sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

[Battlestar Galactica] 4x12 - A Disquiet Follows My Soul


O retorno de Battlestar Galactica tem girado em torno daquele histórico plano sequência final de "Revelations", onde vemos um planeta Terra devastado. Mas nada mais coerente: aquilo foi o fim de um sonho, de esperanças cultivadas e que motivavam os sobreviventes da raça humana desde o início da série. Acompanhar as consequências desta frustração tem sido o objetivo que os autores brilhantemente realizaram nestes dois primeiros episódios da segunda parte da última temporada da série.



"Sometimes a Great Notion" já foi comentado aqui pelo amigo Fuzii, mas quero deixar registrado que para mim trata-se do melhor episódio da temporada até aqui, um dos melhores de toda a série e um dos grandes momentos que já vi em qualquer série de tv. É bom assim.



"A Desquiet Follows My Soul" é a tentativa da frota de estabelecer uma rotina, de colocar suas vidas no eixo, na medida do possível. Daí iniciar o episódio com uma montagem eficiente que mostra o Almirante Adama em suas atividades matinais. Após sobreviver à desesperança, a vida segue em frente.



Breves momentos de prazer.


O problema que seguir em frente é encarar não apenas a triste realidade de que não há um planeta habitável, mas também que para chegar até ali, alianças foram feitas com os Cylons, com alguns vivendo na própria Galactica. Inaceitável para muitos, claro. O principal deles é Gaeta, em posição de promover uma revolta que certamente será o foco dos episódios seguintes. A amargura de Gaeta podia ser sentida de longe: já acusado de ter colaborado com os cylons em New Caprica, amputado, tendo que esperar atendimento médico por conta da preferência dada às "torradeiras", sua aliança com Tom Zerek (que nunca amamos odiar tanto desde a segunda temporada) é um caminho óbvio.*





Amargura de uns...




Na outra ponta dessa futura revolução, Adama, que só às vezes odeia esse trabalho, ameaçando impor suas decisões. Golpes de Estado não são novidades nessa série, a diferença é que desta vez dificilmente o espectador pode ficar completamente do lado do Almirante. Como não compreender toda uma população que se revolta com uma suposta aliança entre humanos e cylons? Por outro lado, em situação tão desesperadora, como não aceitar uma tecnologia que triplica as chances da frota em encontrar um planeta habitável?



... e de outros.





O que torna este conflito eminente mais interessante é o grande número de personagens alheios a ele: enquanto Starbuck tenta lidar com os eventos do episódio anterior, Gaius Baltar promove sua própria revolução contra Deus, Tyrol descobre que não é o pai de Nicholas (mais do que aumentar a importância de Hera, rompe definitivamente qualquer elo do Chief com a humanidade) e Roslin resolve recuperar um pouco do tempo perdido. O que torna estes dois episódios tão especiais é toda essa atmosfera de medo, tristeza, incompreensão e busca de algum sentido que perpassa todos os recantos da frota e que não perde de vista um único personagem. Gaius, por exemplo, tem uma única sequência, mas é tão poderosa (o texto, a atuação, a trilha, a movimentação de câmera, a composição da cena), que tudo que precisa ser dito está ali.





A distânia entre Adama e Zarek é tão grande assim?



Mas é Roslin e sua corrida pela vida, tão carregada de dor e vontade de seguir em frente, que deixa as maiores marcas no episódio. O final que mostra duas pessoas na terceira idade na cama (e a mulher careca!) é um desses momentos que não vemos em qualquer programa televisivo, sendo mais um de tantos outros que tem feito de Battlestar Galactica a série da atualidade mais carregada de humanidade, de conflitos e relacionamentos que fazem da vida esse mistério fascinante.




*Sobre Gaeta, há ainda os eventos dos webisodes lançados antes do retorno da série, que constituem "The Face of the Enemy", que se passa entre este e o episódio anterior. Mas ainda não os vi.




P.S. - Adama está doente ou é apenas resultado dos últimos abalos emocionais? Seria ele o "dying leader"?





Hélio.

Um comentário:

e.fuzii disse...

Você definitivamente deveria assistir ao "The Face of Enemy", porque traz revelações necessárias e outras desnecessárias para esses dois últimos episódios (o 12 e o 13).

Até acho que deveria ter virado um episódio isolado, embora fosse sacal acompanhar tudo de uma vez...