domingo, 29 de julho de 2012

[Breaking Bad] 5x02 - Madrigal



 
“Right in front of me. Right under my nose.” - George


Começo pelo final: Breaking Bad tem sua cota de cenas desagradáveis, em especial os atos de seu protagonista, mas aqui parece alcançar um novo nível. Numa sequência que eleva a enésima potência o tom amargo do final do episódio anterior, Walter White oferece palavras “de consolo” a Skyler que, visivelmente depressiva, ainda é abordada sexualmente pelo marido, ainda mais excitado e tomado pelo poder após receber boas notícias de Mike. Vince Gilligan já disse várias vezes que chegará o momento em que os fãs deixarão de ter qualquer simpatia por Walt e acho que isto nunca esteve tão evidente como agora.


Porque o que temos ali é o homem que, um dia, havia decidido fazer coisas erradas pelos motivos certos e que, agora, é incapaz de perceber o mal que faz à família que tanto quis proteger. E um mal causado por puros atos de egoísmo e abuso de poder. Não nos iludamos: o que vimos ao final de “Madrigal” foi um legítimo estupro, interrompido para nós, espectadores, mas que certamente continuou para Skyler, numa cena que materializa o pesadelo da personagem por meio do enquadramento, da pouca luz e uso de som (o zíper da calça de Walt, o tom de voz, respiração ofegante, beijos insistentes).


Este Walt monstruoso nos foi apresentado antes no episódio, “despersonalizado”, tanto na primeira cena que mostra o estado emocional de Skyler...


 
... quanto na cena em que também usa palavras de consolo com Jesse, onde só vemos as mãos que controlam e manipulam aqueles que confiam nele...



... as mesmas que abusam de Skyler.



Há uma diferença clara entre os relacionamentos que esses dois personagens mantêm com Walt: Jesse acredita totalmente nele (seu choro é menos pela possibilidade de ter matado alguém acidentalmente com o cigarro perdido, do que por quase ter atirado no seu mentor), enquanto Skyler sabe muito bem com quem divide um lar. Mas no final das contas, é a mesma bomba a que Mike se refere, prestes a explodir e destruir quem estiver por perto.


Em relação à trama envolvendo o cigarro, mais uma vez a série mostra que não permite pontas soltas (obviamente que Jesse iria querer saber o que houve), nos dá mais uma montagem musical com a dupla protagonista (música "Stay on the Outside", do inglês Whitey) e ainda traz a ricina de volta ao jogo, com Walt escondendo em seu quarto e tendo apenas mais esta temporada para finalmente conseguir usar o veneno.


Mas as monstruosidades de Walt ficaram em segundo plano no episódio, que teve Mike como protagonista, graças às investigações que colocaram a Madrigal Electromotive no centro da trama. A abertura até dá a entender que Herr Schuler é o novo bad guy da temporada, com seu ameaçador silêncio ao degustar molhos, e o belo passeio da câmera que revela o nome da empresa e a retirada do Pollos Hermanos do mercado. É uma bela introdução que logo sofre uma reviravolta com o suicídio naquele pomposo banheiro de cores calculadas.


Na verdade, Lydia é a nova personagem da série, que pretende apagar toda e qualquer pista, incluindo pessoas, que possa ligar seu nome aos crimes de Gus Fring. E, como ela mesma diz a Mike, não chegou a conhecer o químico responsável pela metanfetamina, o que coloca Walt mais uma vez em uma posição de não ter ideia dos perigos que corre e do tanto que é resolvido fora do seu alcance (os gêmeos na 3ª temporada; o cartel na 4ª). 


A chegada de Lydia junto com a descoberta das contas investigadas por Hank (que inclui uma em nome de Kaylee Ehrmantraut) permitem que possamos apreciar Mike fazendo o que faz de melhor, mas não sem complicações, tendo agora que lidar com uma lista de nove nomes não mais tão confiáveis, ao mesmo tempo em que se vê obrigado a aceitar parceria com Walt e Jesse e, no processo, mantendo Lydia viva. Tudo, como não poderia deixar de ser, bastante redondo, desde como a cadeia de eventos justifica os atos do personagem, a elementos já inseridos previamente (a neta de Mike e Chow apareceram em “Full Measures”, final da 3ª temporada).


É um belo trabalho de Jonathan Banks, que sempre pode brilhar em pequenas participações e agora teve um episódio inteiro para nossa felicidade. Mike sendo interrogado por Hank e Gomez (“Esqueceram suas algemas?”) talvez tenha sido meu momento favorito, mas sua postura e calma na interação com qualquer personagem redobram o interesse pelos diálogos e cenas em questão.


Falando em Hank, mais uma participação periférica e, embora uma ótima troca de farpas com Mike (adoro como ele fala “Mike” depois que este diz pra ser chamado de Mr. Ehrmantraut), o que fica de mais forte é sua expressão diante da fala de George sobre não desconfiar de alguém tão próximo de nosso convívio. É uma característica incrível da série, esta de desenvolver tramas e personagens com pequenas e aparentemente desimportantes cenas, para que quando o grande evento surja, não pareça inverossímil. E, assim como em “Bullet Points” na temporada passada, Dean Norris transmite uma ambiguidade fascinante. O quanto ele pensa em Walt?



 
Hélio Flores

quarta-feira, 18 de julho de 2012

[Breaking Bad] 5x01 - Live Free or Die



“Happy Birthday, Mr. Lambert!” - Lucy

Já se tornou um marco da história recente da TV o último episódio da terceira temporada de Lost, “Through the Looking Glass”, em que o aspecto físico de determinado personagem (incluindo uma barba) causa um estranhamento que só será entendido pela revelação na cena final, surpreendendo pela reviravolta e mudança de perspectiva e rumos da série. Breaking Bad também começa sua quinta temporada com personagem fisicamente mudado (incluindo uma barba), mas imediatamente nos situa o momento em que se passa, e tem apenas a duração de um prólogo. E, ao contrário de Lost, em que ao menos sabíamos que certa tripulação não deveria chegar na Ilha, aqui ficamos sem a menor ideia do que aconteceu de tão grave.


Ainda é cedo para saber que tipo de abordagem Vince Gilligan e seu time de roteiristas pretendem dar ao que vemos neste início: flashforwards em pequenas doses, como vistos na excelente 2ª temporada? Um acompanhamento paralelo aos eventos “atuais”? Ou não retornaremos mais a isto por um bom tempo? O fato é que tivemos informações suficientes para criar uma enorme expectativa e muitas dúvidas.


Primeiro fato relevante: o prólogo se passa dois anos após o piloto da série, tempo demais na cronologia de Breaking Bad, considerando que apenas metade deste tempo se passou em quatro temporadas (estimativa aproximada, baseando-me que Skyler já estava grávida quando a série começa e sua filha ainda é um bebê de colo). O Walt de barba, cabelo e aspecto cansado em nada se parece com o Walt que vemos pelo restante do episódio, autoconfiante, arrogante e cheio de si; não usa a aliança que ostenta no ferro-velho, dizendo ser de ouro; tosse e toma comprimidos; mas tem dinheiro (além do pesado armamento que compra, deixa 100 dólares de gorjeta), quando no momento atual precisa pedir emprestado a Jesse.


É interessante que até o final do episódio, nada aponta para aquele momento. Pelo contrário, “Live Free or Die” resolve, de uma maneira até apressada, as pontas soltas que ainda existiam: as filmagens do laboratório são destruídas, Walt se livra da planta usada como veneno, rapidamente acerta as contas com Mike (que só é algo verossímil graças ao cuidado na construção de um relacionamento entre Mike e Jesse na temporada anterior). Walter White não tem inimigos, Hank está longe de qualquer coisa que possa levantar suspeita sobre ele, não tem sequer como recomeçar a produção de metanfetamina para ganhar dinheiro. É como se a série recomeçasse do zero, com a enorme diferença de que os personagens estão longe de serem como eram no início - e o plano inicial e final do episódio falam isso de forma maravilhosa: o bacon gorduroso contrastando com o bacon vegetariano do piloto, que o protagonista come por imposição de uma esposa autoritária que agora é “perdoada” por um marido assustador.


Curioso também que a única ponta solta que fica do ano anterior nem sabíamos que seria uma ponta solta: Ted não está morto. Mas acredito que não veremos mais o personagem, que deve mesmo manter o segredo pelo resto de sua vida. Se seu retorno na temporada passada serviu para culminar no épico final de “Crawl Space”, aqui tem uma única função: em Breaking Bad as pessoas são (e vêm a ser) aquilo que elas fazem e, ao substituir o choque e o lamento por uma fingida ameaça (“Good.” Grande momento de Anna Gunn), Skyler vê um pouco mais do inferno em que está e ganha novas camadas.


Mas como uma coisa leva a outra nesta série, uma conta bancária de Gus Fring é descoberta, apenas graças ao magnético plano de Walt e Jesse. Dificilmente será algo que leva a nossos protagonistas, mas que logo os atingirá de alguma forma – o próximo episódio se chama “Madrigal”, nome da multinacional alemã que Hank descobre estar ligada ao Pollos Hermanos.


Outras considerações:

- “Live Free or Die”, na placa do carro de Walt, é o slogan do Estado de New Hampshire, de onde supostamente vem o “Mr. Lambert”. É também o nome do episódio de Sopranos em que o personagem Vito Spatafore foge para esse Estado (se não viu a série, não se preocupe, os motivos da fuga nada têm a ver com Breaking Bad);

- Por um lado, é realmente divertido ter de volta a velha dinâmica entre Walt e Jesse tentando se livrar de uma enrascada, algo perdido na temporada anterior; Por outro, é o terceiro mirabolante e bem sucedido plano de Walt num curto espaço de tempo. Espero que as coisas se “normalizem” um pouco;

- “Yeah, bitches! Magnets!” consegue ser ainda melhor que “Yeah Mr. White! Yeah Science!”;

- Trabalho técnico sempre incrível. Destaques: a trilha sonora que dá ritmo à destruição da sala de evidências; a visita de Hank ao laboratório queimado no melhor estilo “Alien” (reparem nos cones); e os planos com a câmera dentro do porta-malas de carro, um dos mais usados por Tarantino;

- “Estamos em uma época de partículas de Deus” – imagino que a cena tenha sido refilmada para manter a atualidade?

- Como imaginado, Saul ajudou Walt no seu plano para envenenar Brock e Huell quem roubou o cigarro (ou carteira inteira) de Jesse. Não acho que a série dará mais explicações que esta;

- "O que há entre vocês?" Mike, devidamente irritado com o "Se você matá-lo, vai ter que me matar" de Jesse, algo que os dois protagonistas se revezaram em dizer um bom número de vezes na quarta temporada;

- Falando em Mike... Mike e as galinhas. Existe alguma parceria que não seja boa com esse cara?



Hélio Flores
twitter.com/helioflores

terça-feira, 17 de julho de 2012

Palpites para indicados ao Emmy 2012

Decidi de última hora postar palpites para os indicados ao Emmy, que serão anunciados na próxima quinta-feira, dia 19. Apenas para não perder a tradição. Peço desculpas, portanto, pelo texto rápido e meio bagunçado.




Melhor Roteiro/Direção

Passando rápido por essas duas categorias, adivinhar os indicados aqui é missão quase impossível, mesmo com alguns nomes claros: enquanto séries favoritas como “Mad Men” e “Breaking Bad” enviam quase a temporada completa pra concorrer na categoria, os votantes sempre dão um jeito de diversificar, em especial mostrando boa vontade com pilotos e finais de série. Neste último caso, “House” é a única série de peso que foi encerrada, mas sua participação no Emmy diminuiu nos últimos anos o suficiente pra não considerarmos. Entre os pilotos, “Homeland” parece um nome certo (nas duas categorias, talvez), enquanto “Luck” e “Boss” têm chances em Direção, pela possibilidade que os votantes têm em votar em grandes nomes do cinema (eles adoram). No caso, Michael Mann e Gus Van Sant, respectivamente. Entre as tantas malfadadas estreias na tv aberta, não me surpreenderia em ver o piloto de “Smash” reconhecido. Favoritas em outras categorias, as indicadas da HBO ano passado, “Game of Thrones” e “Boardwalk Empire”, mandaram vários episódios pra apreciação, muito embora cada uma tenha nomes bem claros pra tentar uma vaga, enquanto a incógnita “Downton Abbey” muito acertadamente enviou apenas seu episódio de Natal para concorrer em ambas categorias. Por fim, “The Good Wife” curiosamente enviou apenas um episódio para concorrer em Roteiro (Blue Ribbon Panel), mas cinco em Direção, todas escolhas boas demais que podem acabar se anulando. Qualquer outra série que conseguisse emplacar um episódio me causaria imensa surpresa.

Chutando bastante, os indicados seriam:

Roteiro


1. Downton Abbey (Episode 7 Christmas)
2. Homeland (Pilot)
3. Mad Men (The Other Woman)
4. Mad Men (Far Away Places)
5. Breaking Bad (Crawl Space)


Outras Possibilidades: Homeland (The Weekend), The Good Wife (Blue Ribbon Panel), Boardwalk Empire (To the Lost), Smash (Pilot), qualquer outro concorrente de Breaking Bad e Mad Men

Meu voto:
1. Breaking Bad (Crawl Space)
2. Breaking Bad (Problem Dog)
3. Mad Men (Far Away Places)
4. Mad Men (The Other Woman)
5. Game of Thrones (Blackwater)





Direção

1. Game of Thrones (Blackwater)
2. Breaking Bad (Face Off)
3. Homeland (Pilot)
4. Luck (Pilot)
5. Mad Men (Far Away Places)


Outras Possibilidades: Mad Men (The Other Woman), Mad Men (Commissions and Fees), Boss (Pilot), Breaking Bad (Crawl Space), Homeland (The Vest), Boardwalk Empire (To the Lost)

Meu voto:
1. Breaking Bad (Crawl Space)
2. Game of Thrones (Blackwater)
3. Mad Men (At the Codfish Ball)
4. Mad Men (A Little Kiss)
5. Sons of Anarchy (Hands)



Atriz Coadjuvante

Indicadas 2011 – Margo Martindale (vencedora), Christine Baranski, Michelle Forbes, Christina Hendricks, Kelly MacDonald, Archie Panjabi.
Vagas em aberto – Apenas a vencedora Martindale não retorna. Como Forbes pouco faz na cada vez menos prestigiada “The Killing”, dá pra dizer que ao menos duas novidades teremos na categoria.
Quem retorna – Exceto por Hendricks, que pode até vencer graças à projeção que teve nesta temporada, não coloco a mão no fogo por ninguém, nem mesmo a campeã de 2010 Panjabi.
Quem já ficou perto de uma indicação ou foi indicado antesAnna Gunn, fora da competição ano passado nunca teve tão boas chances, e January Jones, que finalmente se colocou como coadjuvante, não seria surpresa total, com dois episódios de participação forte, embora vamos continuar lembrando de Kiernan Shipka, porque seu dia há de chegar; MacDonald, que tenta se manter, pode perder votos pra colega de série Gretchen Mol, enquanto Lena Headey ultrapassa Emilia Clarke entre as candidatas de “Game of Thrones”; Não se sabe o quanto “Damages” foi esquecida (seja pelo intervalo, pelo buzz ou pela mudança pra DirecTV), mas Rose Byrne continua com suas (inexplicáveis, pra mim) chances.
As novidades - A maior delas é Maggie Smith, vencedora no ano passado quando “Downton Abbey” concorreu como minissérie. Muito mais justo se concorresse como atriz convidada, o fato é que mesmo com pouco, Smith é uma daquelas presenças incontestáveis, que nos faz desejar que não saia da tela nunca; Morena Baccarin dependerá do quanto “Homeland” será querida pelos votantes e Angelica Huston só pode ser considerada pelo nome que é.

As indicadas serão (em ordem de favoritismo):
1. Christina Hendricks, Mad Men
2. Maggie Smith, Downton Abbey
3. Archie Panjabi, The Good Wife
4. Anna Gunn, Breaking Bad
5. Kelly MacDonald, Boardwalk Empire
6. Christine Baranski, The Good Wife


Boas chances: Morena Baccarin (Homeland), Rose Byrne (Damages), January Jones (Mad Men)

Meu voto (em ordem de preferência):
1. Christina Hendricks, Mad Men
2. Anna Gunn, Breaking Bad
3. Maggie Smith, Downton Abbey
4. Kelly MacDonald, Boardwalk Empire
5. Lena Headey (Game of Thrones)
6. Maisie Williams (Game of Thrones)



Ator Coadjuvante
Indicados 2011 – Peter Dinklage (vencedor), Andre Braugher, Josh Charles, Alan Cumming, Walton Goggins, John Slattery
Vagas em aberto – Nenhuma. Todo mundo volta, mas um ou dois terão que cair fora porque a concorrência está impossível.
Quem retorna – Não consigo imaginar a categoria sem Dinklage e Slattery. Os demais, mesmo com admiradores (embora Charles claramente seja o mais fraco), podem muito bem ficar de fora.
Quem já ficou perto de uma indicação ou foi indicado antes – o vencedor de 2010, Aaron Paul, retorna pra um verdadeiro banho de sangue contra Dinklage, que pode até sobrar pra Giancarlo Esposito, que também não imagino de fora da disputa; Jared Harris e Vincent Kartheiser nunca tiveram tão boas chances, enquanto Michael Pitt está ainda melhor (e tão protagonista quanto Paul e Dinklage são em suas séries) que ano passado.
As novidades – assim como Baccarin, Mandy Patinkin dependerá do quanto as atenções serão pra o elenco como um todo de “Homeland” ou se Claire Danes concentrou todo o destaque; Goggins terá atenção dividida com Neal McDonough, enquanto Nick Nolte já seria um nome certo se não fosse pela polêmica envolvendo Luck. Como se não bastasse, “Damages” tem tradição de emplacar seus coadjuvantes de luxo e este ano John Goodman e Dylan Baker são nomes mais que respeitáveis.

Os indicados serão (em ordem de favoritismo):
1. Aaron Paul, Breaking Bad
2. Peter Dinklage, Game of Thrones
3. John Slattery, Mad Men
4. Giancarlo Esposito, Breaking Bad
5. Nick Nolte (Luck)
6. Alan Cumming (The Good Wife)


Boas chances: Andre Braugher, Mandy Patinkin, Jared Harris

Meu voto (em ordem de preferência):
1. Aaron Paul, Breaking Bad
2. Peter Dinklage, Game of Thrones
3. Giancarlo Esposito, Breaking Bad
4. Michael Pitt, Boardwalk Empire
5. John Slattery, Mad Men
6. Kevin Dunn, Luck



Melhor Atriz
Indicadas 2011 – Julianna Margulies (vencedora), Kathy Bates, Connie Britton, Mireille Enos, Mariska Hargitay, Elisabeth Moss
Vagas em aberto – Apenas Britton não volta, com “Friday Night Lights” encerrada. Mas eu gostaria muito de pensar que Bates e Enos já tiveram seu momento e que finalmente será este o ano em que não teremos Hargitay. O que daria uma renovação a categoria.
Quem retornaMargulies, sem dúvida. Moss está mais pra coadjuvante, mas com tudo o que aconteceu na temporada, difícil ignorá-la.
Quem já ficou perto de uma indicação ou foi indicado antes – Na verdade, o retorno de Glenn Close, maior chance de “Damages” não ser totalmente ignorada; Kyra Sedgwick ganhou em 2010 e, mesmo com a surpresa da exclusão ano passado, um último retorno não seria absurdo; Emmy Rossum, Katey Sagal e Anna Torv continuam com seus admiradores, mas dificilmente eles votam no Emmy.
As novidades – Duas enormes. Primeira, o que mais próximo este Emmy tem de um vencedor antecipado: Claire Danes. Segunda, na série mais prestigiada: o quanto os votantes gostaram (ou odiaram) Jessica Paré? Como se não bastasse, Elizabeth McGovern e Michelle Dockery podem se beneficiar do culto a “Downton Abbey”, e eu não descartaria o poder de Victoria Grayson, papel de Madeleine Stowe em “Revenge”. Como de vez em quando o Emmy surpreende com força, a categoria tem outras fortes candidatas pra isso, como Debra Messing e Kerry Washington.

As indicadas serão (em ordem de favoritismo):
1. Claire Danes, Homeland
2. Julianna Margulies, The Good Wife
3. Elisabeth Moss, Mad Men
4. Glenn Close, Damages
5. Elizabeth McGovern, Downton Abbey
6. Jessica Paré, Mad Men


Boas chances: Mariska Hargitay, Mireille Enos, Kathy Bates

Meu voto (em ordem de preferência):
1. Claire Danes, Homeland
2. Julianna Margulies, The Good Wife
3. Elisabeth Moss, Mad Men
4. Katey Sagal, Sons of Anarchy
5. Madeleine Stowe, Revenge
6. Jessica Paré, Mad Men




Melhor Ator
Indicados 2011 – Kyle Chandler (vencedor), Steve Buscemi, Michael C. Hall, Jon Hamm, Hugh Laurie, Timothy Olyphant
Vagas em aberto – Apenas o vencedor Chandler não retorna, o que não chega a ser uma vaga em aberto já que pertence a outro vencedor que retorna este ano...
Quem retorna – Com tantos nomes fortes de novidade, Hamm e Buscemi me parecem os únicos garantidos. O que significa dizer que sim, podemos ter uma categoria sem Dexter ou House (Laurie ainda tem a vantagem de ser a última oportunidade).
Quem já ficou perto de uma indicação ou foi indicado antes – Além do retorno de Bryan Cranston, nada que chame muita atenção: William H. Macy, Jeremy Irons e Ray Romano pareciam ter chances em anos anteriores e duvido que com tantas novidades, concretizarão agora.
As novidadesDustin Hoffman era o favorito até mesmo para vencer, aí “Luck” estreou e mostrou o ator praticamente coadjuvante planejando uma vingança misteriosa que infelizmente não veremos a conclusão. A tragédia do cancelamento afundou chances de vitória e até mesmo não garante a indicação. Mas não se pode subestimar um dos maiores nomes dos últimos 40 anos de cinema; Kelsey Grammer, que venceu o Globo de Ouro deste ano (e 14 indicações e 5 vitórias no Emmy não atrapalham); Damian Lewis, que certamente se beneficia da química com Danes; Patrick J. Adams, apenas porque foi indicado ao SAG; e Hugh Bonneville, apenas porque não se deve ignorar quem participa de “Downton Abbey”. Mas se a surpresa vier nesta categoria, o já vencedor Kiefer Sutherland, Jason Isaacs ou Jeffrey Dean Morgan poderiam fazer todo mundo cair o queixo.

Os indicados serão (em ordem de favoritismo):
1. Bryan Cranston, Breaking Bad
2. Jon Hamm, Mad Men
3. Steve Buscemi, Boardwalk Empire
4. Kelsey Grammer, Boss
5. Dustin Hoffman, Luck
6. Hugh Laurie, House


Boas chances: Damian Lewis, Timothy Olyphant, Michael C. Hall

Meu voto (em ordem de preferência):
1. Bryan Cranston, Breaking Bad
2. Steve Buscemi, Boardwalk Empire
3. Jon Hamm, Mad Men
4. Dustin Hoffman, Luck
5. Timothy Olyphant, Justified
6. Damian Lewis, Homeland




Melhor Série
Indicados 2011 – Mad Men (vencedora), Dexter, Game of Thrones, Friday Night Lights, Boardwalk Empire, The Good Wife
Vagas em aberto – Apenas Friday Night Lights foi encerrada, mas vamos concordar que Dexter já passou tempo demais aí e que sua vaga será cedida à colega de emissora, Homeland.
Quem retornaMad Men. E não coloco a mão no fogo por mais ninguém.
Quem já ficou perto de uma indicação ou foi indicado antes – Além do retorno de Breaking Bad, apenas Justified parece ter alguma chance, apenas porque teve um grande salto em indicações ano passado (manter a qualidade ajuda também, claro). The Killing e Shameless não conseguiram quando eram novidade, e Damages, apesar de bem conhecida na categoria, não tem cara de ter feito um grande retorno. O problema mesmo são as estreantes.
As novidades – Além de Homeland (que já venceu o Globo de Ouro), Downton Abbey é tida como certeza. Apesar de uma temporada claramente inferior a que venceu ano passado o prêmio de Melhor Minissérie, isso parece pouco importar e a série virou um fenômeno nos EUA. Luck, além dos problemas que levaram seu cancelamento, já não fazia o tipo de série que é indicada a esse tipo de coisa, mas a qualidade técnica é tão impressionante que não seria uma surpresa total vê-la aqui. Boss agradou ao Globo de Ouro, então nunca se sabe. Já Smash, Revenge e Once Upon a Time teriam alguma chance antes da dominação total das emissoras pagas, o que significa que The Good Wife continuará sendo a única com alguma possibilidade de indicação e representar a TV aberta.

As indicadas serão (em ordem de favoritismo)
1. Mad Men
2. Breaking Bad
3. Homeland
4. Downton Abbey
5. Game of Thrones
6. Boardwalk Empire


Boas chances: The Good Wife, Justified, Boss

Meu voto (em ordem de preferência)
1. Breaking Bad
2. Mad Men
3. Game of Thrones
4. Boardwalk Empire
5. The Good Wife
6. Luck


Considerações Finais: Gostaria muito que a HBO emplacasse suas duas principais séries, embora o tom geral parece apontar que Boardwalk Empire tenha perdido força com o tempo (apesar de a segunda temporada ser claramente melhor que a anterior). Game of Thrones pode se beneficiar pela exibição mais recente e com um episódio tão admirável como “Blackwater”. Mas manter as duas significa excluir The Good Wife, que há 3 temporadas dá uma bela aula de como fazer uma série “Caso da Semana”, desenvolvendo vários personagens e subtramas interessantes, ao mesmo tempo em que se especializou em participações especiais marcantes, de atores de um episódio só, a antagonistas que de tão bons, foram ganhando cada vez mais espaço em um elenco já grande. Claro, essas três séries estão na corda bamba considerando que duas vagas são de Breaking Bad e Mad Men, de longe o que de mais incrível vem sendo feito nos últimos anos, e outras duas parecem pertencer às queridinhas Homeland e Downton Abbey. A primeira me aborrece um pouco pelo esquematismo e situações formulaicas usadas pra segurar uma temporada de 13 episódios, embora Claire Danes claramente nos dá a grande atuação do ano; já a série inglesa vive altos e baixos após uma primeira temporada bastante superior. Tem a maior qualidade nos diálogos rápidos e cortantes, mas de modo geral a trama tem ficado cada vez mais novelesca e de soluções facéis. Seria bom vê-la de fora, mas acho que isso sim seria uma grande surpresa.


Categorias de Comédia

Como ano passado, não farei apostas aqui. Explico: além de não ver tantas séries como gostaria, as favoritas costumam ser coisas que não gosto ou não importo. No entanto, a briga é muito mais interessante do que em Drama: enquanto as maiores indicadas dos últimos anos (Modern Family e Glee) vêm sofrendo uma queda de interesse, antigas favoritas retornam com um grande ano (30 Rock e Curb Your Enthusiasm), outras têm aumentado seu número de indicações com o passar dos anos (Parks and Recreation e The Big Bang Theory) e, para cada série que vem perdendo mais e mais prestígio (The Office, as dramédias da Showtime), surgiu uma novidade na última temporada (Veep, Girls, New Girl, Enlightened, House of Lies), além de séries que sempre se beneficiam de um reconhecimento maior no seu segundo ano (Louie, Raising Hope, Mike and Molly). 

Dentre todas as categorias, vale destacar a de Melhor Atriz, que promete ser um massacre ainda maior que o visto em Ator Coadjuvante de Drama: os votantes terão que escolher manter as seis candidatas do ano passado (a vencedora Melissa McCarthy, Tina Fey, Amy Poehler, Edie Falco, Laura Linney, Martha Plimpton) ou eliminar uma ou mais para dar lugar a Julia Louis-Dreyfus, Zooey Deschanel, Lena Dunham, Laura Dern (vencedora do Globo de Ouro) ou Christina Applegate.

Fica minha torcida para que 30 Rock seja reconhecida pelo seu retorno ao brilhantismo das primeiras temporadas, e que Curb Your Enthusiasm, Parks and Recreation, Louie e Raising Hope as acompanhe na categoria principal (não vai acontecer).




 Hélio Flores