sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

[LOST] 4x05 The Constant

Antes de começar esse texto, preciso confessar uma coisa: os episódios do Desmond sempre foram meus favoritos. E "The Constant" só serviu para confirmar isso. Como algumas pessoas especularam na semana passada, o helicóptero ainda não chegara no cargueiro por conta da diferença de tempo. E ao desviar-se ligeiramente da rota correta, o helicóptero sofre uma turbulência, o que envia Desmond para seu passado, de volta ao serviço militar escocês em 1996.

Como Dan Faraday explica, ainda como professor em Oxford, é apenas a consciência de Desmond que trafega pelo tempo, sendo que sua versão de 96 teria de descontar essa defasagem para voltar ao presente. A única forma para isso acontecer é encontrando a tal constante do título, um evento ou uma pessoa que fizesse tudo conectar-se e voltar aos eixos. Não fica claro exatamente qual o nível de importância que esse fato precisa ter, mas para mim Dan já era constante suficiente no presente e no passado de Des. Se precisasse ser importante, não há o porquê de Faraday poder usar Desmond como sua constante. Além disso, o estranho dessa sua anotação é que essa ligação é fruto de uma mudança no passado, não é? Ou Desmond teria reconhecido o físico assim que chegou no helicóptero. No entanto, essa pequena deserção também parece ser a causa dele ter ido para a prisão militar alguns anos depois. Pareceu confuso, né? Imagine só como foi difícil colocar tudo isso em palavras...
Se Desmond chegou a ter esses surtos por conta do contato com o eletromagnetismo da Cisne, Dan Faraday parece condenado aos mesmo sintomas pelo tanto de radiação que sofreu na cabeça (é importante abrir um parênteses aqui para informar a importância de se usar uma máscara ou capacete numa experiência como essa). Isso se ele já não está com leves sintomas, principalmente depois do jogo de cartas com Charlotte no episódio passado. Afinal, ele prever as cartas não parece a experiência do ratinho, não? Mas claro que ainda pode ser um simples problema de memória...

Já posso dizer também que Jeremy Davies é até agora o grande "novato da temporada", principalmente depois de interpretar um Dan Faraday tão diferente, seguro e até arrogante, no passado. E assim Jeremy deve permanecer, já que Mikowski não teve tempo nem de de soletrar seu nome. Uma pena desperdiçar Fisher Stevens desse jeito e espero que Zöe Bell (a Regina) não tenha destino parecido.

O grande trunfo do episódio veio da relação entre Desmond e Penny, ultrapassando as barreiras do tempo e espaço. Se a história tinha tudo para cair no piegas, foi a atuação de Henry Ian Cusick e Sonia Walger que garantiram momentos ternos e convincentes ao lado das personagens. Depois de adquirir sua consciência do futuro e fazer a promessa de ligar para Penny, não havia como não torcer para que ela atendesse o telefone, não só para que Desmond não tivesse o aneurisma como para o reencontro das vozes dos dois. É interessante como mesmo aparecendo tão pouco, o casal consegue ser uma das relações mais fortes de todo a série. E foi impossível não emocionar-se com a conversa do casal, fazendo juras de amor e prometendo nunca desistir.
Confesso que foi difícil segurar tamanha emoção e concentrar-se na grande revelação do episódio, que coloca um fim em grandes especulações em relação ao tempo dentro e fora da Ilha. O calendário encontrado no cargueiro já mostrava que estávamos no dia 24 de dezembro, mas até aí poderia ser uma amostra de como os dias vinham passando somente dentro da Ilha (já que a missão seria chegar lá). Porém, quando Desmond conseguiu a ligação, realmente estávamos na véspera de Natal de 2004. Que presente, não? Nunca pensei que fossem estabelecer conexão e elucidar isso tão rápido assim. Isso quer dizer que apenas a passagem de um "plano" para outro provoca uma defasagem de tempo. Se a estranha forma descrita por Faraday para a iluminação da Ilha for um indício disso, é estranho que o som e as imagens da Flame, por exemplo, não sofressem dessa dispersão (ou distensão, sei lá eu).
Outra revelação importante (ou nem tanto assim para algumas pessoas), foi Desmond encontrar mais uma vez Alan Dale em um de seus papéis de melhor sogro do mundo. Charles Widmore aparece comprando o diário da Black Rock, num leilão presedido por um dos membros da família Hanso. Mas isso lá é informação para deixar jogada desse jeito? Às vezes fico imaginando como farão para desatar tantos nós da "mitologia" de Lost e deixar dessa forma inexplicada e fora de contexto, não é a forma mais adequada. Se era para obrigar os fãs a acompanhar agora um de seus ridículos joguinhos on-line, deveriam ter dito que era importante quando criaram.

Entretanto, como disse no começo, os episódios de Desmond para mim são especiais, e esse conseguiu ser sensacional por desenvolver uma idéia completamente confusa num todo que se não é entendido, pelo menos faz sentido. E de quebra ainda achamos explicação para os eventos em "Flashes Before Your Eyes". Perdôo até o fato de Sayid ter esquecido que o corpo de Naomi voou junto com eles no banco de trás do helicóptero (ou isso só reforça que foi apenas pretexto para Jack não vir junto?). Assim, na véspera de Natal, finalmente falta 2 dias para o Tsunami que arrasou parte da Ásia em 2004. Será que teremos alguma conseqüência na Ilha? Eu estou torcendo.



e.fuzii

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

[HEROES] Terceira temporada e trilha sonora oficial

3ª temporada

Chris Zatta, um dos escritores assistentes, revelou recentemente mais informações. Inicialmente, a data prevista para o retorno de Heroes é 8 de setembro, embora não seja definitiva. Zatta também confirmou que a terceira temporada terá 25 episódios, sendo que os treze primeiros serão transmitidos de setembro a dezembro sem interrupções.

E, não poderia faltar, um pequeno spoiler:

Vamos começar a temporada com muita adrenalina! Muitas coisas acontecerão e será emocionante. Novos personagens, personagens antigos que vocês não esperavam ver de novo. Vilões, muitos deles. E, mesmo com tudo isso, não perderemos de vista o que mantém nossos heróis conectados e trabalhando para salvar o mundo.

É bom mesmo que não se percam em meio a vários storylines. Além disso, os novos personagens que são introduzidos em storylines relacionados aos personagens principais tendem a ser melhor aceitos do que novatos "atirados de qualquer jeito" na série. Basta comparar a reação dos fãs em relação à Elle Bishop e aos gêmeos Maya e Alejandro.


Trilha sonora

O lançamento da trilha sonora original da série, já anunciado pela NBC, está previsto para 18 de março. Entretanto, a lista oficial das músicas que compõem a trilha sonora só foi divulgada recentemente e agora sabemos também que será acompanhada por vídeos. Além disso, meu palpite se confirmou, Wendy e Lisa — compositoras da série — marcam presença com quatro das dezoito músicas.

O produtor e diretor Allan Arkush criou cinco vídeos com cenas de Heroes para músicas selecionadas do cd, esses vídeos estarão disponíveis para download gratuito no Zune Markeplace. “Weightless” será o primeiro vídeo e estará disponível a partir de 29 de fevereiro (amanhã!).

A trilha sonora será lançada pela NBC Records. Estará disponível em cd na Best Buy e em formato digital na Zune e outras lojas online. O produtor executivo é o veterano Errol Kolosine em colaboração com Tim Kring e Allan Arkush.

A lista completa das músicas que compõem a trilha sonora:

1. “Heroes Title”, Wendy & Lisa
2. “Fire and Regeneration”, Wendy & Lisa
3. “He’s Frank”, Brighton Port Authority featuring Iggy Pop
4. “All for Swinging You Around”, New Pornographers
5. “Glad It’s Over”, Wilco
6. “Weightless”, Nada Surf
7. “Nine in the Afternoon”, Panic at the Disco
8. “Chills”, My Morning Jacket
9. “Natural Selectio”, Wendy & Lisa
10. “ABoneCroneDrone 3”, Shelia Chandra
11. “Not Now but Soon”, Imogen Heap
12. “Jealously Rides With Me”, Death Cab for Cutie
13. “All Things Must Pass”, The Jesus and Mary Chain
14. “Homecoming”, Wendy & Lisa
15. “Man in the Long Black Coat”, Bob Dylan
16. “Maya’s Theme”, Yerba Buena
17. “Keeping My Composure”, The Chemical Brothers featuring Spank Rock
18. “Heroes”, David Bowie

Fonte: HeroesBrasil.net

Tatiane
tatiane@comentariosemserie.com

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

[Podcast] The Economist - Eggtown

Mais uma vez o Comentários em Série, o blog amado, comparado, imitado e odiado por anônimos e afins, repete sua parceria com o blog amigo, Teorias Lost.

Dois podcasts leves, despretensiosos e brincalhões sobre os dois últimos episódios. Kate diz "Hi Earn" ? :P Sayid é o novo James Bond? :P

Lembrando que Fuzzi comenta na sexta feira a versão mais fresquinha de Lost. Aguardem!

Para ouvir, aperte PLAY, por favor.

4.4 - Eggtown

boomp3.com


Para download, aqui

4.4 - The Economist

boomp3.com



Danielle Mística

domingo, 24 de fevereiro de 2008

[Supernatural] 3.10 Dream a little Dream Of Me


Ahh, episódio com nome de música do The Mammas and The Pappas e com Bobby, sempre bem legal. Ele é a conexão dos meninos com o seu passado e legado. E o teaser é de assustar. O que pode ser pior do que estar preso nos seus sonhos, aliás, pesadelo?

SN caminha em experiências científicas, mas sempre com seu pezinho no fantástico, claro. Sim, há a alusão a Freddy Kruegguer e A Hora do pesadelo, como não pensar nele. Sonhar é uma coisa que a gente não tem o menor controle. Também pensei naquele filme com a Jennifer Lopez, A Cela.

Bela presente, dos personagens novos é a que mais aprecio. Delirei na hora que ela cita o clássico disco e filme dos Beatles, Magical Mistery Tour. Ahhh! Nada melhor do que isso para ilustrar esse episódio lisérgico. Muitas cores saturadas, algumas verdades...

Descobrimos que Bobby já fora casado e esfaqueou a esposa possuída. e é claro, temos um senhor dos sonhos.



E os irmãos ainda conseguem ficar ainda mais unidos. Nunca poderia imaginar que a história de ser pai e ter uma família pudesse ser tão forte para Dean.Assim como, clichê dos clichês, ser o que é. Mas quem nunca teve um monólogo interior? E Dean vislumbrou o que lhe espera no inferno.



Um episódio muito bom, mas que poderia ter se aprofundado mais, achei muito corrido no final, faltou a psiquê do assassino, sua relação com o pai...

E Bela hein, cada vez mais filha da mãe. Adoro!

***fotos: reprodução apieceofcake livejournal site.
E comunidade Jensen Ackles no orkut.

Frases/cenas legais:
"Sonhou com Angelina Jolie? Brad Pitt?"
"Quando começamos a nossa magical Mistery tour"
"Nossa, mas você é um filho da puta lindo"


Danielle Mística

[Extra] Previsões para o Oscar 2008

Em primeiro lugar quero pedir desculpas pela formatação do texto. Quando passei o que escrevi para a postagem no blog, houve uma desconfiguração de quase tudo. Para não perder mais tempo, postei assim mesmo.


A cerimônia do Oscar começa daqui a algumas horas e eu acho que todo mundo, mesmo aqueles que adoram falar mal da Academia e que seus prêmios não têm relevância nenhuma, gosta de ficar dando palpite e, quem sabe, fazendo bolão entre amigos.


Não é algo muito difícil de se prever, porque a Academia segue um padrão já bastante conhecido, mas sempre tem uma ou duas surpresas e este ano não vai ser diferente. Minha idéia aqui é colocar o que acho que serão os vencedores, também como uma forma de me redimir por estar escrevendo tão pouco no blog.


Vou fazer da seguinte maneira: listo os indicados em ordem de minha preferência (do melhor para o pior), colocando em negrito quem eu acho que leva. Quando o indicado estiver sem numeração e afastado dos primeiros, é porque eu infelizmente ainda não vi. Os comentários nas categorias principais são resumos do que muita gente já sabe e breves opiniões pessoais. Aproveito para listar quem eu acho que deveria ter sido indicado, mesmo sabendo que em boa parte dos casos, a Academia NUNCA iria ter feito tais escolhas (porque, afinal de contas, não vivemos num mundo perfeito).


Enfim, vamos lá. Nunca acerto todas, mas também não costumo fazer feio. Tá, confesso que as categorias técnicas sempre me trazem dificuldade:


Melhor Filme


  1. Onde os Fracos Não Têm Vez
  2. Juno
  3. Conduta de Risco
  4. Desejo e Reparação

Sangue Negro


Toda véspera de entrega do Oscar é a mesma coisa: burburinhos surgem de todos os cantos para anunciar possíveis azarões. Eu acho que é para manter o interesse do público, para que ninguém ache que é tudo óbvio. Desta vez, os boatos é que a campanha de Conduta de Risco foi a mais firme e forte durante as últimas semanas, o que poderia trazer prêmios inesperados para o filme. Por outro lado, alguns sites especializados apontam Juno como um possível vencedor na categoria principal. A justificativa é que trata-se do único filme “pra cima” entre os indicados (além da maior bilheteria, de longe, dos cinco). Mas acho que nada tira o favoritismo do filme dos Coen. Afinal, como ignorar que o filme venceu os prêmios dos Sindicatos dos Produtores, Atores, Diretores e Escritores?

Filme brilhante, Onde os Fracos Não Têm Vez é sociológico e político disfarçado de um tenso policial/suspense/western, com um jogo de gato e rato divertidíssimo e extremamente bem realizado na sua montagem, fotografia e uso de som. Tudo parece funcionar em dobro no filme e o final frustrante (para alguns) casa perfeitamente com as idéias dos Coen, desenvolvidas não apenas durante o filme, mas em toda sua maravilhosa filmografia. A violência sempre explode quando menos se espera, é patética, bizarra e afeta tudo e todos. É um filme genial e não do tipo que a Academia costuma premiar. Mas é o favorito pelos prêmios que já recebeu, por tudo que os Coen já fizeram e qualquer outro resultado vai me surpreender bastante.

Quem faltou: I´m Not There, Deathproof, Na Natureza Selvagem e Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto, O Ultimato Bourne.


Melhor Diretor


  1. Joel e Ethan Coen, por Onde os Fracos Não Têm Vez
  2. Jason Reitman, por Juno
  3. Tony Gilroy, por Conduta de Risco

Paul Thomas Anderson, por Sangue Negro

Julian Schnabel, por O Escafandro e a Borboleta


Se na categoria Melhor Filme, ainda falam em surpresas, a de Melhor Diretor me parece já definida. Porque o filme é extremamente autoral, porque os Coen são extremamente respeitados, além dos mais experientes da categoria. Tudo bem que PT Anderson já fez dois filmes muito bons e duas obras-primas absolutas, mas acho que sua vez ainda chegará.

Quem faltou: Todd Haynes (I´m Not There), Quentin Tarantino (Deathproof), Paul Greengrass (O Ultimato Bourne), Brian De Palma (Redacted) e David Fincher (Zodíaco)



Melhor Ator

  1. Tommy Lee Jones, por No Vale das Sombras
  2. Viggo Mortensen, por Senhores do Crime
  3. Johnny Depp, por Sweeney Todd
  4. George Clooney, por Conduta de Risco

Daniel Day-Lewis, por Sangue Negro


Justamente o favorito absoluto da categoria, e eu não vi. Uma lástima. A única possibilidade (e bastante remota, acho) de Day-Lewis perder este é a campanha de Conduta de Risco ter dado certo. Clooney, inclusive, aparece na capa da Time desta semana sob o título “The Last Movie Star”. Mas parece que ninguém duvida que Day-Lewis dá a grande interpretação do ano. E quem não foi às lágrimas com seu discurso de agradecimento quando venceu o SAG e homenageou Heath Ledger?

Sem ter visto Sangue Negro, meu voto iria tranqüilamente para Lee Jones, brilhante num filme mediano. E com exceção de Mortensen, os outros não me impressionaram em nada.

Quem faltou: Gordon Pinsent (Longe Dela), Philipp Seymour-Hoffman (Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto), Emile Hirsch (Na Natureza Selvagem).


Melhor Atriz

1. Julie Christie, por Longe Dela

2. Ellen Page, por Juno

Marion Cottilard, por Piaf – Um Hino ao Amor

Laura Linney, por The Savages

Cate Blanchett, por Elizabeth: Idade de Ouro


Vergonhosamente não vi sequer o filme sobre Edith Piaf. Blanchett e Linney não têm chance alguma e Ellen Page, ainda que quase nenhuma, poderia ser uma surpresa. Uma surpresa agradável, eu diria. Mas minha torcida é para Julie Christie que, além de ótima no filme bastante sensível da Sarah Polley, faria uma dobradinha perfeita com a vencedora do ano passado, Helen Mirren: senhoras com mais de 60 anos, não apenas talentosas, mas lindíssimas, com todas as rugas que a idade lhes dão direito. É uma ótima alternativa depois de anos premiando apenas belas e jovens atrizes de talento irregular (Reeser Whiterspoon, Halle Berry, Charlize Theron, Julia Roberts, etc).

Mas Cotillard é a outra alternativa forte. Embora Julie Christie tenha vencido o Sindicato dos Atores, a interpretação de um ídolo da música é sempre garantia de alguns votos a mais. E parece que há mais fãs de Cotillard. Mas Christie é americana, falando em inglês no filme. Enfim, páreo duro. Mas eu fico com a bela lady sessentona.

Quem faltou: Infelizmente não vi muitos papéis femininos impressionantes. Aceito as escolhas deste ano, embora ache que Sienna Miller (Entrevista) e Helena Bonham-Carter (Sweeney Todd) tenham feito trabalhos interessantes.


Melhor Ator Coadjuvante

1. Casey Affleck, por O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford

2. Javier Bardem, por Onde os Fracos Não Têm Vez

3. Hal Holbrook, por Na Natureza Selvagem

4. Tom Wilkinson, por Conduta de Risco

Philip Seymour-Hoffman, por Jogos de Poder


Parece incrível eu escolher o irmão caçula do Ben Affleck como o melhor ator coadjuvante do ano, mas a verdade é que o trabalho de Affleck é fantástico, cheio de sutilezas e engradece muito o seu personagem, o que de outro modo, estragaria o filme totalmente. Mas é Bardem o favorito absoluto. Acho que os elogios ao ator é mais por uma discrição na interpretação, pois com aquele papel havia sério risco de se tornar exagerado e estereotipado. Felizmente, tudo dá certo no filme dos Coen e o prêmio vai acabar sendo justo, porque Anton Chigurh é um dos personagens mais memoráveis do ano.

O papel de Holbrook é pequeno, mas comovente. Já Wilkinson não me impressiona muito porque o filme, como um todo, não me impressiona muito.

Quem faltou: Justin Timberlake (Alpha Dog), Marcus Carl Franklin (I´m not There), Tommy Lee Jones (Onde os Fracos Não Têm Vez), Albert Finney (Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto).



Melhor Atriz Coadjuvante

1. Cate Blanchett, por I´m Not There

2. Saoirse Ronan, por Desejo e Reparação

3. Tilda Swinton, por Conduta de Risco

4. Amy Ryan, por Medo da Verdade

5. Ruby Dee, por O Gangster


A categoria mais difícil de se prever de todas. Amy Ryan, que havia vencido praticamente todos os prêmios da crítica, acabou perdendo os dois principais, o Globo de Ouro e o Sindicato dos Atores. No primeiro, deu Cate Blanchett. No segundo, deu Ruby Dee. O prêmio seria de Blanchett tranqüilamente se ela não tivesse vencido há alguns anos por O Aviador. Ela está maravilhosa, interpreta uma lenda viva da cultura norte-americana (ok, mundial) e é indicada por tudo o que faz (nem as críticas totalmente negativas de Elizabeth – Idade de Ouro impediu que ela figurasse na categoria principal). Mas sempre há uma resistência em se premiar alguém por duas vezes em tão pouco tempo. Ronan e Swinton ganham vantagem por estarem em dois indicados a Melhor Filme. Já Ruby Dee, que eu acho um exagero a indicação por apenas uma única cena que faz no filme, tem o voto sentimental.

Enfim, acho que qualquer resultado é bastante provável. Por ter que dar um palpite, escolhi a Swinton por conta da campanha forte de Conduta de Risco. Se há chances de ganhar um prêmio nas categorias principais, as maiores estão aqui. Mas a verdade, é que eu acho que apenas Blanchett faz um trabalho estupendo, digno de prêmios.

Quem faltou: Samantha Morton (Control)



Melhor Roteiro Original

1. Ratatouille

2. Juno

3. Conduta de Risco

Lars and the Real Girl

The Savages


Embora Ratatouille seja um espetáculo, a briga é mesmo entre os dois candidatos a Melhor Filme. Aposto em Juno por dois motivos: é a única chance real do filme sair com algum prêmio; e Tony Gilroy, diretor/roteirista de Conduta de Risco foi extremamente antipático na entrega dos prêmios do Sindicato dos Diretores, com alfinetadas em George Clooney, num claro ressentimento com o fato do astro ser o centro das atenções de seu filme. Acredito que isso pese contra, e Juno leve o prêmio. Mas o páreo é duro. E como seria bom um anulando o outro e sobrando para Ratatouille...

Quem faltou: Superbad, This is England, Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto.


Melhor Roteiro Adaptado


1. Onde os Fracos Não Têm Vez

2. Longe Dela

3. Desejo e Reparação

Sangue Negro

O Escafandro e a Borboleta


A escolha aqui também é difícil, e aposto nos Coen por acreditar em um favoritismo absoluto do filme deles. Mas já ganharam antes por Fargo, e talvez isso pese contra. O fato é que esta é a categoria para se premiar Paul Thomas Anderson, um dos maiores talentos da atualidade, então mesmo sem ter visto seu filme, minha torcida fica com ele. O Escafandro e a Borboleta também é um filme querido por muitos e poderia aparecer como surpresa. Não vejo possibilidades para Longe Dela e Desejo e Reparação, mesmo este último sendo um dos mais indicados da noite.

Quem faltou: Zodíaco, Na Natureza Selvagem



Melhor Animação

1. Ratatouille

2. Persepolis

Ta Dando Onda


Persepolis é muito simpático e visualmente interessante, mas convenhamos, bastante simplista na sua trama política. Já Ratatouille, além de divertidíssimo, tem aquele final espetacular, com o texto do crítico me levando aos prantos. E com mais quatro indicações, não parece provável que perca. Só não acho que seja certeza, mas espero que sim.


Melhor Documentário

1. Sicko

2. No End in Sight

Taxi to the Dark Side

Operation Homecoming: Writing the Wartime Experience

War Dance


Com todos os indicados sendo bastante politizados, arrisco em dizer que No End in Sight vai ganhar apenas porque vi o filme e sei que a questão que traz (o absurdo da ocupação do Iraque por parte dos EUA) é central nas eleições americanas deste ano. O filme é muito bom e importante e acho que será justo. Minha preferência pelo Sicko é porque trata-se de um doc divertido e esperto e eu adoraria ver o Michael Moore fazendo outro discurso contra Bush.

Quem faltou: Infelizmente não vi outros documentários. Quer dizer, acho que a obra-prima nacional Jogo de Cena não tá valendo, né?


Melhor Filme Estrangeiro

1. The Counterfeiters, da Áustria

2. Katyn, da Polônia

3. Beaufort, de Israel

Mongol, do Casaquistão

12, da Rússia


A categoria mais famigerada do ano. Com a ausência dos favoritos de todo mundo (4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, Persepolis, O Orfanato), não sobrou nenhum nome de peso, dificultando um palpite mais certeiro. Os três filmes que vi tratam diretamente dos horrores e absurdos da guerra (o austríaco e o polonês inspirados em histórias reais da II Guerra), mas apenas The Counterfeiters tem um judeu como protagonista. Judeus e nazistas estão bem caracterizados e a narrativa se aproxima mais do cinema americano. É a minha aposta, então.

Quem faltou: Apesar de não ser fã do filme romeno 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, é um filme mais interessante que Katyn e Beaufort. O filme israelense também esteve no centro de uma polêmica que desclassificou A Banda, o filme selecionado para representar o país e acabou dando lugar a Beaufort por ter a maior parte de seus diálogos em língua inglesa. A Banda é muito superior e deveria estar aí.


Quanto as demais categorias, coloco apenas quem acho que vai ganhar, com breve comentário:


Melhor Montagem – O Ultimato Bourne

Apenas porque espero que reconheçam este trabalho fantástico. Mas é um prêmio que muitas vezes fica com o Melhor Filme.


Melhor Fotografia – Onde os Fracos Não Têm Vez.

Novamente apostando no favoritismo do filme dos Coen. Além do mais, o fotógrafo Roger Deakins nunca venceu o Oscar e já deveria ter sido reconhecido há muito tempo. Mas também indicado pela fotografia de O Assassinato de Jesse James..., pode correr o risco de ter seus votos divididos, porque são dois trabalhos excelentes. Caso aconteça, Sangue Negro pode tirar vantagem.


Melhor Direção de Arte – Desejo e Reparação

Desejo e Reparação será reconhecido em suas categorias técnicas que compõem muito bem a época da trama. Aposto nele nesta categoria apenas por isso, pois o trabalho de Sweeney Todd é bem mais interessante.


Melhor Figurino – Desejo e Reparação

Aqui me parece mais óbvio ainda. E não será injusto.


Melhor Maquiagem – Piaf – Um Hino ao Amor

Mesmo não tendo visto ainda, é melhor do que acreditar que Norbit vença, né? Piratas do Caribe só seria possível, se os membros da Academia achassem que devem algo a essa trilogia bilionária, mas medíocre.


Melhor Trilha Sonora – Desejo e Reparação

Embora eu não goste muito do filme, não é a trilha que atrapalha. Acho, aliás, que se há tanta admiração por Desejo e Reparação, é a trilha sonora a responsável pelos momentos “inesquecíveis” que tanta gente vê nesse filme. Minha torcida fica pelo Ratatouille.


Melhor Canção – Falling Slowly, de Once

Um dos filmes mais simpáticos do ano, lembrado apenas por uma canção. Tem que ganhar.


Melhor Som – O Ultimato Bourne

Melhor Edição de Som – O Ultimato Bourne

Não sei se Bourne ganhará nas duas categorias, mas espero que em pelo menos uma. Acho categorias sempre muito difíceis de prever e que às vezes dependem de outras categorias mais importantes, podendo ficar como “consolação” para Ratatouille ou Sangue Negro, ou ainda consagrar em definitivo o filme dos Coen. Convenhamos que Transformers também é um espetáculo neste quesito. Mas eu fico na expectativa que os votantes prestigiem o grande filme de ação do ano que, por ser de um gênero discriminado, não teve chance de chegar aos prêmios principais. Mesmo merecendo.


Melhores Efeitos Visuais – Transformers

Apesar de falarem dos efeitos impressionantes de A Bússola de Ouro, acredito que seria mais que justo o filme do Michael Bay ganhar esse. É doloroso dizer isso, porque filme de Michael Bay na verdade merece o esquecimento eterno.


E é só. As categorias de curtas são impossíveis, já que não tenho referência de nenhum deles.




Hélio.

[Supernatural] 3x09 - Malleus Maleficarum


Estou deveras atrasada com Supernatural. Esse carnaval no começo do mês, mais viagens e viagens, saúde precária, Lost de volta...enfim. Drama. Até ameaça de cancelamento SN teve. Tudo não passou de firulas. A série está aí, firme e forte.

E vamos aos fatos. Lembrando que SN foi uma das poucas séries que conseguiu exibir um especial de e natal.

O episódio já começa com uma cena de embrulhar o estômago, eu estou adorando a ousadia de SN, aqueles dentes, ritual de "magia negra", bruxas modernas...E os meninos de terno é sempre um prazer.


Acho que foi um episódio que discute o mal moderno da ambição. A realização do desejo em suas diversas e variadas formas.

Sam parece cada vez mais distante e frio de suas relações, analisa os casos de maneira muito distinta ao que era antes. Chegam a conclusão que está perecido com o cinismo de Dean. Será? O grande dia estará perto? Ruby continua uma incógnita, o que ela está ganhando salvando repetida vezes os irmãos? Qual é o seu verdadeiro lugar nesta guerra? Ou é apenas uma "pessoa" que deseja a redenção?

Ainda é cedo para saber, os demônios sempre pregam peças.

**fotos -reprodução do teenage wasteland

Cenas/Frases legais:
"Pq o coelho sempre se fode nos pactos?"
"Então temos certeza que ela usou a bíblia errada"
"Burn, Witch, burn"
" Vocês acham que conseguiram tudo com a força do pensamento? O Segredo?"
"Ei vi Hellraiser, tenho uma boa idéia"

Danielle Mística

sábado, 23 de fevereiro de 2008

[LOST] 4x04 Eggtown

Desde o primeiro flashforward revelado no final da temporada passada, minha preocupação é que estes eventos no futuro prejudiquem um bom andamento e as surpresas no tempo presente. Em mais um episódio centrado em Kate, isso confirmou-se em seu julgamento de todos os crimes já cometidos, após o resgate.

Kate já estava incluída entre os "Oceanic Six" e seu encontro secreto com Jack no aeroporto era o suficiente para saber que ela teria livrado-se da condenação de algum jeito. Porém, existem várias formas de contar uma boa história e para mim, acompanhar o julgamento, não foi a melhor forma. Além de alguns fatos estranhos, como Jack ter deposto como testemunha de caráter antes mesmo da acusação colocar o caso em pauta, o que realmente não faz sentido é Kate conseguir uma condicional contando com tantos outros crimes em sua ficha. E eu nem preciso comentar o porquê da mãe de Kate ter permanecido viva até ali, né?
Bom, eu preferiria que tivessem criado uma outra forma de libertar Kate e que não envolvesse nenhum advogado. Mas tudo bem, porque o discurso de Jack, pelo menos, salvou esse julgamento do desastre. A história oficial contada por Jack (e provavelmente combinada entre os outros Oceanic Six) conta oito sobreviventes da queda do 815, sendo que no caso dois não puderam ser resgatados. Ou talvez esses dois foram resgatados e vieram a falecer. Ou simplesmente Jack prefere falar oito, como Miles prefere extorquir Ben em 3,2 milhões de dólares. Mas isso já nos leva aos acontecimentos na Ilha.
Começamos o episódio com Locke abrindo os olhos e levando comida para Ben, no porão onde antes vimos Anthony Cooper. Isso remete praticamente a um flashback da segunda temporada. Ben percebendo isso, faz aquilo que sabe melhor: tenta confundir a cabeça de John. Mesmo que isso pareça fazer efeito, com Locke perguntando a Sawyer durante o jogo de gamão (primeira temporada, duas cores confrontando-se e tal) sobre como os outros tem visto suas decisões, John Locke não é mais o mesmo e parece ter evoluído como líder. Após o contato com os Outros e sua decisão de permanecer na Ilha, ele entende que tem de manter-se no plano original, custe o que custar e usando de seu melhor artifício. No caso de John, explodindo quem ficar no caminho.

Entretanto, o episódio não foi centrado em John, mas sim em Kate. Talvez esse tenha sido o maior problema, porque para mim Kate não consegue ir além de uma boa coadjuvante, principalmente após ficar tanto tempo ao redor de Jack e Sawyer. Tanto é que Sawyer precisou ser peça-chave aqui também. Depois de aplicarem um golpe bizarro em Locke (que só teria caído se estivesse embriagado com o Dharma Box Wine), Kate conseguiu juntar Miles e Ben numa mesma sala. Para quê? Kate depois de ouvir tantos segredos e mistérios, ter uma arma na mão e os dois amarrados a sua frente, só importar-se em saber de sua popularidade fora da Ilha (okay, eu não queria que isso ficasse com tanta cara de reality show assim). Ora essa, dêem um texto melhor para essa garota!
Mas o grande problema foi a tentativa de vender durante o episódio inteiro a idéia de que Kate estaria grávida de Sawyer. Assim tivemos o que parece ser a última cena dos dois na Ilha, quando Sawyer rejeita ter um filho com Kate. Grávidas na Ilha morrem, e isso seria razão suficiente para Sawyer ser perdoado. Só isento o rapaz porque deve ser difícil raciocinar estando na mesma cama de Kate e seus cabelos molhados. Além da quebra do relacionamento entre os dois, o episódio marcou a volta de Kate ao marasmo da praia, que cada vez lembra mais o início da terceira temporada.
A única cena relevante foi o jogo de cartas entre Dan e Charlotte. Logo lembrei-me da cena de "Caça-Fantasmas" em que Bill Murray faz aquele teste de Zener para medir sua clarividência. Mas pela decepção e preocupação de Dan, parece ser algum problema de memória mesmo. Fora isso, descobrimos que o helicóptero ainda não chegou no cargueiro, o que praticamente não tem importância alguma.

Para mim foi surpreendente a revelação do filho de Kate e não desconfiei nem enquanto ela olhava Aaron no berço com uma feição que parecia ir além de "querer arrancar suas bochechas". Não que eu desconfie que Kate tramou o rapto do "cabeça de nabo", mas pela reação de Jack em não querer ver o garoto de forma alguma, uma simples adoção é que não foi. A grande carta na manga da história acabou ficando para o final. Mas isso é televisão, e não uma partida de pôquer para blefarem o episódio inteiro. Até poderia dizer que tenho esperanças que essa gravidez não vire uma ponta solta do roteiro, mas depois da entrevista concedida por Cuse e Lindelof para a EW, dizendo que os braceletes de Elsa e Naomi em "The Economist" eram apenas coincidência, só posso dizer que os produtores sabem onde querem chegar, mas não sabem como chegar.
E ao final do episódio, após Kate dizer o nome de seu filho, não resisti em exclamar:
— Gone Baby Gone!

Observação: Algumas pessoas assistiram ao episódio com uma legenda que estraga todo o clímax ao revelar o nome errado do bebê da Kate. Lamento profundamente o ocorrido e volto a recomendar a legenda dos Psicopatas, a única equipe que não traduz Aaron como Earn.



e.fuzii

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

[FILME] Sangue Negro

"There Will Be Blood". Um filme de Paul Thomas Anderson baseado no livro "Oil!" de Upton Sinclair.
Fotografia de Robert Elswit; editado por Dylan Tichenor; trilha sonora por Jonny Greenwood; produzido por P.T. Anderson, JoAnne Sellar e Daniel Lupi. Duração: 2 horas e 38 minutos.

Com Daniel Day-Lewis (Daniel Plainview), Paul Dano (Paul Sunday/Eli Sunday), Kevin J. O’Connor (Henry), Ciaran Hinds (Fletcher) e Dillon Freasier (H. W.).

Em sua quinta obra como diretor, Paul Thomas Anderson vem novamente provar seu domínio da linguagem do cinema numa obra-prima, centrada em um figura que beira o horror. Acompanhamos a história de Daniel Plainview, um dos primeiros barões do petróleo, no início do século passado. Sem muito o que contar sobre seu passado, somos introduzidos ao personagem numa cena muda de quase 15 minutos, em que Daniel busca solitário por preciosidades em uma mina. Após sofrer uma queda e quebrar a perna, ele é obrigado a voltar arrastando-se por vários quilômetros. Sua primeira precaução, antes mesmo de visitar um médico, é certificar-se que a pedra encontrada era valiosa. E quando é confirmado que seu esforço valeu a pena, Daniel ainda consegue abrir um sorriso triunfal. Isso já parece o suficiente para caracterizar o isolamento de Plainview, mas o que vimos a partir daí é a dura jornada de quase 3 décadas de um homem tentando sobrepujar o mundo onde só enxerga o pior.

Alguns anos depois, já no início da exploração do petróleo, Plainview acompanha a morte durante a dura tarefa de um de seus companheiros, que acaba deixando um filho órfão. Adotando o bebê como seu, Plainview "batiza" o menino usando do próprio óleo, o que não deixa de significar o modo como tratará esse filho dali para frente. Além de usá-lo como forma de ganhar confiança nos lugares onde pretende explorar (dizendo ser "homem de família"), Plainview considera H.W. como seu sócio, como se os negócios/petróleo os unissem.

Através da indicação de um garoto, Daniel Plainview chega à cidade de Little Boston e promete trazer a riqueza subterrânea para a árida e pobre vida de sua população. Ali é onde os primeiros conflitos começam a acontecer, hora com as grandes empresas questionando e menosprezando seus esforços, hora com seu adversário na cidade, o carismático pastor Eli Sunday, seguido de perto por vários devotos. Ambos parecem a todo momento pregar para a população, em um interessante embate entre enriquecer ou obter a salvação espiritual. Seu orgulho e crença fazem com que um tente vencer ao outro, mesmo que uma união dos dois talvez fosse o plano perfeito. Um tenso relacionamento que permeia a sociedade americana desde sua fundação.
Pela sua importância como combustível, o petróleo é o que move nosso mundo e, através de seu desprezo pela humanidade, também move Daniel Plainview. Assim como no descontrole de sua extração, a personalidade de Plainview também está prestes a entrar em erupção a qualquer momento, causando destruição e deixando vítimas. Ele é apenas uma pequena amostra do que as grandes empresas e até os governos são capazes quando também tem o "sangue negro" correndo em suas veias. É isso que dá um caráter crítico e universal ao filme, alcançando além de seu realismo, um espetáculo cinematográfico.
"Sangue Negro" é um filme que atinge o ritmo certo, com elegantes passagens de tempo e sempre com cenas relevantes e de profundo significado. Feito para brilhar no papel principal, Daniel Day-Lewis tem sua melhor atuação da carreira ao conferir a segurança de Plainview, mas sempre deixando o espectador instigado com sua inesperada próxima ação. Já Paul Dano é subestimado em mais um de seus papéis, encarnando de forma convincente todos os sermões do jovem pastor Eli Sunday.
Depois do órgão harmônico de "Punch-Drunk Love", Anderson consegue atingir uma complexidade ainda maior ao explorar os sons naturais e acidentais do mundo, ao lado da tensa trilha sonora composta por Jonny Greenwood (guitarrista do "Radiohead"). Às vezes com arranjos dissonantes, às vezes até descompassados, o som garante um desconforto ainda maior do espectador e não parece à toa que um dos personagens fique surdo no meio da projeção.

Em seu ato final, já estabelecido como grande barão do petróleo, reencontramos Daniel Plainview perto da época da recessão americana, renegando seu filho por querer trabalhar sozinho. Eli Sunday também faz sua última visita, desesperado com sua situação financeira, a ponto de ir contra seus próprios princípios. Porém, se já não fosse o bastante humilhá-lo, Plainview precisa fazê-lo vítima no ápice de sua crueldade.
E depois de extrair essa última gota o filme termina, esgotado junto de Daniel Plainview, que diz: "I'm finished". Uma pena que pela "barreira" entre as línguas a legenda em português não consiga transmitir toda a profundidade dessa frase. Mas filme bom é assim: escrever centenas de palavras e constatar que elas falham em ir além da superficialidade. Talvez ficar em silêncio e acenar com um sorriso triunfal já fosse o suficiente.



e.fuzii

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

[CRIMINAL MINDS] Novos Episódios


Finalmente temos alguma informação a respeito do retorno da série. Não há nada oficial no site da CBS mas o spoilerTV afirma que o 3X14 irá ao ar no dia 02 de abril.
O episódio terá o título de 'Recall' e deve ser muito interessante. Tratará dos tais 'unfinished business' do Rossi.
A breve sinopse diz que 'Rossi viaja a Indianapolis para continuar as investigações de dois assassinatos não solucionados e que o assombram há 20 anos'.

Deve ser um episódio-chave afinal o retorno do Agent Rossi ao BAU deveu-se a esse crime, como ele já disse. E aquela corrente que ele carrega consigo,e que ele mostrou para aquele xerife no 3X11, é referente a esse crime brutal - e que ele fracassou em prender os unsubs.

Enquanto isso, vale conferir a terceira temporada que começou no AXN, em novo dia e horário. O 3X01 foi ao ar sexta passada. Dia 22, teremos o 3X02.

AXN - Nova temporada: sextas, 20h. Reprises: sábado, 19h; domingo, 5h e 6h; segunda, 10h e 15h.

Celia.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

[LOST] 4x03 The Economist

Depois de dois ótimos episódios nessa temporada, Lost não decepciona e traz o mesmo ritmo alucinante aliado a diversas reviravoltas. Já somos surpreendidos logo de início com o flashforward de Sayid, que agora parece ter "permissão para matar" e faz sua primeira vítima após perder uma aposta no golfe. Claro, tudo isso planejado para ele estar de forma providencial naquele buraco. Mas o mais interessante acontece quando Sayid muda-se para Berlim.
Aproveitando o dia dos namorados americano (dia 14 de fevereiro), Lost apresentou o relacionamento entre Sayid e Elsa, uma moça com um estranho emprego ligado ao "economista" do título. E conforme o tempo passa e os dois estão mais íntimos, Elsa parece estar correndo um perigo eminente. Embora não entenda o porquê da surpresa de Elsa em Sayid ter encontrado-a de propósito no café (já que o iraquiano parecia ser sua missão), foi bastante surpreendente a revelação de que ela era outra agente, interessada no "chefe" de Sayid. Ainda bem que eles resolveram suas diferenças antes de tornarem-se marido e mulher.

Entretanto, não foi apenas fora da Ilha que tivemos reviravoltas. O trio formado por Sayid, Kate e Miles vão à procura do grupo de Locke para resgatar Charlotte. Miles, que na semana passada era meu personagem favorito, foi bastante irritante durante todo o episódio, mas embora tenha sido um truque genial de Sayid, trocá-lo por Charlotte chega a ser sacanagem. Servindo como isca para uma emboscada ao trio, Hurley acabou sendo uma ferramenta bem rasa. Terminar a cena em que Hurley questiona as ordens de Locke de forma ambígua pareceu ser uma forma de tentar nos enganar e engolir qualquer tipo de reação de Hurley a partir dali. Muita coisa pode ter acontecido depois daquilo e sei que o ritmo dos episódios é mais rápido agora (e põe rápido nisso), mas tem momentos que pedem para as dúvidas da personagem serem colocadas nas costas do ator.
Para os shippers também não faltou emoção, mesmo com a cena sem sal entre Kate e Jack. Já o encontro entre Kate e Sawyer parece ser o mais revelador para o destino das duas personagens até aqui. Sawyer é outro que chega à conclusão de que continuar na Ilha é melhor que tentar a sorte no mundo exterior. Mais uma vez, como aconteceu no embate entre o plano de Jack e Locke, fica o mistério sobre o porquê de Kate resolver sair da Ilha, quando o mais sensato seria ficar.
Não existe forma melhor de descobrir os segredos de alguém que a pessoa certa estar no local certo. Sayid descobre a sala secreta de Ben, que com tantas moedas e passaportes diferentes, são indícios de que a foto de Ben foi mesmo tirada fora da Ilha. Depois dessa revelação das idas e vindas de Ben e Sayid estar seguindo mais uma lista, ficou claro quem seria o chefe: Benjamin Linus. E mesmo que a revelação já tivesse sido entregue por esses detalhes e pela própria voz inconfundível de Michael Emerson, foi um alívio enorme saber que Ben estará mexendo seus pauzinhos até o final da série.

Para provar de uma vez por todas as minhas suspeitas que o tempo da Ilha corria diferente do exterior, Dan Faraday desenvolve um experimento simples para receber um foguete enviado por Regina (só de ouvir sua voz já fico ansioso para ver Zoë Bell em Lost). E se na contagem o objeto deveria chegar em alguns segundos, ele leva muito mais tempo que isso. Mas o mais impressionante é que seu relógio interno marca 31 minutos de diferença com um daqueles que estavam na Ilha. Parecia claro que essa seria a única forma de explicar o útero das mulheres e até os flashes do Desmond na temporada anterior. Para completar, Jack ainda intrigado com a vitória do Red Sox, diz o número de dias que os Losties estão na Ilha e Frank quase responde que ele estaria errado, mas infelizmente acaba sendo interrompido.

Os eventos que ocorrem na Ilha e no flashforward foram ligados através do bracelete encontrado em Naomi, igual ao que Elsa também usava. Poderíamos presumir que elas seriam da mesma equipe? Porque, afinal, é difícil ocorrer uma coincidência como essa. Sayid afirmar que vive das indenizações da Oceanic e isso ser o suficiente para assustar o golfista, só pode significar que o resgate deverá ser feito pela equipe mandada por Abaddon mesmo. Porém, o arrependimento talvez tenha feito Sayid unir-se a Ben e tentar voltar à Ilha. E pelo celular usado por Sayid para se comunicar com Ben seu flashforward é no mínimo contemporâneo àquele dos delírios de Jack. O que surge de mais estranho de tudo isso é Elsa estar encumbida de descobrir quem seria o chefe da organização, quando tudo parece tão claro. A não ser que o tal "economista" e sua empresa não tenha ligação com a Ilha, o que seria mais estranho ainda.

E assim Desmond e Sayid vão ao encontro do barco. Já que Locke foi incapaz de derrubar o helicóptero (sério, que legal seria ver John Locke com um lança-mísseis em cima de uma das montanhas tentando derrubá-lo, não?) só resta mesmo esperar que Jacob apodere-se do corpo vazio de Naomi. Claro, não sem antes de encontrarmos os tripulantes do barco, que tem tudo para ser bastante interessantes.

Update 17/02: Eu não costumo (e não gosto) de atualizar postagens antigas, mas depois de rever por pelo menos 15 vezes a cena em que Juliet chega com Desmond ao local do helicóptero, não pude deixar de vir aqui comentar. Não sei de onde Elizabeth Mitchell consegue colocar tanta emoção numa cena simples assim.



e.fuzii

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

[24 Horas] Má Notícia - Joel Surnow deixa a série!

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É isso, meus amigos. Depois de tanto tempo sem postar imaginei que teria algo bom para fazer surpresa, mas ela não foi tão agradável. A noticia a seguir veio do Omelete, por Marcelo Hessel.

Criador de 24 Horas sai do seriado, que adia temporada para 2009

Joel Surnow deixa oito episódios prontos para o ano sete e vai cuidar de novos projetos
13/02/2008

Em novembro do ano passado, por conta da greve de roteiristas, o canal Fox dos EUA adiou por tempo indeterminado a estréia da sétima temporada de 24 Horas, antes prevista para janeiro de 2008. Agora vem a informação de que a série só volta mesmo em 2009. Essa não é a pior notícia. O co-criador e produtor-executivo Joel Surnow está deixando a série para "cuidar de outras empreitadas criativas". Ainda que seu contrato com a Fox só expire no dia 30 de abril, os dois lados decidiram que esse hiato imposto pela greve seria um bom momento para a mudança.

"Trabalhei por sete anos, quase oito, com as mesmas pessoas. Durante a greve comecei a pensar em outras coisas e decidi que era hora de dar oportunidade a elas", resumiu Surnow à Variety. Com a sua saída, extingue-se a produtora Real Time Productions, que Surnow criou com outros dois idealizadores da série, Howard Gordon e Robert Cochran, para viabilizar 24 Horas. Para quem fica, sobra a missão de tirar 24 Horas do seu inferno astral. A sexta temporada foi demolida pela crítica e, na metade do ano passado, a Fox ordenou que episódios do ano sete fossem reescritos em pleno processo de filmagem. O canal tem na lata, hoje, oito episódios prontos da inédita sétima temporada. Quando ela começar a ser exibida no ano que vem, ainda não se sabe que rumo tomará. Estavam prometidas voltas de personagens antigos, novos nomes e até uma presidenta para os EUA.




Joel era um dos três principais produtores e criadores da série, conhecido pelo perfil político altamente conservador; ele se auto-denomina republicano e grande admirador do ex-presidente norte-americano Ronald Reagan. Também doou dinheiro para campanhas políticas de candidatos republicanos ao senado. Foi até acusado pelo site MSNBC, afiliado à NBC, concorrente da FOX e emissora de Heroes, de ser o pior produtor de TV da América. Tenho que discordar. Pedaços do texto fazem menção à visita que a cúpula de 24 recebera do alto comando da Marinha norte-americana na qual lhes foi pedido que removessem do seriado as cenas de tortura. De fato, a últimacena que foi ao ar na qual poderíamos termo visto uma cena de tortura foi a do 6x16, que por acaso foi o episódio que foi ao ar ontem na Globo, na qual Jack ameaça Gredenko apenas com poucas palavras ameaçadoras. As cenas mais "fortes" ficaram para o começo da temporada e as anteriores. O que não quer dizer que nunca mais as veremos. Mas já comentei mais de quatro vezes sobre o uso da tortura aqui, não vou me prolongar, até porque eu estou desviando do assunto... Mas Joel deverá fazer falta. Ele é um dos responsáveis por levar 24 ao status de "série mais cara antes de 2005", quando 24 foi superada pela minissérie Rome (muito boa por sinal, recomendo!). O dinheiro injetado na série possibilitou que 24 ganhasse tantos Emmy's pelo trabalho.


Não sabemos ainda o que acontecerá com o futuro da série sem ele, talvez melhore, ou talvez piore. Ele era pessoa importante, roteirista inclusive, e roteiro é um dos pontos mais fortes de 24. De qualquer forma é cedo pra dizer. Espero, pelo menos, que o desfalque motive a equipe remanescente e que eles dêem a seqüência aos episódios 9-24 da maneira mais fenomenal possível, como fizeram até a quinta temporada.


Até breve leitor! :)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

[Podcast] The Beginnig Of the End - Confirmed Dead

Mais uma vez o Ces, em parceria com o blog e comunidade Teorias Lost, está num podcast. Dessa vez sobre os melhores momentos da temporada que se inicia! E começou muito bem!

Neste podcast analisamos os "oceanic 6", os novos personagens, informante de Ben, teorias da conspiração e algumas coisinhas a mais.

Vale a pena ouvir!

Fuzii comenta sexta feira o episódio fresquinho, 4.03 - The Economist (Sayid)

Duração: 34 minutos

Download> 4Shared - (download ou apenas ouvir)

Ouvir direto:

boomp3.com



Danielle Mística

[FNL] 2x15 May The Best Man Win

Dillon recebe a visita do próprio Peter Berg, como o namorado anterior de Tami antes de Coach Taylor. Como não poderia deixar de ser, ele é exatamente o oposto do treinador: inquieto, falador e sem nenhum tipo de vergonha. E, claro, tudo isso é mais do que suficiente para irritar Coach Taylor cada vez mais.
A garçonete que um dia salvou Jason da garota-fetiche, reaparece para dizer que está grávida. E a surpresa de J é que todos diziam que ele não seria capaz de ser pai. Mas a garota parece preferir o aborto.
Lyla é levada numa viagem para conhecer o sítio da família de Chris/Logan. E a família é tão perfeita que Lyla parece não se sentir a vontade. Enquanto isso, Tim Riggins continua no perímetro, só esperando que Lyla caia para ele levantá-la.
Smash acaba sendo rejeitado pelo técnico do Alabama, após até humilhar-se para conseguir uma bolsa. Sem saída, ele procura até uma chance no Arena Football. Mas é só Coach Taylor fazer um de seus truques para o garoto voltar a ter uma pequena esperança de tornar-se profissional.
5. Então, Lyla só continuou na série para descobrir que ela não quer uma família perfeita? Yikes! Agora até sexo antes do matrimônio é "discutido". Por outro lado, eu gosto de ver Riggins indo para a Igreja, principalmente no caso de ele um dia perceber que está indo por vontade própria. Afinal, Riggins ligado a Lyla é patético. Mas sua participação na rádio foi engraçada, mesmo que totalmente inapropriada.

4. Sinceramente, além de não ter informação alguma de como foi a partida da semana passada, sinto-me meio idiota por ter acreditado que realmente seriam difíceis essas três partidas sem Smash. Um jogo que mais parecia um casados contra solteiros, com Saracen lançando Landry para pontuar tranquilamente e dando pontos de consolo para a outra equipe. No quesito futebol, nota zero.

3. A história de Smash, embora parecesse promissora, acabou perdendo tempo demais sendo dramática e teve um final previsível. Afinal, tinha certeza que haviam universidades ainda interessadas em seu talento. Pelo menos no futebol tupiniquim, ser garoto-problema não é sinal de caso perdido. Mas no final, gostei que o "mestre" de Coach Taylor tenha acolhido o rapaz, mostrando todo seu valor.

2. Cheguei a achar engraçado que a garçonete voltasse a encontrar Jason para dizer que estava grávida. E nessas situações não é fácil levar a história de uma forma fluída que não caia no banal. Depois também de 3 bons filmes desse ano falarem sobre o assunto, sobrou pouca coisa para FNL. Mas inverter a situação e Jason tentar convencer a garota a ficar com a criança (com motivos beirando o egoísmo, é verdade) foi bastante interessante. O final não porderia ter sido melhor, com Jason dizendo "Give it a chance" por essa ser a última chance dele ser pai, assim como pedindo uma chance para que o seriado seja renovado.

1. Como sempre, Coach Taylor salvou outra vez o episódio. Além de resolver a vida de Smash e aconselhar Jason, sua história mais "leve" confrontando o antigo namorado de Tami foi hilária. Desde a primeira vez que ouviu seu nome, Coach Taylor já levantou a sobrancelha o suficiente para saber que esse encontro não terminaria bem. Resultado: depois da disputa com a garrafa de whisky, Peter Berg e Kyle Chandler terminam rolando no chão do restaurante. Mais engraçado que isso, só o dia seguinte, todo arrebentado e com uma terrível ressaca, sendo acordado por Julie. Ah, a família Taylor...



"Give it a chance"

Isso é tudo que podemos pedir. Depois de uma segunda temporada bem irregular e com nenhuma melhora nos índices de audiência, Friday Night Lights tem pouca chances de renovação. Esse episódio já foi tratado como "Season Finale" pela própria NBC, portanto não há esperanças da produção voltar ainda esse ano. Numa entrevista recente para o Radar Online, Ben Silverman desencorajou mais ainda, dizendo que é difícil manter duas séries com pouca audiência, e a preferência é para 30 Rock.
Boatos voltam a correr de que Friday Night Lights poderia mudar de emissora. No final da primeira temporada, a grande interessada na franquia era a própria ESPN, mas com a falta do futebol nessa segunda temporada acho difícil voltarem a ter interesse. É uma pena que perderam tanto tempo desenvolvendo tramas de assassinato, enfermeira latina e roubo a traficantes, desviando totalmente o foco do futebol. Sim, sempre disseram que Friday Night Lights não é uma série sobre futebol, mas alguém acredita nisso? Para mim, isso sempre foi para atrair um público que rejeitaria qualquer história com o esporte. Como o próprio nome sugere, tudo não passa do culto que a cidade tem pelo time dos Panthers.
Ignorar isso, produzindo histórias que teimavam em não relacionar-se com nada, foi o maior erro da temporada. Aliás, se o objetivo era mesmo desenvolver tramas desconexas como essas, não entendo porque pular os meses de primavera e verão que não teriam jogos, mas sim apenas alguns treinos de pré-temporada. Pelo menos, o roteiro ficaria mais fluido.
Volto a repetir que é uma pena perdermos personagens tão fascinantes e atores tão talentosos, que podem nem ter um digno final para sua série. Já começo a sentir saudades de Dillon...



e.fuzii

domingo, 10 de fevereiro de 2008

[Filme] Medo da Verdade (Gone Baby Gone)

Olá, pessoal. Há muito tempo que não escrevo para o blog, inclusive fiquei devendo comentários dos dois últimos episódios de Heroes. Como isso faz parte de um passado distante, vou pedir desculpas e seguir adiante. Prometo que quando a série retornar, vou manter a periodicidade. O tempo está curto para escrever sobre minhas paixões, mas deixa eu postar aqui meus comentários sobre o filme do Ben Affleck, "Gone Baby Gone", que em breve estreará nos cinemas (com bastante atraso, aliás).


Esse texto foi escrito para meu novo blog, uma tentativa de registrar meus pensamentos sobre alguns filmes e séries que ando vendo. Infelizmente, escrevo menos do que gostaria (praticamente nada ainda), mas um dia chego lá. Aliás, se tiverem um tempinho e quiserem dar um feedback, o link é este.


Vou tentar postar aqui e lá e, quem sabe, render discussões interessantes. Segue o texto, editado apenas para inserir fotos:





“Medo da Verdade” é a adaptação para o cinema do livro “Gone Baby Gone”, do escritor Dennis Lehane, considerado um dos grandes autores de romances policiais da atualidade. Lehane já foi adaptado antes, com o seu “Sobre Meninos e Lobos”, por Clint Eastwood e resultou num filmaço. Como fã dos livros do cara, lamentei quando soube desta nova adaptação por dois motivos:


“Gone Baby Gone” é o quarto romance de uma série de cinco aventuras dos detetives Patrick Kenzie e Angela Gennaro, principais personagens criados por Lehane, e que são envolvidos nestes livros em tramas densas, onde a violência e a sordidez estão sempre presentes e que afetam fisica e psicologicamente a vida dos dois. São histórias que podem ser lidas e entendidas individualmente, mas em ordem cronológica são bem mais interessantes, pois o leitor compreende melhor o comportamento dos personagens (protagonistas e secundários) e o fardo que carregam. São cinco livros que dariam grandes filmes policias. Com o lançamento do quarto livro nos cinemas, infelizmente torna-se bem improvável que os outros sejam adaptados, ao menos da forma como deveriam, ou seja, com uma continuidade entre as obras, mesmo elenco, etc.


O segundo motivo de lamentação era saber que “Gone Baby Gone” estava sendo adaptado por Ben Affleck, um desses galãs canastrões que surgem de vez em quando, que nunca fez nada de muito expressivo como ator (embora goste dele nos filmes do Kevin Smith, “Procura-se Amy” e “Dogma” – dizem que ele está ótimo em “Hollywoodland”) e, apesar de já ter levado um Oscar de roteirista por “Gênio Indomável”, nada fazia crer que tinha talento por trás das câmeras. Estrear justamente na adaptação de um livro que gostei tanto me causava tristeza imensa.


Quanto ao primeiro motivo, realmente estava certo. Com a escolha de Casey Affleck para o papel de Patrick Kenzie, o personagem do filme lembra muito pouco o protagonista dos livros, que não só é mais velho, mas também já traz em si as marcas dos traumas sofridos com as três grandes investigações anteriores, narradas em “Um Drink Antes da Guerra”, “Apelo às Trevas” e “Sagrado” (a última aventura é narrada em “Dança da Chuva”). Só este detalhe já acaba com qualquer possibilidade de se criar uma saga cinematográfica da dupla Kenzie-Gennaro, a não ser que refilmem “Gone Baby Gone”, algo muito improvável.



Affleck e Monaghan: novos demais para os papéis.

Para os fãs da obra de Lehane, há outras alterações imperdoáveis, como a pouca atenção dada a Angie Gennaro, que virou figurante de luxo no filme; e a caracterização de Bubba, bem distante do que conhecemos no livro. Um dos personagens mais queridos, Bubba é o amigo psicopata de Patrick e Angie, grandalhão e ameaçador, que só tem carinho pela dupla de investigadores e mais ninguém. No filme, Bubba não só aparece pouco (algo até aceitável para essa adaptação), mas é encarnado por um ator gordo, com cara de moleque e nada assustador. São detalhes que deixam os fãs indignados (eu, pelo menos), mas que pouco importam para a análise da obra em si, que é o que deve ser feito por um cinéfilo.


Então vamos ao outro motivo de receio por essa obra. Primeiro, é bom dar uma sinopse do filme: é a história do desaparecimento de uma menina de quatro anos, que causa comoção nacional, por não haver a mínima pista do que realmente aconteceu. Dias já se passaram e mesmo com toda a polícia local investigando, os detetives particulares Patrick Kenzie e Angela Gennaro são contratados por parentes da criança, na esperança que eles descubram algo, já que são moradores da vizinhança e teriam maior facilidade em fazer contato com pessoas que poderiam estar envolvidas no caso (a mãe da menina é usuária de drogas e anda com gente barra pesada). É na investigação, junto a uma dupla de policiais, que o casal descobrirá que o caso é bem mais complexo e perigoso do que se esperava.


Contra todas as expectativas, o trabalho de Ben Affleck foi bem recebido pela crítica. Affleck, inclusive, apareceu na lista feita pelo The New York Times dos 10 novos cineastas a se observar (o brasileiro Bruno Padilha foi outro a estar na lista). Na verdade, minha impressão é que o filme foi elogiado mais por ter um roteiro de interesse, boas interpretações (Casey Affleck, irmão mais novo de Ben, está bem e Amy Ryan, como a mãe da criança desaparecida ganhou quase todos os prêmios da crítica) e uma direção contida de Affleck. O ator filma bonitinho, certinho e só. O roteiro acerta nas coisas que deixa de lado no livro, acrescenta uma narração em off no início bastante apropriada, além de uma conversa do protagonista com o personagem de Morgan Freeman já próximo do fim do filme que bem poderia ter estragado tudo, mas que no final das contas deu certo.


Amy Ryan, favorita ao Oscar de Atriz Coadjuvante.

Para mim, o problema da direção de Affleck é não saber dar conta de toda tensão criada por alguns dos momentos-chave do filme: as seqüências em que os personagens encontram um corpo em decomposição; o suposto resgate com a troca pelo dinheiro; a invasão à casa de um casal de drogados; e o assalto no restaurante. Embora o diretor não tenha abusado de cortes rápidos (uma praga que assola boa parte dos filmes atuais), ficou a impressão de uma correria para que coubesse tudo em 120 minutos de filme. Um corte ridículo, quando Angie está no topo do precipício olhando para o lago e imediatamente ela já está mais afastada pegando impulso para pular, é um bom exemplo da falta de experiência de Affleck, que deveria ter investido mais tempo nestas seqüências para efeitos mais dramáticos.


Este ato de Angie acaba se tornando um tanto apressado e patético e não tem a força que o livro expressa tão bem. Isso porque, além de tudo, a personagem é deixada de lado e suas preocupações e sentimentos são expressos apenas em diálogos breves, como seu medo de aceitar o caso por não querer saber o que realmente aconteceu com a menina (o tal “medo da verdade” do título nacional). Um acontecimento importante, deixado de fora do filme, é a sua reação depois da visita do casal a um bar barra pesada, em busca de informações, e um dos homens ameaça estuprá-la (no livro, ela chora e demonstra horror pela violência arbitrária e sem sentido que tem presenciado). Não só situa melhor o papel da personagem, em especial no final do filme, como também ressoa o principal tema da obra.


Essa falta de ressonância dos personagens, e também da encenação de muitas das seqüências acaba por diminuir o filme como um todo, que só resulta em discussão interessante por conta do que já estava lá no livro de Lehane: o belo final, com decisões éticas e morais difíceis por parte do protagonista e que realmente emociona. Mas como cinema, não vemos muito disso nas imagens, nos enquadramentos, no aprofundamento de personagens. É só comparar o filme de Affleck com o de Eastwood. As histórias de Lehane trazem personagens ambíguos, com marcas de um passado doloroso, a violência que contamina e perpassa pela sociedade e a perda da inocência (pedofilia é algo caro ao autor). O clima sombrio de “Sobre Meninos e Lobos”, o filme, é expressão perfeita do que o escritor quis com seu livro (e tema de interesse do cineasta Eastwood). Eu não vejo em “Medo da Verdade” nada em suas imagens que causem forte impressão, coisa que deveria pelo material que o diretor tinha em mãos. A fotografia e a trilha sonora são vitais nesse sentido, mas o que o diretor fornece é apenas aquela coisa certinha, competente tecnicamente, mas artisticamente falha miseravelmente.


Estréia de Ben Affleck na direção: competente, mas sem brilho.

O trabalho de Affleck é louvável. Só acho que não deveria ter começado com obra tão densa. Ainda mais com um livro que é o quarto de uma série de cinco ótimos livros policiais. Por que não começou pelo primeiro, hein?






Hélio.