segunda-feira, 20 de agosto de 2007

[DEXTER] [FOX] 1.07 Circle of Friends

Jeremy Downs retorna. E Dexter fala sobre a solidão de ser um serial killer. Não deixa de ser interessante, lembro-me de uma frase de Nietzsche que diz: “Torna-te o que tu és”. Dexter é um serial killer, fala sobre essa vida de não ter convenções, troca de segredos profissionais. Faz parecer quase um serviço burocrata. Talvez, ser um assassino esteja relacionado mais a um “ter que fazer”, do que a um prazer a ser saciado.

E todo esse virtuosismo de Dexter, de fazer bem e perfeito o que faz e não ter ninguém para congratular sobre seus feitos, a não ser o ITK ou, em última e péssima instância, Doakes, que deseja mandar Dex para um tratamento psiquiátrico.
Cada detalhe dos episódios anteriores é lembrado, assim, a testemunha que fez Doakes e Debra perder tempo, Perry, volta com mais a dizer.

E se esse é um episódio de retornos, Paul também está na lista, mais um item para infernizar Dexter e mais uma coisa na qual ele não consegue lidar. O que permite, no entanto, uma cena de intimidade extrema entre Dex e Rita. Revela-se aos poucos, um lado obscuro, diz ele, no qual não machuca pessoas inocentes. Talvez essa seja o mais perto da verdade que Dex fale sobre o que é. “Torna-te o que tu és”, mais uma vez.
Apesar das três linhas de história, o ITK é o principal. Interessante ver Dex com suas dúvidas. Afinal, quem mata com tantos requintes, como um mestre, pode ter uma vida tão modesta e desorganizada como Perry?
E seguindo nessa linha filosófica, eu achei maravilhoso o modo como Laguerta interrogou Perry. Não interessa se ele é ou não o ITK, mas fazê-lo se sentir importante me faz entender o que coloquei antes. Não é um trabalho burocrático matar, não é um prazer a ser saciado, mas uma prerrogativa de algum futuro. Mundano ou não, matar foi uma das primeiras coisas que o Homem aprendeu a fazer. No entanto, todo ritual de um serial killer, toda a significação que eles tentam impor, não está relacionado a um ato instintivo primata. Mas a um trabalho árduo e repetitivo... burocrático sim. Sem o ritual, a morte não tem significação. É uma verdadeira prisão.
Um episódio que muito foi dito, sem nada a dizer, de fato.

Danielle Mística

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Primeiramente, apenas por curiosidade, Circle of Friends também é um filme (feito para TV) estrelado por Julie Benz, a Rita de Dexter, onde ela como personagem principal tem de lidar com um assassino serial que vai eliminando um a um seus amigos de infância. É, isso não pode ser uma simples coincidência.

Bom, agora o círculo de amizades desse episódio. Pra mim, esse é o melhor episódio da temporada de Dexter, principalmente porque ele resume todo esse culto sobre os serial killers. Quando LaGuerta joga na cara de Neil Perry, todas as razões que o fariam tornar-se popular (ganhando julgamentos televisionados, bibliografia e quem sabe até filmes), ele age exatamente ao contrário, revelando seu lado frio e dizendo o quanto de prazer sentiu em torturar suas vítimas. Óbvio que não era Perry. E ao que parece, era exatamente o que ele queria: a fama do ITK. O que não sabemos é se ele é apenas um charlatão, ou conhece ITK e tentou inocentar o verdadeiro "amigo" de Dexter (por quê? teria ele chegado ao fim da linha? ou muito perto de ser pego?). Pela foto do jornal (com Perry rindo pro fotógrafo) fica claro que aquele não pode ser o saudoso ITK.
Todo o receio de Dexter em saber que aquele poderia ser o ITK mesmo, e depois seu sorriso sádico ao descobrir que não era, são impagáveis. Sim, ele ainda conseguirá entrar em contato com mais um membro do Clube dos Serial Killers (se é que assim ele é chamado), agora que um deles, Jeremy Downs, resolveu matar-se. Eu achei bastante poética a história de Jeremy que, por não ter o suporte de alguém como Harry foi para Dexter, não conseguiu reprimir seus instintos. E até certo ponto irônico que ele tenha se matado por fim (com Dexter dizendo que ele teria entendido o recado e matado quem merecia). Uma pena, já que Jeremy era um contraponto interessante pro seriado, com Dexter podendo confessar-se além de suas narrações em off.
Aliás, Dexter tenta nesse episódio confessar para a pessoa mais improvável do mundo: Rita. Na brilhante cena em que um massageia o pé do outro, Dexter parece até certo ponto irritado de estar sendo considerado uma pessoa tão bondosa. Ele retruca dizendo que não machuca pessoas inocentes, dando a entender que poderia fazer algo com Paul. Mas será que ele teria coragem? Ou Paul já faria o perfil do Código de Harry?

Uma pena que essa cena da massagem seja praticamente mutilada pela opção de colocar em tela cheia (formato 4:3) da Fox. É um desrespeito além de assistir dublado (sem opção de legenda pela Net Digital, ainda), ter quase um terço da tela reduzida. E o mais irônico é que os primeiro episódios estavam no formato original.



e.fuzii

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu lembro perfeitamente de quando vi esse episódio. Fiquei meio triste por Jeremy ter saído da série tão cedo, já que seria interessante vê-lo desenvolver algum tipo de relacionamento com Dex, mas ainda assim foi um bom episódio.

E vocês realmente estão assistindo pela Fox? Perde toda a graça!

e.fuzii disse...

Não, Julia. Fazemos esse esforço (às vezes) apenas para comentar e criticar a FOX...
Mas como Dex ensina a Jeremy Downs nesse episódio, o importante é fingir...