quinta-feira, 14 de junho de 2007

LOST: O Que Sabemos Até Agora - 3ª Parte B

FENÔMENOS GERADOS PELA ILHA (continuação)

Sonhos: ao longo de toda a série, diversos personagens tiveram sonhos que podem ou não ser atribuídos a alguma influência exercida sobre eles pela Ilha. Eu os classificaria em dois tipos básicos: os sonhos premonitórios e os sonhos instrutivos:

Sonhos premonitórios: como o próprio nome indica, são aqueles que revelam, metafórica ou literalmente, eventos que ainda ocorrerão. Segue abaixo os que já vimos até então:

  • Claire foi a primeira a ter esse tipo de sonho. Ainda grávida na época, no sonho em questão ela se via sem barriga, vagando sem rumo pela floresta da Ilha, ouvindo um choro insistente de bebê. Logo ela encontra Locke, jogando cartas sozinho, de cabeça baixa. Assim que Claire se aproxima, Locke interrompe o jogo, ergue a cabeça em sua direção, exibindo um olho totalmente preto, e o outro inteiramente branco (semelhantes às pedras de mesma cor encontradas por Jack junto aos cadáveres “Adão e Eva”), e lhe diz: “Ele era sua responsabilidade, mas você o deu, Claire. Todos pagam o preço agora.” Claire se assusta, e corre mata adentro até encontrar um berço. O móbile preso a ele toca “Catch a Falling-Star” (Pegue uma Estrela Cadente), a música que seu pai lhe cantava quando era pequena. Seu enfeite é uma miniatura do avião da Oceanic partido ao meio. Ocorre um leve tremor, e o móbile começa a girar. Para o desespero de Claire, quando se aproxima do berço, no lugar de um bebê encontra uma poça de sangue.
    Este sonho pode ser uma forma que a Ilha encontrou de alertá-la sobre o perigo que ela corria ali pelo fato de estar grávida, pois já sabemos o quanto este estado pode ser fatal para uma mulher naquele lugar.
  • Outro sonho premonitório, que também pode ser encarado como instrutivo, foi o que Locke teve quando buscava um meio de abrir a escotilha. Na época ele vinha perdendo a esperança de conseguir isto, o que acabou refletindo em seu estado físico, fazendo com que perdesse temporariamente o movimento das pernas. No sonho Locke era surpreendido pelo barulho do motor de um avião. Quando olha para o céu vê o avião nigeriano caindo mais adiante na floresta. Em seguida sua mãe, Emily, aparece repentinamente, apontando para o céu. Boone, em estado de transe, subitamente aparece coberto de sangue, dizendo sem parar: Theresa cai escada acima, Theresa cai escada abaixo. Quando tenta caminhar até ele, Locke se descobre novamente preso à cadeira de rodas. Mais tarde, seguindo a direção onde o avião caiu no sonho, Boone e Locke o encontrariam em uma clareira. A descoberta terminaria com a morte do rapaz, e o retorno do movimento às pernas de Locke.

Sonhos instrutivos: sua função é servir de conselhos ou orientações:

  • O primeiro a ter este tipo de sonho foi Boone. Quando ele ainda se mostrava relutante em seguir Locke em sua busca pelas verdades da Ilha, este o amarrou e aplicou-lhe uma pasta alucinógena que o indiziu ao sono. No sonho Boone encontrava Shannon amarrada a uma árvore, prestes a ser atacada pelo “monstro”. Ele consegue desamarrá-la a tempo de fugirem juntos, mas durante a correria Shannon fica pra trás e é pega pela criatura. Mais adiante Boone encontra o corpo da irmã adotiva dilacerado e largado na beira de um rio.
    Apesar do espanto provocado pela cena, após relatar o sonho para Locke, Boone confessou que se sentiu aliviado ao vê-la morta. Foi a partir deste sonho que Boone se afastou da irmã, e se empenhou mais arduamente na tarefa de abrir a escotilha;
  • Quando se viu responsável pela “administração” da despensa da Estação Cisne, Hurley teve um sonho que o fez lembrar do quanto pode ser perigoso guardar um segredo, que no caso seria a existência da tal despensa, até que se resolvesse a melhor forma de dividir a comida entre os sobreviventes do 815.
    No sonho ele se via comendo a vontade todas as guloseimas do lugar, até ser surpreendido por Jin e o funcionário do posto de gasolina que lhe vendeu o bilhete de loteria premiado. Jin se dirige a Hurley falando um inglês impecável, enquanto o funcionário do posto, vestindo-se como o mascote da Mr. Clucks, emitia o mesmo barulho do contador da Estação Cisne. O sonho terminava com Hurley respondendo a Jin em coreano, e este dizendo a frase: “Tudo vai mudar”.
    No final, ele se decidiu por distribuir a comida por sua própria conta, livrando-se da responsabilidade de guardar um segredo que poderia prejudicar seu relacionamento com todos os demais, como ocorreu entre ele e seu amigo Johnny, quando este descobriu que Hugo estava lhe escondendo o fato de ter ganhado na loteria;
  • Charlie também teve os seus sonhos instrutivos quando Claire, depois de descobrir que ele escondia santinhas cheias de heroína, exigiu que se afastasse dela e de Aaron. No primeiro sonho Charlie revivia uma lembrança de sua infância, no Natal em que sua mãe lhe dera um piano de presente. Quando senta para tocar o instrumento, seu irmão, Liam, que também aparece no sonho como criança, subitamente aparece já adulto, usando fralda (referência ao comercial de TV gravado pelo Drive Shaft), pedindo para salvá-los. No mesmo instante Charlie também se vê adulto. Seu pai aparece rapidamente como um açougueiro que decapta bonecas com requintes de crueldade, e tenta desmotivá-lo a seguir o caminho da música. Assim que começa a tocar, o cenário muda de sua modesta residência para o mar da Ilha. Ouve-se um choro de bebê, que logo se revela vir de dentro do piano. Aaron está preso em seu interior, e Charlie não consegue tirá-lo de lá. O sonho termina com ele ouvindo sussurros vindos da floresta, e o piano sendo carregado mar adentro;
  • O segundo sonho começa com Charlie na praia da Ilha vendo o berço de Aaron ser carregado mar adentro. Com muito custo ele consegue resgatar o bebê. De volta à praia encontra sua mãe e Claire vestidas como dois anjos, ambas ajoelhadas na areia. O avião nigeriano cai do céu ao fundo, na direção da floresta, e uma pomba branca dá um rasante e some de cena. Elas repetem insistentemente que o bebê corre perigo e precisa ser salvo. O sonho termina com Hurley surgindo de repente, vestido como João Batista, chamando seu nome. Após isto, Charlie desperta e se vê na beira do mar segurando Aaron, enquanto Hurley, confuso, o encara.
    O sonho inteiro é uma referência ao quadro que aparece no primeiro sonho, retratando o batismo de Jesus Cristo.
    Por fim, com a ajuda de Mr. Eko, Charlie descobre que os sonhos eram um aviso para que ele ajudasse a salvar a alma de Aaron através do batismo, evitando que ela ficasse presa no limbo caso morresse. Vale lembrar que Charlie era católico;
  • Mr. Eko teve seu sonho de instrução quando Locke estava descrente sobre a importância de apertar o botão da Estação Cisne. No sonho ele via Ana Lucia na praia, minutos depois de ela ser assassinada por Michael (fato este que Eko desconhecia naquela hora). Inicialmente ela parece normal, mas instantes depois passa a exibir o ferimento da bala no meio do peito, e lhe diz que precisa ajudar John. Subitamente o cenário ao redor muda, e o nigeriano se vê dentro da estação, onde encontra seu irmão, Yemi, cuidando do computador. Este o adverte do quão importante é o trabalho desempenhado ali, e o instrui a convencer Locke a levá-lo até local marcado com um ponto de interrogação no mapa visto por ele na porta reforçada da Cisne. O sonho termina com Yemi digitando códigos no teclado do computador, cujas teclas são todas pontos de interrogação, pouco antes do marcador zerar (nele também aparecem interrogações no lugar de números). A estação começa a tremer, como num terremoto, mas logo pára, assim que o código, desconhecido por Mr. Eko, é inserido;
  • Quando ele e Mr. Eko se uniram para encontrar o “?” do Mapa da Dharma, Locke também teve um sonho de instrução, no qual se via na pele do padre, guiado por Yemi até o barranco onde o avião nigeriano se encontrava antes de cair, levando Boone à morte. Só era possível ver a marca da interrogação, feita na clareira abaixo, a partir daquele ponto;
  • Locke vendo-se desprovido de um propósito, após a destruição da Cisne, realizou um ritual xamânico, construindo uma "tenda de suor", na qual pediu novas instruções à Ilha. Esta o respondeu sob a forma de um sonho no qual o falecido Boone era seu "guia espiritual", ajudando-o a encontrar sua nova missão, conduzindo-o em uma cadeira de rodas através de um "aeroporto metafórico" em que todos os presentes eram pessoas com as quais convivera na Ilha. Cada um representava uma possibilidade de intervenção sua, porém nenhuma destinada a receber sua ajuda. Era Mr. Eko, o único ausente, aquele que necessitava de seu auxílio.

Fantasmas: podemos chamá-los também de materializações, já que não correspondem apenas a pessoas mortas, mas também a reminiscências do passado de cada um daqueles que viram alguma. Muitos os consideram manifestações da Ilha, ou ainda uma das formas do monstro de fumaça se comunicar. O que dá pra dizer é que sua origem ainda é incerta. Saibam abaixo sobre cada uma de suas aparições:

  • O primeiro foi Cristian Shepard, o pai de Jack, que conduziu o filho floresta adentro até as cavernas onde havia uma fonte d’água. Não há como dizer se foi intencional ou não. O fato é que Jack, na época, estava exausto, praticamente sem dormir, e atendendo sem descanso todos os sobreviventes desde o acidente. Também é importante observar que, nas cavernas, ele encontrou vazio o caixão onde devia estar o corpo do pai. Ele próprio alegou, na ocasião, que tudo pode ter sido uma ilusão provocada pelo cansaço e estresse;
  • Depois tivemos Walt, que apareceu para Shannon em duas ocasiões. Na primeira, logo após seu seqüestro pelos Outros, o garoto apareceu ensopado, falando de trás pra frente a frase: “Não aperte o botão. O botão é mau” (embora alguns afirmem que na verdade é “Aperte o botão. Não aperte o botão. O botão é mau”, eu acho mais lógica a primeira).
    Na segunda aparição ele estava novamente encharcado, e surgiu dentro da barraca onde Shannon havia transado com Sayid minutos antes. Dessa vez ele também disse uma frase de trás pra frente, mas não foi possível identificar seu conteúdo.
    Por fim, na terceira vez, Walt apareceu tanto para ela como para o iraquiano. Fez-lhe um sinal para que se calasse, e fugiu para dentro da mata. Shannon, curiosa, resolveu segui-lo, e acabou mortalmente ferida por um tiro disparado por Ana Lucia, que a confundiu com um Outro;
  • Dave, o amigo imaginário de Hurley, foi outra das aparições misteriosas ocorridas na Ilha. Ele tentava convencê-lo de que tudo o que ocorrera desde que Hugo não aceitou fugir da instituição psiquiátrica onde estava internado não passava de uma grande ilusão criada por sua mente, incluindo o prêmio que ganhou da loteria, o acidente de avião, a Ilha, e seu relacionamento com Libby. Tudo que ele precisava fazer para despertar da ilusão, segundo Dave, era pular de um precipício da Ilha.
    No final Libby convenceu Hurley de que apenas Dave era uma ilusão, enquanto todo o resto permanecia real.
    Dave pode ser considerado mero fruto da imaginação de Hurley, cuja mente estava perturbada pela culpa que sentia por comer demais, a ponto de esconder comida dos outros sobreviventes para alimentar seu vício.
    “Dave” é a forma abreviada de David, que por sua vez é o nome do pai de Hurley, que o abandonou quando era criança, e também o nome do marido de Libby, que morreu de uma doença ainda não revelada;
  • O cavalo preto que Kate encontrou na floresta também é considerado uma materialização, provavelmente provocada pela Ilha. O animal era idêntico àquele que causou, no passado de Kate, o acidente de automóvel que a permitiu fugir do agente Marshall pela primeira vez;
  • Já Mr. Eko foi conduzido pelo “fantasma” de Yemi até o local próximo à Estação Pérola, onde ainda estavam os destroços do avião nigeriano. No caminho foi atormentado pelos “zumbis” dos traficantes que ele havia matado na Nigéria, quando assumiu o lugar do irmão na igreja do vilarejo onde Yemi vivia. Quem também apareceu na floresta foi o coroinha que Eko conheceu na mesma época.
    Após descobrir que o corpo do irmão havia desaparecido do interior da fuselagem, Mr. Eko teve um novo encontro com o fantasma, que lhe pediu para se confessar. Ele negou o pedido, dizendo que não se arrependia de nada do que havia feito, pois foi tudo por sua sobrevivência e a do seu irmão. Isto fez com que o fantasma fugisse para dentro da floresta, pouco depois de dar a entender que ele não era o verdadeiro Yemi (“Você fala comigo como se eu fosse seu irmão”). Mr. Eko tentou segui-lo, mas na floresta foi surpreendido pelo monstro de fumaça, que o matou;
  • Ben também encontrou-se com um “fantasma” na Ilha, quando ainda era criança. Tratava-se de sua mãe, Emily, que o atraiu para os limites do quartel da Iniciativa Dharma, demarcados e protegidos pela cerca sônica. Ben queria acompanhá-la floresta adentro, passando para o outro lado da cerca, mas ela não deixou, dizendo que “ainda não era a hora”;
  • Por fim, Walt reapareceu repentinamente para Locke, quando ele já perdia as esperanças de sair vivo, e totalmente recuperado, de dentro da vala onde Ben o jogou logo após baleá-lo. Insistiu para que ele se levantasse, pois tinha “trabalho a fazer.”

Por hoje é só. Continuamos na próxima 3ª feira, com: "As Organizações de LOST."

Confiram as 3 primeiras partes nos links abaixo:

1ª parte - Animais e Criaturas da Ilha
2ª parte - Locais e Elementos Misteriosos

3ª parte A - Fenômenos Gerados pela Ilha

Rodrigo "Wolv" Ferreira

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