sexta-feira, 3 de abril de 2009

[LOST] 5x11 Whatever Happened, Happened

Afinal, o que foi que aconteceu? Depois do tiro que o jovem Ben levou no final do episódio passado, a grande dúvida era se isso alteraria algum fato que ocorreu posteriormente (que no nosso ponto de vista seria anteriormente) ou daria-se um jeito de contornar essa situação. Esse debate tomou conta da próprio série, mais uma vez na figura de Hurley, que como qualquer espectador questiona se eles já poderiam estar presenciando alguma mudança. Ele cita "De Volta para o Futuro" e Miles diz que não há como alterar tudo o que eles já viveram, mas acaba gaguejando para explicar a razão de Ben não se lembrar de Sayid. Assim, eles não chegam a conclusão alguma, por falta de um físico de verdade (alguém falou em Sheldon?) ou por não saberem ainda o que estava por vir.
A escolha desse título serve exatamente para esse propósito. Além de parafrasear o que já foi dito por Faraday (ainda sumido), essa noção de passado imutável encontra uma discussão muito mais ampla sob o olhar dos viajantes no tempo. Juliet parece ter adquirido essa experiência ao longo desses três anos vivendo na Iniciativa Dharma, a ponto de tentar de tudo para salvar o garoto Ben. O fato é que para eles essa noção de prevenir o futuro confunde-se com seus próprios arrependimentos do passado. Mesmo que eles quisessem projetar no garoto aquilo que já sofreram no passado/futuro, suas memórias continuariam intactas e nada do que aconteceu com eles deixaria de acontecer. A ironia das ironias é que somente através do tiro dado por Sayid, Ben chega aos cuidados do Hostis e transforma-se naquilo que todos temiam.

Essa discussão poderia até servir para aliviar o tédio de um dos episódios que envolvem Kate, mas a verdade é que dessa vez sua participação foi bastante satisfatória. Até mesmo seu relacionamento com Aaron ganhou uma fluidez maior, com seu instinto materno aflorando pouco a pouco até servir de motivação para salvar o jovem Ben. Kate enfim visitou Cassidy e sua filha Clementine, que como muita gente já especulava, era a mensagem deixada por Sawyer em seu ouvido antes de pular do helicóptero (o que ligando as cenas durante a recapitulação já era mais do que óbvio). Apesar dessa recorrente relação com Sawyer e Jack, o sentimento de Kate ao voltar para a Ilha era muito mais nobre: buscar a mãe da criança que ela aprendeu a amar por esses três anos. E mesmo que Jack só se negue a salvar a vida de Ben porque envolvia a liderança de James, reconheço que essa sua mudança em esperar que o mesmo destino que trouxe-o até ali agisse por conta própria, muito me agrada.
Por outro lado, a decisão de Kate em voltar para a Ilha pareceu forçada, principalmente quando Cassidy tenta estabelecer que Aaron serviria de substituto para Sawyer. Nem vou entrar nos méritos do diálogo em si, mas pra mim, episódios como Eggtown davam a entender que Aaron seria uma das formas que Kate encontrou para recomeçar sua vida ao lado de Jack. Ou esse paralelo é realmente furado, ou teríamos um bizarro triângulo até do lado de fora da Ilha. Apesar disso, devo dizer que a tensão na cena do supermercado foi espetacular. Além da câmera rápida acompanhando as buscas de Kate pelos corredores, o que mais chamou a atenção foi o dilema vivido ela: entre anunciar que seu filho ilegítimo estava perdido e aguentar possíveis consequências ou fugir pela porta de saída para procurá-lo sozinha. Por fim, Kate encontra o menino ao lado de uma mulher loira, que obviamente remete a Claire. Mas sua decisão de deixar o menino aos cuidados da avó também não me convenceu, principalmente se o único plano para trazer Claire de volta envolvesse o avião da Ajira que se acidentaria na Ilha.

Juro que não queria tirar conclusões precipitadas, mas a não ser que queiram evitar um futuro paradoxo, não entendo por que "apagar" as memórias de Ben após tomar o tiro de Sayid. A conturbada relação com seu pai já seria suficiente (principalmente em Lost) para explicar seu comportamento no futuro e as próprias decisões de Sayid, que por toda sua vida seriam condicionadas por Ben Linus, abririam possibilidades bem mais interessantes. Mas paciência se a intenção é mesmo de retirar a "inocência" da criança que jogou uma van em chamas para libertar um prisioneiro.



e.fuzii

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