quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

[FNL] 4x05 The Son

por e.fuzii
Depois de prometer tanto drama com a morte do pai de Matt servindo de cliffhanger, chegou a me surpreender que o episódio começasse com mais uma partida dos Lions. Ou mais uma derrota, se preferir. De certa forma, essa temporada ainda está devendo aquelas grandes emoções dentro de campo, embora não seja exatamente triunfal ressaltar o espírito de luta da equipe durante uma derrota. Apesar de ter sido novamente desafiado por Vince, Coach Taylor pode perceber conosco que já há certa evolução, quando aqueles que nem sabiam direito seus posicionamento começam a chamar jogadas vencedoras. Parece uma questão de tempo para a merecida primeira vitória, mas só espero que não estejam guardando essa comemoração para o final da temporada. Algumas tentativas de desenvolver melhor os novos personagens também funcionaram bem dessa vez. Becky mostra que seu interesse por Riggins pode ser tratado como uma carência da figura masculina, por tanto ser abandonada pelo pai. Fora que se a perda de Saracen não conseguisse suportar-se sozinha, esse já seria um bom paralelo nessa história. Mas buscando expandir a personagem para além dos domínios de Riggins, há um bem-vindo encontro entre ela e Luke no caixa de um mercado, depois que ele finalmente dispensa JD e seus "amigos". Apesar de ser um daqueles momentos que já parecem antecipar onde querem chegar, esse tipo de relação não deixa de ser necessária e foi a melhor forma para não atrapalhar o andamento da trama principal. Que é claro, dedicou-se em seguir a difícil busca de Matt Saracen para aceitar a morte de seu pai, numa participação memorável de Zach Gilford.
Quando escrevi no episódio passado que não sabia qual reação esperar de Matt com essa perda, era por duas razões principais: primeiro pela já conhecida relação atribulada entre os dois; e segundo porque séries adolescentes tem sempre certo receio em tocar nesse assunto. A morte apesar de ser inevitável, é temida por deixar marcas e até transformar personagens. Foi assim que Buffy teve um imenso arco para assimilar a morte de sua mãe após "The Body". Não caberia aqui comparar -- até porque ela era protagonista e a presença de sua mãe era forte demais durante 5 temporadas --, mas perceber o quanto esse episódio atingiu emocionalmente para retratar o luto de Matt Saracen. Seja cada uma de suas tentativas em lembrar-se do pai, ou todas as vezes em que parecia segurar o choro, tudo porque era contraditório demais pensar na falta que seu pai fez por toda sua vida e ainda fará a partir de agora. Adolescentes em geral constantemente culpam seus pais por não serem compreendidos, por sujeitarem-se a tantas condutas dentro de casa, mas abandonado pelo próprio pai, Matt enfrenta uma questão exatamente oposta. Mesmo assim ele não deixa de culpar seu pai pela situação medíocre que vive em Dillon e lamentar por tantas oportunidades perdidos. Sua fixação em ver o que restou do corpo do pai leva finalmente a cair sua ficha, e perceber que ele nunca mais poderá enfrentá-lo, nunca mais poderá dizer as verdades que continuavam presas em sua garganta.
Para chegar ao momento definitivo de explosão, Saracen e os roteiristas fazem uso daquele que é o porto seguro da série: a família Taylor. Diante do jantar guardado com tanto carinho, Saracen começa a listar uma a uma as coisas que lhe irritam em seu prato. Claro que Tami Taylor, providencial a ponto de preocupar-se com a preparação do funeral, não poderia esquecer de repente aquilo que ele não estava acostumado a comer. Saracen é um sujeito tímido que definitivamente engoliria qualquer vontade de ser rude, mas não estando fragilizado daquele jeito e sem ter mais aquele que segundo ele era o alvo de todo seu ódio. Então, ele desaba em prantos e volta para casa apoiado pela presença de Coach Taylor, que sabe muito bem que nessas horas somente o tempo pode curá-lo. Já no funeral, Matt é chamado para dedicar algumas palavras ao pai e decide se apegar na carreira militar. De certo, esse episódio é tão essencial porque na minha opinião, define quando Matt atinge sua maturidade, constatando que nem sempre as pessoas precisam externizar aquilo que sentem. Ou ainda entendendo que seu pai tentava da melhor maneira garantir também o futuro do filho, servindo à sua pátria. Não cabe julgar, os motivos para se alistar ou da guerra em si, mas entender o que leva cada um a tomar seu próprio caminho. Pensando bem, talvez não seja sua avó ou mesmo Julie quem prendiam Matt de voos mais altos, mas esse sentimento impotente diante das decisões do pai, na espera de um dia confrontá-lo. Assim, não seria de se estranhar que ele teria motivos suficiente agora para tomar seu próprio rumo na vida, dando finalmente adeus a Dillon.

P.S.: Apesar de denunciada nos créditos iniciais, interessante a presença de Minka Kelly no funeral, dando um sentido maior de importância. Fora a misteriosa troca de olhares entre ela e Riggins.

Fotos: Reprodução.

e.fuzii
twitter.com/efuzii

2 comentários:

Lucas Nanini disse...

Ótima analise, técnica demais, e perfeita toca nos pontos principais do episódio.
Parabéns, continue assim.

Davi Cruz disse...

Muito bom o comentário Eric, como sempre. Não tenho mais postado nada no meu blog, mas continuo acompanhando (e adorando) FNL.

Zach Gilford realmente deu um show! E adorei rever a maravilhosa Minka Kelly (não tinha prestado atenção nos créditos iniciais e, por isso, até levei um susto quando ela apareceu).

abraçO!