domingo, 29 de novembro de 2009

[Criminal Minds) 5x09 "100"

(por Celia Kfouri)

Quem me segue no twitter sabe: o episódio me levou às lágrimas. Sim, assisti ao episódio três vezes e chorei nas duas primeiras. Apesar de alguns (poucos) inevitáveis poréns (que mencionarei daqui a pouco), o episódio foi bárbaro. Bárbaro? Sim, o episódio foi bárbaro! (e desculpem se me empolguei e escrevi demais)

O início seguiu um modelo já conhecido de nos deixar entrever o final, sem compreendê-lo exatamente, para termos que conhecer os fatos por meio de uma narrativa não linear. E aqui funcionou. Cuidaram de detalhes como, por exemplo, ao me deixarem intrigada com a cena da JJ abaixada em frente a um arbusto (1m06s), para só no final saber que era Jack na frente dela, atrás do arbusto. Bom!

E a já conhecida citação de Nietzsche, que apareceu no 1x01, e foi repetida no último season finale, apareceu novamente, mas dessa vez com a frase antecedente.

"Aquele que luta com monstros deve-se acautelar para não se tornar também um monstro. Quando se olha muito tempo para dentro de um abismo, o abismo olha para você".

É um belo link entre o finale e o reaparecimento de Foyet. Mas o acréscimo dessa frase faz toda a diferença. E foi corajosíssima. Voltaremos a ela logo mais também.

Ao longo do episódio, Chief Strauss questiona os membros da BAU sobre a conduta de Hotch e sobre um ‘banho de sangue’ que aconteceu. Todos apóiam as atitudes de Hotch e a chefe parece implacável, mas teve de lidar com boas respostas, em especial de Rossi e Prentiss. Ela porque defendia Hotch com unhas e dentes. Ele porque deu uma ignorada incrível na sanha de vingança dela. Mas, primeiro porém: por que ela de repente ficou tão solidária a Hotch? Tão compreensiva? Era encenação para nos manter no suspense? Afinal, ela já sabia do desenrolar dos fatos e de suas motivações! Mas é bobagem diante do resto todo.

O episódio teve direito até ao Kevin e ao ‘William cajun da JJ’. Sim, todos de algum modo empenhados na caça a Foyet. E os tais remédios controlados é que foram o fio condutor da investigação. Inteligente. E a questão do anagrama também. (que coisa essa memória do Reid!!)
Chegam ao apartamento dele e montam uma mega operação (nada inédita) para capturá-lo, mas já era tarde pois um alerta pela busca por seu nome na internet fez com que ele fugisse e colocasse seu plano em prática.

A equipe. Só falta a Garcia.

Foyet esteve sempre muitos passos à frente da equipe. Conhecia a identidade do policial Sam, que protegia Hailey e Jack, e foi através dele que enganou Hailey. Ele subjugou o policial e, usando o celular dele, conseguiu a confiança de Hailey, que foi ao encontro de Foyet!!

(Alguém me ajuda a lembrar em que filme já vimos essa cena: uma vítima/testemunha sob proteção cai nas garras do bad guy porque ele usa o celular do policial que a protegia. Não consigo lembrar onde, mas já tinha visto essa cena!)


Controle total. Dentro da casa de Hotch.

Foyet estava tao à frente em seus planos que decidiu até que seria na casa de Hotch que ele vitimaria Hailey e Jack, e faria Hotch encarar isso tudo. Seria a submissão total ao controle do Reaper, e ele chegou bem perto.

O que se seguiu foram as melhores cenas do episódio (alguns dos melhores diálogos da série). Vale a pena ver e rever, pensar e repensar em cada uma das falas. Todas tinham uma razão de ser. Destaco aqui as menções que Hotch fez aos pais biológicos de Foyet, Hailey pedindo para Hotch mostrar a a Jack que o amor é o que importa, e que ele nem sempre foi tão sério, que ele costumava sorrir. E as lágrimas! As lágrimas não contidas de Hotch, que fizeram com que as minhas corressem.

As tais lágrimas. Cortou meu coração.

Mas acho que a melhor frase foi a primeira. Hotch: ‘se você tocar nela...’ Foyet: ‘seja gentil, como fui com você?’ PQP!!! Foi a admissão do estupro. Sim, as facadas do corpo de Hotch, dadas por um Foyet deitado em cima dele, foram sim um estupro, como tanto comentamos lá no 5x01. Era um diálogo terrível entre estuprador e estuprado (claro que guardadas as devidas proporções, mas ao longo da série foram inúmeras as comparações entre facadas e penetrações sexuais).

Um outro porém que não dá para passar batido é que Hailey deveria já ter visto alguma foto de Foyet. Não é possível que Sam tivesse falado tudo sobre ele sem nunca ter mostrado seu rosto. Por que então ela nao o reconheceu? Pior, ele não disse que se chamava Victor Collins? Como então Jack pergunta ao pai se George é um cara mau?

Já dentro da casa,o tão esperado confronto. (Hotch podia ter mirado na cabeça!!). Hailey já morta, numa imagem muito forte, e Jack bonitinho está a salvo, graças às suas brincadeiras com o pai. Fiquei triste com a morte dela e feliz pela emoção dele diante dela (eles foram namorados desde a escola!). E para as shippers que festejaram, duvido que tão cedo haja clima entre Hotch e Prentiss. Seria de muito mau gosto agora.

Pra completar (porque eu escrevi demais!!), lembram da citação que eu mencionei no início? Pois é. Também guardadas as proporções, assistimos aqui a transformação de Hotch em monstro. Sim, monstro. Quem tem formação na área, ou já leu a respeito, sabe da enorme diferença entre matar alguém à distância (um tiro, por exemplo) ou com uma faca, por exemplo. Esse contato físico próximo exige uma frieza, uma periculosidade muito maior. E Hotch matou Foyet na mão!! Nem faca teve. Na porrada! Nas inúmeras porradas! Deve ter desfigurado Foyet, destroçado seu crânio, num surto assassino que só foi contido pela chegada de Morgan.


Enfurecido. Descontrolado. Tornando-se um monstro também.

Foyet estava dominado, as regras do FBI mandariam que ele fosse algemado simplesmente. Sei que é muito fácil falar, e que as pessoas são tomadas por emoções violentíssimas. Mas achei um tanto brutal demais para alguém com a formação e a experiência de Hotch. É que realmente é preciso cuidado porque "Aquele que luta com monstros deve-se acautelar para não se tornar também um monstro”.

Bárbaro. Só tenho pena do 5x10.
Mas que venha e venha logo!
Até lá.


Celia Kfouri
twitter.com/celiakfouri

7 comentários:

Lee disse...

Celia, eu andei escrevendo aqui mesmo, neste seu espaço que estava muito ansioso para ler, o comentário seu sobre este episódio em especial. Essa frase do Nietzsche, de que, se olharmos muito para o abismo, o abismo nos encarará de volta, é mais ou menos parecida, no sentido do controle sobre nós mesmo, com a gravura do pintor espanhol Francisco Goya, sobre o adormecer da razão, e a geração de monstros em consequência disso.
E este episódio tratou muito disso, controle. A exigênia de um controle quase sobre-humano para o Hotch, que teve que usar um alto controle muito grande para suportar ao vivo e com audio o verdadeiro calvário por que foi obrigado passar.Controle nas tentativas da Strauss em enquadrar os membros da equipe, do pobre policial encarregado da segurança da Haley(coitado) tentando precariamente e a custa de muito sofrimento o seu, sob a pressão a de brutal tortura sob o Foyet.E finalmente, o controlador mestre que foi o Foyet em todos os sentidos.
Sim, creio que as respostas do Rossi e da Prentiss foram bastante digamos...incisivas, mas gostei do “xeque mate” do Reid para cima dela com o argumento da tal memória fotográfica.
Mas, não creio que se a Haley conhecesse o rosto do Foyet, isso ajudaria em alguma coisa, já que quando ele a enganou, tudo foi feito pela via de um audio, e quando ela o visse de perto já seria tarde de mais.
Mas, você viu que o Foyet ,ao perceber que seria dominado pelo Hotch, tentou se entregar, mas naquela cincunstância, creio que seria humanamente impossível se controlar, tendo o Hotch passar o que passou nas mãos do reaper..
Bom, tudo indica que nem o Hotch ou a equipe jamais serão os mesmos, após tal experiência.
E ao que parece as coisas mudarão, creio que para melhor.

Lee disse...

Nossa...me desculpem, o meu texto está cheio de erros de concordâncias, deixando algumas orações desconexas e sem sentido.
É uma mania quem eu tenho de não corrigir e nem reescrever.Quando eu menos espero, am vêz de visualizar, eu já cliquei em publicar.

Grissom's Girl disse...

Sim, eu estava louca para ler seu comentário e sim, este foi de longe o melhor episódio de Criminal Minds que eu já vi. Pura perfeição.
A citação do começo - já utilizada tantas vezes, é a minha predileta e, vê-la de novo, com sua primeira parte, foi tudo o que precisavamos para saber que Hotchner acabaria com Foyet "with bare hands", como diriam na terrinha.
Meu coração doer ao ver Foyet destroçar o US Marchal designado para a Haley. Doeu de novo ao perceber que Foyet ia mesmo matar a Haley. Eu achava ela irritante, mas matá-la foi duro até pra mim.
E ver o Hotch chorar, poxa! Foi até covardia.
O episódio foi muito bem montado, com o "interrogatório" da Strauss (que cada vez mais me lembra Miranda Priestley de "O Diabo veste Prada") nos mostrando as impressões de cada membro do BAU, todos eles apoiando incondicionalmente o SSA.
Claro que o depoimento da Prentiss foi o que eu esperei com mais entusiasmo, e não me decepcionei.
Aliás os depoimentos mais marcantes foram mesmo o dela, o do Rossi e o do Reid.
Eu fiquei com dó da Garcia, tadinha! Ela tem medo da Strauss igual tinha do Gideon.
Agora o que realmente me fez minhas lágrimas descerem foi o Hotch estraçalhando a cabeça do Foyet no chão. Muito polido deles não nos mostrarem o resultado final, embora a boca aberta da Prentiss fale volumes!
Hothcner virou um monstro, fato!
E, como você disse, nós que assistimos esse tipo de série sabemos a diferença entre auto-defesa e ódio. Entre dar um soco e arrebentar um crânio...
Eu não sei o que vai ser de Hotch agora, como ele vai agir, se ele ainda vai continuar como SSA, se terá capacidade de se manter nesse trabalho doido. E isso me faz lembrar de uma frase que a própria Haley disse a ele na terceira temporada, algo do tipo: "isso não é o que você é; é o que você faz."
Tomara que ele perceba isso antes que seja tarde demais.
Vamos esperar pelo 5x10 pra ver como está o time e o que teremos daqui pra frente.

Celia Kfouri disse...

Sim, Lee. Foyet tentou se entregar, talvez já de caso pensado. E também porque ele deve ter imaginado que Hotch conseguiria manter algum auto-controle, e que não fosse espancá-lo até a morte.
E é fato que o argumento do Reid é incontestável. A memória dele é sobre humana (desisto, não sei mais usar hífen!).

Grissom's Girl, realmente foi um ato de bravura e até mesmo de heroísmo do Sam (Marshall). E vê-lo rendido, à mercê do sadismo de Foyet foi muito forte.

Ao que parece, Hotch nao participará do próximo episódio, porque teria tirado uma licença. Acho que sua volta à equipe (ou á frente da equipe) será um momento rucial para sabermos se ele não se fragmentou após o 5x09.

É muito bom dividir os comentários aqui com vocês. Vocês sempre acrescentam muito. Tks!

Silvinha disse...

Sem dúvida o melhor episódio da série que já assisti!

Eu sofri em vários momentos deste episódio, um deles foi quando o Jack fala com o pai pelo celular e o Hotch fica emocionado...desmoronei!
Adoro quando o Hotch diz: "Hey, buddy!"

Um outro foi ver o Sam ser estraçalhado pelo Foyet e ainda depois disso, que angústia ao ver o Foyet ligar de número em número até encontrar o da Haley! Nunca gostei dela, mas não queria que tivesse morrido, pelo Jack e também pelo que isso vai trazer de mudanças na vida do Hotch.

Eu posso ser a única, mas adoro quando a Strauss aparece. Adoro a tensão que ela provoca e coitadinha da Garcia! Meu coração shipper me diz que a Prentiss estava nervosa demais pra quem tem fama de ser fria e o argumento do Reid foi pra encerrar a conversa!! kkkkk

Aquele final foi lindo!!

No 5x10 o Hotch estará afastado do caso da semana, mas vai ele vai aparecer sim. E eu não aguento esperar!

Lee disse...

Célia...alguma chance de vc ou algum desses seus talentosos companheiros de blog escreverem sobre a excelênte "The good wife"?
Das novas séries que entraram, é na minha opinião, a melhor de todas...disparada.

Celia Kfouri disse...

Lee,

Por enquanto, não sei de nenhum que pretenda comentar. Mas todos ficaram muito felizes com seu elogio.

É tudo bem complicado porque escrever aqui é um compromisso, mas também um grande 'lazer' para todos nós, e às vezes o tempo aperta!

Eu mesma estou atrasadíssima com meus comentários de Californication (porque dou preferência a comentar CM em dia!).

Mas vamos fazendo o que damos conta.

E obrigada pela sua participação, sempre tão positiva!