sexta-feira, 17 de maio de 2013

[Mad Men] 6x07 Man with a Plan

"Move forward."

Após o choque inicial do anúncio da fusão repentina de duas prestigiadas agências de publicidade, as coisas começam a ser colocadas de volta aos eixos, com a CGC mudando para os dois andares ocupados antes pela SCDP, embora o novo nome ainda continue indefinido. Assim como continua indefinido também o futuro de seus funcionários, muitos deles ocupando cargos semelhantes, temendo passar pelos usuais cortes nestas ocasiões. Até mesmo os antigos sócios não parecem seguros, sem ter lugares suficiente ao redor da mesma mesa de reuniões, a não ser claro pelos grandes arquitetos desse plano: Don Draper e Ted Chaough. Enquanto Pete chega exigindo seu lugar, Ted é capaz de ceder seu assento à secretária e assistir tudo praticamente de fora. Há algum tempo toda trama envolvendo a agência precisava de maior dinâmica, que não fossem apenas conflitos entre seus coadjuvantes, e agora finalmente se estabelece esse embate entre Don e Ted. Ambos devem se respeitar mutuamente para a agência funcionar, mas já mostram diferenças cruciais no modo de trabalhar. Somando-se a isso a sempre questionável postura de Don em sua vida pessoal, enquanto que Ted vinha sendo até aqui retratado de maneira bastante afável, principalmente em relação a Peggy, parece impossível assumir qualquer lado nesta disputa. Para começar "dominando" essa batalha, Don recorre ao tradicional método de vencer o adversário pela embriaguez. Já Ted busca conselhos de seu antigo sócio e amigo, questionando sobre o mistério de seu oponente. Ao final, o cansaço dos primeiros rounds realmente vem à tona, com Ted pilotando o avião em meio a tempestade, enquanto Don nem bem consegue se segurar de tanto medo. O anúncio, de margarina, também envolve substituição, em um eterno conflito com um produto similar. Com a aproximação do final da década de 60, e consequentemente da série, parece cada vez mais claro que se não mudar, Don Draper será deixado para trás como o antagonista desta história. Peggy, numa de suas posturas mais destemidas desde então, espera por seu chefe em sua sala para reprovar aquela conduta, exigir que ele mude e siga em frente. Basta lembrar da outra vez que essas palavras apareceram na série, quando Don vai visitá-la no hospital logo após o parto, e perceber essa inversão de papéis.

O episódio traz ainda muitas outras cenas que remetem a situações que ocorreram anteriormente: Joan conduzindo Peggy ao seu novo espaço no trabalho, Roger tendo o prazer de demitir Burt novamente, a já mencionada tática de Don de embebedar Ted, assim como ele havia feito antes com Roger, até mesmo para conseguir seu primeiro emprego em agência. E finalmente Bob Benson, saindo dos bastidores em um momento providencial para ajudar Joan a chegar no hospital. Talvez cabe forçar um pouco para lembrar de uma cena parecida na sala de espera do hospital envolvendo Joan e Don, não pela situação em si, mas muito mais pelo cavalheirismo de Bob, que parece ter conquistado se não o carinho, ao menos a confiança de Joan. Se ele agiu de modo premeditado, como o homem que tem um plano no título do episódio, parece ser a grande questão, embora não mude o fato do charme do personagem ganhar destaque a partir de agora. Todas essas cenas recorrentes atingem uma convergência no final do episódio, quando é revelado a morte do segundo Kennedy, para tristeza da população americana. Em um dos momentos mais inspirados dos roteiristas ao incorporar um fato histórico à série, eles usam a demência da mãe de Pete para estabelecer esse clima de desesperança, em outro ciclo sem fim. Aliás, parece que os roteiristas não querem definitivamente dar folga a Pete.

Passando por um momento delicado na agência, temendo até por sua posição, Pete se vê obrigado a manter a mãe confinada em seu apartamento na cidade. Claro que isso se mostra muito mais desgastante para ele, que termina refém desta própria situação. Para aquele que sempre tentou imitar o mesmo estilo de vida de Don, Pete tem um desempenho cada vez mais decepcionante. Ainda mais fazendo o paralelo com a outro caso de confinamento do episódio, quando Don mantém Sylvia como sua refém sexual dentro de um quarto de hotel. Nunca seu jogo de poder chegou a esse ponto, de tomar literalmente a liberdade de alguém. Sylvia obviamente se sente seduzida por um tempo, embora saiba estabelecer os limites nas ordens de seu patrão, mas a medida que as torturas vão aumentando (confiscar seu livro talvez tenha sido a gota d'água), ela toma a decisão de dar um basta. Se é o final deste relacionamento, como a despedida no elevador sem sequer olhar para trás parece indicar, ainda acho frustrante por apenas somar-se a outro de seus casos. Embore ele termine beirando o desespero, quase implorando para ela desistir, esperava que Megan ainda descobrisse sobre essa traição. E Megan então? Cada vez mais desesperada para salvar seu casamento, sugerindo até que retornassem àqueles dias ensolarados no Havaí (ou o Paraíso), enquanto o marido sequer presta atenção nas palavras que saem de sua boca. A cena final é marcante, Megan aos prantos com a notícia do assassinato de Bobby Kennedy, Don Draper sentando do outro lado da cama, solitário e devastado. Mas devastado porque, ao contrário do outro evento trágico da temporada, a morte de Martin Luther King, ele não tem com quem se preocupar desta vez. Mulher, filhos, amante… nada mais parece ter qualquer importância na vida de Don Draper.

Foto: Divulgação/AMC.


e.fuzii
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