sexta-feira, 13 de agosto de 2010

[The Wire] 1x04 - Old Cases

Dando continuidade à maratona, spoilers do quarto episódio da primeira temporada de "The Wire":

1x04 - Old Cases
"It´s a thin line 'tween heaven and here." - Bubbles

Uma abertura brilhante esta com os policiais tentando mover uma mesa, basicamente um curta hilário (mesmo já prevendo como ia terminar) que diz muito sobre como este grupo tem tudo para dar errado, sem boa comunicação, com Lester Freamon sendo o cara mais esperto da sala, ainda mais evidente após os eventos deste episódio, ao conseguir o número do pager de D’Angelo.


Este talvez seja o melhor episódio até aqui. É incrível como os personagens ainda estão sendo apresentados (informações sobre Freamon, Omar e conhecemos a mulher de McNulty), ao mesmo tempo que a trama se desenvolve a partir de pequenas seqüências marcantes, seja pela qualidade do texto, das atuações, dos aspectos técnicos ou seja lá o que for. Tudo funciona em dobro, porque é brilhante por si só, mas está sempre relacionado a algo mais. Na cena mais genial de todas, Bunk e McNulty reconstituem um crime sem falar um com o outro, apenas com “Fucks” e derivados (a frase de Bubbles que abre o episódio diz muito sobre o que a série pretende explorar, mas é de se lamentar que não tenha sido “Fuckity Fuck Fuck. What the Fuck? Motherfucker... Fuck fuck fuck. Fuck me”), mostrando a grande sintonia entre os dois, já vista no interrogatório de D’Angelo, num trabalho impecável de direção e montagem (porque acompanhamos e entendemos todo o processo apenas com a movimentação dos atores em cena).

Curioso é que o episódio já deixa o espectador ciente de como foi o crime, pois bem antes temos o relato do próprio assassino, D’Angelo (e percebi que ainda não fiz um único elogio à incrível atuação de Larry Gilliard Jr. na série, aqui ainda beneficiado pelo movimento da câmera). O outro grande momento de texto e atuação veio de Jay Landsman, convencendo Major Rawls em dar uma chance para McNulty reparar seus erros – e acreditei no início que a intenção dele era exatamente o contrário, numa lábia vulgar e absolutamente convincente (que também amplia nossas impressões sobre McNulty).


Há muito mais para se dizer sobre o episódio e, no que diz respeito ao avanço da trama em si, o mais importante certamente é que as atenções de ambos os lados (polícia e Barksdale) voltaram-se para Omar, personagem inusitado, corajoso (ou louco?) de roubar de Avon (perigoso o suficiente para fazer um subalterno preferir pegar cinco anos de prisão a denunciá-lo), aparentemente bondoso e “padrinho” em seu bairro e, mais interessante, gay. É o terceiro personagem homossexual da série (com as outras duas encerrando o episódio em um momento muito íntimo) e não tenho idéia de até que ponto isso servirá à trama. O fato é que Avon paga bem pela cabeça de Omar, enquanto McNulty e Greggs pretendem segui-lo para chegarem ao chefe da gangue.


No mais, sempre engraçado acompanhar os policiais mais “errados” no caso, com Carver e Herc acreditando que resolverão tudo ameaçando Bodie (que consegue escapar do reformatório antes da chegada da dupla), enquanto Polk tenta seguir a dica de Mahon de como pegar o caminho mais rápido para a aposentadoria. Realmente, a abertura diz tudo sobre este grupo.


Hélio Flores
twitter.com/helioflores

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