domingo, 21 de junho de 2009

[Skins] Terceira Temporada

Nesse período de férias da temporada regular, nada melhor do que colocar em dia aquelas séries que ficaram pelo caminho. Por isso, teremos alguns textos especiais no decorrer desses meses falando de algumas séries que não foram assunto por aqui. Como esse ano desisti de várias delas, algumas acabei voltando e pretendo analisar a temporada como um todo, destacando principalmente seu desenvolvimento durante o ano. A primeira delas será Skins, que mantendo apenas Effy e sua família (com exceção de Tony, claro) estreou cercada de dúvidas em relação ao elenco, mas que no decorrer dos episódios mostrou muito mais falhas na sua estrutura. Mas vamos devagar para situar essa história.
Pra quem nunca viu a série, deveria aproveitar e ver as duas primeiras temporadas, que de forma muito honesta consegue falar da adolescência de igual para igual, apresentando os fatos e lidando com eles, num processo de auto-conhecimento junto dos personagens. Não cabem lições de moral em Skins, o que o personagem deveria ou não fazer, até porque os pais são reflexos dos próprios adolescentes, perdidos ao lidar com seus filhos. Nesse caminho, a série sempre utilizou-se das mais absurdas situações cômicas para mostrar esse descobrimento de um novo mundo, mas que quando situava as personagens, mostrava um aspecto dramático todo especial, verdadeiro e fácil de se conectar. O principal apelo era que você reconhecia grande parte de suas aflições naqueles personagens, torcia por eles como se fossem seus próprios amigos. É por isso que Tony, Sid, Cassie, Jal, Chris e toda a turma deixaram saudades. Certo, menos o Anwar.

Mas esses adolescentes cresceram e a solução (nada original, por sinal) foi reformular o elenco, e fazer novas apostas. Quando fiquei sabendo que a série "regrediria", a primeira coisa que me perguntei era se valeria a pena seguir toda uma nova jornada, ou seja, redescobrir a adolescência através dos mesmos "olhos" dessa produção. Por outro lado, ter os dois principais roteiristas ainda envolvidos era o único alívio e motivação para encarar esses novos personagens. Para agradar esses antigos espectadores, quem foi elevada à condição de protagonista foi Effy, aquela que na minha opinião era a única consciente em meio aos adolescentes das temporadas anteriores. E esse talvez tenha sido o mais grave erro.
A nova turma só viria a se conhecer no primeiro episódio, no começo do ano letivo. Além de forçarem a forma como eles viraram amigos do dia para a noite -- principalmente com todos se reunindo no aniversário de Cook já no episódio seguinte --, à primeira vista muitos deles tinham semelhanças até com os veteranos. Mas numa série que se presta a ter no máximo dez episódios por ano, esse é um problema à medida que fica difícil de considerar isso além de uma simples cópia. Mesmo Freddie, JJ e Cook, que juntos se auto-denominam "os três mosqueteiros" não tinham nada além dessa amizade fraternal para oferecer. Talvez o ideal fosse que a turma já se conhecesse e tivessem aqueles esqueletos escondidos no armário, para explorar no decorrer dos episódios. Assim, com tantos personagens para serem apresentados, a história demorou pra ser desenvolvida e ir além de piadas que envolvessem fratulência ou vômito. Como protagonista da temporada, Effy era o centro das atenções desde o primeiro encontro com esses três garotos, e logo despertou a paixão de Freddie e Cook, o bonzinho que declara seu amor e o bad boy que só quer saber de confusão respectivamente. Mas o maior problema foi arrastar todo esse triângulo do primeiro ao último episódio, como se fosse o tema principal da temporada, naquela velha história de cair num cliché. Pior do que isso é ver a própria Effy sendo transformada numa versão de poucas palavras de Blair Waldorf de Gossip Girl, tanto nos temas como na repressão de seus sentimentos, nos jogos para disputar seu amor e a certeza de que todos lhe amam. Acho triste pra uma série que virou referência até para a própria GG -- ou alguém esqueceu dos cartazes escandolosos para promover a segunda temporada? -- ser reduzida a tão pouco. Acho triste que uma personagem tome atitudes tão rasas quando antes servia de consciência dentro da própria série e teve até sua primeira fala na forma de um enigma. Só faltava mesmo que ela fosse traída por sua melhor amiga, o que inevitavelmente acabou acontecendo.
Talvez o que sirva de alívio é que o elenco continue sendo um dos destaques, adicionando uma certa dose de complexidade e permitindo ainda simpatizar com grande parte dos problemas vividos por esses adolescentes. Um dos destaques pra mim foi o desempenho de Cook ao longo dos últimos episódios, principalmente no encontro com seu pai. Ele mostrava tanto descontrole, que aquela determinação parecia nem condizer com sua personalidade, mas Jack O'Connell conseguia mostrar com poucos gestos a sua insegurança interior e driblar todos os obstáculos clichés de sua história. Já as gêmeas Katie e Emily eram as personagens que pareciam mais promissoras, mas acabaram decepcionando: seja pela caricatura que transformou-se Katie ou mesmo o romance lésbico envolvendo Emily e Naomi que nunca saia do lugar. É uma pena ver que o desfecho da temporada acabou sendo tão frustrante, concluindo grande parte das tramas e não deixando nada para ser resolvido mais pra frente. Como se fosse uma lição de moral em que todos fizeram as escolhas certas, exatamente o contrário do que um dia já foi Skins. Uma pena para uma produção que continua notável, sempre em locações externas interessantes, e com uma trilha sonora ainda imbatível. Afinal, em que outro programa você ouviria Gang Gang Dance, Lacrosse, Bon Iver e Joy Division numa mesma hora?

Ao que tudo indica, apesar da péssima recepção do público e a queda da audiência, Skins deve voltar no começo de 2010. Mas não esperem por um texto desses no ano que vem, porque nem mesmo minha curiosidade por séries adolescentes me fará perder tempo e destruir o pouco que ainda me resta das lembranças de Effy.

e.fuzii

3 comentários:

Ribas disse...

Adorei o comentário!!

Maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaasvc pdia ter posto uma foto final com o (maravilhoso) olho aberto heheheh


Seja como for (embora não tenha nada a ver), sei lá porque... Essa foto escolhida me lembrou de "Laranja Mecânica"...

e.fuzii disse...

HAHA!
Pensei em colocar aquela que ela está deitada na cama do Tony, mas não encontrei...
Mas os trajes dela são realmente a cara de "Laranja Mecânica".

Abs.

Anônimo disse...

Audiência baixa? oi?
A Season 3 foi a mais popular, e a que mais teve audiência de toda a série! wtf?