quarta-feira, 11 de agosto de 2010

[The Wire] 1x03 - The Buys

Dando continuidade à maratona, spoilers do terceiro episódio da primeira temporada de "The Wire":

1x03 - The Buys

"The king stay the king." - D'Angelo

Vendo em retrospecto, um fã de “The Wire” poderá dizer que o fato marcante deste episódio é a primeira aparição de Omar. Sei, por fotos e citações de alguns fãs, que se tornará um personagem importante. Como alguém que está conhecendo a série agora, só posso dizer que é mais uma adição ao elenco para complicar ainda mais as coisas. Se a guerra entre a polícia e a gangue de Barksdale já apontava para futuras complicações, um terceiro elemento neste conflito surge sem muitas explicações e sabe-se lá o que pode ocorrer daí. Uma gangue rival? Pequenos roubos feitos por conta própria?


Enquanto as respostas não vêm, mais um pouco de desenvolvimento de nossos personagens: Daniels se mostra íntegro com sua equipe, defendendo mesmo alguém como Prez (o que lhe faz ficar bem com superiores); McNulty mais uma vez insubordinado, negando-se a participar da fracassada operação de Daniels, além de descobrirmos que a separação de sua esposa se deu por traição, tendo um caso com a assistente da promotoria Rhonda; Bubbles cada vez mais essencial para a equipe, mostrando os erros do disfarce de Sydnor; Freamon mostrando-se necessário quando realmente precisa, ao conseguir a primeira foto de Avon para a equipe. Talvez o mais importante, no entanto, veio no final, com McNulty recebendo informações de seu amigo do FBI que supostamente implicariam Daniels em alguma atividade corrupta.


E, mais uma vez, sou surpreendido pela conduta de um personagem: se no piloto, D’Angelo se mostrou mais esperto e moralmente preocupado do que aparentava, e no episódio seguinte Prez se mostrou mais perigoso que atrapalhado, agora foi Greggs quem deixou mais evidente que a série não trabalha com personagens simplistas. Quando Bodie agride um dos policiais inúteis (ainda não sei diferenciar um do outro) e Carver começa a espancá-lo por isto, a impressão que fica é que Greggs corre para intervir, impedindo o colega. Mas o que vemos é a policial (que tínhamos como a “boazinha” e correta) sendo ainda mais violenta que ele, mostrando que em um grupo como a polícia, a agressão a um afeta a todos.


Do lado dos criminosos, D’Angelo continua sendo o grande destaque, protagonizando as três melhores cenas do episódio: a introdução, quando ele desenvolve o questionamento de McNulty no episódio anterior, sobre como seria tão mais fácil o negócio das drogas, caso não usassem de violência; afinal, a polícia só aparece por causa dos corpos. Depois, a explicação de como jogar xadrez, mostrando novamente como ele conhece a natureza dos negócios (o Rei é único e continuará sendo Rei), com os peões sendo os primeiros a morrer (e, de fato, num jogo de xadrez raramente um peão consegue chegar até a última casa para se transformar em Rainha). Lamento apenas ele não ter chegado à explicação dos movimentos do Cavalo e do Bispo. Por fim, a conversa com Stringer, onde este descreve os negócios com uma frieza e verdade assustadora, apontando como as drogas não precisam ser de qualidade, já que a clientela estará sempre pagando por qualquer porcaria (“Se for forte, vendemos; se for fraca, vendemos o dobro”).


Seja lá para onde a série caminha, este episódio deixou a sensação de que em breve as coisas ficarão bem mais sujas.



Hélio Flores
twitter.com/helioflores

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