sábado, 26 de fevereiro de 2011

[Medium] Bye bye - series finale

Por Danielle M


Foram sete anos. Tá certo que eu comentei pouca coisa aqui no Ces. Mas sempre assisti Medium, Patricia Arquette é atração de primeira, além de ter o melhor marido do mundo das séries, Joe Dubois!

Muita gente boa passou por lá. Angelica Houston, Thomas Jane (aka ex marido de Arquette) e também outros membros da sua família, como seu irmão David. Patricia tem um nepotismo daqueles :) Mas o que segurava mesmo a gente, o que fazia aguentar todos aqueles fantasminhas nada camaradas, era o casal mais bacana da TV, Allison e Joe! Além das meninas, claro. Família feliz no melhor estilo comercial de margarina.

O episódio final foi aquele clichê de mar de lágrimas, com o anúncio da morte de Joe e toda aquela enganação do sonho-realidade. E a derradeira cena, mostrando 40 anos a frente, putz, que fiasco. Foi um final bem mais ou menos, algumas séries padecem ao encerrar. Medium é uma delas, tudo bem que foi pega de "surpresa", ao mudar de emissora (NBC para CBS), Medium ganhou uma sobrevida por duas temporadas, mas a CBS optou por reduzir a proposta e fechar com a 7a temporada em apenas 13 episódios.

Uma pena terminar desse jeito. Já foi criativa, considerando a invasão de séries sobrenaturais que assolaram a TV tempos atrás. Mais de 16 prêmios, incluindo Emmy e Globo de Ouro para Patricia Arquette.

Depois deste episódio bem fraquinho, uma despedida não tão digna, o gosto poderia ser bem amargo, mas ao mostrar o elenco se despedindo de forma descontraida enquanto o set era desarmado ajudou a aliviar tudo.

 Foto: reprodução

Então é isso! Bye bye Allison, Joe, Ariel , Bridget , Marie Dubois , Devalos e Lee!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

[90210] S03E06 - How Much Is That Liam in the Window

por Rafael S


Quando vi o nome desse episódio de 90210, logo tentei decifrá-lo em minha cabeça: seria algum tipo de trocadilho ou de metáfora? Errado, ele é simplesmente literal: de fato temos Liam em uma vitrine. E é claro que por causa de seu novo trabalho, ele virou alvo da zoação dos amigos (vide foto acima) e assédio das garotas - principalmente de Laura (Amelia Rose Blaire), se lembram dela? A garota que "comprou" o rapaz no leilão de solteiros do quarto episódio dessa temporada. Ela não desgrudou dele desde então, e bolou um plano para tirá-lo da vitrine e trazê-lo para trabalhar (e morar) em sua mansão. E Liam mais uma vez, pulou da frigideira para o fogo. É o que sempre digo, o personagem se sai muito melhor quando está mais solto ou desconcertado - aqui, toda o constrangimento dele por causa do assédio ficou muito legal, e agora que ele vai conviver com uma louca que cita Crepúsculo como sua referência de relacionamento amoroso, as possibilidades parecem bem promissoras para deixá-lo ainda mais sem jeito.

E enquanto tentava esquecer Liam, Annie foi se relacionando cada vez mais com Charlie. E se a coisa não podia ficar pior do que um almoço em um restaurante francês (só porque ele escreve para teatro?), inventaram uma trama sem pé nem cabeça onde Annie ficou assustada por ele escrever peças sombrias e violentas. E...? Que tipo de gente se assusta com essas coisas? E nem preciso dizer que a tentativa de construção de tensão em cima disso não deu certo, não é? Além disso, com a relevação de cicatrizes tanto em Charlie quanto em Liam, é certo que vem por aí algum segredo tenso não revelado (mas que foi mencionado tangencialmente no episódio passado) envolvendo os dois irmãos.

E bastou começar o processo de amadurecimento da Jen, que ele rendeu consequências inéditas já nesse capítulo. Pela primeira vez na série houve um momento de compreensão sincera entre ela e Naomi. Após descobrir (sem querer) o abuso sofrido pela irmã, Jen finalmente baixou sua guarda e mostrou o quanto se importa com ela. E justamente essa se tornou a peça que faltava para enquadrar Cannon. Dessa vez sim, com uma abordagem séria do assunto, o roteiro acertou ao mostrar Jen e Ryan chocados com a gravidade do caso, e dispostos a formalizar legalmente uma denúncia - e para isso, a série resgatou aquele pequeno gancho do Ryan no season finale da temporada passada, onde o professor (bêbado) viu Naomi e Cannon em uma sala do colégio, na mesma noite em que houve o estupro. Incrível como colocar Jen, Debbie e Ryan para contracenarem juntos contribuiu tanto para a série. Fui muito bem surpreendido por isso.



E a onda de otimismo do episódio não passou por aí. Com a trama da carreira de Adrianna de volta ao foco, a caracterização caricata de Victor infelizmente continuou, mas dessa vez um elemento interessante foi acrescentado à história: ele é de fato, um empresário de sucesso, e todas a sua campanha de marketing agressivo com a Adrianna deu certo! Ensaios fotográficos, sucesso com a música, capas de revistas...a carreira dela nunca esteve tão bem. Aí sim criou-se um dilema para ela, tendo que escolher entre a fama e os mandos e desmandos (e chantagens) de Victor, era o tipo de componente que faltava na trama. E reparem como nem a descoberta de Silver e Navid (que tiveram uma interação interessante nesse capítulo) da verdade foi suficiente para demover Ade de sua ambição. E isso ainda traz ecos da Adrianna da primeira temporada, com toda aquela sede desmedida do sucesso. A prova de como uma simples característica adicionada a um personagem (no caso o Victor) pode trazer tantas melhoras.

A primeira cena desse capítulo foi uma continuação direta do fim do anterior, com Ivy acordando depois de sua primeira vez. E já de cara, ela teve que encarar Dixon, que foi correndo explicar o mal-entendido com a Sasha (e depois disso, acho que dá para jogar uma pá de cal sobre a trama do HIV). Mas o destaque acabou sendo Oscar, que depois de comer pelas beiradas por cinco episódios, resolveu mostrar suas garras e confrontar mãe e filha com a notícia de que ele já transou com ambas. Depois dessa já dá para selá-lo como o vilão da série nessa terceira temporada? Fui contra esse "passado sombrio de vingança" do personagem, mas pelo menos essa revelação para os outros aconteceu rápido. E vale dizer que a Kelly Lynch teve uma boa atuação aqui - até agora, ela basicamente esteve sempre no piloto automático, como a mãe cool e descolada, mas dessa vez ela deu vazão (com sucesso) às suas emoções.



Definitivamente, esse capítulo foi muito superior ao passado, com melhorias significativas em vários núcleos. E para fechar bem um bom episódio, ele foi encerrado ao som de Wicked Game, do Chris Isaak, um clássico da música romântica dos anos 90. Hoje em dia, ela soa meio datada, mas quem liga? Afinal, não é todo dia que toca uma música em 90210 que é mais velha que a maioria de seus personagens!



Fotos: Reprodução



Rafael S
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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

[90210] S03E05 - Catch Me If You Cannon

por Rafael S


Bom, vamos direto ao fato: Cannon é um estuprador, que violentou Naomi e por pouco não fez o mesmo com Silver. Um crime sério e grave. E sabendo de tudo isso, o que as garotas (com a ajuda de Adrianna) resolveram fazer? Denunciá-lo? Não, apenas tentaram um plano bem manjado para pegá-lo no flagra. Às vezes acho que os próprios roteiristas da série esquecem a noção da gravidade do assunto que escolheram por introduzir, e o desenvolvem desse jeito duvidoso...e some isso ao fato do episódio se chamar Catch Me If You Cannon para deduzir que ele iria sair impune (o que acabou acontecendo). Não sei se era essa a intenção, mas o olé que ele deu nas garotas foi bem desconcertante - mas deveríamos estar torcendo pelo criminoso? Pelo menos não foi dessa vez que mais um bom ator saiu da série.

E a única dentre as amigas que não participou desse plano fracassado foi Annie, que estava com a cabeça em outros assuntos. Como por exemplo, seu relacionamento com os irmãos Charlie e Liam. E toda a briga entre eles no capítulo passado trouxe o Liam carrancudo de volta, o que é sempre ruim. Acabou que Annie preferiu ficar com o irmão de voz fina, o que significa que sua participação ainda irá se estender, infelizmente. Mas nem só de plots ruins a garota viveu dessa vez. Sua mãe descobriu (muito mais cedo do que eu esperava) seu plano de doar óvulos para sua chefe. E com um belo sermão e o providencial nascimento de um bebê (que comentarei mais para frente), conseguiu dissuadi-la da venda.

E a participação de Debbie dessa vez não parou por aí, já que ela se tornou nada mais, nada menos, que a nova assistente da Jen! Uma escolha inusitada, mas promissora para as duas personagens, que andavam meio soltas na série. E principalmente Jen pode se beneficiar muito disso tudo, já que é o tipo que precisa de um "controle" para não exagerar e cair na caricatura, contraponto que Debbie pode desempenhar muito bem, ainda mais agora, que Jen se tornou mãe. A menina que ela esperava, na verdade era um menino, o que frustrou seus planos grandiosos logo de cara. E agora ela vai contar com Ryan ainda mais ao seu lado, já que ele quer total participação na vida do filho. Esse episódio pode ter marcado o ponto de virada na vida de Jen: embora vilã, ela se tornou uma personagem recorrente na série, provavelmente devido ao feedback positivo do público. Assim, encaro a aproximação de pessoas centradas como Ryan e Debbie à ela não como uma mera coincidência, mas uma tentativa de humanizá-la. Resta esperar para ver se a mãe de Jacques/Jack vai calçar as sandálias da humildade.



Enquanto isso, Teddy continuou em sua jornada (forçada) de autoconhecimento. E fazer dois desafetos trabalharem juntos, ainda mais em um contexto escolar (devido às famosas detenções dos colégios americanos), sempre foi um recurso muito utilizado em narrativas. Assim, a estranha tarefa de limpeza das calhas do colégio foi o primeiro passo do entendimento entre Teddy e Ian - não que eles tenham ficado amigos, mas pelo menos quebrou-se o clima da agressão no episódio passado. E como primeiro capítulo dele longe de Silver, devo dizer que as coisas correram muito bem. Que continue assim então.

Mas sem dúvidas o grande gancho do episódio passado foi a revelação da Sasha possuir o vírus HIV. E devido ao peso dessa afirmação, tenho que dizer que fiquei decepcionado com seu desenvolvimento aqui. Qualquer um que já fez um exame de HIV sabe o quanto a dúvida e a espera podem ser incômodos, mesmo quando você tem a quase absoluta certeza de que não tem nada. Agora imagine a situação de Dixon, indo fazer o teste com a certeza de que sua ex-namorada, com quem transou algumas vezes sem camisinha, era portadora do vírus? É situação para multiplicar esse incômodo por mil. A cena em que o rapaz foi ao consultório retirar sangue foi até eficiente, mas depois o episódio basicamente se esqueceu dele, relegando-o a segundo plano. Só de vislumbrar as possibilidades da dúvida e do medo corroendo-o por dentro que não foram exploradas, fico decepcionado, tanto que tudo isso poderia render trama não só para esse capítulo, mas para o próximo também. Ao invés disso, tudo foi reduzido ao triângulo amoroso dele com Ivy e Oscar, culminando apenas na perda da virgindade da garota com o australiano. Um grande desperdício trocar toda uma trama envolvendo AIDS por uma simples caso de traição (que tem aos montes na série).



Além disso, a montagem das cenas ficou estranha. Quando Ivy vai à casa de Dixon e ele mente para ela, dá a impressão de que ele já sabia do resultado do exame - afinal, a cena anterior do personagem havia sido da enfermeira ligando para ele sobre o resultado estar pronto - só para, em seguida, descobrirmos que não. Pelo menos a última cena, com o celular da Ivy tocando, e o plano abrindo para revelar ela e Oscar na cama funcionou. Mas foi muito pouco.

Nesse texto foquei mais aspectos negativos que positivos desse capítulo, mas ele não foi um desastre completo como talvez tenha dado a impressão, tanto que estou curtindo mais agora do que o fim da temporada passada. Como sempre, foi irregular (característica inerente a 90210), mas ainda vejo futuro na série. Talvez seja um otimista incurável...

Fotos: Reprodução



Rafael S
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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

[FNL] 5x13 Always

Chegou a hora de enfim dizer adeus. Mas por mais penosa que seja essa despedida, saber que ela conseguiu ser programada pelos próprios roteiristas e produtores chega a dar até certo alívio diante das tantas vezes que a série viveu na corda bamba ao final de suas temporadas. Renovação para uma temporada mais breve, acordo inédito com a DirecTV, extensão milagrosa para mais duas temporadas finais. A história de Friday Night Lights, não só dentro de campo como na própria série, é recheada de momentos de superação. Até por ter apresentado duas gerações diferentes de personagens, além de uma temporada extremamente irregular que continha tramas beirando o desespero, a série sempre conseguiu contornar seus problemas e trazer tudo de volta aos eixos. Talvez poucos saibam, ou se lembrem, mas minha primeira contribuição neste blog, e portanto quando comecei a escrever "seriamente" sobre televisão, foi na primeira temporada da série aproveitando a exibição do canal Sony. Alguns podem achar até um sentimento tolo de minha parte, mas sinto certo orgulho de ter acompanhado todo o caminho da série por aqui, oferecendo minhas análises, alguns comentários ou até prognósticos -- muitas vezes equivocados -- sobre o destino de seus personagens. Somente quem já tentou escrever por algum tempo sobre determinada série (principalmente uma de pouco apelo junto ao público) sabe o comprometimento necessário para isso. Peço perdão se de alguma forma possa estar parecendo auto-indulgente, mas somente queria com essa introdução tentar transmitir um pouco de minha admiração e gratidão pela série, o que provavelmente nunca fará com que essas luzes realmente se apaguem para mim. Até porque, um dos muitos motivos que me fazem escrever sobre televisão é essa incerteza de suas histórias, de não apenas viver o presente momento de seus personagens, mas também ansiar pelo seu futuro. Neste caso, o mérito de um bom Series Finale a meu ver envolve justamente utilizar essa questão a seu favor, não oferecendo uma conclusão definitiva, mas deixando que o público preencha com suas próprias aspirações os próximos passos de cada um desses personagens que nos cativaram por tanto tempo. Afinal, a fidelidade do público na televisão gera um vínculo natural que pode até se transformar em torcida, algo que Friday Night Lights, mesmo por incluir isso de forma até literal nas próprias tramas de futebol, sempre soube explorar muito bem.

Talvez tenha precisado começar esse texto também dessa forma porque o apelo nostálgico desse episódio foi muito forte para mim. Acho importante começar relacionando com o outro provável final da série em "Tomorrow Blues", quando fui obrigado a ensaiar uma despedida diante de seu futuro incerto. Naquela ocasião, o casal Taylor terminava dividindo um tom quase melancólico após o técnico ser demitido de seu cargo nos Panthers e ter de recomeçar do zero no lado leste da cidade. Se não houvesse a renovação para essas duas últimas temporadas, teríamos perdido toda essa campanha emocionante do East Dillon Lions, em que aquele grupo de novatos tidos como azarões tornaram-se os melhores do Texas. E Coach Taylor não teria a oportunidade de dizer que esta façanha foi sua melhor experiência na carreira. Agora o que vemos é o casal Taylor saindo mais uma vez unidos, mas não sem antes ter superado o momento mais crítico de seu relacionamento, com Coach Taylor enfim recuando e percebendo que chegava a hora de finalmente apoiar a carreira de sua mulher.
Há dois anos atrás, a conclusão que mais me desagradou foi a de Matt Saracen permanecendo em Dillon para cuidar de sua avó. Basicamente era um jeito fácil demais de emocionar o público, já que Lorraine era a única a nunca ter abandonado seu neto. Mas Matt merecia mais do que isso e depois de perder seu pai num dos episódios mais intensos da série, ele finalmente resolveu partir para Chicago em busca de seu futuro. Nas idas e vindas de seu relacionamento com Julie, ele procurava pelo seu próprio caminho enquanto ela continuava perdida na maior parte do tempo. Até que no final, num inesperado pedido de casamento -- típico de Saracen no estacionamento do Alamo Freeze --, eles decidem selar seu futuro para sempre. Porém, o mais impressionante é como Jason Katims conseguiu amarrar esse pedido prematuro de casamento com a crise que Eric e Tami Taylor atravessavam, reunindo ambos na mesma mesa de jantar. Aliás, depois de Gilmore Girls, nenhuma outra série conseguiu dar tanto valor assim às discussões em jantares de família. A medida que o casal orientava os jovens sobre o que estava envolvido num comprometimento desses, eles percebiam a gravidade de sua própria situação, de que se não conseguissem superar isso, todo o discurso não passaria de hipocrisia. Assim, Eric Taylor decide se manter ao lado da mulher, deixar para trás seu rótulo de Kingmaker, estabelecendo definitivamente que em Friday Night Lights o esporte fica sempre em segundo plano, ao menos quando comparado aos relacionamentos humanos. E embora ainda ficasse ambíguo o futuro de Matt e Julie (não havia sequer necessidade de procurar por um anel de noivado na cena final), a única certeza é que eles fariam esse relacionamento funcionar, seja morando no mesmo apartamento ou a quilômetros de distância. Além disso, essa dinâmica envolvendo o casal Taylor e os dois jovens representa um dos principais legados deixados pela série, tratando os adolescentes de igual para igual, sem marginalizá-los, sendo assim tão capazes de aprender quanto de ensinar lições aos adultos.
Nessas últimas temporadas também é importante notar a trajetória dos irmãos Riggins, que finalmente conseguiram se reconciliar nesse desfecho. Provavelmente seja a digressão na história que menos gostei, com a série novamente flertando com a criminalidade através dessa trama do desmanche de carros. Até porque não existia alguém que representasse melhor o orgulho de viver livre no Texas do que Tim Riggins. Assim, pouco adicionou seu sacrifício pela integridade da família do irmão, além de uma alta dose de melodrama, e nem mesmo esse repentino arrependimento nos últimos episódios. Mas seu passeio com Stevie pela cidade foi divertido de acompanhar por trazer de volta toda sua graça e seu sarcasmo, lembrando alguns breves momentos com Bo no passado. Certamente a maior contribuição da família Riggins para essas duas temporadas foi servir de apoio à nova geração que vinha surgindo, seja através de delicados paralelos ou como ligação aos próprios personagens. Não seria possível imaginar que uma das despedidas mais comoventes envolveria Becky e Mindy, sendo que elas ainda continuariam morando na mesma cidade. Ou que seria significativa a partida de Luke, provavelmente ainda indeciso sobre seu futuro mas disposto a servir seu país, depois de um relacionamento tão turbulento ao lado de Becky e em meio a tantas outras tramas mais importantes. Mas assim como no último encontro entre Tim e Tyra, é mais uma chance de ponderar sobre o futuro desses personagens e concluir que mesmo trilhando caminhos diferentes a partir de agora, eles podem voltar a se cruzar novamente um dia. "Texas Forever" não é apenas um estado de espírito capaz de mover e unir todas essas pessoas e cada um de nós, mas a certeza de ter sempre um porto seguro para voltar quando fosse preciso.
A partida final do State, e nossa última chance de torcer por esses jogadores, foi apresentada através de uma exuberante montagem ao som de Explosions in the Sky, sem a presença de qualquer narração ou mesmo de nenhum som ambiente. Além de conferir uma carga emocional ainda maior ao valorizar cada expressão no rosto de seus atletas e da própria torcida, o resultado da partida acabou mantido em suspense até seus últimos minutos quando a equipe mais uma vez perdia por não conseguir administrar direito o cronômetro. Assim, num último lançamento de Vince Howard o triunfo do East Dillon Lions seria decidido, mas como bem sabemos pelas campanhas anteriores dos Panthers, esses jogadores merecem ser tratados como heróis independente do resultado dentro de campo. Por isso, enquanto todos prendiam a respiração acompanhando a trajetória da bola pelo ar, somos logo levados meses a frente no primeiro treinamento de Coach Taylor na Philadelphia. A vida precisa continuar. "Clear Eyes. Full Hearts. Can't Lose." é um lema que extrapola os próprios limites do campo, que não se apega à vitória em si, mas em todo caminho capaz de finalmente alcançá-la. Mesmo com a vitória no State, e sendo agora a estrela do super-time de Dillon, Vince é o que mais teria a lamentar, por perder sua namorada, seu mentor e provavelmente ainda se preocupar com a conduta do pai. Porém, basta lembrar de sua jornada nesses dois últimos anos para perceber que Vince tem confiança suficiente para superar qualquer obstáculo que aparecesse em sua frente. E por falar em Jess, mesmo com sua participação reduzida nessa reta final, nenhum outro personagem conseguiu simbolizar melhor esse orgulho de ter participado da campanha do East Dillon Lions. Até por nunca ser valorizada o suficiente pelo restante da equipe, enfrentar preconceitos por todos os lados, mas estar sempre disposta a ajudar como fosse preciso. Suas poucas cenas ao lado de Vince, Luke e até Coach Taylor conferiam o afeto que essa equipe precisava para ser mais humana. Por fim, ela se muda para Dallas mas continua atrás de seu sonho de se tornar técnica de futebol com a ajuda de alguns contatos de Coach Taylor, provando que ele não deixa ninguém desamparado pelo caminho.

Pode até ser um final previsível acompanhar Coach Taylor e Tami caminhando como se fosse a última vez em um campo de futebol enquanto as luzes se apagam. Mas assim como a bola girando no ar com destino incerto, a série sempre conseguiu driblar qualquer clichê com absoluta competência. Talvez seja esse o principal legado deixado adiante, um caráter eterno de ainda se emocionar diante daquilo que já se viu, de constatar que as derrotas podem não ser tão amargas, que o previsível pode não ser tão constrangedor. Não sei, demorei quase uma semana para lapidar esse texto e ainda não estou contente com o resultado. Talvez a série mereça um novo texto quando estiver realmente me fazendo falta. Mas a única certeza é que esse não será apenas um final, e sim um convite para relembrar e quem sabe rever toda essa trajetória que tanto nos emocionou. Obrigados a todos pela atenção nessa e em todas as outras oportunidades. Texas Forever!

Fotos: Divulgação.

e.fuzii
twitter.com/efuzii

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

[90210] S03E04 - The Bachelors

por Rafael S


Sem dúvida alguma, toda a expectativa em cima desse episódio de 90210 girou em torno da revelação sobre o Teddy feita no capítulo anterior. Afinal, quem imaginaria que o maior mulherengo da série teria um caso homossexual? Por isso, Ian se tornou um grande elefante branco para o rapaz, aparecendo em todos os cantos do colégio para onde ele olhava, desde uma conversa inocente com Silver até como coreógrafo do número de dança do evento beneficente que foi organizado pelos alunos. E incomodado com a presença dele em todos os cantos (e possivelmente em seus pensamentos também), a situação se tornou insustentável, e que culminou em um ato reprovável de homofobia por parte de Teddy. Essa foi a gota d'água para Silver se afastar de vez de seu namorado (e olha que ela nem descobriu a verdade ainda), o que mexeu ainda mais com a cabeça do ex-tenista que partiu para a briga contra o coreógrafo - e é claro que os dois se atracando pelo corredor do colégio teve todo um subtexto sexual. Assim, acho que podemos dar como certo uma participação relevante de Ian na série a partir de agora, além do processo de aceitação (ou não) do Teddy. E espero que seja melhor trabalhado que o relacionamento entre Adrianna e Gia na temporada passada, que começou muito bem, mas foi atropelado e descartado pelas mudanças constantes de rumo da série.

E falando na Ade, estabeleceu-se o conflito entre ela e Victor pela música do Javier - e como esperado, eles não puderam ignorar o real sucesso que tinham em mãos. O problema é que, de uma hora para outra, o roteirista resolveu caracterizá-lo como um empresário inescrupuloso. Bom, talvez a palavra "descaracterização" seja um pouco forte demais, afinal esse foi apenas o segundo episódio que o personagem participou, mas tentaram tanto ressaltar a ganância dele de formas tão forçadas que soou como pura caricatura. Claro que foi coerente ele querer explorar a música devido ao sucesso, mas chantagear Adrianna não fez sentido algum, pois caso a verdade seja revelada, ele mesmo seria diretamente prejudicado também, afinal se tornou o empresário dela. Penso que uma parceria entre os dois renderia frutos muito melhores em termos de história, com ambos se questionando a todo momento o peso moral daquilo que estavam fazendo. Mas optaram pelo caminho mais fácil, infelizmente. E parece que vai sobrar para o Navid salvá-la mais uma vez de uma enrascada. E falando neles, vale um comentário: não sou dos maiores defensores do namoro entre Ade e Navid, mas achei bem bonitinha a cena no leilão de solteiros, quando ninguém queria "comprar" o rapaz, e Adrianna apareceu e o arrematou com todo o dinheiro que ganhou com seu show.



E Annie se viu entre Liam e Charlie mais uma vez. Para piorar, todo o assunto sobre eles serem irmãos (meio-irmãos, na verdade) veio à tona. Tudo muito desnecessário, afinal já seria de se esperar um conflito entre Liam e qualquer um que estivesse ficando com Annie, independente do motivo. Mas vieram com essa história de parentesco, e com direito a mágoas do passado. Mas a cereja (negativa) do bolo é o fato de que esse Evan Ross atua muito mal. Muito mal mesmo, dizendo suas falas com expressividade zero. Assim fica fácil escolher com quem Annie deve ficar (curioso que nesse capítulo, Liam esteve mais descontraído que o normal - terá sido para ressaltar a ruindade do Charlie?). Mas pelo menos a Annie não viveu só disso nesse episódio. Ela aceitou a proposta de vender seus óvulos para Katherine depois de notar as dificuldades financeiras que sua mãe está passando. O que deu à Debbie alguma coisa pra fazer na série, já que andava tão jogada de lado.

Mas o retorno mais inesperado desse episódio foi o da Sasha. Lembram-se dela? A DJ, namorada do Dixon na segunda temporada, que forjou uma gravidez e posteriormente foi desmascarada e enxotada pela mãe do rapaz. Pois então, ela reapareceu e começou a cercar Dixon de modo muito suspeito...até que revelou na última cena do capítulo que era portadora do vírus HIV. No mínimo chocante. E tenho que dar o braço a torcer: no episódio passado chamei o assunto da virgindade da Ivy de "desinteressante". Bom, com essa informação agora, as coisas meio que se justificaram (tematicamente falando). E embora esteja longe de ser novidade na dramaturgia, esse acaba sempre sendo um assunto delicado, e introduzido para colocar em destaque todas aquelas discussões sobre a doença e o preconceito. Claro que pra isso precisa ser confirmado ainda se Dixon contraiu o vírus ou não (até porque não imagino que Sasha vá voltar definitivamente, e sim foi apenas um veículo para a notícia). Mas de qualquer jeito, foi daqueles acontecimentos que estremecem vários núcleos do seriado.



E pegando carona nesse tema da AIDS, vale destacar que esse talvez tenha sido o episódio mais politizado de 90210 Até agora. Não só foi introduzida a questão da doença, como foi abordada a questão da homofobia (Teddy/Ian), do câncer de mama (o evento beneficente organizado por Silver) e do estupro (as amigas juntas dando força para Naomi após descobrirem a verdade). Um dos pioneirismos de Barrados no Baile foi trazer esses temas polêmicos para a televisão e para um universo jovem, isso em 1990. Muita coisa mudou desde então, muitas outras séries hoje fazem o mesmo, mas gosto de ver esse legado ainda sendo carregado pela sua "filha" - a primeira temporada teve essa característica, que se perdeu durante a segunda. Espero que tenham retomado de vez.

Fotos: Reprodução



Rafael S
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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

[90210] S03E03 - 2021 Vision

por Rafael S


Esse terceiro episódio da segunda temporada de 90210, em uma de suas primeiras cenas, apresentou uma premissa interessante: onde você estará daqui a 10 anos? E na idade em que os personagens se encontram (por volta dos 18 anos), essa é uma pergunta muito recorrente, por toda a incerteza sobre o que o futuro lhes reserva, seja pessoal, profissional ou amorosamente falando. E foi divertido ver a montagem feita com suas declarações, que refletiram bastante a personalidade de cada um. E depois dessa cena tão interessante e com tanas possibilidades a disposição para trabalhar esse tema, pensei imediatamente que o episódio todo iria girar em torno dele...mas estava enganado. Infelizmente, as referências pararam praticamente por aí (além de servirem de título ao episódio). Mais uma chance desperdiçada de construir 42 minutos em torno de uma ideia central, iniciativa que costuma gerar episódios sólidos. Mas ao invés disso, tivemos mais do mesmo: a velha sequência de altos e baixos e tramas desconexas que a série tanto adora. Uma pena.

Sendo assim, vamos lá: Annie deixou de lado (ao menos temporariamente) sua indecisão entre Liam e Charlie para adentrar em uma nova trama: depois de um episódio cheio de mal-entendidos, sua chefe Katherine (Lisa Waltz) lhe fez uma proposta tentadora: por não conseguir engravidar, ela ofereceu a Annie 20 mil dólares pelos seus óvulos. Não sei o que virá a partir daí, mas de cara me parece muito mais animador que o cretino plot introduzido no capítulo anterior (e ignorado nesse) de Liam e Charlie serem irmãos. Afinal, devido à capacidade dela de fazer as coisas e se arrepender em seguida, soa demais como mais um passo para o amadurecimento da personagem (tendência que já havia comentado em textos anteriores).

Enquanto isso, Adrianna começou a sofrer o revés por ter roubado a canção de Javier, pois entrou em cena o tio do rapaz, Victor (Nestor Serrano, um dos vilões da quarta temporada de 24 Horas), que logo de cara descobriu a farsa por possuir uma gravação da demo da música feita pelo sobrinho meses antes de sua morte. E como a performance da garota no funeral vazou e se tornou rapidamente uma febre no Youtube, criou-se uma situação delicada para os dois, e ainda para Laurel, que sem saber da mentira de Ade, quer fazer da música um sucesso estrondoso. Uma ideia muito bem sacada, que deve gerar bons momentos nos próximos episódios, ainda mais se mantiverem Navid afastado da namorada, como aconteceu nesse.



Já Naomi continuou em seu caminho de autodestruição, que dessa vez culminou em sua overdose de remédios para tentar esquecer as lembranças do estupro. Cada vez mais reclusa, dessa vez ela praticamente não contracenou com ninguém, e sinceramente, a AnnaLynne McCord não segurou tão bem essa responsabilidade sozinha. Talvez por ter se acostumado com a personalidade já estabelecida da Naomi, sempre extrovertida e expansiva, a atriz não conseguiu desassociá-la ao ter que representar momentos mais intimistas aqui, não convencendo em diversos momentos, como nas várias tentativas sem sucesso de dormir, atormentada pelos pensamentos sobre o Cannon. Mas ainda assim, toda essa subtrama envolvendo o professor, Silver e ela continuou muito interessante, e acabou ganhando intensidade nesse episódio. Toda a abordagem do Cannon para cima de Silver foi feita de modo bem realista, inclusive com vários momentos de hesitação do agressor, como se estivesse lutando consigo mesmo contra aquele desejo, além de uma montagem bem eficaz intercalando as cenas de Silver na casa dele e Naomi tomando as pílulas. Claro que um pouco mais de refinamento seria bem-vindo - afinal, utilizar o som de uma chaleira apitando para marcar o aumento de tensão é totalmente batido, além do fato do documentário dele ser sobre "presas e predadores" ser uma referência óbvia demais - mas o capítulo merece créditos por sair um pouco do lugar-comum da série.

Infelizmente, o triângulo amoroso Dixon-Ivy-Oscar não funcionou como nos dois episódios anteriores. A chave para um personagem novo ter longevidade em uma série como 90210 é fazê-lo se integrar ao todo, e não restringi-lo a apenas um nicho. Esse foi o grande problema da Annie na segunda temporada, rebaixada de protagonista à coadjuvante. E aqui o roteirista perdeu uma grande oportunidade de trabalhar essa abordagem com um personagem carismático como o Oscar, prendendo-o a intrigas envolvendo o casal Ivy e Dixon e a um papo desinteressante sobre a virgindade da garota. E não satisfeito, ainda revelou que o australiano possui um grande plano: está em busca de vingança pelo seu pai, que teve a vida destruída por Laurel. Depois disso, Oscar ficou com a maior cara de personagem que será descartado da trama em breve, o que seria realmente uma pena.

Mas em termos de reviravolta, nenhuma superou a que envolveu Teddy. Entre um pedido de desculpas e outro dele para Silver, foi revelado que ele transou com outro garoto! Ian (Kyle Riabko) foi sendo introduzido discretamente nesse capítulo: primeiro, foi um dentre os muitos que deram um depoimento na gravação do vídeo de 10 anos, e depois cruzou com Liam e Teddy no refeitório sem chamar muita atenção. Mas só no final do episódio soubemos da verdade. Pela reação mais de vergonha do que de surpresa, dá pra deduzir que Teddy sabia muito bem o que estava fazendo naquela noite, ainda que provavelmente vá culpar a bebedeira.



Com essa faceta até então desconhecida do personagem, várias possibilidades se abrem a partir de agora, tanto para ele, quanto para outros personagens, como o novato Ian e a própria Silver, que torço para que volte a se destacar como na primeira temporada. Sei que, inevitavelmente, muitos fãs irão reclamar dessa revelação, mas contanto que seja bem conduzida, sou totalmente a favor dessa guinada no personagem. Do jeito que estava é que não dava mais para aguentar.

Fotos: Reprodução



Rafael S
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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

[Filme] Cisne Negro (Black Swan)

Por Danielle M


Não sei se vocês gostam de balé, eu gosto, fiz inclusive durante anos numa escolinha, aquela coisa de menininha. Para  aspirar viver de balé é preciso dedicação e disciplina fora do normal. A verdade é que este é um mundinho bem cruel e masoquista! Parte dele é retratado no filme.

 Natalie Portman sempre me "chama" ao cinema.  E eu fui. Ao contrário de algumas críticas que fuzilaram a  fragilidade de Miss Portman, acredito que desta vez essa característica intrínseca da atriz é mais do que necessária.  Nina é tão frágil, mas tão frágil, que sabemos que ela irá partir em mil pedaços. O interessante é acompanhar como isto irá acontecer. E disso trata-se Black Swan. Nina perdendo a lucidez, com a consciência disso - paradoxal, sei bem - e, porque não?-  até com certo prazer.  Terror psicológico simples.

Filme adulto, sem ganchos e reviravoltas mirabolantes. Tudo se desenha na nossa frente sem grandes surpresas, mas o impacto, aquela sensação desagradável persiste o tempo todo e perdura após o término do filme. E ele pertence única e exclusivamente a Portman.  Denso , mas acessível. E acho que tem que ser muito intelectualzinho de quinta criticar Black Swan por causa disso.

Ainda tem o plus de ver Winona Ryder como a ex primeira bailarina,  assumindo uma decadência que confunde-se com a própria carreira da atriz.
Quanto a Mila Kunis, bom, a gente realmente acredita que a moça possa roubar o papel e a sanidade de Nina.

Ser louco é ser livre, minha gente? Pode até ser um conceito caro aos Sartrianos, mas na verdade ser louco é padecer em praça pública, taí Nina que não me deixa mentir!

Comparando aos outros concorrentes, acho Black Swan infinitamente melhor do que o superestimado The Social Network. Se é para ganhar filme careta no Oscar, que o rei gago faça as honras, Colin Firth vale!



Foto: Reprodução.

[FNL] 5x11 The March | 5x12 Texas Whatever

"We live in Texas." – Coach Taylor

Parece até desleixo de minha parte deixar acumular duas semanas de comentários justamente faltando apenas um episódio para o final de Friday Night Lights, mas dessa vez posso até tentar justificar. Além de não sentir necessidade de escrever um texto destacando aquilo que passaria como óbvio na semana passada, esses dois episódios juntos formaram um par perfeito servindo como preparação para o final da série. Não que "The March" tivesse sido ruim, mas assim como a crescente campanha dos Lions vencendo seus jogos dos playoffs até chegar ao State, essa me pareceu apenas uma forma apressada de também cumprir tabela para grande parte de suas tramas. Ou seja, criando obstáculos ou motivos de urgência para que seus personagens fossem capazes de superar. O maior deles provavelmente é o corte de verbas enfrentado pela cidade, que afeta toda a equipe dos Lions, ameaçados novamente de extinção mesmo tão próximos de conquistar um título estadual. Além disso, outras histórias ganharam complicações maiores mas não muito longe daquilo que já esperava, como Tami recebendo uma tentadora proposta para trabalhar na diretoria de uma universidade fora do Texas e Ornette perdendo o controle de vez, chegando a protagonizar uma tensa cena em que tenta forçar sua entrada em casa. Essas duas tramas ao menos levaram a uma conclusão interessante quando a equipe é recebida por sua torcida na volta a Dillon. Vince desce do ônibus procurando por sua mãe e instala-se um clima de suspense até que finalmente encontram-se em um emocionante abraço, enquanto Coach Taylor com seu olhar perdido pela multidão, quase desolado, não encontra ninguém para recebê-lo após a partida. Já Tim Riggins começa a dar sinais de arrependimento por ter levado a culpa sozinho pelos crimes, principalmente cobrando de seu irmão uma postura mais digna, além de não honrar sua promessa de cuidar bem de Becky. Através desse intenso conflito, Taylor Kitsch teve oportunidade de mostrar toda a complexidade desse novo Tim Riggins, em poderosas cenas como sua partida de casa com Mindy implorando para que ele ficasse, sua briga com Billy no estacionamento do Landing Strip, ou a singela conversa com Becky na frente de casa.

Porém, esse ritmo acelerado acabou sendo até um "mal necessário" ao servir como uma introdução ao episódio seguinte "Texas Whatever", quando decidem focar no drama de seus personagens antes da partida do State. As diversas reuniões para decidir o futuro de Dillon são cada vez mais desastrosas e acabam concluindo com o óbvio: os Lions serão desativados ao final da temporada para se unir à tradicional equipe dos Panthers. É uma decisão que naturalmente afeta todos os jogadores e comissão técnica, tanto pelo lado emocional quanto pelo futuro incerto de suas carreiras. Acompanhamos dois anos de árduo trabalho para reconquistar o orgulho do lado leste da cidade e agora tudo pode terminar injustamente em uma única partida. Mas apesar da revolta, os jogadores sabem que tem de se manter unidos caso ainda queiram ser os vencedores estaduais. Afinal, esse sempre foi o tema que a série preferiu enfatizar ao longo de sua história quando trata da vida em Dillon, uma cidade abandonada no interior do Texas. Há apenas duas opções: procurar por novas oportunidades fora dali ou tentar conviver em uma comunidade, dependendo uns dos outros. O retorno de Tyra, além de servir como um contraponto para Tim Riggins nessa condição de intruso, pensando em se mudar até para o Alasca, lembra também da eterna dificuldade de se ajustar à cidade, e sua falta de perspectivas. Algo que os jogadores dos Lions, principalmente Luke, já não parecem encontrar nem mesmo através do futebol.
Por isso, a frase que abre esse texto soa tão pungente em meio a uma calorosa discussão entre Coach Taylor e Tami. Se por diversas vezes disse que a família Taylor é quem mantém todos esses personagens unidos (e, por que não, dão sentido à própria série) é pelo casal nunca ter dado as costas para a cidade de Dillon. Nem mesmo após receber a triste notícia da terminação de seu projeto com os Lions, Coach Taylor deixa de consolar Vince dizendo que o jogador seria uma estrela na próxima temporada, onde quer que jogasse. Se todo esse sacrifício do treinador é extremamente louvável, por outro lado torna essa sua indiferença à proposta de Tami ainda mais injusta. Talvez fosse difícil para Eric aceitar essa mudança de foco, dessa vez tendo de priorizar a carreira de sua mulher, mas surpreende que ele não consiga sequer considerar uma outra opinião. As cobranças de Tami podem não ser razoáveis também, na minha opinião, já que as decisões que acompanhamos do casal no passado foram sempre de responsabilidade de ambos. Nesse caso vale destacar a direção de Kyle Chandler, mostrando a discussão do casal às vezes até em planos bem fechados, praticamente isolando cada um deles com suas próprias ideias. Faltando apenas mais um episódio para seu derradeiro final, não quero de forma alguma desmerecer a partida de State, mas ela acaba sendo até ofuscada diante do destino incerto dessa primeira grande crise na família Taylor. Afinal, são seus protagonistas simbolizando o grande dilema envolvido em Friday Night Lights: a união ou a separação de seus personagens, sendo assim atraídos ou repelidos pela cidade de Dillon.

Fotos: Divulgação.

e.fuzii
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