sexta-feira, 30 de abril de 2010

[Podcast] Episódio 1 - 'Piloto'

Há algum tempo, nós aqui do blog começamos um projeto de fazer podcasts temáticos sobre séries (se não lembra, ou não havia passado por aqui nessa época, basta seguir o marcador). Infelizmente, não passou de alguns programas, até que passamos a participar da discussão semanal dos episódios de Lost ao lado de nossos parceiros do blog TeoriasLost.

Com a falta de textos nestes últimos tempos, resolvemos retomar essa ideia, até como uma forma de repercutir mais os assuntos em pauta. Depois de diversos testes e tentativas frustradas, chegamos nesse primeiro podcast que serve como um episódio piloto, muito mais no sentido experimental do que estabelecendo qualquer tipo de premissa.

E nesse primeiro podcast, ironicamente, decidimos começar falando do final das séries. Por pouco mais de uma hora discutimos algumas séries que se despedem nessa temporada -- ou que no caso de Damages, tem grande probabilidade disso. O resultado você confere a seguir, separado por série para evitar spoilers indesejados aos ouvintes.

Parte 1 - Lost: [Download]

Parte 2 - 24 Horas: [Download]

Parte 3 - Damages: [Download]

Críticas ou sugestões de pauta podem ser deixadas nos comentários. Espero que mesmo não concordando com nossas opiniões, pelo menos se divirtam um pouco com nossa confusão de sotaques. :D

Até mais.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

[LOST] 6x13 The Last Recruit

por e.fuzii
Por mais que os produtores insistissem em dizer que as explicações sobre essa realidade alternativa viriam no momento certo, o episódio dessa semana praticamente provou o contrário. Embora naquele início fosse possível dar maior atenção às transformações que esses personagens sofreram, já nessa altura os roteiristas foram obrigados a apelar para uma mudança na própria estrutura da série, deixando de focar num personagem específico, para conseguir então amarrar todas essas histórias da realidade alternativa. Se não estou enganado, fora episódios especiais como aquele de boas vindas a 1977 ou revelando o acidente a partir de quem estava nos fundos do vôo 815, essa é a primeira vez que temos um episódio assim no meio da temporada. Além disso, algumas situações pareceram apressadas demais, em contraste com a cadência vista até aqui, como Desmond outra vez agindo para promover o encontro entre Jack e Claire -- e esta mostrando não existir limites para sua ingenuidade. Afinal, por mais especial que Desmond possa parecer, não acredito que ele consiga prever exatamente o resultado de cada uma de suas ações. Como por exemplo, o atropelamento de Locke, que levou ao breve contato com Sun nos corredores do hospital e o encontro com Jack ao final, quando dessa vez os dois se encaram numa mesa de operação. Enquanto isso, o destino trata de reunir o restante dos personagens na mesma delegacia, onde Kate já espera pela chegada de Miles e James trazendo Sayid, após conseguirem prendê-lo. Um cenário bem diferente daquele visto na semana passada com Hurley que, até pela mudança de tom, nem deu as caras nesse episódio.
Porém, o grande desenvolvimento ocorreu na Ilha, numa intensa movimentação de peões, garantindo uma nova dinâmica para esse final de série. Depois de guiar o restante dos candidatos até o UnLocke, Hurley assume novamente seu papel de coadjuvante e deixa Jack ter uma conversa particular com a figura que toma a forma de John Locke, mas que confessa já ter se apresentado como seu pai, para assim sucumbir a suas sedutoras palavras. Porque como afirma Claire, só por deixá-lo falar já te alista automaticamente em seu grupo. No entanto, temos uma reversão dessa condição quando Sayid decide poupar a vida de Desmond, depois de convencê-lo do custo que seria ter Nadia de volta. Assumindo uma postura parecida com a de Jacob ao convencer Alpert, talvez isso prove que por maior que seja a influência dessas duas forças, elas não são capazes de mudar a essência desses personagens. Mais uma vez o destino e o livre arbítrio colocados em teste. Outro aspecto interessante foram alguns paralelos com situações já vistas no decorrer da série, como Desmond refletindo calmamente num buraco da Ilha -- lembrando sua época de escotilha --, além de Jack se lançando ao mar sob o olhar de Kate, assim como ocorreu com Sawyer no resgate de helicóptero. Como James é taxativo em dizer que eles não teriam mais razão para voltar, esse esperado embate entre os dois acabou sendo diferente de como imaginava, principalmente em relação a Jack, que embora tivesse recebido a revelação no farol de Jacob, terminou nos braços do UnLocke no final do episódio. Como último a ser recrutado, Jack parece ser o candidato perfeito para satisfazer os planos de deixar alguém protegendo a Ilha, pelo menos enquanto ainda desconhece a redenção que alcançou com seu filho na realidade alternativa. Já Widmore declarando guerra prematura ao Homem de Preto -- embora não faça o menor sentido ameaçar um ser de fumaça com mísseis --, leva a crer que ainda exista outra força exercendo influência na Ilha, talvez até na forma daquela criança que parece aterrorizar o UnLocke.
Fora isso, ainda não me convenceu a forma como Claire foi tão facilmente "domada" por Kate, após mais uma vez ter sido abandonada pelo seus companheiros. Poderia apostar que seu sorriso maroto ainda guarda alguma surpresa. Finalmente acompanhamos ainda o esperado reencontro entre o casal Jin e Sun, mas que infelizmente, foi bastante decepcionante. Depois de três anos separados, uma cena como essa, carregada de tanta emoção, merecia servir de conclusão para um episódio centrado nos coreanos, e não apenas inserida entre a decisão de Jack e os planos frustrados de James. Além disso, a cena em si foi de um tremendo mau gosto, chegando a desviar até nossa atenção num plano geral que mostrava a proximidade que estavam da cerca sônica. A questão de algumas semanas, dizia não ter entendido o porquê de Sun apresentar essa repentina afasia, sem poder se comunicar em inglês. Mas no fórum do site TVWoP, um usuário levantou a hipótese de que seria mais um indício das duas realidades convergindo, o que faz bastante sentido. Só não acho que era necessário usar qualquer tipo de recurso para garantir maior emoção, além de parecer um absurdo que os dois se reencontrem falando uma segunda língua. Para piorar, Lapidus ainda arremata constatando o óbvio, uma linha de diálogo absolutamente dispensável, difícil de imaginar que tenha sido aprovada em tantas fases de produção. Aliás, depois de tantos personagens deixarem a série das formas mais inusitadas possíveis -- entre eles, Ilana no episódio anterior --, só me pergunto qual a importância de Lapidus para esse final, além de servir de piloto numa possível fuga no avião da Ajira.

Semana que vem teremos uma pausa, para enfim acompanharmos os 4 últimos episódios da série em sequência. Hoje estamos a exatamente um mês do episódio duplo final em 23 de maio e já posso sentir até certa nostalgia no ar.

Fotos: Reprodução.

e.fuzii
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quinta-feira, 22 de abril de 2010

[Criminal Minds] 5X19 Rite of Passage

(por Célia Kfouri)

Depois de um episódio sui generis, em que nos apresentaram uma outra equipe que, ao que consta, estará à frente de um spin-off, vem o 5x19 para nos fazer pensar na figura do policial, do homem da lei, do garantidor da ordem e da segurança.


A xerife de Terlingua veio da NYPD. Trabalhava na Divisão de Homicídios do Brooklyn, e estava à procura de um lugar mais calmo para ir desacelerando, um meio-caminho para a aposentadoria. Mas isso nao significava, de forma alguma, um compromisso menor com sua profissão. Ela é firme e idealista, e nao se acomodou diante de uma série de assassinatos, apenas porque as vítimas não tinham voz.


A hostilidade em relação aos imigrantes ilegais é generalizada. O clima de guerra por causa dos cartéis do narcotráfico, a polícia está em menor número e parece não ser capaz de lidar com a dimensão do crime organizado e, apesar disso, o senso de dever da xerife faz com que ela não se acomode.


Entretanto, ela acabou incomodando outro policial, o seu avesso. Boyd é um perfil clássico de assassino em série, é um caçador. A série já nos mostrou outros tantos que, como ele, buscam vítimas enfraquecidas. E assim ele ia agindo, caçando imigrantes mexicanos pelo deserto, bem à vontade em seu território, auxiliado pela clandestinidade das vítimas.


Mas a xerife tirou a tranquilidade de sua empreitada assassina, e ele saiu de controle.


O papel dos membros da BAU também foi ressaltado, mas nao sei exatamente porque. Só sei que me parecia uma vasta reflexão sobre o papel do homem da lei, do garantidor.


Vimos as habilidades de Garcia serem tão elogiadas pela xerife; Prentiss poliglota, sempre tão útil; Morgan hábil em lidar com armas mais pesadas e Reid destacando que trabalha com o cérebro, e nem chega perto de tais armas. Hotch tem sua função burocrática, e está empenhado em conter gastos. Estava em uma reunião administrativa no começo do episódio, depois se preocupa com danos àquelas armas sofisticadas. Fiquei imaginando se será através de algum ajuste administrativo que a outra equipe da BAU, com Cooper, entrará em cena.

Acho que é isso, mas eu talvez acrescente algum comentário amanhã, quando eu postar as imagens.

Até.


segunda-feira, 19 de abril de 2010

[LOST] 6x12 Everybody Loves Hugo

por e.fuzii
Ao longo de todos esses anos, Hurley sempre mostrou ser aquele personagem carismático que toda série precisa, que com seu jeitão atrapalhado e ingênuo conquistava os espectadores a ponto de ser alguém que todos poderiam confiar. Afinal, não era possível duvidar das boas intenções de Hurley, principalmente sabendo que seu mega prêmio ganho na loteria converteu-se numa maldição ao seu redor, culminando na sua chegada à própria Ilha. Mas como breve recompensa, ou apenas outro desgosto, Hurley pareceu encontrar ali seu verdadeiro amor, Libby, que logo acabou morta por Michael dentro da estação Cisne, mudando o rumo de seu personagem na série. Ele deixou de servir apenas de alívio cômico e foi até importante no final da terceira temporada, quando dirigindo uma Kombi Dharma salvou a vida dos sobreviventes que corriam perigo na praia. Mas agora tão próximo da conclusão, acho merecido que fechem aquela ponta deixada solta na segunda temporada e resgatem toda a sensibilidade de Hurley, principalmente acompanhando sua preocupação ao trocar as flores no túmulo de Libby enquanto indagava a razão dela nunca ter lhe visitado. Questão mais do que justa, que ainda serviu de preparação para o episódio em si, tanto em relação a sua história na realidade alternativa quanto a participação de Michael.

Mesmo que Hurley já tivesse aparecido como coadjuvante antes em algumas dessas tramas de 2004, não esperava que nesse caso ele teria acumulado toda sua fortuna por ser um empreendedor de sucesso. Óbvio que não existindo a Ilha nessa vida, também não existiriam números malditos. Mas ainda que Hugo pudesse ter confiança em si para se arriscar nos negócios, ele nunca teve a mesma coragem para o amor. Até que sua alma gêmea consegue lhe encontrar. Libby carrega consigo as lembranças de seu encontro com Hurley na Ilha, mas parece ainda confusa por sua própria instabilidade mental. Após um pequeno incentivo de Desmond, que está disposto mesmo a consertar a relação dos personagens nessa realidade, Hugo e Libby podem finalmente desfrutar daquele merecido pic-nic na praia. E quando os dois se tocam através de um beijo (semelhante ao momento em que Desmond pega a mão de Penny) tudo passa a fazer sentido para Hugo também.
Como já se suspeitava desde a semana passada, todos aqueles que morreram na Ilha tem uma probabilidade maior de lembrar dos eventos dessa outra realidade. Claro que, como tudo em Lost, não é possível fazer disso uma regra, mas mesmo os casos de Keamy ou Bakunin podem ser explicados pelo fato do espírito de Michael -- assim como todos aqueles que "pecaram" -- continuar preso à Ilha. Aliás, a revelação do que seriam os sussurros, apesar de não ser nada inventiva, pareceu ter sido feita num momento bem oportuno. O único problema é como às vezes essas respostas passam do ponto, ficando escancaradas demais. Michael aparecendo depois dos sussurros e revelando sua condição já parecia suficiente para deduzir tudo, sendo desnecessário que Hurley fizesse aquela pergunta diretamente. Volta a fazer sentido ainda a famigerada teoria do Purgatório, dessa vez aplicada à própria noção da Ilha como rolha para conter o mal. Por isso, ainda acho que o conselho de Michael pode servir apenas para seus próprios interesses, levando Hugo a reunir os candidatos para cumprir o plano do UnLocke, e assim conseguir também sua liberdade.

Porém, confesso que qualquer interesse que ainda tivesse nesse rearranjo de grupos da Ilha foi reduzido a cinzas quando Ilana resolveu prestar uma homenagem ao Arzt da primeira temporada. Não apenas pela paródia, nem pelos efeitos sofríveis ou a estranha edição, mas sim pela própria personagem, que entre os sobreviventes do Ajira era a única que parecia ter alguma importância aos planos de Jacob. Porque se os produtores pediram boa vontade para esperar pela revelação "na hora certa" do que seria a realidade alternativa, agora olhando em retrospecto não faz o menor sentido tanta demora com gente vagando pela floresta, personagens sendo manipulados pelos motivos mais bizarros ou o chatíssimo encontro no Templo do início da temporada. Além do mais para tudo acabar resolvido com o UnLocke esperando calmamente que os outros candidatos aparecessem. Apesar disso, a cena em que Hurley tenta convencer seu grupo a seguí-lo sob as ordens de Jacob foi absolutamente hilária. Não só por lembrar tantas vezes que fomos obrigados a aceitar ordens duvidosas durante todo esse tempo, mas porque Hurley, o então personagem mais confiável da série, parecia claramente estar inventando tudo aquilo enquanto todos ao seu redor percebiam isso. Mas justamente Jack, cansado de liderar os sobreviventes ao fracasso, acaba deixando-se levar pelas convicções de Hurley -- e ficamos impressionados com as transformações de Sayid e Claire em zumbis, hein? -- o que também influencia Sun e Lapidus a seguí-los. Assim, para defender os interesses de Jacob, restam apenas Richard, Ben e Miles que partem em busca de uma forma de destruir o avião da Ajira.
Mas apesar de Hugo ser o personagem central do episódio, o grande destaque mesmo foi o encontro entre UnLocke e Desmond, que com toda sua serenidade para lidar com a situação mostra a importância de ter sido trazido de volta à Ilha por Widmore. Ainda não se pode dizer com certeza que toda essa calma é em razão de estar ciente das duas realidades, mas não deixa de ser curioso que logo após ser jogado para o fundo do poço, Desmond siga para atropelar Locke no estacionamento da escola. Não acho que esses fatos ocorram em paralelo como a edição nos leva a acreditar. Muitos menos consigo crer que esse seja um plano de vingança de Desmond. Até pelo olhar revelador ao final, o mais provável é que esse atropelamento seja a forma que Desmond encontrou para expor Locke a uma condição próxima à morte nessa realidade. Mas se Locke está morto em 2007, será que ele já não teria recebido essas tais revelações? Apesar de tanto ter valorizado no episódio anterior o rumo que a realidade alternativa decidiu tomar, fico ainda desconfiado que essas histórias estejam indo em direção a um final feliz. Mesmo considerando todo o esforço de Desmond, é impossível ignorar o fator Ilha, tanto influenciando a vida de cada um deles como pelo seu significado para a própria série. Por isso, essa aparente conclusão feliz já tão cedo para tantas tramas, só me parece indício de que o final será bastante difícil para todos esses personagens.

Fotos: Reprodução.

e.fuzii
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sexta-feira, 16 de abril de 2010

[Melrose Place] S01E13 - Oriole

por Rafael S


Em seu retorno depois de alguns meses de hiato, Melrose Place se viu em uma nova situação: com o mistério da morte de Sydney resolvido no episódio passado, um leque de possibilidades foi aberto. Mas embora Oriole comece a adiantar parte das possíveis tramas desse resto de temporada, ele serve mais como um epílogo dessa primeira fase.

Ao contrário de 90210, que integrou uma elipse na trama ao hiato, aqui o capítulo já começa na manhã seguinte aos importantes acontecimentos da noite anterior. E a série voltou com o pé direito, utilizando uma bela montagem com todos personagens sendo enquadrados do alto para demonstrar o que eles estavam passando. Uma dos momentos mais elegantes da série até agora. Pudemos presenciar a manhã seguinte do novo casal Jonah e Ella. E como é diferente ver Ella totalmente caída pelo rapaz. Uma faceta da personagem que nunca havíamos visto, nem mesmo em seus outros envolvimentos com outros homens (e mulheres). Vulnerável, ela se agarrou a aquele momento que tanto esperou com unhas e dentes, e tentou não fazer daquilo apenas uma noite. Só que para Jonah era tudo mais complicado, e o motivo de seu dilema era obviamente a Riley. E daí o episódio investiu na velha trama do medo de contar a verdade, e Jonah foi se arrastando para Riley, omitindo tudo que havia acontecido na noite anterior. Me retorci por dentro ao ver o casal mais uma vez reunido, com certeza seria um brutal retrocesso. Mas felizmente, os roteiristas apenas esboçaram essa volta para estraçalhá-la no fim do capítulo. Corroído pela culpa, o cineasta abriu o jogo, e isso foi o suficiente para desnortear completamente Riley e acabar com qualquer chance de vê-los reatados (ao menos temporariamente). O tiro de misericórdia no relacionamento mais arrastado da série, uma verdadeira consumição para os personagens - e para os espectadores também, não era possível que alguém gostasse disso. Mas isso não significa que o caminho ficou livre para Ella, já que Jonah ficou totalmente devastado com o fim de seu namoro/noivado. Mas duvido muito que a loura abra mão dele tão fácil.

E enquanto não consegue fisgar Jonah de vez, Ella continuou fazendo o que sabe muito bem: servir de saco de pancadas da Amanda. Em um festival de ironias, críticas e humilhações, a veterana continuou seu esporte favorito: fazer com que sua assistente coma o pão que o diabo amassou. E aqui tudo girou em torno da festa promovida por Amanda para seu namorado, Ben Brinkley (Bill Campbell) - que pareceu um potencial personagem recorrente na série. Sobrou para Ella cuidar de toda a preparação do evento, e constantemente passar pelo cruel crivo de Amanda, que não queria nada menos que o perfeito. Mas embora esse lado de Amanda fosse conhecido, essa trama serviu para evidenciar seu lado frágil quando está junto de Ben. Totalmente diferente, ela despe-se de sua armadura, se tornando uma pessoa muito mais amável - e até que deu para sentir (um pouco de) pena dela ao ver a desilusão em seus olhos ao ver que seu presente surpresa era "apenas" um carro de luxo (e posteriormente, uma jóia). Quem diria que tudo que Amanda Woodward queria era casar? Eis seu calcanhar de Aquiles...



Alheios a tudo isso estão David e Lauren. Ela, que sofreu uma overdose no episódio passado, tratou logo de forjar uma história para esconder sua profissão paralela, e David acreditou. Achei um grande desperdício, já que essa vida dupla uma hora ou outra será escancarada. E já que os roteiristas trataram de dar um fim na lenga-lenga entre Jonah e Riley, porque não investir em um rumo novo aqui também? E tudo foi resolvido com uma daquelas surras em Rick, responsável por drogar Lauren na noite anterior. Tudo bem que ele merecia, mas poderia também ter tentado explicar em quais condições ele se encontrou com Lauren, mas os punhos furiosos de David encontraram sua boca mais rápido do que ele pudesse falar muita coisa. E assim, no meio de tanta desilusão amorosa em apenas um episódio, Lauren e David acabaram sendo o único casal feliz da série no momento, compreensivos o suficiente para até aceitar o cabisbaixo Jonah que veio pedir abrigo em seu apartamento.

Mas mesmo com todos esses acontecimentos, os pontos principais do capítulo foram Auggie e Violet. Dentre os personagens fixos da série, sem dúvida os mais atrelados com Sydney, e consequentemente, afetados pela sua morte. Auggie foi tratado como um suspeito desde bem cedo, caçado pela polícia e alvo da desconfiança de quase todos - ou seja, acabou se tornando um pária naquele condomínio, e ainda que contasse com a compaixão de alguns (Violet e Riley), estava muito claro que aquele não era mais seu lugar. Já Violet havia chegado no 4616 justamente para conhecer Sydney, mas poucos dias depois perdeu essa mãe que pouco conviveu. Uma aventura que lhe custou muito, desde fugir de casa (e assim alimentar ainda mais a psicose de seu "irmão"), até mergulhar em um nível de neura absurdo, que a levou a atirar para todos os lados, e tentar achar seu lugar naquele mundo agora ausente de sua mãe. Confrontar e matar a assassina de Sydney foi sua gota d'água para perceber que tinha que seguir em frente. E com essa consciência, ela abriu o jogo para Auggie sobre a realidade em que se encontravam, realidade essa na qual eles não mais se encaixavam. E assim os dois juntos resolveram seguir adiante, e tentar a vida em um local onde as coisas possam dar mais certo, deixando toda a dor e mágoa que o condomínio lhes trouxera. Em uma estrada grande o suficiente para se perder no horizonte, o caminho dos dois em Melrose Place se encerrou, ao som da bela e triste Love is the End, do Keane. Uma cena tão bonita quanto a que abriu o capítulo.



A despedida de Auggie e Violet marcou definitivamente o final desse primeiro ato de Melrose Place. Alvo de críticas sobre a trama da morte de Sydney, os produtores e roteiristas tiveram que se livrar desses dois personagens para tentar imprimir um novo ritmo à série, e tentar salvá-la do cancelamento. E qual será esse novo ritmo? Só o próximo episódio nos dirá.



Fotos: Reprodução



Rafael S
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terça-feira, 13 de abril de 2010

[90210] S02E13 - Rats and Heroes

por Rafael S


Ah, as férias! Nada como algumas semanas livres para esparecer a cabeça e esquecer dos problemas. E no mundo das séries, não há muleta melhor para dar aquele salto temporal em séries jovens. O problema é que isso muitas vezes acaba diminuindo o impacto do gancho do episódio anterior. E isso foi justamente o que aconteceu nesse retorno de 90210. Depois do tenso fim do capítulo passado, com Jasper falando para Annie que sabe que ela atropelou e matou seu tio, eu pelo menos esperava que esse novo episódio desse continuidade os acontecimentos imediatamente após essa cena. Mas eis que somos brindado com uma brutal elipse, e os personagens retornando das férias para seu primeiro dia de aula.

Assim, foi brochante saber que Annie havia viajado e passado as férias em Las Vegas, adiando inexplicavelmente seu confronto com Jasper até a volta das aulas. Uma grande forçada de barra desse episódio. De qualquer jeito, não só ela estava voltando do descanso: Naomi e Silver também voltaram de uma temporada nas praias do Caribe, e com a primeira na empolgação de seu recém-engatado namoro com Liam. O problema é que depois de crescer tanto ao lado de Ivy, é triste ver o rapaz regredindo ao ficar com Naomi, que claramente tem uma vibração diferente da dele. Pelo menos o roteiro foi inteligente o suficiente de escancarar essa diferença logo de cara. A incompatibilidade do casal já ficou clara para ambos, restando apenas o sexo para entretê-los. Mal começou e já me parece fadado ao fracasso. Bom para Ivy, que mesmo sozinha continua uma ótima personagem, com seu jeito característico, e nas poucas cenas em que apareceu nesse capítulo, estava muito bem, seja lendo quadrinhos ou recebendo o inesperado presente de Naomi.



Já Silver, embora não cada vez menos demonstre seu jeito indie, continua legal, mas desnecessariamente amarrada com a ancora chamada Dixon. Um verdadeiro encosto em sua vida, o rapaz cada vez mais cai no DESGOSTO do público, ao ficar tramando mentiras para afastá-la de Teddy e abrir caminho para suas investidas. O que é uma pena, já que Dixon está funcionando perfeitamente agora que reatou a amizade com Annie, tendo uma bela química entre irmãos em cena. Espero que esse jogo duplo dele com Silver e Teddy acabe logo.

E então voltamos a Annie. Depois de convenientemente esfriar sua cabeça em Vegas, ela voltou para a assombração sua vida chamada Jasper. O rapaz, que antes apenas dava indícios de sua instabilidade, agora já não esconde mais sua psicose por Annie, chantageando-a a ficar com ele. E pelas reações violentas dele em outros e nesse episódio (a cena em que ele dá uma pedrada em um carro ficou filmada de um jeito bem interessante), é de se deduzir que ele venha a tomar atitudes enérgicas contra a garota, que acuada pela sua culpa no atropelando, está se submetendo a todos os desígnios do vilãozinho. Jasper, aliás, ainda conseguiu dar um belo revés em Navid, que em sua investida de justiceiro tentou plantar drogas sem sucesso do traficante, só para provar de seu próprio remédio no fim. Pensei que ele já estivesse de saída, mas parece que ainda vai dar muito trabalho na série.

Mas para mim o destaque desse episódio ficou para a ex-cliente de Jasper, Adrianna. Desde que se recuperou do vício (seu auge na série), a personagem oscilou entre subtramas pouco empolgantes (seu envolvimento com Navid, e posteriormente, Teddy), perdendo força desde então. E eis que os roteiristas resolveram dar um novo rumo para ela. E para tal, praticamente reinseriram Gia na série. Digo reinseriram pois embora ela já tivesse aparecido em alguns capítulos, sua participação sempre havia sido discreta, e é aqui que somos apresentados de verdade à personagem. E como deram uma repaginada no visual dela, abandonando o jeito mais formal, de óculos, e apostando em algo mais descolado, é porque esse envolvimento dela com Ade vai longe. Lésbica assumida, já demonstrou na hora algum interesse pela morena, que nesse momento complicado de sua reabilitação e falta de proximidade das amigas, viu na ruiva alguém com quem contar. Uma amizade criada, que inevitavelmente deverá se encaminhar para um namoro, mas sem precisar chocar e nem levantar bandeiras quanto à homossexualidade. Gostei dessa abordagem mais serena, e como uma nova trama era tudo que a Adrianna estava pedindo, aposto muito nessa parte da série.



E falando em novas tramas, houve também uma tentativa de dar um rumo ao (cada vez mais reduzido) núcleo adulto da série, com a Debbie tentando arranjar um namorado para Kelly, mas se vendo alvo do seu professor de ioga. É no mínimo estranho ver isso sendo introduzido agora depois de saírem notícia da saída da Jennie Garth e do Rob Estes (torço muito para que isso NÃO aconteça) do elenco da série. De qualquer jeito, resta esperar onde isso vai dar.

Esse primeiro episódio, aos trancos e barrancos, depois da pausa acertou em apostar em novas tramas para personagens que não estavam rendendo tanto. Mas como é típico da série, nessas mudanças criou muitas pontas ainda a serem lapidadas até o fim da temporada. As férias acabaram, lá vamos nós mais uma vez mergulhar nesse turbilhão de hormônios adolescentes em Beverly Hills.

Fotos: Reprodução



Rafael S
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segunda-feira, 12 de abril de 2010

[Spartacus: Blood and Sand] S01E07 - Great and Unfortunate Things

por Rafael S


Depois do mar de tragédias que foi o episódio passado, é hora dos personagens se perguntarem: como seguir em frente? Luto, desorientação, desânimo, desapego, são todos sentimentos compartilhados não só pelo Spartacus, mas por muitos outros nesse sétimo episódio de Spartacus: Blood and Sand, o capítulo mais bem escrito da série até agora.

Tendo se despedido de Sura, restou a Spartacus apenas a incerteza sobre o futuro: se tudo que ele havia feito desde o momento em que chegou a Cápua foi por causa dela, o que fazer agora? Restaram a ele apenas as memórias ao lado de sua amada, e foi nelas que ele foi buscar algum aconselhamento. Ou seja, mesmo com sua personagem morta, tivemos mais uma oportunidade de ver a bela Erin Cummings na série em flashbacks - e será que ela se tornará uma presença constante de agora para frente nesse estilo? Seria interessante. Mas Spartacus teve pouco tempo para degustar seu luto, pois as contas do ludus não param, nem os sonhos de voos altos de Batiatus: assim, o Domino tratou de acertar a participação de seus lutadores em mais uma festividade para homenagear os feitos do comandante romano Marcus Minucius Rufus e sua luta para expulsar os trácios de Roma. E quão cruel foi o destino ao colocar justo Spartacus, um trácio, para representar aquele que massacrou seu povo no passado.

E esse foi o grande dilema que o herói encontrou nesse episódio: jogar tudo para o alto agora que Sura está morta ou continuar em seu caminho como o novo Campeão de Cápua? A Trácia agora lhe parecia uma memória distante, destroçada pelas tropas de Claudius Glaber, e aquela que era sua última ligação com essas lembranças, Sura, havia morrido em seus braços. Todo o episódio trata desse momento de transição na vida de Spartacus, dele, à duras penas, cortando os laços com seu passado para mergulhar de uma vez por todas nessa vida nas arenas. Como se o gladiador, forjado nas batalhas sangrentas, guerras, no Submundo, nas arenas, tomasse o controle. Toda aquela paranóia de se tornar uma máquina de matar, evidenciada em capítulos anteriores, como o The Thing in the Pit sobrepujou o jovem idealista trácio, que sonhava em viver ao lado de sua amada. E assim, o protagonista se transforma, dando uma guinada inesperada nos rumos da série. Temos um novo Spartacus, com novos objetivos e motivações - um marionete cuidadosamente esculpido por Batiatus e seus planos de grandeza. Nesse novo cenário, apenas a revelação dele como o responsável pela morte de Sura poderia trazer o velho Spartacus de volta - mas isso deve ser assunto para o fim da temporada.



Mas falando em traição, Ashur definitivamente não contava que seu plano de assassinato de Barca poderia ter consequências. O jovem Pietros, sofrendo pelo sumiço do namorado e indefeso na mão dos gladiadores, recorreu ao suicídio para aplacar a dor que sentia. E isso colocou ninguém menos que Doctore no caminho do negociante. O treinador, suspeitando da história de "liberdade comprada", resolveu investigar o desaparecimento de Barca a fundo, e com a ajuda de Naevia (uma das poucas que sabe da morte do lutador), chegou a Ashur, deixou claras suas ameaças caso viesse a resolver esse mistério. Isso coloca Doctore em uma nova posição na série: agora que teve seu fantasma expurgado (Theokoles), o personagem parece mais flexível para transitar em outras tramas. E embora rígido, ele sempre soube reconhecer a força de seus "pupilos" quando merecida, e ele definitivamente não está feliz nem convencido com o sumiço de Barca. Esse novo antagonismo entre Doctore e Ashur promete bastante, e mal posso esperar para ver o golpista sendo desmascarado.

Ainda no leito de morte, Crixus passou mais um episódio apenas estirado na cama, mas ao recobrar sua consciência, pode vislumbrar a nova configuração amarga das coisas: Spartacus era o novo Campeão de Cápua, e ele um moribundo gravemente ferido, e abandonado pelo seu maior parceiro do ludus (Barca). Depois de muita arrogância, foi curioso ver a decepção em seus olhos, tendo apenas Naevia para lhe amparar naquele momento. Um grande revés no personagem, que terá que reconquistar muita coisa de agora em diante. E espero que não o coloquem de novo como rival de Spartacus, e sim que seja construída alguma camaradagem entre os dois, a parceria deles contra Theokoles foi um dos melhores momentos da série até agora.



E como desgraça pouca é bobagem, sobrou até para Varro nesse capítulo. Em seu reencontro com sua mulher e filho, descobriu que ela não havia sendo a mais fiel das mulheres enquanto ele estava preso no ludus, e muito do que acreditava parece ter ido por água abaixo. Claro que ela teve os motivos dela, soando até como uma crise de ciúmes besta a cena de briga dos dois, mas essa endurecida pode ser benéfica ao personagem, já que Varro era até agora um dos personagens mais bonzinhos da série. E nesse mundo de Spartacus, os bons parecem não ter vez.

Um episódio sobre como lidar com perdas: Varro, ao se separar da mulher, ficou carrancudo. Pietros, ao perder Barca, desistiu de viver. Crixus, ao perder sua glória, aprendeu sua mais cruel lição. E Spartacus, ao ver Sura morta, abdicou do seu passado. Como a cena final representou tão bem, foi a morte do velho Spartacus, para que novo, banhado a ferro, fogo e sangue, nascesse. Great and Unfortunate Things teve, na minha opinião, o roteiro mais bem construído até agora, amarrando diversas tramas em torno de um único tema e criando esse novo painel no qual a série se configurou. Que comece essa nova fase, promete.

Fotos: Reprodução



Rafael S
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[Criminal Minds] 5X18 "The Fight"

(por Célia Kfouri)

Há quanto tempo não comento um episódio na semana de exibição! Mas agora que estou em dia, vou tentar não atrasar novamente.


E esse episódio é mais do que peculiar, afinal ele apresenta a equipe que estrelará o spin-off da série, que há tanto ouvimos falar.


Forest Whitaker aparece como o líder de outra equipe da BAU, também formada por um britânico (e tomara que agora os shippers se ocupem dele e Prentiss e deixem o Hotch em paz), um ex-presidiário cuja história ainda não conhecemos, e uma agente com histórico militar. Apesar de também ser um veterano na BAU, Sam Cooper (F.Whitaker) esteve afastado por algum tempo, e tem um estilo bem diferente de Hotch. É mais prático, menos burocrático, mais impetuoso, e também muito eficiente. Há muito para saber sobre ele.

Cooper e Hotch. O que teremos pela frente?

Prentiss e Rawson, que salvou sua vida logo de cara.


(Eu, pessoalmente, não simpatizo com o Forest Whitaker. Acho que ele é tão expressivo que acaba sendo sempre o mesmo. Além disso, provocou muita raiva em quem gostava de Vic Mackey, da antológica série The Shield. Aproveito para sugerir que assistam a essa série maravilhosa. Maravilhosa! Fica a dica.)


Ao oferecer ajuda para Hotch, por ter uma teoria diferente da que se está investigando no caso da semana, ele acaba unindo as duas equipes (apesar da desaprovação da Chefe Strauss), e a dinâmica do episódio muda completamente.


São duas equipes trabalhando juntas em crimes que correm em paralelo, e cada frente de investigação conta com um par de agentes formado por um de cada equipe.


Morgan e LaSalle foram bem ortodoxos. Prentiss e Mick Rawson estavam se analisando o tempo todo, e foi mais interessante. Rossi e Prophet formaram a melhor dupla. Muito bem sacado ele ser ex-presidiário e não se saber nada dele. Rossi está muito acostumado a lidar com criminosos, mas num esquema totalmente diferente.

Morgan e LaSalle

Rossi e Prophet trabalhando juntos

Mas Garcia e Reid apareceram muito pouco. Muito pouco para um episódio poder ser muito bom.


Os crimes que eles investigam são relativamente interessantes, porque não fiquei com a sensação de ser mais uma releitura de algum episódio anterior. As duas linhas de investigação foram um tanto originais, e o episódio teve um ritmo bem diferente. Muito mais ação, bem típico de outras séries do gênero. CM sempre é mais cérebro do que perseguição policial ou troca de tiros. Essa teve até helicóptero, além de bastante sangue e correria. Por falar nisso, acho que foi um dos episódios com mais violência explícita e até grosseira. Muita pancada, muito sangue que se esperaria ficar mais subentendido. Não pareceu minha série de sempre. Espero que tenha sido assim para mostrar o tom que o spin-off terá, e que a série original continue como sempre foi.



A carnificina promovida pelo unsub.


A cena em que o britânico acerta o unsub, naquele cenário e com aquela música, só me fez pensar em Jason Bourne, de quem eu até gosto bastante, mas que não tem nada de CM. (A cara de CM é a nerdice de Reid e a excentricidade da Garcia, que aqui ficaram tão apagadas.)

Por falar nesse tiro de precisão, à distância, se não fosse o rawson, seria o terceiro episódio seguido (!!) em que a equipe teria deixado o unsub se suicidar. Ridículo!


Mas agora é esperar para saber o que nos espera. Não andei lendo muito sobre o resto da temporada e nem sobre o spin-off, então sou só mais uma espectadora aguardando o 5x19. E nos vemos aqui nos comentários.






(Fotos: Reprodução)

domingo, 11 de abril de 2010

[Criminal Minds] 5x17 "Solitary Man"

(por Célia Kfouri)


O 5x17 logo me pareceu que seria mais um episódio mediano porque, não importa como contem uma história, algumas soam fantasiosas demais desde o início. Na boa, eu não consigo achar que exista um pai que conta historinhas de reis e rainhas para sua filha enquanto repetidamente seqüestra mulheres para ver se alguma serve para ser sua rainha e assim refazer sua família com a princesinha a seu lado. Essas motivações supostamente nobres me irritam em alguns unsubs. E me irrita saber que a série quer me mostrar um unsub com um lado bom, para que eu tenha sentimentos conflitantes. Muito manipulador.



Historinhas, historinhas...

Interessante saber dessa ‘HKS database’. A BAU organizou uma base de dados de todo o país, com informações sobre homicídios ocorridos em estradas. Muito razoável para um país tão grande e com tantas estradas. Que organização, hein? Aqui nem os documentos de identidade de todos os estados estão em um banco de dados unificado. Quer dizer...


Reid é sempre um alento!

A única morte que me pareceu mais crível foi a da mãe substituta. Acredito perfeitamente no unsub cheio de raiva e violência, e matando-a desse jeito. Em compensação, aquela conversinha via rádio entre ele e a filha, aff!


E eis o segundo unsub (seguido!) que a BAU permite o suicídio, ou ao menos não impede, simplesmente por não prever o que estava por vir.

Mais um que deixam se matar??! PQP




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(Fotos:Reprodução)

[Criminal Minds] 5x16 "Mosley Lane"

(por Célia Kfouri)

Escrever sobre o 5x16 é um grande desafio. É que ele me causou todo tipo de impressão; fui do céu ao inferno em pouco mais de 40 minutos.


O seqüestro de crianças é sempre instigante e, nesse episódio, a ambientação e a caracterização dos unsubs foi aterrorizante. A música de fundo, tudo foi caprichadíssimo. Após alguns minutos de episódio, eu me senti diante de uma obra-prima, um episódio que seria top 5 ou coisa parecida. A funerária, o crematório, os longos anos de aprisionamento, o rosto dos unsubs, tudo macabro.


Sinistra.


"If you make a sound, I'll kill your mommy."


A cena em que Prentiss e Morgan chegam à casa dos unsubs e questionam o marido foi bem interessante. O jogo de palavras e expressões trazia muita tensão.

O unsub, confrontado por Morgan.

A colaboração da mãe incansável na busca por seu filho, o trabalho conjunto com a BAU, tudo funcionou muito bem para mim. Mas fiquei possuída de raiva, frustração e desprezo quando me dei conta que não iriam explicar nada. Mereceu um monte de palavrão!! Quem era esse casal? Que ligação era essa? Qual a motivação? Qual a história por detrás dos crimes? Não vão se dar ao trabalho de contar porque não bolaram uma trama boa o suficiente??


Como é que deixam o cara se matar, assim?!

Na boa, acabou sendo um episódio quase medíocre porque, depois de criar tanto clima, não mostrou a que veio. Que desperdício!



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(Fotos: Reprodução)

[Criminal Minds] 5X15 "Public Enemy"

(por Celia Kfouri)



Não vou nem comentar meu sumiço. É tão sem sentido que digo apenas que nem eu sei exatamente o porquê. Mas peço desculpas àqueles que tenham sentido falta dos meus posts. Comentarei resumidamente esses três episódios apenas para não passar em branco, pois já estão bem antigos.

No 5x15, fomos apresentados a um unsub um tanto fora do padrão, pois sua motivação era a comoção pública e não o ato criminoso em si. Os incendiários são os criminosos que mais comumente se encaixam nesse padrão, mas aqui ele era um criminoso sangrento que, inusitadamente, não tinha prazer no ato em si.


Uma vítima degolada durante a missa.

O unsub se diverte com o luto dos policiais.


Sua sequência criminosa culmina no assassinato de seu pai, já dentro da cadeia. Tem cada pai por aí que, realmente, é difícil imaginar que o filho crescesse mentalmente são.

Entre os pontos que me chamaram a atenção está a atuação de Rossi. Foi ele que elucidou o caso praticamente sozinho. Percebeu que a comoção era o objetivo do unsub, pois percebeu a simbologia dos locais dos crimes. Imaginou que o unsub estaria se divertindo à custa do luto dos policiais. Sugeriu que provocassem o unsub, como se a última vítima estivesse viva. Mas não entendi exatamente aquele cheque no final; Presente de primeira comunhão? Tem isso, é?

JJ me fazendo sentir vergonha alheia da personagem que tem como função tomar chá de mentirinha com a filha da vítima. Faço coro a todos aqueles que desejam que ela vire mãe full time e vá pra Louisiana com seu Cajun William.

Uma frase singela, no finalzinho, valeu o episódio para mim. Quando a equipe comenta que filhos derrotam pais de muitas maneiras, Reid diz que ele faz isso acumulando doutorados. E aí sou forçada a repensar o que escrevi um pouco acima: é possível crescer com a mente sadia, mas tem que ser alguém muito especial, como nosso Spence.





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(Fotos: Reprodução)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

[LOST] 6x10 The Package | 6x11 Happily Ever After

por e.fuzii
Desde que comecei a escrever sobre Lost neste blog, nunca havia deixado acumular dois episódios como hoje. Chega a ser vergonhoso, eu sei, mas acho que nem deveria pedir desculpas porque não seria sinceras dessa vez. O fato é que cada vez me empolgava menos escrevendo sobre a série porque tudo se mostrava extremamente óbvio, às vezes sem a menor necessidade de descrever aquilo que todos já estariam vendo. A realidade alternativa, que continuava sendo o maior dos mistérios, às vezes faziam com que alguns espectadores procurassem sentido até onde não tinha. Mas como na semana passada Lindelof garantiu que hoje a prosa já mudaria de rumo, nem me esforcei em terminar o texto. E como suspeitava, não seria nenhum absurdo que o texto da semana passada servisse de introdução para o dessa semana. Ainda assim, ao contrário da maioria dos fiéis espectadores de Lost, sempre fui admirador dos episódios centrados no casal Jin e Sun. Porque mesmo que as histórias fossem em grande parte mundanas, não deixavam de ser importantes para desenvolver cada um dos personagens, levando em conta principalmente a dificuldade que é lidar com um casal já formado desde o início da série. Mas a partir do final da terceira temporada, quando infelizmente foram separados, tanto Jin quanto Sun foram deixados de lado, preteridos pelos novos personagens que apareceram no decorrer da história. Na minha opinião, apenas um dentre vários indícios para quem quiser entender a mudança de rumo da série e por que houve tanta queda de qualidade. Para piorar, ao voltar para a Ilha, a participação de Sun foi reduzida a indagar a todo momento por onde andaria seu marido. Por isso, a única expectativa envolvendo esse episódio era que fosse sacramentado o reencontro dos dois, o que para decepção de muitos acabou não acontecendo. Chega a ser irônico também que nem mesmo o título fosse relacionado a história desses personagens.

Dentre os episódios focados nos coreanos, talvez meu favorito seja The Glass Ballerina, ainda no início da terceira temporada, quando a tradicional honra oriental é discutida através do caso de adultério envolvendo Sun e Jae Lee, seu professor de inglês. Se naquela ocasião a missão de Jin era matar aquele que havia lhe desonrado (mesmo sem saber disso), desta vez é sua cabeça que está a prêmio por conta de seu relacionamento secreto com Sun. O único problema foi que já sabendo há alguns episódios atrás que Jin encontraria Sayid no restaurante, a trama serviu em parte para preencher lacunas e pareceu fechar pontas soltas sem que tivesse uma conclusão convincente. Mesmo assim o roteiro mostrou-se bastante eficiente ao revelar certas surpresas na hora certa, como Jin reforçando que não era casado para o atendente do hotel e Keamy revelando que o dinheiro trazido por Jin colocaria fim em sua própria vida. Se essas histórias que se passam na realidade alternativa representam mesmo aquilo que seria definitivo na vida desses personagens, a mensagem não poderia ser mais clara: é destino de Jin e Sun viver mesmo separados.
Na Ilha, essa separação já dura quase três anos, contando ainda com um breve momento em que estavam situados até em linhas temporais distintas. O desafio do UnLocke nesse caso é exatamente conseguir unir o casal, já que ainda não sabe qual dos dois Kwon é o candidato que permitirá sua saída da Ilha. Ironicamente, enquanto ele tentava recrutar Sun perto da praia, Jin era capturado pelos capangas de Widmore no acampamento. Vale ressaltar a forma como UnLocke tenta convencer Sun, sem nunca obrigá-la a nada. Se Jacob aparece como aquele que destina esses personagens a chegarem onde estão, seu antagonista somente age a partir do consentimento deles -- claro, a não ser que seja obrigado a executá-los. Afinal, mesmo que tenha de apelar para ameaças, UnLocke não decide simplesmente raptar Sun quando ela já está nocauteada por uma árvore na floresta. Por conta desse inusitado acidente (alguém explica o que atraiu a cabeça dela para aquela árvore?), Sun perde a capacidade de se comunicar em inglês, embora ainda consiga entender. Não sei se esse lapso terá algum propósito mais adiante, mas creio que seja apenas outro tributo à primeira temporada, assim como sua pequena plantação ou até a conversa final com Jack na praia. Sun pode ser descrita como esse fruto teimoso citado por Jack, já que pouco se importa com qual lado vai vencer nesta guerra. Tudo o que ela quer é reconstituir sua família e criar sua filha ao lado do marido, nada mais justo para alguém que passou a ser ignorada até pelos próprios escritores dessa história. Ainda mais depois da comovente cena em que Jin vê pela primeira vez as imagens de sua filha, fico em dúvida se teriam coragem de sacrificar um deles no final. Principalmente porque, como sempre defendi, Jin poderia ter morrido na explosão do cargueiro que Sun teria ainda muito a oferecer motivada por esse desejo de vingança. Mas claro que dessa maneira ela dificilmente seria trazida de volta à Ilha junto dos Oceanic Six.

Se infelizmente não tivemos a reunião do casal dessa vez, pelo menos pudemos vibrar com o aguardado embate entre Widmore e UnLocke, certo? Errado, pois mesmo separados por uma cerca sônica, a cena acabou sendo breve e frustrante demais, principalmente porque nessa época de guerra declarada, o encontro não poderia assumir apenas esse tom de discurso político. Por fim, o único fato que acabou valendo mesmo foi o retorno de Desmond, já há algum tempo antecipado por muitos. Sua missão na Ilha ainda não havia sido cumprida, e caberia a ele também salvar essa irregular temporada, colocando a série de volta aos eixos.
Felizmente, Desmond nunca decepcionou. Para ser sincero, grande parte do que vimos em sua realidade alternativa, que tomou conta da maioria do episódio, foram ideias recicladas de ocasiões anteriores, seja nas participações de Ms Hawking como nessa busca frenética por Penny. Já vi gente até comparando com The Constant, o que pra mim soa até como heresia, ou porque a pessoa não lembra ou porque não entendeu as razões que fizeram daquele episódio uma obra-prima. Além disso, sabendo da importância de Desmond nessas múltiplas "instâncias", era mais do que esperado que ele fosse a peça chave para revelar o propósito dessa realidade alternativa. O que me incomoda nessa reta final é que a série esteja sendo levada quase num piloto automática, sem se arriscar ou mesmo tentar surpreender. Mas nem preciso dizer que é um alívio ter alguma explicação do que se trata essa trama que se desenrola em 2004. Até agora, além de se adequar à linha do tempo da Ilha com o retorno de Desmond, não vejo nenhuma outra razão para terem mantido tanto segredo sobre isso.

Pelo menos já temos garantias de que não serve apenas como um epílogo para esses personagens. Afinal, apesar de ter conseguido aquilo que sempre desejou, a aprovação do seu então sogro Charles Widmore, Desmond enfrenta nessa realidade alternativa a falta de sua constante, Penny. Ele é alertado por Charlie, que num momento à beira da morte pareceu vislumbrar Claire nos seus delírios e, óbvio, se apaixonou perdidamente. É curioso como a morte parece ser o momento em que há uma convergência entre essas duas realidades, assim como aconteceu com Juliet nos braços de James no início da temporada. Por isso, como em alguns outros episódios dessa temporada, concentrando-se em abordar questões como fé, livre arbítrio ou destino, por exemplo, creio que o tema mais adequado para discutir essa jornada de Desmond para desvendar a realidade alternativa é através da reencarnação. Para quem acredita, uma das razões que as pessoas teriam para esquecer tudo aquilo que viveram em vidas passadas seria para não cair em dilemas morais. Analisando a situação de Daniel Faraday, que neste caso aparece como filho reconhecido por Widmore, seria bastante desagradável se ele lembrasse que foi sua própria mãe que o impulsionou para a morte certa na sua outra vida. Desconfio até que esse seja o motivo para Eloise tentar proteger essa sua nova vida de todas as mudanças que Desmond pretende fazer, principalmente pela forma como ela aparece "mimando" seu filho Daniel. Além disso, a própria busca pelo amor eterno desses personagens é decorrente da ação de forças além da vida, relações etéreas por assim dizer. Mas é claro que a realidade alternativa não vai (e não deve) se limitar apenas a essa questão, assim como não seria simplesmente resolvida pela busca do amor eterno como numa canção pop qualquer.

Ao contrário de muita gente especulando que o ponto de partida para a divergência dessas duas realidades fosse a explosão da Jughead que vimos no final da temporada passada, agora acredito que esse seria apenas o momento de despertar para esses personagens. Por mais que isso possa soar bastante claro para mim, posso estar redondamente enganado como em grande parte das previsões que fiz durante a série. Como espero que nessa conclusão tudo que vimos até aqui seja bem amarrado, acho que as viagens no tempo que acompanhamos no ano passado serão cruciais. Afinal, todos aqueles que participaram da Iniciativa Dharma contribuíram de certa forma para sua própria sorte, sendo trazido posteriormente/anteriormente para a Ilha. É esse o ponto que talvez explique tudo. A linha do tempo que aparecia contínua acabou se "distorcendo" e formando um verdadeiro ciclo, quando já não se podia distinguir causas de efeitos. Mas apesar de tantas mudanças nos anos 70, aquela que me pareceu mais importante foi quando Daniel Faraday orienta que enterrem a Jughead, no episódio de mesmo nome. Creio que a explosão da bomba na hora "errada" tenha sido a causa da Ilha ter sido submersa e portanto, o ponto de partida para essa nova vida. Infelizmente, não faço a menor ideia do que Desmond pode fazer para mudar isso, mas o final do episódio, quando ele se propõe a revelar a verdade a todos os envolvidos já é indício que será uma decisão a ser tomada em conjunto. Provavelmente mais uma disputa a se configurar, já que alguns estão claramente vivendo uma vida mais serena em 2004.
Mas o grande destaque do episódio foi mesmo o novo primeiro encontro de Desmond e Penny, dessa vez nas arquibancadas do estádio. Se esse episódio trata do amor como destino, o que mais me surpreende é que Henry Ian Cusick e Sonia Walger não formem um casal na vida real. Impressionante como dividindo uma cena por ano praticamente, às vezes até à distância, Desmond e Penny tenham uma química bem melhor do que muitos casais que passam temporadas juntos. Como sempre fui um espectador orientado muito mais pelos personagens da série do que pelos mistérios, já acabei perdendo grande parte do interesse que restava em relação à Ilha. Podemos todos voltar agora a 2004 e tentar consertar tudo aquilo que está errado que não teria mais razão alguma para reclamar.

Fotos: Reprodução.

e.fuzii
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sábado, 3 de abril de 2010

[Spartacus: Blood and Sand] S01E06 - Delicate Things

por Rafael S


"Sura será libertada. Nessa vida, ou na próxima, com o marido ao seu lado." - Spartacus

Os ventos mudaram para Spartacus. As agruras e a aridez foram substituídas pelos louros da vitória e chuva. Depois se sua heróica vitória na arena, se tornou ídolo da população, reconhecido nas ruas e respeitado pelos gladiadores, além de virar uma mina de ouro para Batiatus. Assim, sua reputação finalmente cresceu, e nisso sua chance de se reencontrar com Sura. Após saber que ela havia sido comprada como escrava por um comerciante, o agradecido Batiatus providenciou seu resgaste. E assim, os neurônios de Spartacus começaram a maquinar uma espetacular fuga do ludus.

Um recurso interessante em séries e filmes é simular situações hipotéticas durante digressões de personagens. Acho sensacional quando em Todo Mundo Quase Morto (Shaun of the Dead), Shaun fica simulando mentalmente o que pode acontecer caso ele resolva salvar sua ex-namorada durante o ataque dos zumbis. E aqui, em Spartacus: Blood and Sand, aconteceu algo incrivelmente parecido: Spartacus pensando nas diversas possibilidades de executar uma fuga frenética junto com Sura assim que ela chegasse. No início, achei estranho o recurso, que não combinava com a série, mas acabou funcionando muito bem e dando ritmo às cenas: enquanto Spartacus montava seu plano, Varro ia questionando sobre os possíveis empecilhos: guardas, armas, transporte, e principalmente, Doctore. Falando nele, esse episódio trouxe um lado mais suave do treinador, que feliz de Spartacus ter vencido Theokoles, finalmente se abriu com o guerreiro, falando de sua vida e até esboçando alguns sorrisos (!). Assim, esse foi um capítulo onde todos os movimentos do herói foram calculados: a armadura que ganhou, a proximidade do filho do magistrado o suficiente para roubar-lhe a faca, a comemoração envolvendo bebidas e mulheres, e por fim, a droga na bebida de Doctore para que ele dormisse.

Mas ele não foi o único com planos ambiciosos. O episódio serviu para revelar a cruel face de Ashur. Sabendo da grande quantia que Barca havia ganho ao apostar em Spartacus na luta contra Theokoles, ele articulou um plano ardiloso para colocá-lo contra Batiatus, e provocar sua morte. Uma jogada onde manipulou seu mestre, o lutador e seu amante, Pietros. Em um ato de covardia, Barca acabou encurralado e massacrado pelos guardas e pelo próprio Batiatus, confiando em um falso boato de que o filho de Ovidius havia sobrevivido ao massacre do capítulo passado. A ambição de Ashur já era conhecida por todos, mas agora vimos até onde ele irá para conseguir o que quer - e tendo tratos com quase todo mundo daquele ludus, tem muita munição para seus planos futuros. Já para Barca, foi a triste despedida de um personagem interessante, rival inicial de Spartacus, mas que já demonstrava simpatia pelo trácio, ao contrário de Crixus (que passou todo esse episódio agonizando entre a vida e a morte devido a seus ferimentos no capítulo anterior), além do fato de manter abertamente um relacionamento homossexual, (aparentemente) encarado com normalidade naquela época, ao contrário dos dias de hoje (infelizmente).



Mas a desgraça de Barca foi apenas parte das terríveis surpresas guardadas para esse episódio. Talvez a própria chuva torrencial que caiu durante todo o capítulo (e conferiu um visual bem peculiar, quebrando um pouco da padrão "amarelado" da série) fosse um prenúncio do que viria a seguir. Sejamos realistas, era evidente que Spartacus não iria conseguir executar seu mirabolante plano como imaginava: senão, o seriado poderia acabar ali. Um complicador era esperado no horizonte - talvez uma fuga mal-sucedida, talvez Sura não estivesse naquela carruagem que adentrou o ludus, ou fora capturada por inimigos do herói. Mas os roteiristas resolveram ir além. E quando a porta da carruagem foi aberta e o corpo quase já sem vida de Sura desfraldou como uma bandeira ao vento, foi um soco no estômago de todos os espectadores. O grande objetivo de Spartacus, o motivo para ele aguentar todo aquele sofrimento, servidão e violência, estava lá, estirada no chão e vertendo sangue convulsivamente. A frase que abre esse texto, dita por Spartacus no meio do episódio, foi uma bela pegadinha dos roteiristas, uma ironia cruel para o que viria a seguir.

E se a morte de Sura foi um soco no estômago, o que veio a seguir foi uma punhalada pelas costas: nada de teorias conspiratórias, de vingança de adversários - o responsável por sua morte foi ninguém menos que o próprio Batiatus. Ciente do efeito que a chegada dela traria em Spartacus, ele orquestrou seu plano de modo a prender o herói ainda mais ao seu ludus, não deixar sua fonte de lucros escapar pela porta. O curioso que essa foi uma preocupação demonstrada por Lucretia durante o capítulo, e Batiatus apenas reagia com incredulidade. O choque ao final foi tão grande que até a Domina ficou impressionada com a crueldade do marido. E tudo isso começou a estabelecer Batiatus como o grande vilão da série, subvertendo as expectativas de todos.



Delicate Things foi o episódio mais diferente da série até agora, trocando as sangrentas batalhas, pelo não menos cruel drama, e porque não, traição. Depois de tudo, a chuva não mais significou um presente dos deuses como se pensava, mas um choro antecipado, ciente das tragédias que viriam pela frente. E agora com Sura morta, fica a dúvida sobre o futuro de Spartacus. Fúria e vingança parecem os caminhos mais óbvios, e precisamente os combustíveis que mais Batiatus procura para alcançar mais glória e poder.

Fotos: Reprodução



Rafael S
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sexta-feira, 2 de abril de 2010

[Spartacus: Blood and Sand] S01E05 - Shadow Games

por Rafael S


Desde que suas temidas histórias foram contadas no terceiro episódio, os fãs de Spartacus: Blood and Sand ficaram enlouquecidos para saber mais sobre o gigante Theokoles. Toda a MÍSTICA criada em torno do personagem criou na cabeça de todos que ele era o adversário a ser batido. Mas acho que ninguém esperava que ele fosse cruzar o caminho de Spartacus TÃO cedo.

Assolada por uma grande seca, a cidade de Cápua vivia dias ruins. E como era de praxe, em vez de pensar em soluções para esses problemas, os governantes da época adotavam a política do "pão e circo" para desviar a atenção da população. E nada melhor do que a realização de lutas na arena para ganhar a atenção do povo. Até aí nada fora do normal, o que não se esperava era que Solonius escalasse logo Theokoles como um de seus representantes nos combates. Apenas a citação do nome do gigante já causou espanto em Batiatus, mas afundado em dívidas como estava, não restava a ele outra saída do que aceitar o convite e não apenas escalar um, mas dois lutadores para tentar deter a fúria do monstro: Spartacus e Crixus.

Para os dois guerreiros, receber tal notícia foi como receber uma sentença de morte, uma execução com data marcada. E para piorar, teriam que estar um ao lado do outro naquele momento, dois adversários declarados tendo que lutar juntos por suas vidas. Claro que isso não os agradou, principalmente a Crixus, que até o último momento não aceitou a presença do trácio ao seu lado, tornando o treinamento intensivo de Doctore bem mais difícil. E falando nele, nesse episódio, conhecemos toda a verdade de seu passado com Theokoles: o único guerreiro a sobreviver em uma batalha contra o gigante, mas não sem seu preço: as cicatrizes que ele carrega são impressionantes, e o temor que ainda carregava era visível. Ainda assim, foi interessante ver como até hoje ele era um grande guerreiro, visto a facilidade como bloqueava, contra-atacava e derrubava Spartacus e Crixus durante o treinamento. Espero que a série um dia mostre Doctore em ação em uma luta, seria muito interessante de se ver.

E enquanto os lutadores faziam o possível para descobrir como sobreviver na arena, Batiatus não estava nada contente. Primeiro, por estar praticamente assinando o atestado de óbito de dois dos melhores gladiadores do seu ludus. E segundo, pois não havia esquecido o atentado que sofreu (no episódio passado). Mais que isso, ele estava sedento de vingança. E utilizando o conhecimento das ruas de Ashur e a força bruta de Barca, ele foi à caça dos mandantes: primeiro, a descoberta e tortura de Remus, vendedor de escravos que forneceu os assassinos; depois o massacre da casa de Ovidius, comerciante a que Batiatus devia dinheiro (cena essa bastante forte, envolvendo até uma criança); e por fim, o final da trilha levando até Solonius. Sim, tudo havia sido arquitetado pelo maior rival de Batiatus, estendendo suas disputas muito além da arena. Por ora, sua vingança não foi executada ainda, mas com todo o ódio que está extravazando, é bom Solonius começar a temer Batiatus.

Alheia a todos esses dramas, está Ilithyia. Como uma verdadeira dondoca da República Romana, seus interesses variam sempre entre poder, joias, sexo e diversão. E falida do jeito que está, restou a Lucretia fisgá-la por esses últimos dois pontos. Depois de levá-la para assistir a sessões de sexo envolvendo gladiadores, a ambiciosa mulher de Batiatus levou meter sua mais nova pupila nesse mundo de luxúria em troca de alguns serviços. Ilithyia teve a chance de conferir todos os atributos físicos de Crixus, o que deixou a loura toda excitada e alegrinha. Em retribuição, ela chamou uma sacerdotisa para resolver o "problema" de infertilidade de Lucretia. Após os rituais estranhos e velas em formas de pênis, lhe foi aconselhado que copulasse no período de uma hora - o que na ausência de Batiatus, certamente sobraria para Crixus, a árdua tarefa de transar com sua Domina. Mas, com a cabeça imersa na luta contra Theokoles, e seu recente amor por Naevia, o lutador não conseguiu executar o serviço, mergulhando Lucretia em suas próprias decepções, de uma mulher mais velha que vê que seu tempo está se esgotando.



E tal qual em uma via crucis, o fatídico momento para a dupla Spartacus e Crixus estava se aproximando. Levados como que em uma carreata fúnebre, os dois enfim entraram na arena para confrontar seu destino, violento, cruel e impiedoso. Mas nem eles, nem o público, sabia qual era a face daquele destino. E no momento que saiu das sombras, finalmente pudemos vislumbrar Theokoles. Não um gigante como nos contos de fada, mas um homem grande e musculoso, de pele praticamente albina e cheia de cicatrizes, e de olhar frio. Me lembrou muito uma versão branca dos Uruk-hai de O Senhor dos Anéis. E sob os olhos apreensivos de todos (platéia, outros gladiadores, senador, convidados), a luta começou.

E eis que tivemos o ponto alto do episódio: a melhor cena de batalha desses cinco episódios. Como em uma macabra coreografia, a dupla tentava atingir desesperadamente o gigante, na esperança de evitar, ou no máximo retardar, seu revide. Mas por não lutarem como em uma dupla, os dois acabaram pagando por isso: Theokoles caiu, mas apenas o suficiente para que os adversários baixassem a guarda, o suficiente para acertar um golpe praticamente fatal em Crixus. Disse praticamente pois o fato dele sobreviver foi puro capricho dos roteiristas, que tem planos futuros para o personagem, pois o ataque foi completamente fulminante. E com Spartacus ferido e a mercê da morte, enfim aconteceu o único momento de sinergia da dupla, e Crixus conseguiu cegar o gigante o suficiente para Spartacus atacá-lo com toda sua fúria e retalhá-lo em muitos pedaços. Como um Deus em fúria, o trácio urrou banhado em seguinte, sob os gritos ensandecidos da platéia, e fez chover, como se o céu chorasse diante de tão grande feito. Uma das mais belas cenas da série até agora, com um carrossel de reações, desde o choque de alguns, quanto a alegria contagiante de outros.



Depois de momentos tão impactantes, é difícil não se fazer uma pergunta: Um confronto tão épico e aguardado como esse não poderia ter sido guardado mais para a frente? A temporada ainda nem chegou na metade, e os roteiristas terão que se superar, e inventar novos desafios para Spartacus, agora finalmente reconhecido como um grande gladiador. Comemore trácio, a glória enfim chegou para você, e o caminho até sua mulher se tornou mais curto.

Fotos: Reprodução



Rafael S
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