domingo, 31 de agosto de 2008

[Mad Men] 2x05 The New Girl

Embora tivesse acompanhado por toda a temporada anterior a jornada de Peggy para ser reconhecida na Sterling Cooper -- o que incluiu um susto no final --, nunca imaginei que ela teria tanto destaque a partir de agora. Mas ainda que esse título esteja relacionado com a transformação de Peggy, o episódio consegue dar um ótimo panorama da situação da mulher na sociedade americana dos anos 60. Ou seja, se Manoel Carlos assistisse, estaria apaixonado. Porque, afinal, as mulheres sofrem ainda mais por até aqui ainda estarem sob a sombra dos homens. E o elenco feminina é sempre um destaque a parte da série e já deveria ter sido reconhecido no Emmy dessa ano. Em meio a todas essas mudanças, algumas mulheres ainda buscam sua independência, e outras não resistem à pressão, como podemos ver na primeira aparição de Rachel na temporada, agora já casada. A reação triste de Don a essa novidade durante o jantar é evidente, ao mesmo tempo que ele mostra-se fascinado pela forma que Bobbie assessora seu marido.

Então, não poderia haver forma melhor de trazer todas as memórias de Peggy à tona do que Don ter de confiar sua fragilidade a ela. A partir daí já ficava flagrante que havia alguma dívida maior a acertar e que essa ajuda iria muito além do respeito pela figura de Draper como chefe. Em seu flashback, vemos sua irmã Anita grávida e poderíamos até concluir que ela não estaria cuidando realmente do filho de Peggy, mas acho que não faria sentido por ela parecer cercada de culpa ao dar "boa noite" ao garoto em Flight 1. A visita mais importante vem logo depois, com Don Draper aparecendo para instruir sua comandada a esquecer tudo que aconteceu e seguir em frente, seu método preferido de lidar com a vida. Porém, para Peggy não é tão simples esquecer aquilo que todos a sua volta tentam lembrá-la e isso a aproxima muito mais de Bobbie, que diferentemente do publicitário, aprende com suas dificuldades ao invés de tentar esquecê-las. Bobbie aconselha Peggy não para fazê-la de possível amante, mas sim para tomar o lugar de Don. Ela enxerga que profissionalmente, uma mulher pode ir muito mais longe quando usa aquela sexualidade reprimida por tanto tempo a seu favor.

No escritório, principalmente em relação às secretárias (entre elas a nova secretária de Don), temos diversos exemplos disso. Uma dessas cenas marcantes é a conversa de igual para igual entre Roger e Joan, tentando mostrar como seria seu casamento depois de um ano. Enquanto as reclamações de Roger deveriam servir de conselhos para a moça, o mais irônico é que Joan entende que ela mesma seria capaz de exercer seu controle no casamento. E se a mulher de Pete ainda não consegue se ver livre dessas amarras, é cada vez mais interessante acompanhar Betty reagindo aos mistérios que envolvem Don Draper e perguntar-se até que ponto ela ainda suportará ficar ao seu lado.



e.fuzii

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