segunda-feira, 19 de outubro de 2009

[Mad Men] 3x09 Wee Small Hours

por e.fuzii

Previously on Mad Men: só queria fazer uma observação inútil. Essa música que toca durante a recapitulação dos episódios anteriores é muito bacana e funciona em qualquer situação. Prestem bem atenção. Já começo a relembrar fatos do meu passado usando esse ritmo de fundo.
Sério, qual é o problema desses personagens? Porque se na semana passada a relação do casal Draper parecia finalmente estar atingindo um ponto comum, nesse episódio tudo foi lançado pelos ares. Don age de todas as formas possíveis para conquistar Suzanne, a difícil ex-professora de sua filha, que sabe mais do que ele o quanto essa relação pode arruinar suas vidas. Betty continua seduzindo Henry, esperando por um comprometimento de maior significado. O mais interessante nesses dois casos é como em situações totalmente opostas ambos tomam a iniciativa de arriscar o conforto dessa redoma familiar para buscar o inatingível. Ao mesmo tempo acompanhamos Connie, exigindo cada vez mais de Don em horários incompatíveis, tratando-o como se fosse seu filho, até que termina frustrado exatamente porque não consegue ver nas peças publicitárias algo além de tudo o que já conquistou. Esse desgaste parece afetar bastante Don, que até confiança lhe falta quando tem suas ideias contestadas. Claro que isso também é em razão do seu atual contrato, tendo de finalmente aceitar qualquer exigência dos clientes para manter suas contas. Se até pouco tempo atrás ele poderia abandonar tudo e seguir em frente com sua vida, agora ele sabe que afundará junto da empresa em caso de insucesso.

Com isso, o momento mais perturbador do episódio é quando Don exige que Sal incline-se para o cliente, literalmente falando, para manter a conta da Lucky Strike. Afinal, é o que ele faria se tivesse de salvar a empresa e a cliente fosse do sexo feminino. Nesse caso, Harry mostra mais uma vez toda sua enorme incompetência, achando que tudo seria esquecido no dia seguinte e jogando Sal na fogueira. Além dele, cada vez vejo menos espaço pra Kinsey, que já teve importância -- e poderia ter nesse episódio se aparecesse sua namorada -- mas serve agora apenas como um motivo para alguns personagens não falarem sozinhos. O que chama mais atenção, no entanto, é a forma como Don age ameaçando Sal, usando na hora certa (como Bert Cooper) a carta que guardava na manga. Em apenas duas palavras "You people!", ele carrega toda a homofobia da época, enquanto mostra seu descontentamento em ter de fazer tudo sozinho na Sterling Cooper. E que bela hora de discutir, ainda que sutilmente, a homofobia quando a América começa a ferver com as lutas pelos Direitos Civis. Por conta disso quem acabou tendo um destaque importante foi Carla, a empregada da casa dos Draper, que mostra toda sua desconfiança com a relação entre Betty e Henry, além de tentar ser a mais discreta possível enquanto ouve as notícias no rádio. Mas mesmo que se esforcem e tentem mantê-la apenas em seus trajes como figurante, talvez seja tarde demais para conseguir diminuir sua participação daqui pra frente.

e.fuzii
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Um comentário:

Marcelle disse...

O Kinsey sumir cada vez mais está me incomodando. Ele é um dos meus preferidos! E agora sim pode falar que o casamento dos Draper é um fracasso.