quarta-feira, 11 de novembro de 2009

[Fringe] 02x06 Earthling

por Alison do Vale

Então, depois da pausa, Fringe retorna meio que em marcha lenta. Antes que digam "mas como assim???? o episódio foi demaaaaaais" já aviso que não é uma crítica e mais uma análise do que creio ser a proposta atual do seriado.
Não foi um episódio ruim, okey, mas não graças à história que nada trouxe de relevante pra trama principal, e tão pouco pelo caso-pano-de-fundo. O responsável por manter a atenção do expectador lá em cima foi Lance Reddick: o formidável ator por trás de Philip Broyles.
Pela primeira vez o personagem foi o centro das atenções e foi bom poder se aprofundar um pouco na vida pessoal do agente. Impecável atuação, desde a interação com o garotinho no restaurante [hahaha] até o desfecho com a bala salvadora no crânio do cosmonauta russo. Só que o motivo da obsessão de Broyles pelo caso do Homem-Sombra, não era nada convincente e acabou por me desencantar um pouco. Mas tá bom! Agora temos certeza que ele está realmente empenhado em salvar vidas, porque é bem verdade que o cidadão é tão misterioso que por vezes as suas intenções eram dúbias.

Nota: gostei muito dos efeitos especiais do episódio e das intervenções sempre arrebatadoras de Doctor Bishop. Destaque para as tentativas de resolução da fórmula principalmente usando o brinquedo para construção da maquete. Em compensação Ana Torv esteve meio apagada e Olivia pouco trabalhou dessa vez. Não sei se é o "coque" no cabelo mas ela tá meio estranha ultimamente... [=P]

No final das contas não acredito que seja esse o mote de Earthling. O que ficou pra mim é a vontade de J. J. Abrams de estabelecer definitivamente Fringe como um marco da ficção científica e nessa missão ambiciosa não se farta de preencher seus capítulos de simbolismos, clichês e referências conhecidas.

Escolher Leonard Nimoy para ser William Bell não foi aleatório, bem como exibir o World Trade Center intacto na outra dimensão. Fringe vai aos poucos criando uma estrutura sólida baseada em imagens fortes e de grande apelo para com o público.

Dito isso fica evidente que a escolha do nome do episódio remete aos clássicos do romance ficcional de Robert Heinlein como Red Planet [onde o termo earthling foi usado pela primeira vez] e também Stranger in a Strange Land. A história do homem desbravando novos mundos e o que isso implicaria aqui na Terra. Inclusive é um tema bastante recorrente, explorado por exemplo em HQs do Homem-Aranha em que astronautas voltando do espaço trazem consigo um simbionte parasita.
E por que todas essas alusões não são ruins? Primeiro porque são bem dosadas e inteligentes. Segundo porque são pertinentes pra criar um painel onde o inimaginável não tem limites! Ele atravessa outros mundos, interdimensionais ou não.

Pra completar a globalização da Ciência de Borda, a inclusão de um experimento russo [Russian Fringe Science, como disse Peter] reforça a necessidade atual de descentralização da ficção estadounidense. Não só faz menção à velha disputa tecnológica entre EUA e Rússia desde a Guerra Fria como também demonstra que a conspiração é muito maior e mais extensa abrangendo outras agências governamentais tanto norte-americanos como de outros países. Recentemente o filme Distrito 9 fez uma abordagem diferente também usando Johanesburgo [na África do Sul] como cenário de uma invasão alienígena.

O que venho gostando é do "tato" nos roteiros de Fringe. Se não avançam na história, pelo menos entretém, e muito. Diverte e "perturba" em igual proporção. Ponto pra eles.

Imagens: reprodução

[Alison do Vale]
twitter: @menino_magro

Nenhum comentário: