sábado, 17 de fevereiro de 2007

[Heroes] 1x15 - "Run!"

É realmente estranho ter que começar a escrever sobre cada episódio recente de “Heroes” dizendo que trata-se de um episódio de transição. Desde o seu retorno no final de janeiro, já são quatro episódios com esta característica e a pergunta que fica é: transição para o quê? Vamos admitir então que o ritmo da série será este, preparando sem pressa o clímax de final de temporada. Nada contra, se os diálogos e os dramas fossem melhor escritos, mas infelizmente os roteiristas continuam mostrando falta de talento.


Uma rápida comparação com “Lost” torna evidente o declínio de “Heroes”: a esta altura na primeira temporada da série de J. J. Abrams e Damon Lindelof já tínhamos os elementos que se tornariam o clímax do final de temporada (a jangada que partiria da ilha e a escotilha que precisava ser aberta). A espera foi preenchida com histórias muito bem escritas que não só traziam surpresas que fariam parte da mitologia da série (os números de Hurley), mas desenvolviam com profundidade muitos dos personagens (Sawyer, Jin, Locke, só pra citar os melhores exemplos). Os protagonistas de “Heroes” têm a profundidade de um pires.


Nesse sentido, é a história envolvendo Claire e seus pais que os roteiristas têm investido mais. Às vezes a impressão é que trata-se de um melodrama digno de Malhação. Mas curiosamente, há algo de interessante ali. Em um único episódio, percebemos que a menina indestrutível tem uma mãe biológica mercenária, um pai biológico que não se importa com ela, um pai adotivo que esconde muitos segredos e uma mãe adotiva com a memória absolutamente destruída. O material é muito bom. A execução, nem um pouco.


Pobre Claire: pais sorridentes, poderosos e ordinários.

Hiro, por outro lado, foi agraciado com as piores idéias. Já está mais do que claro que os roteiristas não sabem o que fazer com o personagem. Com poderes capazes de colocar em apuros os melhores escritores, Hiro acabou inexplicavelmente sem eles, provisoriamente. A primeira solução, a de que ele não podia mudar o passado, já soava inverossímil (afinal, ele salvou a cheerleader, indiretamente). Agora, tudo desabou, com a idéia de que o personagem recuperará seu dom após conseguir uma espada.


Sua jornada continua com interrupções pouco inspiradas e desta vez é Ando com seu fascínio por loiras de Las Vegas que atrasa sua missão. Embora tenha sua graça, foi jogo sujo colocar Ando numa enrascada (debaixo da cama de um homem armado) e tirá-lo dela sem nos mostrar como isso aconteceu. Acabou com todo o suspense criado. A história continua no próximo episódio e com bastante ação, segundo o preview divulgado.


Calma, Ando. Uma simples edição de imagens e você já estará longe.


Muito mais interessante no episódio foram os encontros de personagens que ainda não se conheciam. Apesar de um confronto injusto entre Matt e Jessica (quem vence? O cara que lê mentes ou a mulher super forte?!), alguns elementos foram lançados e que aumentam a expectativa para o que vai acontecer.


Vou tentar ignorar completamente o fato de que Micah não foi capaz de reconhecer Jessica (quando ele já tinha feito isso via telefone em “Nothing to Hide”), de que D.L. e Micah não questionem o fato de que Niki receba vários envelopes pelo correio após sair da cadeia, e que os roteiristas simplesmente esqueceram que Micah despejou milhares de dólares em cima do pai, dois episódios atrás.


Deixando de lado tantos furos, a história de Jessica trabalhando para Linderman e com a missão de matar o ex-funcionário que contrata os serviços de Matt, é o típico pretexto que funciona. Podemos apreciar Matt fazendo bom uso de seu poder e afanando os 2 milhões em diamantes (mas só depois de terem feito pouco caso dele, obviamente), além de constatar que ele não sabe diferenciar o que se fala e o que se pensa. Apreciar Ali Larter também tem sido cada vez mais prazeroso e isso inclui atributos físicos também. Que vilã sexy é a Jessica!


Enfim, é a segunda vez consecutiva que temos a imagem de Nathan encerrando um episódio, e desta vez certamente os desdobramentos serão mais interessantes. Falta coerência, no entanto: por que Linderman o quer morto, se o objetivo inicial é ter Nathan no congresso, chantageando-o com imagens dele e Niki/Jessica? O que mudou de lá pra cá? Vamos ver se pelo menos essa incongruência será explicada.


Covardia: Ler mentes X Superforça.


O outro bom encontro se deu entre Mohinder e Sylar. Não por causa do indiano, claro. Mas Sylar conseguiu um novo poder (derreter metais) e até Mohinder descobrir sua verdadeira identidade, ele já terá entrado em contato com outros heroes, o que talvez crie situações mais interessantes do que os últimos episódios têm mostrado até então.


Peter, Isaac, Simone e Claude não aparecem no episódio. É impressionante como Claude fez falta, mesmo tendo surgido apenas por agora.


Sylar ataca novamente.


Episódio razoável, com boas idéias sabotadas por uma execução ruim. Nota 6,5.

No próximo episódio: A morte há muito anunciada de um dos protagonistas?


Hélio.

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