bem o espírito desta grande jornada, com um início manquejante até o esperado triunfo final. Foi um desfecho perfeito porque deixou a sensação de continuidade, sempre envolvendo os sentimentos mais autênticos do público, sem precisar forçar ou provocar a comoção de ninguém. Se parecia haver méritos suficiente por ter prolongado a série por cinco anos no discurso de Coach Taylor dizendo que essa experiência com os Lions foi a mais recompensadora de sua carreira, ainda teria algo melhor reservado após o finale: um surpreendente reconhecimento tardio do Emmy, ao menos pela performance arrasadora de Kyle Chandler.
Outros destaques: "Don't Go", "Fracture".


2. Community
"Remedial Chaos Theory"


Por maiores que sejam os malabarismos que Dan Harmon e sua equipe buscam fazer a cada semana em Community, tenho de reconhecer que a maior falha esteja justamente nesse esforço excessivo para impressionar. Mas vez ou outra surgem clássicos instantâneos, como esse episódio das múltiplas linhas temporais, capaz de fazer inveja a qualquer diretor mais moderninho da atualidade. Em um grupo que já ameaçou tantas vezes se separar ou expulsar um de seus membros, é realmente incrível como essa dinâmica serve tão bem para um estudo de personagens, aproveitando a ausência de cada um deles. Por mais insanas e hilárias que sejam as implicações de cada realidade alternativa, somente reforça que os 7 amigos deveriam estar sempre a frente de qualquer estrutura inventiva ou referência fanfarrona da série.
Outros destaques: "Foosball and Nocturnal Vigilantism", "Regional Holiday Music".


1. Breaking Bad
"Crawl Space"


Esse ano Breaking Bad sobrou tanto em relação à concorrência que não seria demais tapar os olhos e escolher qualquer episódio como representante da série no primeiro lugar. Mas "Crawl Space" é muito especial. Pra mim, é sem dúvida o melhor episódio da série, e o que mais impressiona é o conjunto de eventos que desencadeiam naquele desfecho de tirar o fôlego. Pouco antes Gus perde a paciência com a insubordinação de Walt, faz ameaças sérias a toda sua família, e fazia crer que o episódio terminaria ali. Mas havia uma grande reviravolta reservada para Walt, que acabaria enterrado nas fundações de sua própria casa, gargalhando de forma insana, com sua esposa a beira de sua "cova". Um final que só poderia ser alcançado por roteiristas sacanas e adeptos do humor negro, que não se importam de assumir riscos, que se divertem em encurralar seus personagens e não se contentam com saídas fáceis. Parece incrível como a gente consegue se envolver tanto com esses personagens, e sentir toda essa tensão do outro lado da tela.
Outros destaques: "Face Off", "Salud".

Fotos: Divulgação.

e.fuzii
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