terça-feira, 20 de julho de 2010

[Spartacus: Blood and Sand] S01E10 - Party Favors

por Rafael S


A cada episódio que passa, Spartacus: Blood and Sand mostra que as verdadeiras batalhas não são travadas dentro da arena, mas sim fora dela. O mundo é o verdadeiro território hostil para aqueles gladiadores, com inimigos sorrateiros prontos para te apunhalar na primeira oportunidade. Tanto que a maior derrota sofrida até agora por Spartacus havia sido a morte de sua mulher Sura, fruto dos planos sórdidos de Batiatus para prendê-lo no ludus. Mas este episódio trouxe outra grande tragédia tragédia para a vida do herói, digna de rivalizar com a primeira.

Tudo começou com a continuidade dos planos de Batiatus de se aproximar do magistrado Calavius através de seu filho, Numerius. O garoto era grande fã das lutas na arena, e os famosos gladiadores eram seus ídolos. E como toda criança mimada tem seus desejos atendidos, ele e seu pai começaram a frequentar o camarote de Batiatus, o que culminou na escolha do ludus dele como palco da festa de 15 anos do garoto, onde ele iria vestir a toga pela primeira vez, marcando sua passagem para a vida adulta segundo as tradições romanas da época. Ou seja, a oportunidade perfeita de Batiatus estreitar laços com o magistrado, e começar a galgar sua carreira política com a ajuda dele. Enquanto isso, Lucretia usou de todo o controle que agora tinha sobre Ilithyia para fazê-la convidar a alta sociedade romana para a festa, tornando-a um grande evento da cidade de Cápua. Tudo parecia perfeito para o casal, que via seus ambiciosos planos finalmente alçarem voo a níveis cada vez mais altos.

Enquanto isso, entre os gladiadores, o plano de Spartacus (com a ajuda de Mira) para encontrar Aurelia, mulher de Varro, deu certo. E assim o casal se reuniu outra vez, deixando para as discussões e brigas anteriores, e a amizade entre os dois gladiadores se fortaleceu ainda mais por causa desse bonito ato do trácio. E poucos momentos antes, ambos haviam tido uma bela vitória juntos na arena. Ou seja, antes de chegar na metade do episódio, Varro já havia tido alegrias na arena, no amor e na amizade. Era óbvio que tudo isso acontecendo era um prenúncio de algo ruim que estava por chegar. E assim, eu já comecei a me apiedar por ele por antecipação. Já Crixus, escolhido para lutar com Spartacus na exibição no aniversário de Numerius, continuava se corroendo de inveja pela glória do seu rival, e só deixava de pensar nele ao ficar perto de Naevia, sua paixão. Dessa vez, a trama do casal acabou ganhando mais complicadores, como o guarda de notou o sumiço da chave que ela utilizava para facilitar seus encontros secretos e os olhares lascivos de Ashur para cima da escrava. Dada a tendência trágica da série, esse amor tão improvável entre os dois cada vez mais parece fadado ao fracasso, por envolver tantos fatores explosivos (leia-se: Lucretia).



Com todas essas tramas em destaque, Ilithyia nunca pareceu tão quieta em um episódio. Atormentada por ter matado Licinia, ela passou a ver a amiga morta em todos os lugares. Mas toda a sua quietude era apenas uma faixada para sua mente cruel, que maquinava sua vingança contra Spartacus. E transformando seu medo em ainda mais ódio, engendrou um dos planos mais cruéis de toda a série. Poder não é nada sem controle. E o que seria mais fácil de manipular do que um garoto de 15 anos, que sempre teve tudo nas mãos, mas sem praticamente nenhuma de experiência de vida? Sordidamente, Ilithyia ofereceu seu corpo a ele, e como um diabinho, apenas sussurrou em seu ouvido o que queria em troca. Pronto, estava feita a vingança. Numerius substituiu Crixus por Varro na exibição (deixando o gaulês ainda mais furioso), e como editor da luta, ordenou que Spartacus matasse Varro. Sim, um amigo assassinando o outro. A morte de Sura havia sido uma grande punhalada nele, mas ali nada poderia ter feito para impedir. O contrário dessa vez, onde ele mesmo teve que enfiar a espada em seu melhor amigo, para atender aos caprichos de um moleque mimado envenenado pelas palavras de uma mulher vingativa. O olhar de desespero de Varro ao perceber que iria morrer e sua posterior conformação com o fato, seguido de um último agradecimento e pedido ao amigo foi definitivamente a cena mais triste da série até o momento. E em uma trágica rima visual, a cena de Spartacus vendo o corpo de Varro caído, vertendo sangue, foi igual aos delírios de Ilhityia vendo o corpo morto de Licinia. A prova cabal que sua vingança havia sido feita.



Após essa impactante cena, nada mais importou para mim. O capítulo ainda teve Batiatus vendo seus planos de ascensão política desprezados por Calavius, e a dor de Spartacus esmurrando paredes até as mãos verterem sangue, se punindo por ter assassinado seu amigo. Eu ainda estava tão perplexo pela morte de Varro que eu só esperava pelos créditos finais subirem, para poder respirar um pouco. E após me envolver tanto com a morte de um personagem que percebi o quanto Spartacus: Blood and Sand me cativou. Nesses dez episódios, as mortes de Barca, Sura e Varro foram impactantes do jeito que poucas séries conseguiram fazer.

E não só pelos roteiros, que já reconheci várias vezes a melhora considerável, mas também pelas atuações, que acabo falando tão pouco. Andy Whitfield está conseguindo retratar muito bem toda essa montanha russa que se tornou a vida de Spartacus, indo da glória para a desgraça em pouco tempo. E como não simpatizar com o Batiatus de John Hannah, um verdadeiro filho-da-puta ambicioso, mas que nesse episódio mostrou um outro lado, tanto na curiosa cena em que disputava um jogo de tabuleiro com o herói, como quando acabou tendo que perder um gladiador tão promissor quanto Varro e ainda ver seus planos frustrados? Em trejeitos ele cada vez mais me lembra o presidente Charles Logan, de 24 Horas. Orgulhoso, ambicioso, mas sem coragem de bater de frente com seus desafetos, tornando-se um medroso no fim das contas. E Viva Bianca já é a grande antagonista da série, uma das maiores vilãs que vi surgir recentemente na televisão. Essa é Spartacus: Blood anda Sand, cada vez mais cruel. É esperar pelo próximo capítulo e o próximo baque que nos aguarda.

Fotos: Reprodução



Rafael S
http://twitter.com/rafaelsaraiva

2 comentários:

Jean disse...

aff eu quase chorei qd varro morreu, eles realmente eram mt amigos. no ultimo episodio a mulher de varro mata o numerios pessoalmente ^^.

ah mas o varro podia estar vivo :(

carlosjcb60 disse...

De tirar o fôlego...
Impressionante a expressão de Varro durante a situação.
Junto com Viking; são as duas melhores séries
já produzidas com toda CERTEZA.