domingo, 25 de novembro de 2007

[Heroes] 2x09 - "Cautionary Tales"

Como eu já disse em outras ocasiões, os melhores episódios de Heroes são aqueles que focam em menos tramas paralelas. Por isso não é surpresa que este “Cautionary Tales” talvez seja (até quase o final) o melhor episódio desta temporada, ao tratar apenas das tramas envolvendo Hiro, Matt e, com mais prioridade, o núcleo Bennet. Infelizmente, os minutos finais são inacreditáveis de tão ruins.



Comecemos pela mais fraca das tramas. Hiro volta de sua exaustiva jornada (para nós) no Japão de 1671 e descobre que seu pai morreu. É natural que ele queira voltar no tempo para impedir o assassinato do pai e também era esperado que Nakamura recusasse a ajuda e aceitasse a própria morte. Mas o poder de Hiro é uma verdadeira bagunça para os roteiristas da série. No episódio 10 da primeira temporada, “Six Months Ago”, fica claro que o personagem não pode mudar a história. No entanto, ele altera a história na sua trama com Takezo Kensei e agora quer salvar o pai. Um dos problemas de Heroes é que a gente precisa assistir relevando muita coisa.


Toda a viagem temporal com seu pai funciona como mais um aprendizado para o personagem e até gosto da idéia do retorno ao funeral da mãe e o encontro de Hiros, mas foi uma péssima atuação de Masi Oka. Nunca entendi suas indicações ao Emmy e Globo de Ouro, talvez o carisma do ator em especial nos primeiros episódios da série, mas acho que agora ficou clara a limitação de seus recursos dramáticos. A descoberta do assassino foi uma boa seqüência, mas a essa altura já não deveria ser surpresa pra ninguém, mesmo para quem (como eu) não lê spoilers. Resta saber como a vingança de Hiro se dará.


Surpresa para Hiro: enfim, revelado o assassino de Nakamura.


Muito mais interessante foi o desenvolvimento dos poderes de Matt. Agora ele pode controlar as pessoas incluindo pensamentos em suas mentes. Isso traz questões interessantes porque faz do personagem alguém que tem que lidar com os mesmos dilemas morais que seu pai e os demais da velha geração. Usar seu poder em Molly foi uma prova da enorme tentação que é controlar as pessoas e, mesmo que tenha sido para algo sem muita importância, já demonstra um possível futuro negro para Matt.


Sua trama também revelou que Victoria Pratt é a única sobrevivente (ao lado de Angela, Bob e Maury) da foto dos 12, o que significa que a tia-avó de Micah não faz parte dessa geração de superpoderosos. A seqüência em que ele tenta arrancar as informações de Angela é muito boa (grande atriz!), e os poderes dela continuam um grande mistério. Qual seria o poder de Victoria Pratt? Não acho que a gente vá descobrir neste volume da série.


Próxima vítima de Adam/Takezo: Victoria Pratt.


Por último, a trama principal do episódio. Enquanto Hiro e seu pai fazem uma jornada de despedida com carinho e afeto, e Matt tenta não se transformar no seu próprio pai, o núcleo Bennet também traz relações interessantes entre pais e filhos. O seqüestro de Claire serve para que Bennet e West resolvam suas diferenças, ao mesmo tempo que os conflitos entre pai e filha chegam a um ápice para que sejam também resolvidos. Mas vamos por partes.


Que história é essa de Molly poder localizar alguém apenas sabendo o nome da pessoa? E se tiver dúzias de West Rosen, não dá um nó na cabeça da coitada? Mais uma coisa pra deixar pra lá. O plano com West deu certo, e foi uma sacada muito boa de amarrar Elle com os pés mergulhados numa bacia de água. São pequenos detalhes que mostram a inteligência de Bennet, com tantos anos de experiência trabalhando para a Companhia.


Elle, no entanto, não vem me agradando. Essa história de “posso ficar com ele?” deixa a personagem um tanto infantil, por mais que Kristen Bell se esforce para torná-la perigosa. A revelação do que Bob fez com ela (mais uma relação pai e filha interessante) pode abrir espaço para uma exploração melhor da personagem, como visto na última cena de Elle neste episódio. Mais um momento que mostra o talento de Bell, que disse tanta coisa com um único olhar.


Mas se tudo isso foi bastante interessante de se ver e trouxe tensão a uma trama que não vem empolgando nesta temporada, os roteiristas conseguiram estragar tudo com os momentos finais do episódio. A começar pela troca de Elle por Claire. A única coisa que impedia Elle de usar seu poder era aquela bacia de água e vê-la apenas amarrada no momento da troca, fica a pergunta: o que a impedia de matar Bennet e West? Um furo que incomoda, certamente, mas nada me preparava para o que veio a seguir.


O momento da morte de Bennet foi horrível em mais de um sentido: matar um dos melhores personagens seria uma grande burrice (isso foi reparado logo a seguir), e a encenação foi MUITO ruim. Seqüências em câmera lenta raramente funcionam e se era para causar um grande impacto, aquele tiro e Bennet caindo morto deveriam vir em velocidade normal e teríamos uma cena realmente surpreendente. Do jeito interminável que ficou, o espectador tem mais tempo para amaldiçoar o que estava acontecendo, em especial Mohinder.


Profecia realizada... mas a que custo?


Dois episódios atrás vimos Mohinder cometer o mais estúpido dos atos, ao revelar a Bob seu plano com Bennet. Mas como parece não haver limites para personagem tão débil mental, desta vez ele atira em Noah para matar, numa situação que destrói por completo qualquer simpatia e interesse pelo personagem. Com Elle quase matando West, estávamos presenciando apenas um homem tentando defender a filha. Embora seja questionável matar Bob naquela situação, a saída encontrada por Mohinder (atirar no olho de Bennet!!) para deter isso foi tão absurda, que só faria sentido se ele fosse um dos vilões. E não adianta tentar explicar dizendo que ele sabia que o sangue de Claire salvaria Bennet, porque não havia nenhum dado concreto que permitisse arriscar essa hipótese. Ficou claro que Mohinder disparou num impulso e já estava se arrependendo. Para mim, o personagem foi destruído para sempre e é mais uma prova da falta de talento dos roteiristas para criarem situações que “expliquem” os quadros de Isaac com coerência.


A cena final com Bennet voltando à vida só tem de interessante a referência que faz com um dos primeiros episódios da série, quando era Claire quem estava naquela situação. Mas essa história do sangue não me convenceu. Quer dizer, regenerar orgãos de pessoas que recebem a transfusão até vai, mas ressuscitar?! Corpos em decomposição também seriam salvos? Sinceramente, foi a pior idéia da série até hoje, uma saída fácil que não dá pra engolir.


"Holy shit!" mesmo, Bennet. No pior sentido.


Episódio bem construído, mais tenso e interessante que toda a tempora até agora, mas com um bloco final absurdamente ruim. Nota 9,0 com nota 1,0... média 5,0?

No próximo episódio: Matt vai atrás de Victoria Pratt; Hiro continua sua busca pelo assassino de seu pai; Niki reencontra Micah; e Peter vai a Primatech para destruir o vírus.




Hélio.

3 comentários:

Anônimo disse...

Achei muito mal explicado a frase do Nakamura pai logo antes de morrer, que ele não esperava que fosse o "Adam", mas Angela Petrelli sabia! como ele não poderia pensar nisso? na verdade, é um absurdo os dois, tanto a Sra. Petrelli saber, quanto o Nakamura nunca imaginar que seria ele. mais uma das várias falhas no roteiro (além das citadas aqui)...

Breno disse...

Muito bom seus comentários, tudo que imaginei vocÊ pôs, inclusive um que achei que fosse só meu: Essa Personagem da Bell tem que crescer logo, pra não virar uma Mohinder.

DAVI CRUZ disse...

Muito bom comentário Helio!
Sempre dou uma lida aqui, para comparar com os meus comentários no http://toassistindo.blogspot.com

Normalmente concordamos com quase tudo.

Tenho uma dica para você continuar assistindo e apreciando HEROES. Aliás, são duas dicas:

1) Desista de encontrar coerência na história de Hiro. Só vale o que acontece no episódio do dia - e olhe lá.

2) Desista de esperar por alguma atitude inteligente por parte do Dr. Mohinder. Nem o Mr. Bean, do seriado, tem a capacidade de ter idéias tão estúpidas quanto ele.

abraço!