quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

[Spartacus: Blood and Sand] S01E03 - Legends

por Rafael S


Como as lendas são construídas? Com feitos grandiosos ou com muitas mentiras? Esse é o principal tema desse terceiro episódio de Spartacus: Blood and Sand, que se aprofunda no passado dos guerreiros do ludus, além de marcar o início das primeiras competições na arena.

Depois de derrotar Crixus e ser oficializado como um dos gladiadores de Batiatus, era de se esperar que a moral de Spartacus ficasse lá no alto. Mas acho que ficou no alto até demais. Ele está especialmente cheio de autoconfiança nesse capítulo, sempre desobedecendo o treinamento de Doctore e não levando a sério o passado dos outros guerreiros do local. Ou seja, a situação perfeita para uma grande queda. Mas antes disso, em conversas com seu amigo Varro, várias histórias do passado foram escancaradas.

Primeiro conhecemos o passado de Barca, o outro grande gladiador do ludus ao lado de Crixus. O cártago, assim como seu povo, foram vencidos pelos romanos, e obrigados a lutarem entre si na arena. Depois de sangrentas batalhas, apenas dois sobraram: Barca e seu pai. E assim a trágica história do guerreiro foi construída, sendo obrigado a matar seu próprio pai na arena. Depois, ficamos sabendo mais sobre o gaulês Crixus. Ele não se tornou o favorito de Batiatus a toa. Sua lenda se construiu ao derrotar os irmãos Decimus e Tiberius, considerados dois demônios da arena, bastante temidos por muitos, em uma batalha sangrenta (imagem que abre esse texto). E entre outras lendas, vimos a de Theokoles, um suposto "gigante de três metros de altura", que matou todos os homens que enfrentou, menos um: Doctore (que cada vez mais ganha importância na trama). Mas no meio de tanta história, o que é verdade e o que é mentira? A tradição oral de passar histórias não é uma fonte confiável, mas era assim que a maior parte do conhecimento era transmitido naquela época. A série acertou ao retratar esses feitos de modo ainda mais estilizado que a própria série: sempre com uns efeitos fortes de luz, fumaça, e muito uso de sombras, criando uma ambientação bem fantasiosa, deixando dúvida sobre a veracidade daqueles acontecimentos.



E então, no que acreditar? Spartacus decidiu pagar para ver. Logo após o anúncio da Vulcanália, um festival, que entre outras coisas, envolvia batalhas na arena de Cápua, o guerreiro viu a oportunidade para mais uma vez vencer Crixus. Mas era óbvio que um novato como ele não seria escolhido para lutar com um lutador consagrado como o gaulês, por isso Spartacus foi selecionado apenas para uma preliminar, enquanto Crixus para a grande luta final do evento. E eis que em um rompante de autoconfiança, e porque não, arrogância, Spartacus mexeu seus pauzinhos para conseguir ser reescalonado para lutar com Crixus. Um grande erro - mesmo que ele não acreditasse nos feitos do gaulês, tinha noção de sua força, habilidade e experiência na arena. Sem contar que ele era um guerreiro muito mais disciplinado no treinamento do que o gaulês, sempre reclamando e se recusando a seguir as ordens de Doctore. Então, se apoiando em sua frágil vitória em sua seleção para entrar no ludus, lá foi Spartacus para a luta...tomar uma bela de uma surra. Um passeio do gaulês, que dominou a batalha em todo o tempo, e envergonhou Spartacus publicamente, ao obrigá-lo a pedir clemência no meio da arena. Decepção para Batiatus, Lucretia, Doctore, para o público e para si próprio. O episódio terminando com a imagem do trácio cabisbaixo, pensando na derrota que sofreu foi uma síntese do que aconteceu, uma punição por toda a autoconfiança exagerada. É de se esperar uma mudança de postura a partir do próximo capítulo.

E enquanto Batiatus aposta tudo na fama e glória de seus lutadores, Lucretia encontrou seu próprio modo de conseguir atenção, influência e poder: através de Ilithyia, mulher de Glaber. Sua visita ao ludus no episódio passado acendeu a chama do gosto dela pelas lutas (e lutadores), e como boa observadora que é, Lucretia viu a oportunidade de cativar a loura mergulhando-a naquele mundo e lhe abrindo um leque de perigosas possibilidades. Além do gosto pelo sangue, comprovado pela empolgação na arena, Lucretia viu a lascívia de como Ilithyia olhava para os gladiadores, todos musculosos e suados - e na cena mais ousada da série até agora, a convidou para uma sessão de voyeurismo e assistir Varro transando com uma criada, bem ao lado delas. Nem precisa falar o quanto a loura ficou atiçada, e Lucretia começou a fazê-la comer em sua mão. Um verdadeiro poço de esperteza.



E falando em Lucretia, esse episódio desenvolveu um insólito triângulo amoroso entre ela, Crixus e Naevia (Lesley-Ann Brandt), uma das criadas do ludus. Quer dizer, era evidente que Lucretia se aproveitava dos gladiadores como objetos sexuais, mas Crixus se apaixonar por uma criada foi bem inesperado. Um (possível) relacionamento amoroso no mar de luxúria que é aquele ludus, não duvido que Naevia venha a se tornar o ponto fraco do gaulês, seu calcanhar de Aquiles. Basta Lucretia tomar conhecimento do fato.

Esse foi mais um episódio de Spartacus: Blood and Sand cheio de sexo, sangue e linguagem inapropriada - reparem o quanto os personagens xingam, independente de sua classe social. Com o caminho até Sura cada vez mais difícil, esse capítulo ensinou ao nosso herói uma dura lição: antes de querer construir sua própria lenda, ele vai ter que aprender a respeitar a dos outros.

Fotos: Reprodução



Rafael S
http://twitter.com/rafaelsaraiva

Um comentário:

Maradona disse...

Grande analise do episodio, ressaltou seu ponto principal e contou de forma clara a trama. Spartacus começou apelativo, mas aos poucos está se tornando uma grande serie. O quarto capítulo prioriza a brutalidade a serie e cada vez mais me sinto envolvido em sua história. Foi uma grande lição aprendida a duras penas por Spartacus. Continue as resenhas.