terça-feira, 26 de janeiro de 2010

[Spartacus: Blood and Sand] S01E01 - The Red Serpent

por Rafael S


Desde que o primeiro trailer de Spartacus: Blood and Sand foi lançado na Internet meses atrás, ele chamou muita atenção. Obviamente, a primeira impressão remetia imediatamente ao filme 300, tanto pelo sua temática quanto pelo seu visual estilizado. E assim, o hype da série foi crescendo, inclusive para mim, embora não soubesse o que esperar de uma produção do canal Starz. Os dois primeiros episódios vazaram no início de janeiro, mas em qualidade porca, e possivelmente não finalizados, então resolvi esperar pela estreia oficial, que aconteceu no dia 22 de janeiro. Então afinal, do que se trata Spartacus: Blood and Sand?

A série segue a trajetória de um guerreiro trácio cujo nome nunca é revelado (interpretado pelo desconhecido ator australiano Andy Whitfield). Sua aldeia vivia em constante medo de ataque dos dácios, guerreiros bárbaros especializados em saques, mortes, estupros e destruição. Então, uma promessa de salvação chega dos trácios através do comandante legionário Legatus Claudius Glaber (Craig Parker, de Legend of the Seeker), que propõe uma parceria do povo com a República Romana para acabar com essas invasões bárbaras de uma vez por todas. Intimidados por uma proposta desse calibre dos romanos, restou aos trácios aceitarem e partirem para sangrentas batalhas com os dácios. Embora houvesse uma clara animosidade entre romanos e trácios, tudo corria normalmente até Glaber ser seduzido por Ilithyia (Viva Bianca), sua mulher e filha do senador romano Albinius. Ambiciosa, ela deseja ver a ascensão do seu marido, e o convenceu a desistir de enfrentar os dácios (um confronto sem grande importância) e partir para a guerra contra Mithridates e seu exército grego, que tentavam invadir o território romano pelo leste. Assim, contaminado pela mulher, Glaber e seus legionários decidem abandonar os trácios a sua própria sorte, mas não sem antes ser humilhado pelo guerreiro sem nome e ser (literalmente) jogado na lama. Correndo contra o tempo, o guerreiro não consegue salvar sua aldeia das invasão dácia, mas chega a tempo de salvar Sura (Erin Cummings, de Bitch Slap), sua amada esposa. Mas essa alegria dura pouco, pois logo em seguida, Glaber encontra o casal e os separa, mandando-a para a escravidão e o enviando para ser alvo nas famosas arenas de gladiadores da cidade de Cápua.



Na cidade, conhecemos outros personagens da série, como o senador Albinius, que organiza os combates, e o casal Batiatus (John Hannah, da trilogia de filmes A Múmia) e Lucretia (Lucy Lawless, a eterna Xena). Os dois buscam o poder e a influência, e a chegada do guerreiro trácio é justamente a oportunidade que eles esperavam para sua ascensão social - e é justamente Batiatus que lhe dá o nome de Spartacus, ao vê-lo derrotar todos seus oponentes em sua primeira batalha na arena.

Como falei no primeiro parágrafo, é impossível não traçar paralelos entre a série e o filme 300. O relacionamento entre Spartacus e Sura lembra demais o de Leônidas e Gorgo - o jeito como se amam, a dor (e dúvida) da separação antes de uma batalha. As batalhas utilizam o tempo tudo recurso de aceleração/desaceleração para cadenciar as cenas, assim como o filme. E é claro, o aspecto mais evidente que liga os dois, o uso de bastante chroma-key para compor os cenários. Exceto em ambientes fechados, em todo momento você percebe o uso da técnica - dando um aspecto fake proposital, mas que cria imagens bem marcantes e belas, como a linda transição do Spartacus colocando seu capacete e saindo dos campos floridos da Trácia para o cinzento e gelado campo de batalha (imagem acima).

A Starz parece ter dado carta branca para os produtores, afinal é uma série com temática bastante adulta. A começar pela sua duração um pouco maior que o normal (aproximadamente 55 minutos, mais ou menos como séries da HBO), esse piloto conseguiu desenvolver bastante a história - e espero que essa duração maior continue nos próximos capítulos. A série também impressiona pelo nível de violência: o sangue jorra a todo momento pela tela. Em uma mistura de sangue falso e sangue digital, vemos só nesse episódio decapitações, desmembramentos, barrigas abertas, crânios perfurados. Em um dos momentos mais impressionantes, Spartacus corta a perna de um gladiador, e antes mesmo dele cair no chão, faz um movimento e arranca a outra perna (!!!). E por último vale destacar a grande quantidade de pele mostrada pela série. A nudez é abundante (sem trocadilhos), com cenas de sexo bem arrojadas para uma série e nudez frontal. E não pensem que isso acontece só com o elenco secundário/figurantes, os atores principais também se mostraram como vieram ao mundo. Decisões bastante arriscadas, afinal violência e nudez afastam muitas parcelas de espectadores, mas que na minha opinião foram acertadíssimas, contribuindo para um aspecto bem cru para a série.



Um episódio é pouco para julgar a qualidade do elenco, mas me interessou bastante o casal Batiatus e Lucretia. Pelo nível dos atores, é de se esperar muitas intrigas palacianas. Já Andy Whitfield, embora sempre barbudo, cabeludo e sujo, conseguiu me passar uma extrema empatia em momentos de calmaria, mas quando se banhava de sangue, se transformava em raiva pura. Só não me agradou tanto Craig Parker - seu Glaber seguiu muito a cartilha de vilão vingativo que não quer sujar as mãos, espero que o personagem ganhe mais profundidade e outras motivações nos próximos capítulos.



E essa foi a polêmica estreia de Spartacus: Blood and Sand. Muito torceram o nariz para a falta de originalidade, mas como fã de 300, consegui relevar tudo isso e curtir muito a série. Está longe de ser excelente, mas se mostrou bem promissora e atrevida nessa series premiere, com grande potencial de cativar um público bastante fiel. Spartacus é promessa de muito sangue, pele e intrigas.

Fotos: Reprodução



Rafael S
http://twitter.com/rafaelsaraiva

3 comentários:

Rubens disse...

Spartacus é muito, muito ruim... E ridicula com seus cenarios digitais, seus personagens rasos, e suas cenas envolvendo exércitos, mas onde só aparecem 5 ou 6 pessoas de cada exército. Fora as cansativas cenas ainda mais ridículas de batalhas e sangue digital voando pra todo lado.

Acho que só fã de 300 mesmo pra gostar...

Marcus B. disse...

300 foi um filme baseado em quadrinhos e foi fiel ao q ele propôs, seu diretor fez um excelente trabalho. As cenas de confrontos foram inovadoras, os filmes épicos nunca tinham usado tais recursos. Spartacus é uma série, até então, no minímo interessante. Apesar da linguagem de gírias atuais americana, o seriado é bem verossímel quando mostra uma sociedade romana corrupta e totalmente entregue a todos os vícios. A semelhança com 300 é notória, mas tbm importante. Um recurso quando proporciona cenas interessantes deve ser utilizado. Não concordo em nada com o comentário vazio do senhor Rubens. O seriado tem uma base histórica importante quando reporta ao dia-a-dia dos gladiadores, aos diferentes motivos q os levaram a escravidão e principalmente ao objetivo dos mesmos. Espártaco foi um revolucionário e mais helênico q muitos romanos, ele tem uma importância histórica imensurável e este seriado tem um papel importante na re-leitura q faz e, tbm, no interesse q a série pode proporcionar aos jovens pelo conhecimento da História.

Anônimo disse...

A série pode não agradar a todos, como tudo na vida, mas proporciona conhecimento da história dos povos, do mundo, etc.
Quanto ao comentário do Sr. Rubens, este é o tipo de pessoa que se ver um tapete verde, pasta.
Sr. Rubens o sr. é uma besta !!