sexta-feira, 19 de outubro de 2007

[Heroes] 2x04 - "Kindness of Strangers"

“Eu sempre dependi da bondade de estranhos”. A frase é dita já ao final do filme “Uma Rua Chamada Pecado”, pela protagonista Blanche Dubois, imortalizada por Vivien Leigh. No filme, há todo um significado especial, principalmente porque é dita no auge do transtorno mental vivido pela personagem (e ela diz isso ao médico que irá interná-la). A princípio, a referência ao clássico no título deste quarto episódio de Heroes parece não fazer sentido... e realmente não faz.


Um título pomposo para um episódio que tenta recolocar a série nos trilhos depois de um início de temporada em ritmo quase parando. Embora não seja tão empolgante, é superior aos dois últimos episódios, com novas e surpreendentes revelações.



Um dos motivos para o episódio funcionar foi o foco em menos personagens: sem as presenças (até agora chatas) de Hiro, Peter e Niki, o roteiro desenvolveu melhor outras histórias, o que permitiu avançar a trama principal e criar maior expectativa.


Comecemos, então, pela bondade do título. É Sylar quem depende da ajuda de Maya e Alejandro, mas ao final parece que a coisa se inverte, com o nosso vilão preferido sendo o bondoso rapaz que levará os gêmeos ao homem que eles procuram que, vejam só, foi morto pelo bom samaritano. É sempre bom ver Sylar em ação, com seu cinismo insuperável, e a fuga dos gêmeos acaba de ficar interessante. Mas, enquanto Sylar não conseguir usar seus poderes, qual será o plano? Para onde ele pretende levar Maya e Alejandro? Ah, se Mr. Bennet soubesse quem está dirigindo o carro de sua filha...


Também é digno de nota o retorno da barata misteriosa, maior e mais assustadora. Há uma relevância na sua presença ou os criadores da série só estão tirando uma com nossa cara?


La cucaracha.


Para a felicidade de muitos(as?), Nathan tirou sua barba ridiculamente grande. Mais ridículo ainda é notar que o alcoolismo do personagem parece não ter grandes implicações para a trama. Pior, não há sequer sintomas, nem de embriaguez, nem de abstinência, a não ser, claro, sua imagem distorcida no espelho. Mas se aquela imagem significar algo mais importante (como um alterego, como Niki/Jessica), certamente não é sintoma de seu alcoolismo. E se for apenas um sintoma da bebida, qual o sentido de insistir nisso? Daqui a alguns episódios teremos o “Four Months Ago” (episódio 8), voltando para o período logo após os eventos do season finale, e talvez essa história do personagem seja melhor explicada, e isso inclui sua saída do cenário político.


"Espelho, espelho meu..."


Tedioso foi mesmo o núcleo Bennet. O episódio seria ainda mais dinâmico se perdesse menos tempo com o romance entre Claire e West. Há algo de interessante com pai e filha não sendo sinceros um para o outro e é isso que vai levá-los para dentro do conflito principal. Mas os motivos de Mr. Bennet são compreensíveis: além da vingança e de salvar a filha em definitivo, há o quadro de Isaac que anuncia sua morte. Mas o envolvimento perigoso de Claire com West não convence. Mesmo que ela seja adolescente, já vimos como ela é inteligente e é, no mínimo, uma grande estupidez se relacionar com o rapaz que já foi sequestrado por seu pai. Sem falar que o cara voa à luz do dia, for christ sake!


Ah, se papai olha pra trás...


Mais interessante foi a apresentação da nova personagem, Monica. Linda e carismática, com um drama real (explorando a tragédia em New Orleans) e um poder interessante, que foi bem apresentado, mas ainda não dá pra saber a extensão dele. Ela aprende o que vê apenas na televisão? E somente coisas fisicamente possíveis? Se ela assistir a Superman, ela pode voar? Porque se eu tivesse aprendido aquele golpe de vale-tudo e fizesse o que ela fez, certamente eu teria quebrado alguns ossos do meu corpo nada atlético. Já o seu irmão é forte candidato a criança mala do ano, bem mais insuportável que seu primo Micah. Sua chatice seria o seu poder? E qual seria o de Nana? Porque ela provavelmente é um dos Doze da velha geração.



Nova personagem: Monica. "Aprendi na tv".


O que nos leva ao principal do episódio. Falem o que quiser de Heroes, mas a série nunca deixa mistérios a se resolver por muito tempo. Foi inesperado revelar a identidade dos Doze logo tão cedo na temporada, mesmo que por meio de uma fotografia e sem revelar todos os nomes. Há uma mulher negra que pode ser Nana, e também Bob “Midas”, que recrutou Mohinder para a Companhia. A imagem de Mr. Petrelli está desfocada, o que pode significar ou não alguma coisa, mas particularmente acho que não queriam associar sua imagem a alguém ainda, talvez por estar vivo e ser interpretado por um ator ainda a ser definido. E Angela finalmente comprovou ter poderes também: apesar de não ter exibido, ela diz a Matt sobre o que “nós podemos fazer”.


Os Doze.


A maior revelação, contudo, foi vermos que o pai de Matt não só faz parte dessa geração como também é o homem dos pesadelos de Molly e provavelmente o grande vilão desta primeira fase da temporada. Matt acaba, assim, ganhando um destaque maior na série, fazendo justiça a Greg Grunberg, um dos melhores atores do elenco e que não teve grande importância na primeira temporada. Também descobrimos o real motivo de sua separação (o filho não era dele). Eu esperava um final mais impactante para o episódio, mas a tentativa frustrada de Molly em localizar o pai de Matt acaba por agilizar as coisas. Algo terá que ser feito rápido e quem sabe o próximo episódio já não seja realmente empolgante?


Episódio com boas revelações, menos tramas paralelas, mas ainda faltando algo de excitante. Nota 7,0.


No próximo episódio: Veronica Mars em Heroes. Precisa de mais alguma coisa?




Hélio.

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