sábado, 22 de agosto de 2009

[Mad Men] 3x01 Out of Town

"Limit Your Exposure"

Depois de longos meses finalmente o charme dos anos 60 está de volta à televisão. É momento de retomar todas aquelas discussões envolvendo as grandes transformações daquela década, enquanto acompanhamos cada um dos personagens lidando com suas resistências e ocupados demais pra aproveitar essas mudanças. Diferente da temporada passada, dessa vez pouco se avançou no tempo, cerca de 7 meses talvez, apenas depois da turbulenta crise dos mísseis cubanos que abalava a sociedade no final da temporada. Ainda acho uma decisão arriscada, levando em conta a forma como a série decide focar principalmente as pessoas comuns, já que vai ser difícil passar o mais inócuo possível pelo assassinato de Kennedy. Mas Weiner já deixou bastante claro que sua intenção é mostrar a relação do casal Draper diante dessa gravidez, o que já ocorre logo nos primeiros minutos do episódio. Enquanto Don Draper está descalço na alta madrugada aquecendo leite para sua esposa, ele relembra todos os mitos que cercam sua origem, trazido ainda recém-nascido para ser criado por sua família. E aqui não caberia um trocadilho maldoso com a senhora-mãe dele se imaginarmos como seria crescer num ambiente assim, em que boatos correm sobre sua contraditória condição de benção e maldição ao mesmo tempo. Nessas horas fica claro que somente através dessa mudança de identidade que Don foi capaz de chegar onde chegou, mesmo que ele tenha de abrir mão de prazeres como comemorar seu verdadeiro aniversário.

Mas em meio a uma viagem de negócios em Baltimore ao lado de Salvatore, Don encontra um meio de satisfazer esse desejo: criando mais uma identidade. Além da hilária situação de estarem envolvidos numa investigação secreta, Don aproxima-se da aeromoça que se mostra tão inocente quanto sua própria esposa. Diante de todos os seus envolvimentos com mulheres mais maduras durante a série, dá pra perceber uma certa carência em Don, parecendo fazer até um esforço enorme pra enfim transar. Se esse parece ser mais um de seus galhos corriqueiros, por outro lado Sal é finalmente libertado de suas resistências por um abusado camareiro do hotel. Confesso que sentia falta de momentos como o mais alto suspiro no elevador servir de senha pra uma cena explosiva como aquela. É de se reconhecer também a direção dessa sequência, desde a aproximação do pé dos dois até os cortes e closes pra "escandalizar" o encontro. E mais do que isso, só mesmo um irônico alarme de incêndio no hotel pra frustrar de vez as chances de Sal.

Como se essa frustração já não bastasse, Don ainda flagra os dois durante sua escapada pela escada de incêndio e coloca o segredo de Salvatore em cheque. Pelo resto da viagem Sal imagina o momento em que terá de prestar explicações, assim como todos nós depois da reação sempre enigmática de John Hamm. Mas como se sabe Mad Men não é um série convencional, e tudo acaba resolvido quando Don apresenta a ideia para a campanha da London Fog no avião. É um momento privado entre os dois mas ao mesmo tempo ainda ligado ao profissionalismo de ambos, que aparece nos dizeres do próprio anúncio: "limitar expor-se". Vale também prestar atenção na mudança de foco desse anúncio, que ao invés de tratar de sonhos e desejos de seus clientes, busca uma aproximação mais objetiva de seu público, bem no estilo da propaganda que Don criticou. Porém, não vejo que esse período em Baltimore tenha sido crucial pra mudança de estratégias, ainda acho que seria inevitável.
Apesar de muitos dos ganchos do final da temporada ainda ficarem em suspense, principalmente em relação a Joan e Peggy/Pete, a única coisa que não me agradou foi essa ansiedade em colocar as cartas na mesa, já criando essas rivalidades na empresa e até um excesso de vilania nessa invasão inglesa. Além do medo latente em serem demitidos, ainda tivemos o início de uma competição entre Pete e Ken pelo controle das contas da empresa, que por reações tão oposta durante suas visitas à sala de Lane Pryce, tem tudo para ser interessante. O outro inglês, Mr Hooker (!!!), acabou entrando numa fria ao aceitar de Joan a sala que pertencia a Burt e tudo leva a crer que com seu adorável sotaque, mas seu desconforto naquele lugar, seja garantia de grandes escândalos. Já Roger Sterling continua a me surpreender por estar cada vez menos interessado na empresa, e sua chegada à reunião de demissão de Burt foi mais um exemplo disso, enquanto tentava de forma hilária vestir sua face triste.

Essa mudança de posturas tem tudo a ver com o próprio nome da London Fog, elogiado por Bert Cooper, mas em que a identidade é muito mais importante do que tudo o que esse termo um dia já representou. Como única forma para adaptar-se a todas essas mudanças fica a sugestão de Don Draper: enterrar no passado aquilo que não te satisfaz e diante dessas limitações ser o mais prático possível.

e.fuzii

3 comentários:

Anônimo disse...

onde fazer download desta serie?

Anônimo disse...

Tantas ironias neste episódio... Me diverti com o momento em que Salvatore está pegando fogo o alarme toca. E estou curiosa sobre Pete/Trudy, como eles soperaram adotar um filho (ou não).

Marcelle disse...

comentário anterior foi meu. meh