quarta-feira, 20 de agosto de 2008

[Mad Men] 2x03 The Benefactor

Esse terceiro episódio de "Mad Men" poderia facilmente ser inserido em qualquer outro momento da história. Afinal, o único indício óbvio de que acontece num momento posterior é Salvatore alterando um dos rascunhos da Mohawk para a American Airlines. Durante grande parte do episódio acompanhamos Harry tentando encontrar sua função e importância na Sterling Cooper, oferecendo espaço publicitário no controverso episódio tratando de aborto da série "The Defenders", que -- adivinhe -- tem exatamente o mesmo título "The Benefactor". Como já era de se esperar (por todo o cuidado histórico da produção) esse episódio realmente aconteceu nessa época, e teve de fato seus patrocinadores recuando pelo assunto abordado. A série por si só já era controversa, tratando de forma ambígua muitos dos casos defendidos nos tribunais, mas obteve reconhecimento ao ganhar três prêmios Emmy seguidos entre os anos de 1962 e 1964. Para maiores informações, recomendo lerem sobre a série no The Museum of Broadcast Communications.
Apesar de não conseguir ter a idéia aprovada pelo representante da Belle Jolie, Harry teve seu sonhado aumento, além de ficar encarregado do setor de mídia da agência -- o que está bem atrasada para ser estabelecido nessa época. Porém, o mais fascinante é a forma de Harry compartilhar sua tristeza com sua esposa, buscando uma relação mais próxima após sua traição ter sido descoberta. Essa talvez tenha sido a idéia combinada entre os dois para tentar salvar o casamento. Peggy também teve uma pequena participação no episódio e embora estivesse clara demais sua relação com a cena de "The Defenders" (principalmente pela câmera flagrá-la ao fundo), é interessante imaginar o que ela estaria pensando ou se até consideraria o aborto assim como a personagem.

Don Draper demorou para aparecer, mas foi quem trouxe a dinâmica necessária para "The Benefactor" funcionar. Após ter sido indiretamente responsável pelo escândalo de Jimmy Barrett, Don é obrigado a demitir sua nova secretária, por não conseguir "administrar expectativas". Isso é parte importante da sua personalidade, tanto em sua profissão como publicitário -- e ainda mais pelos ideais românticos que ele tanto preza -- como na forma de tratar os clientes e pessoas ao seu redor. Se até aqui Don esteve passivo demais diante de tudo que acontecia, dessa vez ele precisou tomar decisões drásticas para resolver o empasse criado por Jimmy. Tenho até de defender Don por mais um caso de infidelidade: no sexo durante a chuva de granizo, ele enxergou uma forma de corresponder àquilo que Bobbie, a mulher/empresária de Jimmy, estava esperando. E quando Bobbie tenta mais uma vez seduzí-lo para conseguir o que quer -- repare como ela espera Don providencialmente no corredor do restaurante --, ele precisa colocá-la de volta em seu lugar. Até porque, ela já sabia que o contrato não previa nenhum tipo de "perdão" e levou Don para encurralá-lo durante o jantar.

Pelo envolvimento entre os dois ser puramente sexual, Draper pega em seu ponto fraco (literalmente falando) e consegue a desculpa que precisava. Foi uma cena controversa, bastante comentada em fóruns de discussão e censurada por muita gente (principalmente pelas mulheres), mas não posso negar que Bobbie pediu por isso. Para quem não viu e ficou curioso, a própria AMC usou a cena como propaganda da série essa semana.

Entretanto, quem surpreendeu mais uma vez foi Betty, na constante procura por seus limites. Ela já vinha perdendo sua ingenuidade desde o final da temporada, mas foi nesse intervalo que ela parece ter mudado definitivamente. Em outro excelente trabalho de January Jones, transmitindo desde a segurança até seus receios apenas na mudança de tom de voz, Betty agora adota uma postura semelhante a Don, mantendo seus segredos e experimentando até onde sua sexualidade pode levá-la. Além disso, motivado por aquele seu pensamento de que Don parece fazer sexo com ela enquanto satisfaz outra mulher, Betty tenta ser essa outra mulher seduzindo o cavaleiro solteiro. Mas na hora que o rapaz analisa a tristeza no rosto de Betty -- que de forma hilária justifica ser de origem nórdica -- e aceita essas provocações, ela recua por passar do limite imposto, talvez ainda algum resquício de sua ingenuidade quase infantil. Mas ela ainda quer manter sua "amizade" com o rapaz, porque isso lhe convêm. É após o jantar que o casal Draper protagoniza a cena mais ambígua do seriado até aqui, também amplamente discutida e analisada. Betty diz chorar por felicidade e que os dois formam um grande time, mas isso não me convenceu. Embora Betty enxergue que fez seu papel durante o jantar e esteja contente por corresponder às expectativas de Don -- e dos Schillings, que são os benfeitores em questão --, ela não parece feliz por sujeitar-se a isso. Mesmo que essa tenha sido uma de suas exigências após o final da temporada passada, não parece ser o que Betty deseja para sua vida. Para mim, ela é uma personagem ainda mais misteriosa do que o próprio Don e estou bastante ansioso para saber até que ponto o casal Draper chegará para se adaptar às expectativas dessa sociedade.



e.fuzii

Um comentário:

Jhennifer Cavassola disse...

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