sexta-feira, 30 de setembro de 2011

[Prófugos] 4

Por Danielle M




Quatro homens e um milagre. Basicamente isso. O milagre em questão é resgatar Kika dentro de uma ambulância cercada de policiais com a cavalaria completa. E eles conseguiram. Mais uma vez na cara de toda a PDI ( a polícia federal chilena autorizou o uso de seu logo na série, fico pensando que o Chile deve ser realmente um país muito evoluído, porque esta polícia retratada até agora é corrupta e incompetente.) e do todo poderoso muito filho da puta chefe de Tegui, o tal supervisor geral de operações antitráfico, Marcos Oliva. Como vimos no anterior, ele é o inimigo de Tegui e quer os prófugos mortos, talvez mais do que o próprio Aguilera, o narcotraficante rival do clã Ferragut e sedento de sangue, porque né? Filho com cabeça decepada em caixão aberto é difícil de esquecer.

Oi! Sou o chefe filho da puta de Tegui. Marcos Oliva. Prazer aí.

Aliás, a cena do funeral de Aguilera filho ficou parecida com o dia dos mortos no México. Ganhou status de santo. Kika presa no hospital depois de levar porrada na cadeia já sabe que sua situação é péssima. Ela é alvo fácil. Implora a sua filha, Laura, que a tire logo dali. Mas é nas boas mãos do seu  favorito, Vicente, que toda a ação de salvamento vai rolar.



Este foi um episódio no qual os coadjuvantes ganharam mais vida e participaram mais ativamente nos desdobramentos da ação. Kika, Laura, promotora Ximena e seu namorado  detetive da polícia  assim como era Tegui (sorry, mas ainda não decorei os nomes e preguiça de procurar isso agora) Fabián ,tiveram seus bons momentos na trama e já começam a dizer a que vieram. Laura me pareceu uma moça submissa e extremamente rancorosa em relação a mãe. Mas incapaz de contrariá-la . Kika, a toda poderosa dos Ferragut, se mostra uma mulher duríssima, pouca coisa a intimida e a polícia só a faz rir. Seu ponto fraco é Vicente. Fica claro que ela deposita as maiores esperanças no filho. Ele é a própria personificação da continuidade dos negócios da família e de sua salvação pessoal.

Essa responsabilidade é sentida por Vicente. Mesmo carregando aquele ar de narcotraficante relutante, tal qual como um Michael Corleone latino, ele suja as suas mãos e assume um papel ativo - e decisivo - nos negócios dos Ferragut. Ele é a família, a sua continuidade e seu legado. Sobe o tema de O Poderoso Chefão.


Para resgatar Kika, Vicente precisará da ajuda de todos. Convence o seu bando com la plata. Até porque não há necessidade de continuarem a fugir juntos. Tudo resolvido, eles aceitam. A motivação de cada um é até simples de entender. Moreno é o braço direito do clã. Salamanca tem a sua filha, agora uma prófuga forçada, e Tegui ...bom, Tegui. Vicente acredita que ele é um amigo, já está no clã há algum tempo e tem idade e afinidades parecidas com ele. Mas para Salamanca, macaco velho da ditadura, que aprendeu a sacar quem é quem, aí tem coisa .Coloca uma arma na cabeça de Tegui, diz que Vicente não sabe nada de nada e pressiona: Continua porque? Mas o policial disfarçado sabe muito bem como agir e, bom  hehehe, devolve a questão, Vicente não sabe mesmo, nem desconfia do tamanho e gravidade da enfermidade (câncer terminal) de Salamanca. Olho por olho. Salamanca sela um pacto com Tegui, não, ele não revela que é policial, mas mostra-se um aliado do ex revolucionário. Salamanca sabe que ao sabor dos acontecimentos, Moreno e Vicente podem descartá-lo e também a sua filha.

O recurso do flashback voltou. Num hotel fétido de quinta categoria de um amigo de Moreno ( imagina o naipe da figura), Tegui sofre no banheiro do quarto. Olha no espelho e cospe na sua imagem refletida. Corta para FB, ele com Ximena na época que eram namorados. Fácil entender. Infiltrado, achando que cumpria com seu dever, ele perdeu tudo. 
Mesmo com a promotora do seu lado e lutando para salvar sua reputação na PDI, fica difícil defender Tegui. Todas as evidências apontam sua participação na ação dos prófugos. Ele está também implicado  na morte de Aguilera junior, mesmo a PDI sabendo a esta altura que foi nas mãos de Moreno que o moço padeceu. Mas Ximena e seu atual namorado, um detetive desta mesma polícia , Fabián,  acham que também existem evidências suficientes de que nem tudo é culpa e obra dos prófugos. Tegui consegue, ainda sem saber, dois aliados importantes que mostrarão a sua lealdade na hora certa.

Neste episódio a relação entre Salamanca e sua filha revela a sua tensão, fissuras e rancores. Muita mágoa acumulada. Irma não sabe do sacrifício que o pai faz -  e fez no passado ao abandoná-la deixando sua criação com os avós - para que ela tenha uma vida melhor. O FB de Salamanca nos esclarece sobre as circunstância da morte da mãe de Irma. Cruel. Mas essa foi a vida e escolhas do ex revolucionário. 

O plano para resgatar Kika na ambulância em plena transferência é espetacular, com direito a exageros e mentiradas que todo bom filme de ação tem. Tiro para todos os lados, criancinhas em perigo, gente histérica pelas ruas, Salamanca salvando a pátria roubando um ônibus escolar para servir de veículo de fuga e, claro, o resgate em si, ambulância "errada" capotando, tiros, tiros e mais tiros e Kika salva, saindo atirando da ambulância (façam-me o favor...). Mais uma vez, como disse no começo , o bando fez a PDI parecer amadores, bem da verdade que Tegui teve a providencial ajuda do seu mais novo aliado, cara a cara, o detetive  agora namorado da promotora deixou Tegui escapar com Kika. Aguilera pai falha novamente. Ele fora avisado pelo chefe corrupto da PDI sobre a transferência e, claro, daria o seu jeitinho. Olha só, a matança toda é sempre culpa de Aguilera e seus rapazes, porque os meninos (hoho) só atiram para se defender. E tenho dito (desculpa para torcer pelos prófugos mode OFF)

Parecia tudo muito difícil. Mas eles conseguiram...de novo.

Foi para não respirar. Agora os prófugos tem, além de Irma e Laura, a chefe maior, Kika Ferragut. Vicente continuará Michael Corleone? Que venha o 5.


Cenas legais:

- Kika se recusa a ver como narcotraficante: "Sou trabalhadora, como qualquer chileno." hahahahahah
- Ambulância "errada" capotando e a cara de WTF de Vicente e Moreno ao perceberem que não era aquela.
- Salamanca tirando as pobres criancinhas do ônibus escolar, de uma maneira bem fofa vai, para servir de veículo de fuga.
- Salamanca e Tegui pisando no pé de Vicente para acelerar o carro. Eu ri.
-Moreno enchendo a cara de coca e ainda mandando Vicente dar uma tacadinha.
- Como assim parte do plano era bater o carro na ambulância em que estava Kika? Gente sem plano razoável define.
- Curto muito a trilha sonora. Tanto o tema de abertura, quanto a suave voz da cançao do fim do episódio.
- Kika muito carinhosa com Vicente no carro de fuga. Filho favorito eficiente.
- Braço voando no ar após a explosão da ambulância. Bizarro.

danimistica@gmail.com
**fotos: reprodução.


[Louie] Segunda Temporada

Agora que já se passou mais de uma semana, estão todos conformados com os prêmios Emmy entregues nas categorias de comédia deste ano, certo? Ainda não? Tudo bem, a gente sempre acaba se contentando com algumas surpresas mesmo. Entre as indicações, um nome que apareceu como completo azarão foi o de Louis C.K. nas categorias de melhor atuação, talvez seu talento que menos chame atenção na série, e de melhor roteiro, algo que merecia reconhecimento no episódio em questão mas não na temporada em geral. Já havia escrito brevemente sobre Louie na minha lista de episódios favoritos do ano passado, mas terminada agora sua segunda temporada, senti a necessidade de adicionar mais algumas linhas. Para quem não conhece, Louie é uma comédia de meia hora completamente produzida -- e quando digo isso é literalmente escrita, dirigida e atuada -- pelo comediante Louis C.K., que recebeu carta branca do canal FX para colocar suas ideias mais mirabolantes no ar. O resultado disso são episódios geralmente imprevisíveis, que embora possam pecar muitas vezes em sua execução, surgem sempre a partir de ideias bastante inspiradoras. Por isso, Louie é uma comédia praticamente obrigatória para os amantes de televisão, por tentar quebrar tantas barreiras e desafiar altas convenções do gênero. Além de ser uma alternativa interessante para mais uma safra ridícula de novas séries na televisão aberta americana. A cada novo episódio Louis C.K. prova que seu talento não pode ser contido pelos lugares onde faz suas apresentações de stand-up, que mesmo quando comparadas aos muitos aspirantes brasileiros, fazem estes parecerem no máximo bons recreadores de acampamento. Alguns podem achar o tratamento às vezes um pouco "cru", outros podem considerar até grosseiro, mas em verdade trata-se de um retrato bastante autêntico da vida do autor, que em tantas cenas faz com que a ficção e suas próprias experiências se confundam e passem a se complementar.

Apesar de já dar amostras daquilo que pretendia com a série no ano anterior, essa segunda temporada mostrou um roteiro bem melhor desenvolvido, realmente determinado a fazer de cada conto uma crônica pessoal de sua vida. O humor de Louie passa longe de ser peculiar, de insistir em provocar a risada fácil, mas não deixa por isso de ser menos estimulante, principalmente por explorar o humor em terrenos às vezes até obscuros, como em momentos de tensão, medo, frustração, constrangimento, chegando a atingir o trágico, como no encontro com um antigo amigo à beira do suicídio. Dessa forma, Louie é provavelmente o retrato mais próximo da realidade em uma comédia a passar pela televisão, o que ao assumir seu tom auto-depreciativo torna-se sempre algo muito provocador. Em determinado episódio, quando Louie faz parte do elenco de uma sitcom, ele se recusa a continuar uma cena simplesmente por achar ridícula a mudança de humor para agradar a audiência. Pode parecer um exemplo patente até demais, mas para mim apenas simboliza sua forte personalidade. Porém, o que mais me chama atenção na série é que mesmo com este modo extremamente autêntico de pensar, Louis C.K. nunca deixa de lado sua humanidade, e isso fica bastante claro em dois episódios dessa temporada, provas definitivas de seu brilhantismo e certamente meus favoritos de toda a série.
O primeiro deles é "Come on, God!", quando Louie participa de um debate televisivo com uma católica fervorosa, crítica do ato da masturbação. O que nas mãos (ops!) de qualquer outro comediante seria cenário perfeito para atacar e desmoralizar a Igreja com certo deboche, acaba transformando-se numa discussão que toma rumos inesperados, deixando Louie cada vez mais encurralado pela falta de argumentos. Há tanto respeito para tratar do assunto de forma neutra, evitando qualquer tipo de julgamento, que ao final do episódio torna-se impossível duvidar que a moça possa ser realmente feliz com suas crenças. Mas sua simpatia durante as conversas e todas as conveniências de roteiro, nos fazem crer que Louie pode até ter alguma chance de quebrar seus votos de castidade. E ele próprio chega a acreditar nesta possibilidade, terminando obviamente rejeitado mais uma vez.
Em outra ocasião, no episódio "Duckling", Louie é convidado para apresentar seu show de stand-up aos soldados americanos no Afeganistão. O que ele não esperava era ter de cuidar de um filhote de pato, colocado em sua bagagem por uma de suas filhas para protegê-lo. Louis C.K. mostra extremo talento ao dosar essas duas situações, principalmente mantendo o pato escondido por quase todo o episódio até sua revelação no surpreendente e hilário desfecho. Assim, ele pode concentrar-se na experiência de entreter as tropas americanas, tentando aliviar um pouco a tensão que passam todos os dias. Experiência, aliás, que Louis C.K. viveu realmente no final de 2008 num tour que incluiu não apenas o Afeganistão, mas também Iraque e Kuwait (e que pode ser lido em um breve relato no seu blog pessoal). Aproveitando também a duração estendida do episódio, Louis tem a chance de adotar um ritmo mais cadenciado, quase documental, explorando o senso de perigo ao seu redor, os deslocamentos de um campo a outro, assim como a relação estabelecida com os outros artistas convidados. Tivesse esse episódio ido ao ar há alguns anos, poderia dizer que seria um forte concorrente ao Emmy. Já hoje, provavelmente não. Mas não é pela falta de reconhecimento que a série deixa de ser menos brilhante, muito pelo contrário, já que sua fama de azarão justamente é o que pode nos fazer acreditar num triunfo inesperado. E assim, quem sabe, finalmente tirar essas categorias de comédia do marasmo desses últimos anos.

Fotos: Divulgação.

e.fuzii
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

[Breaking Bad] 4x10/4x11 - Salud/Crawl Space


"Hahahahaha... hahahahaha!!" - Walter "The Joker" White


Deixar para escrever um texto sobre dois episódios de Breaking Bad tem suas vantagens e desvantagens. O problema maior é dar conta de tudo o que acontece, todas as grandes cenas, atuações, diálogos e desdobramentos de uma série que parece não ter limites para sua criatividade. Por outro lado, o segundo episódio esclarece e nos surpreende com elementos que até tentamos, mas passamos longe de adivinhar.


O caso Beneke, por exemplo: em “Salud”, Skyler confirma nossas suspeitas de que ela dará a Ted o dinheiro que ele precisa, usando Saul inicialmente, mas logo tendo que revelar o que fez, quando ele compra uma Mercedes ao invés de pagar a Receita. Ted faz isso para manter as aparências e voltar aos negócios e o episódio gira em torno disso, com Jesse também simulando algo que ele não é para os químicos do Cartel (conquistando a admiração de Gus e Mike), e Walt preocupado com a imagem de frágil que o filho presenciou, quando na verdade este considera a persona Heisenberg que o pai encarna como irreal. E, claro, Gus mantendo as aparências para eliminar boa parte do Cartel na espetacular sequência que encerra o episódio.


Quando Skyler conta a Ted que o dinheiro é dela (um ato arrogante e impensado, mas quem pode condená-la depois de ouvir as justificativas descabidas de Ted?), já podemos imaginar que o personagem não vai durar muito, ou com Walt descobrindo o que houve e, quem sabe, finalmente usando a ricina, ou ainda a própria Skyler sujando as mãos. Até pude visualizar um final de temporada idêntico ao anterior, com Skyler e Ted no lugar de Jesse e Gale. Mas mesmo quando algo parece ser inevitável, a série dá um jeito de nos surpreender e o destino de Ted é selado logo depois em “Crawl Space”, numa cena recheada de humor negro que lembra os irmãos Coen, mestres em encenar o patético e o ridículo de situações como esta. Breaking Bad tem os pés fincados na realidade, mas o acaso, a sorte e o azar sempre rondam os personagens, pregando peças inesperadas – e Ted já havia sido alertado quando tropeça no tapete ao abrir a porta para Skyler.


O fascinante nesta trama envolvendo Beneke é que, enquanto pensávamos que seus problemas com a Receita levariam a uma investigação do lava-a-jato, na verdade as conseqüências são bem piores e mais imediatas: a perda desse dinheiro no exato momento em que Walt é demitido e ameaçado de morte acaba de vez com a oportunidade do protagonista em desaparecer com a família, sugestão que Saul deu no início da temporada e agora impossível por falta de recursos financeiros (o dinheiro dado a Ted mais a compra do lava-a-jato, pagamento de Saul, despesas médicas de Hank, os dois carros de Walt Jr., tudo isso deve ser equivalente aos 2 ou 3 meses que Walt trabalha para Gus).


É admirável esta espiral de acontecimentos, tudo culminando na desesperadora sequência final de “Crawl Space”, que talvez seja pra mim o maior momento de uma série com quatro temporadas de quantidade enorme de momentos inesquecíveis. Tudo nesta cena é perfeitamente orquestrado, editado e sonorizado causando o máximo de impacto. É uma série que evita usar trilha sonora em cenas dramáticas, mas aqui uma batida começa no momento em que Skyler chega em casa, e é cortada com o grito de Walt “WHERE IS THE MONEY?!”, voltando com mais intensidade quando ela revela o que fez. A risada maníaca de Walt começa no exato momento em que toca o telefone, com Skyler se afastando lentamente do quadro e o que já era desesperador chega a níveis insuportáveis com a quantidade de elementos em cena: a batida, a risada, a perplexidade de Skyler, o desespero de Marie. E, por fim, Walt enquadrado. Esgotado e paralisado, o rosto com as marcas da briga com Jesse e do acidente provocado para Hank não chegar ao laboratório, o corpo certamente machucado pelos choques que levou de Tyrus. E agora, o que fazer?


Este final de episódio é tão intenso, que poderia parar por aqui. Mas tentando comentar mais algumas coisas:


- Antes deste fim em que Bryan Cranston já confirma mais uma vez seu Emmy, o ator já havia dado seu enésimo show particular quando supostamente se despede em definitivo de Saul. Walt insiste para que Saul avise Hank, provavelmente porque mesmo desaparecendo a vergonha em ser descoberto seria demais. O que significa que é mais provável Heisenberg surgir de novo, do que pedir ajuda a Narcóticos para proteger sua família. O problema é: o que Gus fará/pensará quando souber que Hank e Marie estão protegidos pela polícia?


- Não costumo buscar muitas informações sobre os episódios e não li nada a respeito sobre como foi feita a cena em que Gus ameaça Walt no deserto, com a nuvem fazendo sombra enquanto eles conversam. Alguém sabe dizer se foi efeito digital? Ou esperaram o momento certo para filmar? Seja como for, um outro belo momento da série, que impressiona por não estar deslocada ou chamar a atenção para si, coerente com o drama em cena.


- Gus vinha tendo a simpatia dos fãs, conquistando e dando a Jesse o apoio que nunca teve com Walt, tendo seu passado revelado em “Hermanos” e eliminando Don Eladio de forma impecável (o melhor momento pra mim foi o modo metódico de Gus para vomitar o veneno que tinha ingerido), enquanto Walt vinha de atos cada vez mais desprezíveis. É incrível, portanto, como os papéis mudam completamente sem soar falso: agora torcemos por Walt, que comove pelo seu desespero, pelo arrependimento do que fez a Jesse diante de Walt Jr. (aliás, chamar o filho de Jesse certamente terá conseqüências futuras), e esperamos que ele dê um jeito em Gus, especialmente depois que este mostra o quanto é o “bad guy” desta história ameaçando a família de Walt (o jeito que ele diz “infant daughter” é assustador).


- Bom ver Jesse em situação totalmente oposta a do início da temporada: em paz com Andrea, admirado por Gus e Mike e, apesar de cortar relações com Walt, não deseja sua morte, a ponto de mais uma vez confrontar Gus, quando este sugere que ele assuma o laboratório. Se me dissessem ano passado que esta seria a situação do personagem no final desta temporada, diria que não há lógica nenhuma ou consistência nos personagens...


- Jesse consegue cozinhar a droga no México, mas chega a pouco mais que 96% de pureza, o mesmo que Gale. Walt chega a 99%. Achava que era o suficiente para manter os dois no laboratório por mais algum tempo, mas pelo visto Gus desistiu de ter a melhor droga, tamanha a imprevisibilidade dos atos de Walt.


- Fico pensando se não há algo mais por trás do fato de Gus querer que Hector olhe nos olhos dele. Já são dois episódios com esta tortura psicológica, e desta vez o Tio ainda descobre que Jesse teve parte na morte de sua família. Não duvido que isto ainda terá uma importância inesperada na trama. E Mark Margolis impressiona sem emitir uma única palavra. Que elenco admirável.


- Nas discussões sobre “Salud”, vi muita gente comentando que Mike ia matar Jesse antes de levar um tiro. Dava pra contestar esse absurdo com vários argumentos, mas acho que as bolsas de sangue do tipo de Jesse que estavam preparadas pra uma ocasional emergência devem ser o suficiente pra encerrar a discussão.


Faltam dois episódios para acabar a temporada e o spoiler que tenho é: alguns de nós morreremos no final. Ou pelo menos quase.




quinta-feira, 22 de setembro de 2011

[Prófugos] 3

 Por Danielle M


Prófugos agora atacando em três frentes. os fugitivos, Tegui e a polícia, e o cartel concorrente aos Ferragut. Deu mais dinâmica a história e apresentou os coadjuvantes de forma digna.

Depois do sequestro e fuga descarados do hospital, levando o "sem nome" testemunha, os prófugos daquela maneira bem peculiar de Moreno, conseguem arrancar, literalmente hohoho, a sua identidade. Aguilera junior, filho de Aguilera pai e traficante concorrente sanguinário que está por trás de toda malfadada situação do cais de Valparaíso. A cena que eles estão com junior demora um século em silêncio. Incomodou porque a gente já sabia que Moreno iria colocar em prática todas as suas técnicas de tortura aperfeiçoadas na ditadura Pinochet. Salamanca nem se incomodou, e mesmo com os outros rapazes fazendo carinha de nojinho, Moreno conseguiu tudo.E o tudo foi tenso. Salamanca sabe que Aguilera sequestrou sua filha. Exige a troca. Filho por filho. E desta troca e seus desdobramentos tratou o terceiro episódio de Prófugos.

 Mario Moreno, narcotraficante do coração.

 Bom, como eu já tinha cantando a pedra, começaram os flashbacks. Oscar Salamanca, revolucionário dos anos 70, participante ativo da guerrilha urbana no Chile de Pinochet, é perseguido pela polícia. Tem uma discussão séria em casa com a esposa sobre suas ações. Salamanca tem essa visão de que tudo que faz é movido por motivos maiores, alheios a sua vontade. Ele age por um bem maior. Mesmo como traficante, ele ainda se vê numa missão superior. Sua filha, Irma, é este bem maior. A relação com a menina é distante, não por vontade própria, sua esposa morreu na frente da criança. Obrigado a entregar aos avós, a menina tem uma péssima visão do pai. Culpa cristã ruleia.

Na outra frente de atuação está Tegui. Ele liga para a polícia e fala com o chefe, já estava imaginando o tamanho da burrada , putz ainda confia neles? Ainda bem que foi o derradeiro "teste". Marca um lugar e o chefão manda os traficantes do cartel Aguilera. Tegui tem a convicção de que foi traído, seu chefe é um filho da puta completamente ligado aos traficantes. Não deixa a coisa pra lá não, até porque a situação do policial disfarçado é a pior de todos. se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. Tegui pega o chefinho e o cara acaba virando moeda de troca também, de uma maneira bem torta, mas vira.

 Quem quer matar seu chefe?


Toda a sequencia nas montanhas geladas dos Andes é incrível. Assim como o "núcleo Aguilera". O cartel antagônico aos do Ferragut impressiona pela, hmm, organização.  São os verdadeiros responsáveis por toda via crucis dos prófugos, incluindo a perseguição aos seus familiares. Irma é estuprada antes, mas a troca é concretizada num teleférico.  Como Aguilera junior foi morto pelo método Moreno de interrogar testemunhas, o jeito foi disfarçar o chefinho de Tegui.

Quase ao fim do episódio, apesar de toda ação, achei que foi até mais devagar do que os outros dois anteriores. Não estava aquela correria frenetica toda. Até respirei. Engano. Não é que Moreno apronta? Achei até que ele estava quieto e cool demais. Ele tira o defunto Aguilera junior do carro, o arrasta sob a neve marcando uma trilha de sangue. Ao perceber que não é o seu amado filho na troca, Aguilera pai vai atrás. Segue a trilha e encontra a cabeça de seu filho na neve. Justiça poética hein, Moreno? Gritei um palavrão daqueles. Tô pra falar que a psiquê de Moreno é a que mais me interessa. Torturador e assassino sim, mas quando ele arranca a cabeça do herdeiro Aguilera o que o move é a vingança. Eles mataram a sua companheira grávida, talvez, quem sabe, a única pessoa que lhe dava um aspecto de viver na normalidade. Mesmo que na superfície.

** fotos reprodução

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domingo, 18 de setembro de 2011

[Prófugos] 2



Por Danielle M

Neste 2o episódio de Prófugos, o que se desenhava no piloto toma cor e forma agora. A negociação do cartel Ferragut que deu errado e levou os quatro narcotraficantes, Vicente, Mario, Tegui e Oscar a fugir, confirmar os sinais de que corrupção policial e concorrência entre carteis são os motivos para encrenca toda.


O chefe encarregado da Polícia Federal chilena afasta a promotora do caso e tenta encobrir o único sobrevivente, fora os prófugos, hohoho, da chacina do Porto em Valparaíso.  A identidade do sobrevivente é até então desconhecida, todo o mistério faz com que a promotora perceba que tem coisa por aí. Ela acaba encontrando o seu ex namorado, o policial disfarçado Alvaro (Tegui), que sai do esconderijo onde estão os seus "camparsas" para tentar entender o que diabo está acontecendo. Tegui fica sabendo da testemunha e junto aos companheiros fugitivos realizam o sequestro dentro do hospital, praticamente na cara de todo mundo e ainda saem de helicóptero.

Neste episódio fica claro para os prófugos que eles estão sendo perseguidos desde o começo. Imagens do noticiário mostra parte da ação do grupo na Bolívia. Trata-se de uma emboscada, não há dúvidas. Mas para Tegui, que denunciou toda a empreitada, local da entrega, enfim, tudo, é preciso correr atrás para compreender porque seus companheiros policiais atiraram contra ele. Ao saber da testemunha, Tegui tem a certeza de que poderá desvendar o que há por trás de toda ação, bom, ele já tem uma vaga idéia de que foi traído. Com esta testemunha eles também podem conseguir alguma barganha com a polícia. Mas Tegui precisa de mais elementos para  reverter toda a sua situação, já que a esta altura dos acontecimentos ele é tão narcotraficante e fugitivo como os outros.

 Interessante também neste capítulo a dimensão humana dos fugitivos. Até Moreno, o mais violento e cruel, fica absolutamente destabilizado quando escuta ao telefone, no momento em que falava com sua companheira e pedia para que saisse de sua casa, o seu assassinato. Não perdoaram a moça e olha que ela estava grávida. Como nada é aleatório e a caçada aos prófugos não se resume ao bando, a filha de Oscar também é vítima da perseguição. Ela é retirada, ainda viva,  de sua família, com direito a matança geral. Os quatro entendem que não devem temer apenas a polícia.

Próximo ao final do segundo capítulo, a identidade da testemunha é revelada. Trata-se do filho do dono do cartel concorrente aos Ferragut .E quem avisa sobre isso ao pai do moço? Ora vejam só, o chefe da polícia contra o tráfico. Taí Tegui o seu inimigo.

 Cartel concorrente e polícia atrás dos prófugos, trabalhando "em conjunto". Não vejo a hora das coisas inverterem.

Cenas e/ou diálogos interessantes:

-Vicente Ferragut entendendo, finalmente, que estavam sendo perseguidos desde o começo.
- Moreno escutando o assassinato de sua companheira grávida sem poder fazer nada. E enchendo o nariz de cocaína logo depois.
- Oscar pondo um fim ao sofrimento da avó de sua filha com um tiro certeiro, após chegar a casa da família e constatar seu sequestro.
- Oscar e um ex companheiro conversando sobre o que se transformaram: - Nós lutávamos contra a ditadura, companheiro. Hoje somos traficantes. O que deu errado?



 **Foto: reprodução

danimistica@gmail.com

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

[Breaking Bad] 4x08/4x09 - Hermanos/Bug


Por uma série de questões não pude escrever sobre o episódio da semana passada, "Hermanos". Pra compensar, posto um texto único já com comentários sobre o episódio de ontem, "Bug". Não está bem estruturado, é cheio de idas e vindas, transitando por ambos os episódios. Portanto, sugestão é que seja lido após o nono episódio ser visto. Também foi escrito às pressas, com "Bug" visto uma única vez (costumo rever os episódios para só depois comentá-los). Então durante a semana posso acrescentar mais algumas impressões, caso tenha tempo, que irão pra caixa de comentários. Tenho certeza que muitas coisas interessantes ficaram de fora do texto abaixo, ou por esquecimento ou por não ter percebido numa primeira visão do episódio.



“Guess there's a lot of angles to consider.” – Jesse


E como há ângulos. Breaking Bad chegou a um ponto que é possível dedicar quase um episódio inteiro a um coadjuvante que só surgiu no fim da 2ª temporada, com direito a um longo flashback contando seu passado, e ainda fazer desta hora uma das melhores da TV deste ano. A proposta de “Hermanos” chega no momento ideal, quando Gus se vê cercado por todos os lados: Hank, o Cartel, Walt. E é um episódio extremamente bem dirigido e montado, não por algum arroubo técnico ou solução visual criativa, mas é estruturado de forma que tenhamos três grandes momentos de tensão, todos se resumindo a personagens conversando entre si – o interrogatório de Gus, Hank e Walter no estacionamento do Los Pollos, o flashback.


E aí vem um episódio como “Bug”, que coloca Walt no centro novamente e, mais importante, sua relação com Jesse, que sempre foi a grande protagonista da série. Em Breaking Bad somos surpreendidos constantemente pelo que vai acontecer no episódio seguinte, mas não é que os roteiristas criam do nada, e até vão diretamente ao ponto: se Walt vê uma mensagem no celular de Jesse que o faz suspeitar do parceiro, parece óbvio que ele usará o equipamento que descobriu através de Hank como é fácil comprar e utilizar; da mesma forma, se temos Hank contando aos colegas policiais suas suspeitas sobre Gus, logo em seguida temos um interrogatório (a propósito: ali tira as suspeitas sobre Gomez e o chefe de Hank, pois Gus se sai muito bem mas foi claramente pego de surpresa, assim como mais adiante Mike vai buscar informações; o que não aconteceria se um dos policiais envolvidos no interrogatório estivesse na lista de pagamento do “chicken man”). As coisas acontecem rápido na série, não há enrolas, um acontecimento leva a outro que leva a outro que leva a outro... e todos são incríveis, bem narrados, tensos, bem atuados.


E esta sequência de acontecimentos segue uma linha descendente, ladeira abaixo mesmo, pois todos se afundam cada vez mais na bagunça que virou suas vidas. A relação entre Walt e Jesse corre o risco de nunca mais ser a mesma e é genial que a briga entre os dois venha logo após Jesse mostrar toda a lealdade ao seu ex-professor, confrontando Gus mais uma vez e deixando claro de que lado está (é a segunda vez que Jesse desafia Gus e as reações de Giancarlo Esposito são de arrepiar, mistura de incredulidade por alguém ousar contestá-lo, raiva e talvez até algum respeito pela atitude de Jesse). Outra coisa incrível é que finalmente sabemos o que o Cartel quer com o “sim ou não” (a série nunca fez questão de manter segredos) e acaba sendo uma revelação que fica em segundo plano, tamanha é a tensão que ficamos com o que acontecerá entre Walt e Jesse (amplificada pela breve abertura do episódio que nos faz questão de mostrar que se trata de Walt com sangue pingando no chão).


Por um lado, nossa simpatia fica com Jesse, especialmente pela capacidade que Walt tem em ferir o parceiro, ao mostrar que realmente não acredita que ele seja capaz de ensinar algo aos químicos do Cartel e que é totalmente seu dependente. É interessante pensar em como Jesse se comportará, pois apesar de tudo, ele continua o jovem de bom coração, não só preocupado com Andrea e Brock, mas ainda se preocupa com Hank, mesmo que apenas por saber como Walt ficaria mal, ao reforçar com Mike a importância de não matá-lo.


Por outro lado, é compreensível a atitude de Walt, que vem sendo construída cuidadosamente desde o início da temporada, preocupado e obcecado com os próximos passos de Gus e em “Bug” reforçado por duas vezes, quando se pergunta o mesmo que Hank (“como pegar esse cara?”) e Skyler (dar um jeito de abandonar seu segundo emprego). Ele sabe que Jesse está mentindo pra ele, descobre que estiveram juntos na casa de Gus (num jantar que mais parece um ritual para Mr. Fring, que adora cozinhar quando precisa do favor ou simpatia de alguém, algo já feito com Walt na temporada passada), se vê cada vez mais sozinho, acuado, mas acredita que tem controle sobre sua vida e que pode defender todos. É preocupante que o protagonista tenha, a cada episódio, comportamentos mais e mais desagradáveis, mas até agora nada é fora de tom ou incoerente. Só espero que até o final da temporada, Walt tenha alguma atitude nobre (como na temporada anterior) para equilibrar com o péssimo ser humano que ele vem sendo.


Isso nos leva ao seu ato desprezível em “Hermanos”, na cena com o outro paciente com câncer, que aguarda um exame. É uma sequência engraçada e triste, porque Walt é insensível ao sofrimento do outro e diz duras verdades que ele acredita estar vivendo, mas está longe disso. Prova maior é seu inesperado encontro logo depois com Gus. Mike já havia avisado que eles nunca mais se veriam e, claro, sabíamos que até o final da temporada iria acontecer. O choque, para nós e principalmente para Walt, é acontecer desta forma tão repentina e de forma oposta esperada pelo “Heinsenberg-controlo-minha-vida”, que queria estar frente a frente com Gustavo Fring para um acerto de contas e acaba numa situação embaraçosa, desesperado e quase pedindo desculpas pelo que Hank o pediu pra fazer. O outro detalhe desta cena do exame médico é nos lembrar da saúde de nosso protagonista e de que o câncer é algo que pode retornar para o centro da trama. Em “Bug” tivemos mais uma sinalização disto ao vermos Walt evitando tragar/inalar a fumaça do cigarro que fuma com Jesse. O câncer de Walt entrou em remissão num momento em que ele já estava aceitando a morte e vendo como resolução para seus problemas. Não duvido de mais uma peça pregada pelo destino que a doença retorne quando ele se sentir ainda mais em controle e de bem com a vida (embora seja difícil pensar quando Walt estará em posição tão confortável).


Enquanto isso, Skyler também tem que lidar com as conseqüências de seus atos. Depois de descobrir onde guardar o dinheiro do marido (tão metafórico o peso que não se sustenta e vai parar debaixo da casa), o passado bate à sua porta na forma de Ted e seus problemas legais. É divertido ver Skyler, sempre inteligente e dissimulada quando precisa ser, livrando Ted da confusão em que se meteu fingindo ser uma contadora burra e ingênua e por um momento achei que era apenas um ciclo que precisava ser fechado, mas a falência de Ted a obriga a uma atitude mais drástica: é preciso pagar sua dívida para que não cause problemas futuros que colocariam a Receita muito próxima do lava-a-jato. Como ela fará isto com a discrição que tanto tenta manter ao controlar os gastos de Walt é uma das questões mais interessantes, que aparenta desenvolver uma trama que será tão importante quanto a guerra de Gus com o Cartel (e é curioso o detalhe do carro modesto dirigido por Ted para ilustrar sua situação financeira, já que no episódio anterior Hank comenta sobre a modéstia do carro de Gus e é exatamente o que Skyler deseja para o seu filho, também para manter as aparências).


Por fim, temos Gustavo Fring. Metódico, frio e calculista, é incrível como se dá bem no interrogatório, preparado até mesmo para uma situação que provavelmente nunca imaginou que passaria. A sequência é um primor de edição, atuação e sutileza (adoro como Gus pede para que Hank não se levante e o ajuda com as muletas) e culmina com o personagem no elevador, apenas um leve tremor no dedo indicador que abala sua postura, e um close frontal de seu rosto (“Hermanos” é cheio de closes desse tipo, assim como das mãos dos personagens e até mesmo do pescoço de Gus em situação tensa e de Walt no estacionamento com Hank, no momento em que Mike estaciona ao lado). Não é o ponto alto de Giancarlo Esposito no episódio, porque ao final temos a longa sequência em flashback, elemento estranho da série, que pela primeira vez usa o recurso durante a trama (sempre foi utilizado na abertura dos episódios), mas que funciona perfeitamente para dar novo sentido à relação entre Gus e Hector “Tio” Salamanca, além de mais um grande feito narrativo: podemos até ter certeza de quem morrerá naquela cena (a água da piscina com sangue que fecha a introdução do episódio já antecipa isto), mas tudo é construído de forma que não parece que Gus sobreviverá ao encontro com Don Eladio.


Minha proposta original para um post só sobre “Hermanos” era pontuar os aspectos importantes deste flashback, mas de forma resumida: é provável que Don Eladio já esteja morto, uma vez que seus dois capangas, Hector e Juan, assumiram postos de chefia dentro do Cartel (e pelo menos Hector virou Don Salamanca); Eladio é interpretado por Steven Bauer que, assim como Mark Margolis (Hector), atuou em “Scarface”, filme referência de Vince Gilligan; não lembro se em algum momento fica claro qual a doença de “Tio”, mas é provável que seja algo degenerativo, que já mostra seus sintomas no flashback – notem como ele segura uma mão com a outra para beber; Gus certamente não mentiu sobre como conheceu Gale, inclusive informando sobre seu “Hermano”, um homem que morreu cedo demais, cujo nome foi dado à bolsa em Química que ele desenvolveu; seu passado no Chile é mais um mistério criado em torno do personagem, e motivo para não ter sido morto por Don Eladio. Não é difícil imaginar algo relacionado ao próprio Pinochet, lembrando da abertura do episódio “One Minute”, em que Hector ao telefone se refere a Gus como “Generalissimo”.


Como se não bastasse, em “Bug” tivemos mais uma cena sensacional com Gus, andando em direção ao franco-atirador, como o Terminator (bem lembrado por Jesse). É um episódio em que se permite explodir a violência e a tensão e catarse vem sempre do quanto conhecemos os personagens. Um momento incrível de um personagem incrível de uma série idem.


O que esperar para os quatro episódios finais? Parece impossível imaginar um final de temporada em que, no mínimo, um de nossos coadjuvantes prediletos não morra: Gus, Mike ou Hank? (não consigo imaginar Jesse ou Skyler fora da última temporada) E se todos esses excelentes atores retornarem no ano que vem, melhor ainda. Prova de que teremos uma resolução incrivelmente genial e inesperada para os conflitos criados.




sábado, 10 de setembro de 2011

[Prófugos] - Piloto

Por Danielle M


A HBO sabe fazer televisão. Na América latina já garantiu coisas muito boas. Epitáfios na Argentina. Alice, Mandrake e Filhos do Carnaval no Brasil, e agora partiu para o Chile.

Prófugos, que em espanhol significa nada mais que fugitivos, é a nova empreitada do canal no nosso território, dessa vez as belas paisagens do Chile serão usadas, além de grandes atores do país e uma história que, apesar de manjada, começou bem amarrada e prende do começo ao fim.

Os bonitões de Prófugos

Todo domingo na HBO 1 no idioma original com legendas. O Cinemax, também do grupo HBO e que atualmente exibe a 1a temporada de Epitáfios, também mostrará Prófugos, mas dublado, e olha, faz uma diferença...


Então vamos a história. Tudo começa sem maiores explicações sobre cada personagem, o que, provavelmente, deverá ser desenvolvido ao longo dos 13 episódios. Eles saem do Chile e vão até a Bolívia pegar cocaina líquida. Bom, até esse ponto eu nunca tinha ouvido falar desta "modalidade" da droga e já achei interessante. No meio do deserto, transportando o material, já começa a violência toda, Mario Moreno, um ex (?)torturador do governo Pinochet, agora a serviço do Cartel Ferragut, mata os policiais que os interceptam sem a menor cerimônia. Mais tarde encontram o resto do grupo já no Chile para terminar o "projeto".

O grupo tem ainda um ex revolucionário, Oscar - o que por si já garante uma deliciosa e conflitante relação com Moreno - Um policial disfarçado capaz de tudo, Alvaro ( e esse tudo já me chocou na cena do banheiro, que que isso), o filho da dona do Cartel Ferragut, Vicente, que parece não se sentir muito confortável como "herdeiro" da família nos negócios.


O resto dos personagens são a polícia - que parece envolvida com outro cartel (corrupção ruleia)- A irmã de Vicente e também herdeira do cartel, Laura. E  é claro , a mãe do clã,  Kika, a senhora de tudo que comanda a operação diretamente da cadeia através do celular , bem ao estilo dos traficantes brasileiros. Além da filha do ex revolucionário. Mas pelo que andei lendo tem muita gente ainda para entrar e ajudar a contar a história. Me pareceu que as motivações do grupo serão uma atração a parte e acho que deve rolar muito flashback. Desculpe usar muito o termo "parece", o texto é a partir de minhas impressões da história. Evitei ler muito sobre a série para não ser pega em spoilers.

O que mostrou neste piloto é exatamente como eles se transformaram em prófugos, deu tudo errado na operação e, apesar de ter um policial no grupo, fica claro que não foi por isso que o negócio não deu certo. Ao entregar o carregamento no porto, a polícia chega, tiros para todo lado, atiradores nos prédios, e  neste confronto, Alvaro precisou matar um "colega". Pois é, colega? A cilada não era apenas para o grupinho de traficantes.

O ritmo é vertiginoso, ação completa, mas uma ótima história. Produto super bem acabado e efeitos que não perdem para nenhum filme americano. Dá orgulho da indústria latina, minha gente! Gostei muito do que vi e vou acompanhar feliz da vida.

Vida longa a HBO!


danimistica@gmail.com

**fotos reprodução