sexta-feira, 18 de setembro de 2009

[Glee] 1x03 Acafellas

Já é uma tradição nas séries mais populares da televisão americana que os seus primeiros episódios (4 ou às vezes até 5) sejam ainda vistos como uma espécie de piloto. Ao invés de avançar logo a história, a estratégia é ainda investir numa trama fechada pra "fisgar" novos espectadores semana após semana. Entretanto, é importante também que ofereça algum atrativo para aqueles que já estão acompanhando. E é nesse quesito que acho que esse terceiro episódio falha vergonhosamente. Além de um problema grave de ritmo, que às vezes nos faz acreditar que passaram-se meses entre uma sequência e outra, diria que a história chega até a retroceder quando resolve-se logo afastar as cheerleaders do Glee Club e voltar à falta de integrantes, algo que parecia tão urgente na semana passada. A própria dinâmica de Quinn e Rachel confrontando-se pela atenção de Finn pareceu esquecida e tudo que restou foi uma busca desesperada por um novo coreógrafo. Se o plano de Sue era que os garotos contratassem uma versão masculina dela mesma, sinto muito mas não deu certo.

Apesar de ainda insistirem na gravidez falsa da esposa de Will, sem que ninguém note nenhuma alteração física na moça aliás, dessa vez sinto que a relação dos dois foi melhor retratada. Talvez até pela presença dos pais de Will, ficou claro que pelo menos um sente admiração pelo outro. Fica claro aqui também que essa tentativa de "aquecer os corações" a todo custo também pode prejudicar a série. Além de não convencer que Will largaria as coreografias do Glee Club por causa de uma simples reclamação, chega a ser constrangedor que o pai dele apareça pra falar sobre suas frustrações de nunca ter seguido adiante em Direito pra no final simplesmente decidir ir. É preciso algo mais sustentável pra garantir o sucesso de uma conclusão dessas e o próprio interesse do público, como vemos também no caso da súbita atração de Mercedes por Kurt. Embora seja comum um arco desses, do gay saindo do armário após virar alvo de uma garota, é algo que precisa de mais episódios pra convencer. O clímax dessa relação veio no número musical em que Mercedes canta no cenário de lava-carros que, ainda que fosse a melhor performance da noite com sobras, enquadra-se naquele momento de devaneio convencional que não me agrada. E talvez seja esse clima de mundo musical que divida a opinião de tanta gente.

O fato é que buscando esses exageros nas personagens e situações, Glee desafia muito seus limites de tolerância. Chega uma hora que se você não está devidamente inserido na série, assistir a um grupo de adultos apresentando-se diante dos pais dos alunos é um caso de vergonha alheia. E é exatamente onde mora o perigo: uma vez que você rejeita -- e começa a enjoar desse mundo de fantasia --, é preciso algo muito convincente pra te atrair de volta na sequência. Nem preciso dizer o quanto o texto da série é esperto com tiradas excelentes, mas algumas cenas ainda esforçam-se demais em fazer rir. Achei hilária a dose de humor negro do professor recém-aleijado de seus polegares comendo seu bolo, por exemplo. Já as razões pro rapaz do moicano juntar-se ao Acafellas não funcionaram. Tudo parece uma questão de experiência nesse começo, mas esperava que essas ideias já estivessem mais amadurecidas na cabeça desses produtores. Pelo menos a impressão que ficou pra mim é que o roteiro desse episódio e a conexão entre essas tramas foram todos decididos na última hora, infelizmente.

e.fuzii
twitter.com/efuzii

Um comentário:

blackstar disse...

Pois é, quando acabou o episódio, ficou a sensação de q ele poderia ser o 5o, o 9o, apesar da falta de barriga da esposa do Will. Eu n gostei tanto assim, e a resenha esclareceu os motivos, mas prefiro não ser alarmista e classificar Glee como decepção antes de mais uns 2 episódios.