terça-feira, 9 de setembro de 2008

[Mad Men] 2x06 Maidenform

O que você vê quando se olha no espelho? Para os que acreditam, histórias antigas contam que é sua própria alma que aparece refletida. Mas pelo uso da própria palavra no sentido literal, olhar sua própria imagem no espelho é refletir sobre si mesmo, sejam suas experiências do passado, seus segredos mais íntimos ou seus anseios pelo futuro. Já logo de início temos uma montagem envolvendo as mulheres de Mad Men na frente do espelho, vestindo confortavelmente seus sutiãs. É isso que liga as duas idéias desenvolvidas a partir daí: a duplicidade das mulheres, que tem seus momentos Marilyn Monroe e Jackie Kennedy, e a nova propaganda dos sutiãs Playtex desenvolvida por Don e sua equipe. Dessa vez, Peggy sente na pele aquilo que Bobbie se referia no episódio passado. Ela nunca encontrará seu lugar na Sterling Cooper se continuar comportando-se como homem, já que ninguém está disposto a dar essa chance. Mas quando Peggy entra no jogo da sua maneira, apostando na sua sexualidade, ela consegue ser bem sucedida. Ela tem, então, de encarar o ar de reprovação de Peter, bastante semelhante com o instinto protetor que Don tem com Betty, dizendo que seu biquini é uma ato desesperador. Se essa idéia de que toda mulher tem uma Jackie/Marilyn no seu interior, os dois querem manter suas mulheres bem longe disso.

Mesmo que Peggy resista a esse rótulo criado pelos outros publicitários -- e eu queria muito saber qual era a idéia dela para a propaganda -- todas as outras mulheres quando não tomam essa forma, são vistas desse jeito pelos homens. Vemos todos os rapazes se reunindo para o teste das modelos, vemos Peter correndo atrás de outro rabo de saia e Don Draper ainda interessado na imprevisível Bobbie. Mas nesse caso, como já ficava evidente, a forma com que os dois lidam com suas mentiras é praticamente oposta. Bobbie percebe isso ao mencionar a ida dos dois à casa de praia e tenta, então, testar os limites de Don revelando as fofocas que correm entre as mulheres. Ele tem consciência desse seu outro lado e sabe que tem de ser mantido em segredo a qualquer custo, assim como sua própria identidade roubada. Mas quando Don vê sua filha venerá-lo como herói de guerra, ele não se mostra confortável. E depois de saber sobre sua reputação com as mulheres, Don não aguenta nem ser olhado por sua filha e nem encarar sua própria imagem no espelho. Na excelente cena final, a câmera também vai se afastando e deixa Don sozinho, enquanto tudo que nos resta é sua imperfeita imagem no espelho, carregada pela culpa.

Então, se Peter representa o recém-casado e Don já sente as frustrações de seu casamento, temos no topo de tudo isso Duck Phillips, que precisa encarar a terrível notícia do casamento de sua ex-mulher. Envolvido em tantos problemas -- pessoais e profissionais -- ele acaba sucumbindo à bebida, que parece ser a principal razão da separação (e também da sua falida carreira), embora não consiga fazer isso na presença de seu cachorro Chancey. E mais do que um alívio cômico nessa cena, o cão serve como um cúmplice de todos os seus erros passados. Muitas vezes acredito que o grande tema da série é o esforço em mostrar a queda de muitos desses homens, mas se esse é o ciclo inevitável a que todos estarão condenados, somente o tempo para nos dizer.



e.fuzii

Um comentário:

Anônimo disse...

E aí cara! Desde o final de FNL ando meio sumido aqui do blog mas, mesmo assim, indiquei vocês ao Prêmio DARDOS:

http://toassistindo.wordpress.com/2008/09/13/premio-dardos/

abraço,